Revista de Saúde Pública, Volume: 35, Número: 3, Publicado: 2001
  • Modelo matemático para transmissão de malária relacionada a aquecimento global e condições socioeconômicas Original Articles

    Yang, Hyun M

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Aplicar a análise da sensitividade ao controle de transmissão de malária a um modelo, considerando o aquecimento global e as condições socioeconômicas locais. MÉTODOS: O modelo para a transmissão de malária proposto foi obtido em função de vários parâmetros. A prevalência de malária, em uma comunidade, foi caracterizada pelos valores desses parâmetros. Para estudar os efeitos dos mecanismos de controle, os valores dos parâmetros do modelo são variados em grandes intervalos. RESULTADOS: A análise da sensitividade do ponto de equilíbrio, que representa o nível de infecção de malária em uma comunidade, oferece os possíveis cenários resultantes da variação dos parâmetros do modelo. CONCLUSÕES: Dependendo-se do nível de risco de malária, as melhores formas de mecanismos de controle da transmissão de malária são dadas por um subconjunto de parâmetros do modelo.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: Sensitivity analysis was applied to a mathematical model describing malaria transmission relating global warming and local socioeconomic conditions. METHODS: A previous compartment model was proposed to describe the overall transmission of malaria. This model was built up on several parameters and the prevalence of malaria in a community was characterized by the values assigned to them. To assess the control efforts, the model parameters can vary on broad intervals. RESULTS: By performing the sensitivity analysis on equilibrium points, which represent the level of malaria infection in a community, the different possible scenarios are obtained when the parameters are changed. CONCLUSIONS: Depending on malaria risk, the efforts to control its transmission can be guided by a subset of parameters used in the mathematical model.
  • Epidemiologia de meningites bacterianas entre crianças no Brasil, 1997 a 1998 Original Articles

    Weiss, Débora PL; Coplan, Paul; Guess, Harry

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Documentar a incidência e a epidemiologia descritiva de meningites bacterianas entre pessoas com idade inferior a 20 anos em uma região geográfica definida do Brasil. O período foi de dois anos, imediatamente anterior à introdução da vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib), no Programa Nacional de Imunização do Brasil. MÉTODOS: Estudo epidemiológico populacional dos casos de meningites bacterianas notificados entre residentes em Campinas, SP, Brasil, com idade inferior a 20 anos (n=316.570), entre 1997 e 1998. Baseia-se em dados de notificação da vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, relatados entre casos provenientes de pacientes hospitalizados, atendimento em pronto-socorros, certificados de óbito, autópsias ou atendimentos em ambulatórios. RESULTADOS: A incidência de meningites bacterianas (n=274) foi de 334,9; 115 e 43,5 casos por 10(5) pessoas-ano entre residentes, em Campinas, com idade inferior a 1,5 e 20 anos, respectivamente. Em todos os casos houve hospitalização com uma média de permanência no hospital de 12 dias. O uso prévio de antimicrobianos notificado foi de 4,0%. A taxa de mortalidade total devida a meningites bacterianas entre pessoas com idade inferior a 20 anos foi de 9% (24/274), com 75% das mortes ocorrendo entre crianças com idade inferior a 5 anos. A incidência de meningites causadas por Haemophilus influenzae tipo b (Hib) (n=26) foi de 62,8 e 17 casos por 10(5) pessoas-ano em crianças com idade inferior a 1 e 5 anos, respectivamente. CONCLUSÕES: A incidência e a epidemiologia descritiva de meningites causadas por Haemophilus influenzae tipo b (Hib), entre crianças com idade inferior a 5 anos, em Campinas, SP, Brasil, durante o período de 1997 a 1998, foram semelhantes às relatadas pelos Estados Unidos, Europa Ocidental e Israel no período anterior ao extenso uso da vacina contra o Haemophilus influenzae tipo b nessas regiões. O estudo fornece valores de referência para outras pesquisas posteriores que avaliem mudanças na etiologia e na incidência de meningites bacterianas em crianças, depois da introdução de vacinação rotineira contra Haemophilus influenzae tipo b, no Brasil.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To document the incidence and the descriptive epidemiology of bacterial meningitis among individuals under age 20 in a geographically defined region in Brazil during the two-year period immediately preceding the introduction of Haemophilus influenzae type b (Hib) vaccines into the national immunization program of Brazil. METHODS: Population-based epidemiological study of all cases of bacterial meningitis reported among residents of Campinas, Brazil, under age 20 (n=316,570) during the period of 1997-98, using comprehensive surveillance records compiled by the Campinas Health Department from cases reported among hospital inpatients, outpatients, emergency room visits, death certificates, and autopsy reports. RESULTS: The incidence of bacterial meningitis (n=274) was 334.9, 115 and 43.5 cases/10(5) person-years (pys) for residents of Campinas under age 1, 5 and 20, respectively. All cases were hospitalized, with an average length of stay of 12 days. Documented prior antibiotic use was 4.0%. The case-fatality rate of bacterial meningitis in individuals under age 20 was 9% (24/274) with 75% of deaths occurring in children under the age of five. The incidence of Hib meningitis (n=26) was 62.8 and 17 cases/10(5) pys in children age <1 and <5, respectively. CONCLUSIONS: The incidence of Hib meningitis in children under the age of 5 in Campinas during 1997-98 was similar to that reported in the US, Western Europe, and Israel prior to widespread Hib vaccine use in those regions. This study provides a baseline for later studies to evaluate changes in the etiology and incidence of bacterial meningitis in children after introduction of routine Hib vaccination in Brazil.
  • Mortalidade infantil e nível socioeconômico em uma cidade brasileira Original Articles

    Goldani, Marcelo Zubaran; Barbieri, Marco Antonio; Bettiol, Heloisa; Barbieri, Marisa Ramos; Tomkins, Andrew

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Informações de bancos de dados municipais podem ser usadas para o planejamento de investigações que visem reduzir as desigualdades no cuidado à saúde. O objetivo do estudo foi determinar a distribuição da mortalidade infantil, segundo uma classificação geoeconômica urbana, usando dados coletados rotineiramente em nível municipal. MÉTODOS: Todos os nascidos vivos (42.381 crianças) e todos os óbitos de menores de um ano de idade (731 casos), ocorridos no período entre 1994 e 1998 em Ribeirão Preto, SP, foram considerados para este estudo. Quatro diferentes áreas geoeconômicas foram definidas de acordo com a renda do chefe de família em cada zona administrativa urbana. RESULTADOS: As taxas de mortalidade infantil e de seus componentes neonatal e pós-neonatal, entre 1994 e 1998, apresentaram queda em Ribeirão Preto (chi² para tendência, p<0,05). Essas taxas relacionaram-se inversamente à distribuição de baixos salários (menor do que cinco salários-mínimos por chefe de família) nas diversas regiões urbanas (chi² para tendência, p<0,05). A área mais pobre da cidade apresentou contínuo acréscimo de excesso de mortalidade infantil nesse período. CONCLUSÕES: Os resultados demonstram que as áreas pobres da cidade de Ribeirão Preto apresentam taxas de mortalidade infantil mais elevadas quando comparadas com áreas mais privilegiadas. O nível de desigualdade social urbana, representado pela distribuição do salário do chefe de família, apontou piora contínua da saúde das crianças residentes na área pobre da cidade em detrimento às outras áreas. O monitoramento das desigualdades em saúde, por meio de dados de sistemas municipais de informação, pode ser progressivamente útil, dada a contínua descentralização do gerenciamento da saúde para o nível municipal no Brasil.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: Data from municipal databases can be used to plan interventions aimed at reducing inequities in health care. The objective of the study was to determine the distribution of infant mortality according to an urban geoeconomic classification using routinely collected municipal data. METHODS: All live births (total of 42,381) and infant deaths (total of 731) that occurred between 1994 and 1998 in Ribeirão Preto, Brazil, were considered. Four different geoeconomic areas were defined according to the family head's income in each administrative urban zone. RESULTS: The trends for infant mortality rate and its different components, neonatal mortality rate and post-neonatal mortality rate, decreased in Ribeirão Preto from 1994 to 1998 (chi-square for trend, p<0.05). These rates were inversely correlated with the distribution of lower salaries in the geoeconomic areas (less than 5 minimum wages per family head), in particular the post-neonatal mortality rate (chi-square for trend, p<0.05). Finally, the poor area showed a steady increase in excess infant mortality. CONCLUSIONS: The results indicate that infant mortality rates are associated with social inequality and can be monitored using municipal databases. The findings also suggest an increase in the impact of social inequality on infant health in Ribeirão Preto, especially in the poor area. The monitoring of health inequalities using municipal databases may be an increasingly more useful tool given the continuous decentralization of health management at the municipal level in Brazil.
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
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