Resumos
Este artigo investiga a convergência entre os atos de escrever e jogar no contexto da pesquisa em saúde em uma universidade pública. Enquanto a escrita é tradicionalmente utilizada para transmitir conhecimentos científicos e pesquisas, o jogo emerge como uma abordagem alternativa, interativa e engajadora. Essa pesquisa examina as potencialidades e os desafios de integração entre essas práticas na Pós-Graduação. As potencialidades incluem a melhoria da compreensão de conceitos complexos, o aumento do engajamento dos estudantes e a promoção da criatividade. No entanto, os desafios incluem encontrar o equilíbrio entre a rigidez acadêmica e a ludicidade, garantir a precisão científica no contexto lúdico e superar possíveis resistências institucionais. Este estudo destaca a importância de explorar estratégias inovadoras de ensino e comunicação na Pós-Graduação em Saúde, visando aprimorar a formação dos estudantes e promover maior disseminação do conhecimento científico.
Palavras-chave
Jogo; Ensino; Tecnologia educacional; Metodologia; Programa de pós-graduação em saúde
This study investigated the convergence between acts of writing and game-based learning in the context of health research in a public university. While writing is traditionally used to transmit scientific knowledge and research, game-based learning emerges as an alternative interactive and engaging approach. We examined the strengths and challenges of integrating this approach into the post-graduation course. Strengths include improved understanding of complex concepts, increased student engagement and promotion of creativity, while challenges include finding the right balance between academic rigidity and game-based learning, guaranteeing scientific precision in a game-based learning context and overcoming potential institutional resistance. Our findings highlight the importance of exploring innovative teaching and communication strategies on post-graduation health courses aimed at enhancing student training and promoting broader dissemination of scientific knowledge.
Keywords
Games; Teaching; Education technology; Methodology; Post-graduation program in health
Este artículo investiga la convergencia entre los actos de escribir y jugar en el contexto de la investigación en salud en una universidad pública. Mientras que la escritura se utiliza tradicionalmente para transmitir conocimientos científicos e investigaciones, el juego surge como un abordaje alternativo, interactivo y comprometedor. Esta investigación examina las potencialidades y los desafíos de integración entre esas prácticas en el postgrado. Las potencialidades incluyen la mejora de la comprensión de conceptos complejos, el aumento del compromiso de los estudiantes y la promoción de la creatividad. No obstante, los desafíos incluyen encontrar el equilibrio entre la rigidez académica y lo lúdico, asegurar la precisión científica en el contexto lúdico y superar posibles resistencias institucionales. Este estudio subraya la importancia de explorar estrategias innovadoras de enseñanza y comunicación en el postgrado en salud, con el objetivo de perfeccionar la formación de los estudiantes y promover una mayor difusión del conocimiento científico.
Palabras clave
Juego; Enseñanza; Tecnología educativa; Metodología; Programa de postgrado en salud
A tristeza era a forma e a felicidade, o conteúdo. A felicidade preenchia o espaço da tristeza11 Kundera M. A insustentável leveza do ser. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1985.. (p. 314)
Introdução
O resumo deste artigo foi produzido pela ferramenta gratuita de inteligência artificial ChatGPT 3.5 com a seguinte instrução: "Redija um resumo de artigo acadêmico que faça relações entre os atos de escrever e jogar, destacando a potencialidade e os desafios de se fazer isso em uma Pós-Graduação em Saúde de uma universidade pública". Com isso, partilhamos nosso mal-estar: por que persistirmos em uma padronização textual, de pensamentos e formatos, nos quais até a inteligência artificial já caminha para dar conta sem que sejamos mais capazes de perceber diferenças?
Ainda assim, o estilo de escrita do resumo parece ter sido capaz de causar interesse e prosseguimento na leitura. No entanto, ele chamaria a atenção de alguma forma peculiar ou jaz placidamente integrado ao "ethos" acadêmico? Como esse mesmo "ethos" vai se moldando e permanece permeável e/ou refratário a interferências e transformações? Que sentidos haveria em se incitar reflexões sobre o modo de registro na pesquisa e suas metodologias de produção? O ensino de Pós-Graduação vem apostando em que relações entre conteúdo e forma para a construção de um pensamento crítico investigativo?
Apresentamos aqui, deslocado, um resumo mais condizente com a sua função antecipatória do conteúdo porvir: trata-se do relato panorâmico de experiências ocorridas no decorrer de disciplinas de um programa de Pós-Graduação em Saúde que culminou na oferta de uma disciplina específica – "Escrita cartográfica e performativa em jogo" –, e visou ampliar a formação do pensamento e da produção textual das pessoas participantes por meio de jogos no primeiro semestre de 2023. Chamamos esse conjunto de iniciativas de performatividade do conhecimento, entendendo-a como uma política de indissociabilidade entre, além do corpo, da presença e do encontro, as metodologias de ensino e os conteúdos investigados, sobretudo no trato com o cuidado.
Escrever é mais do que um meio de captura e registro do pensamento. É criação, concepção, composição, aprofundamento, busca de uma complexificação, um refinamento. E a escrita na Pós-Graduação em Saúde em que atuamos vem se constituindo um desafio em si mesma. De tanta idealização, de tanto medo em não corresponder a uma certa academia e suas convenções, temos visto esmorecer um determinado tipo de escrita mais encarnado para quem a produz e significativo para quem a lê.
Ainda como herança da pandemia, momento em que escrever nos foi ainda mais valioso, propusemos que brincássemos um pouco em uma disciplina específica denominada “Escrita cartográfica e performativa em jogo”, recuperando algo da vivacidade da redação livre, buscando um olhar crítico sobre as padronizações já normalizadas.
O campo de jogo
A contextualização: o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde (PPGICS) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Campus Baixada Santista, é constituído por um mosaico de áreas de concentração e linhas de pesquisa que "foram definidas a partir dos objetos investigativos dos pesquisadores proponentes deste programa, que geraram projetos de pesquisa conjuntos, que já vêm sendo desenvolvidos no programa de Mestrado e Doutorado”22 Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde. Linhas de pesquisa [Internet]. Santos: Unifesp; 2014 [citado 19 Set 2023]. Disponível em: https://www.unifesp.br/campus/san7/linhas-de-pesquisa-ppgins
https://www.unifesp.br/campus/san7/linha... . São eles: Área de concentração – Mecanismos básicos e processos biológicos em saúde.
Linha 1: Neurociências e comportamento; e Linha 2: Estratégias interdisciplinares na pesquisa experimental de doenças crônicas.
Área de concentração: Promoção, prevenção e reabilitação em saúde.
Linha 3: Ciências humanas, sociais e saúde; e Linha 4: Estratégias interdisciplinares em promoção, prevenção e reabilitação em saúde.
Como se constata, a pluralidade epistemológica no programa é grande e, por vezes, o produzir conhecimento de forma transversal revela-se politicamente intrincado e exige esforços.
Inseridos na Linha 3 e apesar da diversidade temática, é possível constatar um crescente interesse pelas pesquisas realizadas pelo coletivo do Laboratório Corpo e Arte33 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Laboratório Corpo e Arte [Internet]. Brasília: CNPq; 2011 [citado 10 Set 2024]. Disponível em: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5853988107225238
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5853... , que explora as interfaces com as artes. Existindo desde 2011, o laboratório "trata do corpo e suas práticas por meio do olhar das humanidades e da Arte. São temas privilegiados de estudo, as técnicas, os processos de criação, os modos de produção, os discursos, as imagens e as pedagogias que dão forma às poéticas e políticas do corpo na produção cultural contemporânea"44 Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista. Laboratório Corpo e Arte [Internet]. Santos: Unifesp; 2023 [citado 19 Set 2023]. Disponível em: https://www.unifesp.br/campus/san7/pag-principal-corpo-e-arte
https://www.unifesp.br/campus/san7/pag-p... .
A ação do laboratório na Pós-Graduação cresceu inicialmente com o desejo de realização de orientações coletivas e intensificou-se sobretudo a partir de 2018, com espaços privilegiados de experimentação. Por meio do histórico das disciplinas, é possível acompanhar o itinerário que foi realizado: Corpo, Arte, Performance, Política (2019); Corpo, Presença e Política (2019); Metodologias Qualitativas Radicais (2020); Metodologias da Presença (2020); Arqueologia da Presença (2021), até chegarmos em Utópicos Avançados em Pesquisa (2022); Utópicos Avançados em Pesquisa II (2022) e, finalmente, a Escrita Cartográfica e Performativa em Jogo (2023).
As ideias amadurecidas com as disciplinas “Utópicos Avançados em Pesquisa I e II”, ironizando em seu título a genérica denominação, vêm gestando efetivamente um posicionamento político de expansão do fazer acadêmico: como condição dos encontros, o discurso "sobre" o cuidado é friccionado com experiência "de" cuidado.
Por conta da reprodução de modalidades de opressão pelo cotidiano institucional, por exemplo, o ineditismo confundido com o imperativo de novidade, o formalismo, o produtivismo, entre outros, foi-se percebendo como poder fabular e realizar aulas mais coerentes, mirando o mais possível a ideia freireana de aproximação entre o discurso e a prática. Aí reside um primeiro aspecto da noção de performatividade.
Cabe destacar que as disciplinas acima nomeadas foram ministradas sempre de forma experimental. Cuidou-se, além disso, da construção de uma grupalidade, o que vem possibilitando que pessoas, nas diversas etapas do percurso acadêmico e interessadas nas temáticas do laboratório, possam se aproximar dos nossos modos de pesquisar. O cuidado no trabalho de formação de grupo e o fomento à convivência foram características eleitas como imprescindíveis naquilo que estamos nomeando por performatividade do conhecimento.
Durante esse trajeto, o período da pandemia de Covid-19 teve um papel importante: ajudou-nos na compreensão do cuidado em sua relação com o tempo e como isso se traduzia em qualidades de presença diversas.
As artes da presença, como a dança, a música ou o teatro, deslocadas de seus territórios mais habituais da cena, instrumentalizavam a lida com o corpo afetivo naquele estado de exceção pandêmica e restrição das possibilidades expressivas em espaços públicos. Houve um contrabando de conhecimento: tínhamos, ao "alcance das mãos", algumas formas sensíveis para permanecer existindo e o fazíamos sugerindo práticas simples de atenção dentro das limitações que se colocavam. Mais do que um adjetivo amoroso, o "afetivo" aqui se ligava com o encorajamento ao reconhecimento de sermos sensibilizados por experiências revitalizadoras. O corpo afetivo, portanto, era capaz de fazer vibrar o que seria, em termos spinozanos, a "alegria" naquela conjuntura insólita, ou a "passagem do homem de uma perfeição menor para uma maior"55 Spinoza B. Ética. Belo Horizonte: Autêntica Editora; 2009. (p. 141).
O laço com as escritas foi dado na investigação com maior acuidade dos sentidos dos encontros pedagógicos e isso era feito também pelo intercâmbio textual. Diante de uma infinidade de possibilidades, por que nos conectamos nos encontros on-line? Por que insistimos? Como nos colocamos naqueles encontros? O que estávamos privilegiando como produção de conhecimento? Como estávamos de fato disponíveis para os encontros naquele contexto? Nossa prática cotidiana fazia sentido? Foi possível depreender que o jogo como opção metodológica era elo e interferia decisivamente na qualidade das escritas, junto da presentificação corporal inicial.
Para além de um modo de desenvolvimento de ideias e sensações e seu registro, a escrita representou um dispositivo de organização da presença, no sentido de conjunção e composição de nexos entre a atenção e os corpos, as sensações, memórias e projeções de futuro.
A escrita acadêmica que era exercitada estava junto de uma vulnerabilidade iminente da vida, promovendo sensação de pertencimento e grupalidade diante da solidão, do medo e do afastamento, e essa mesma escrita estava, excepcional e confusamente, próxima de um lugar de intimidade que a contingência sanitária provocara (o quarto, a sala, a cozinha), o que parece ter criado condições favoráveis para um questionamento mais crítico em relação à qualidade da produção: como e por que insistir em uma linguagem cientificamente neutra e em vícios protocolares diante da possibilidade de aprofundamento, cuidado e fortalecimento de um paradigma contra a correnteza hegemônica? As escritas sedimentavam o presente em uma tentativa de narrar e elaborar o vivido enquanto ele se dava com intensidade aumentada.
Experienciamos a simplicidade de ler um texto e escutá-lo pela boca de outrem. Conversar sobre as ideias lidas. Escrever as nossas próprias. Experimentar as relações entre ambas. Partilhar e recomeçar o processo. A aparente linearidade dessa sequência caracterizava o exercício do cuidado necessário naquele tempo e espaço.
A performatividade do conhecimento como metodologia
Passado o período agudo da pandemia, seguimos com o modelo de trabalho on-line, visto que manteria a conquista de um certo alcance remoto para mais gente que, de outra forma, permaneceria sem acesso ao Programa de Pós-Graduação.
A "teimosia" na ideia de performatividade do conhecimento reverberava positivamente, surpreendendo e contrastando com as demais experiências que retornavam. Entendemos aqui que performatividade do conhecimento tem a ver com as formas possíveis de experimentação do conhecimento tratado – mas ao mesmo tempo inventado – no corpo, na presença e no encontro. A articulação entre essas esferas pode ser mais bem compreendida na conceituação de Mostaço:
Por enveredar por caminhos que desfazem a dicotomia corpo/mente, a performance é epistêmica. Não apenas recusa a clássica assertiva "penso, logo existo" como elege outros objetos como focos de problematização, contribuindo para alargar as teorias do conhecimento assentadas sobre os sentidos, as percepções e os estudos da linguagem66 Mostaço E. Conceitos operativos nos estudos da performance. Sala Preta [Internet]. 2012 [citado 18 Out 2023]; 12(2):143-53. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57494
https://www.revistas.usp.br/salapreta/ar... . (p. 145)
Na simplicidade das propostas havia uma sistematização interessante de ser analisada: a) recomendar a leitura de um texto; b) ler para o coletivo os seus próprios destaques de modo que, já nessa ação (performática), houvesse a produção de sentido; c) conversar sobre o processo.
Em que essa metodologia se diferenciaria da tradicional consigna proferida em qualquer aula de Pós-Graduação: "leiam o texto para a próxima aula "?
Por meio de um "passo para trás", estabelecia-se um processo de presença sobre esse ato, talvez o mais básico do estudo acadêmico atual: ler um texto como uma nova dimensão de compreensão. O recuo fundamental se dava ao não avançar com rapidez no pressuposto de que a leitura solitária e em voz baixa (na mente) bastaria. Era necessário compartilhar. Malufe traduz de forma consonante como se dá esse movimento:
Nessa experiência, encontra-se sobretudo o fato de que o corpo está implicado desde o início: a experiência poética/artística se define justamente por uma forte implicação corporal, por uma mistura de corpos que acontece no instante da leitura/audição/recepção da obra: "A performance é a ação complexa pela qual uma mensagem poética é simultaneamente, aqui e agora, transmitida e percebida. Locutor, destinatários e circunstâncias [...] se encontram concretamente confrontados" [...]. Instante em que os corpos do leitor, auditor, espectador e aquele do próprio texto, do som, dos materiais envolvidos em todo contexto, encontram-se e, em conexão, criam esse espaço-tempo da performance. Trata-se de um ato teatral, [...] "em que se integram todos os elementos visuais, auditivos e táteis que constituem a presença de um corpo e as circunstâncias nas quais ele existe"77 Malufe AC. Corpo caligráfico, voz: as escritas em performance de Manoel Ricardo de Lima e Sérgio Medeiros. Estud Lit Bras Contemp. 2020; (59):e596. doi: 10.1590/2316-4018596.
https://doi.org/10.1590/2316-4018596... . (p. 2)
A experiência rizomática estabelecia-se por ter sido possível acolher com suavidade uma dimensão importante do acontecimento-leitura que não poderia ser desprezada.
O rizoma não se deixa reconduzir nem ao Uno nem ao múltiplo. Ele não é o Uno que devém dois, nem mesmo que deviria diretamente três, quatro ou cinco etc. Ele não é um múltiplo que deriva do Uno, nem ao qual o Uno se acrescentaria [n+1]. Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças. Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda. Ele constitui multiplicidades lineares a n dimensões, sem sujeito nem objeto, exibíveis num plano de consistência e do qual o Uno é sempre subtraído [n-1]88 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. 2a ed. São Paulo: Editora 34; 2021. Vol. 1.. (p. 43)
Na partilha desse gesto comum, convidando à leitura de excertos, era possível provocar o "ruminar" das ideias, dando impulso à sua circularidade.
Adensamos essa ideia recuperando o postulado nietzschiano:
É certo que, a praticar desse modo a leitura como arte, faz-se preciso algo que precisamente em nossos dias está bem esquecido – e que exigirá tempo, até que minhas obras sejam "legíveis" –, para o qual é imprescindível ser quase uma vaca, e não um "homem moderno: o ruminar 99 Nietzsche F. Genealogia da moral. São Paulo: Companhia das Letras; 2007..
(grifo nosso, p. 15)
Ainda sobre a postura de suspensão de um avanço desenfreado do pensamento:
Ao concluir o parágrafo com o termo "ruminar", o filósofo incentiva seus leitores a adotar um procedimento de leitura que, além de contemplar a lentidão, implica o trabalho paciente da volta reiterada ao texto; incita-os a não desprezar a sutileza1010 Marton S. Ler Nietzsche como "nietzschiano": questões de método. Discurso. 2018; 48(2):7-24. doi: 10.11606/issn.2318-8863.discurso.2018.150835.
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.... . (p. 9)
O performativo aparecia como território necessário emerso do próprio processo de aula-estudo-pesquisa compartilhado, pois possibilitava a dissociação entre uma dimensão superficial da leitura com finalidade circunscrita à compreensão, e uma outra que jogava com as nuances, entonações, estratégias de criação de sentido, justaposições, entradas, repetições, ênfases, silêncios, enfim com a "dramaturgia" de improvisação daquela construção da compreensão que se fazia em ato relacional.
Desde a pioneira exploração filosófica realizada por John Langshaw Austin dentro dos Estudos da Linguagem na obra "Quando dizer é fazer"1111 Austin JL. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas; 1990., performance e performatividade vêm se distinguindo1212 Ramos LF. O conceito de performativo, a performance e o desempenho espetacular. Rev Artes Espetaculo [Internet]. 2013 [citado 18 Out 2023]; (4):149-54. Disponível em: https://www.periodicos.ia.unesp.br/index.php/rebento/article/view/57
https://www.periodicos.ia.unesp.br/index... ,1313 Borba R. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cad Pagu. 2014; (43):441-74., especializando e sendo exploradas por muitas áreas do conhecimento:
Como bem observa Edélcio Mostaço [2009], no artigo "Fazendo cena, a performatividade", os estudos performáticos nasceram no ambiente teatral, mas o extrapolaram de tal modo que, hoje, numa espécie de inversão, o teatro é tomado como uma parte desses estudos77 Malufe AC. Corpo caligráfico, voz: as escritas em performance de Manoel Ricardo de Lima e Sérgio Medeiros. Estud Lit Bras Contemp. 2020; (59):e596. doi: 10.1590/2316-4018596.
https://doi.org/10.1590/2316-4018596... . (p. 2)
É possível admitir que o performativo em nossas aulas de Pós-Graduação em Saúde passou a ser um conceito considerável para o tipo de produção que vínhamos nutrindo. Em suma, mais do que falar sobre o conhecimento, importava fazer.
Jogos de escrita
Narramos e refletimos até este momento sobre nossas práticas pedagógicas criadas e reinventadas em disciplinas diversas ministradas sucessivamente para grupos distintos e heterogêneos de 2019 a 2022. Mas, finalmente, que escritas poderiam ser mais bem orientadas pelos processos performativos experimentados até ali? Malufe77 Malufe AC. Corpo caligráfico, voz: as escritas em performance de Manoel Ricardo de Lima e Sérgio Medeiros. Estud Lit Bras Contemp. 2020; (59):e596. doi: 10.1590/2316-4018596.
https://doi.org/10.1590/2316-4018596... nos ajuda a pensar:
Escritas que, ao mesmo tempo, colocam em pauta diversas naturezas de presença: a de seu próprio corpo, como materialidade, a do corpo do leitor-receptor e, ainda, a do tempo presente, o instante em que se dá seu próprio acontecimento como obra77 Malufe AC. Corpo caligráfico, voz: as escritas em performance de Manoel Ricardo de Lima e Sérgio Medeiros. Estud Lit Bras Contemp. 2020; (59):e596. doi: 10.1590/2316-4018596.
https://doi.org/10.1590/2316-4018596... . (p. 2)
As propostas deveriam ser direcionadas para uma experimentação do ato de escrever em sua realização distanciada dos encouraçados "projetos de pesquisa". Tratava-se de poder também brincar de escrever dentro de uma disciplina de Pós-Graduação, recuperando sentidos talvez já excessivamente reprimidos.
Pois bem, a disciplina "Escrita cartográfica e performativa em jogo" foi composta por oito encontros, ministrada de forma on-line durante duas horas semanais por um trio de docentes-pesquisadores e aconteceu no primeiro semestre de 2023. A pesquisa desse processo foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o número CAAE: 66118122.1.0000.5505.
A rotina dos encontros acompanhou o hábito que havíamos desenvolvido, mantendo uma sensibilização e uma presentificação inicial corporal, a deflagração de um jogo de escrita, um momento de debate em pequeno grupo sobre o jogo ou uma continuação/variação/complemento dele e uma partilha/debate geral final.
O corpo foi o nosso balizador diferencial nos processos de reconhecimento, com base nas proposições do "como" estávamos fazendo para estar presentes, de "como usar-se” corporalmente na relação consigo, com os outros, com os ambientes, e todos os atravessamentos no sentido de produzir diferenças: pensar, fazer, sentir de outros modos.
Camadas de realidade somática se seguirão, mais e mais, buscando incluir sempre a diferença produzida e um novo modo de funcionamento no ambiente. E o COMO se apresentará como a chave para o aprendizado dessa filosofia prática que lida com o manejo do processo formativo de corpos e mundo1414 Favre R. Como você faz o que faz? [Internet]. São Paulo: Laboratório do Processo Formativo; 2024 [citado 17 Maio 2024]. Disponível em: https://laboratoriodoprocessoformativo.com/2024/06/como-voce-faz-o-que-faz/
https://laboratoriodoprocessoformativo.c... . (p. 1)
A disciplina percorreu um arco de temas com alguns pressupostos imaginados e apresentados para serem de fato "jogados" aula por aula, isto é, não iniciamos trabalhando diretamente com os próprios projetos de pesquisa reais da turma. Entendíamos que os típicos mecanismos de defesa de cada objeto singular de pesquisa precisavam ser relativizados antes de lidarmos com a sua concretude. Por isso, as atividades de escrita foram, em sua maioria, exercícios de "10 linhas em 10 minutos", que paulatinamente se complexificaram.
Cabe grifar que os jogos e discussões buscavam despir-se de quaisquer prerrogativas pedagógicas de "ensino" ou "aproveitamento" das experiências para além delas próprias, ou seja, eram deliberadamente assumidos como performativos em seu viés de improdutividade e imponderabilidade, tão caro às artes. Comungamos da ideia de que:
Talvez também precisemos pensar a performatividade como algo longe de ser o dispositivo emoldurante que mede o coeficiente de visibilidade e de identificabilidade da arte. No entanto, isso significa que não podemos nos dar por satisfeitos com o efeito que a performance e a performatividade ganharam com a forma atual do capitalismo neoliberal, com o sentido de adaptação e de perfeição e como meio de controlar tais efeitos para fins comerciais. Se conservarmos a ideia de transformação inerente à etimologia do termo, então outro sentido de mudança pode ser percebido: condições nas quais o performar é uma questão de invenção sem provas ou garantias de sucesso, uma instituição de um futuro projetado, um experimento fora das fronteiras do efeito calculável1515 Cvejić B. Notas para uma sociedade da performance: sobre dança, esportes, museus e seus usos [Internet]. Atos de Fala; 2015 [citado 9 Maio 2024]. Disponível em: https://www.atosdefala.com.br/wp-content/uploads/2021/06/AdF14_Notas_para_uma_sociedade_da_performance_Bojana_Cvejic.pdf
https://www.atosdefala.com.br/wp-content... . (p. 42)
Apresentamos agora a sequência das aulas, mencionando o tema de cada encontro e alguns de seus pressupostos.
Iniciamos com a escrita sobre outra pessoa, com os sentidos de acolhimento e formação da grupalidade. Na semana seguinte, foi explorada a escrita sobre como eu escrevo, com o intuito de reconhecimento dos próprios recursos e, no encontro subsequente, foi feito um exercício de escrita por meio de uma imagem com o sentido de percepção do "fora" de si. Nesse bloco inicial, instaurávamos a produção de escritas leves, mais descontraídas, sem preocupações com formatos e mais entregues às regras dos jogos, com tempos curtos, variações dos grupos e, obviamente, vivendo os pequenos fracassos, inofensivos aos propósitos do movimento de socialização promovido. As discussões em pequenos grupos desvelavam a crítica sobre o imperativo constante de um melhor desempenho, ou seja, sobre pretensas escritas vitoriosas. Os "erros", bem-vindos, conquistavam a chance de se metamorfosear em força.
Os dois encontros seguintes, quarto e quinto portanto, foram dedicados à escrita sobre o melhor tema do mundo, com o sentido de apaixonamento e reafirmação das escolhas do próprio tema de pesquisa e à escrita sobre a desidealização da academia, com o sentido de conquista e realização dos processos para se pesquisar. Por serem complementares e terem alcançado maior profundidade reflexiva, descrevemos pormenorizadamente a consigna apresentada para cada um deles:
O nascimento do melhor tema do mundo
a) Mergulho íntimo e solitário, constrito, vulnerável, a ser realizado pela escrita de um “Elogio ao meu tema” + “Auto-elogio”
(Por que o seu tema é bom? Como ele vai mudar o mundo? Como foi possível ninguém ter pensado nisso até agora? Que planos eu vislumbro a partir dele? Como ele vai se sustentar? Etc. etc. etc.
Por que eu sou a melhor pessoa a ser capaz de desenvolvê-lo? Que habilidades eu tenho? Quais alianças sou capaz de fazer? Que intimidades eu tenho com o tema? Como eu pretendo desenvolvê-lo? Etc. etc. etc).
Explorar a ingenuidade das ideias mais iniciais e germinais do desejo de pesquisa.
b) Performar: expressar diante do grupo, lendo e/ou improvisando, defendendo o peixe das ideias registradas pela escrita.
c) Narrar o processo desde o início, por meio da escrita, destacando como foi fazer o que foi feito.
A falência da academia
O exercício de farejar as idealizações, identificá-las, nomeá-las e decretar seu fim.
a) Redigir uma lista de justificativas que atestam a falência da "academia em mim" (ideal de pesquisa) em forma de um testamento à/ao orientadora/or ideal, listando as desculpas que sustentavam o projeto ideal, suas megalomanias e anunciando, ao final, a esperança do projeto possível. Qual é a pesquisa possível para mim, neste lugar e neste tempo?
(Onde mora a/o pesquisadora/or neutra/o em mim? Onde está minha vontade de comprovar a minha ideia sensacional? Qual modelo ideal de pesquisa eu aprendi e criei para mim? Quem ou o que eu quero impactar? Para que mundo eu desejo aparecer? Quem sou eu-pesquisadora/or ideal?)
b) Performar: expressar diante do grupo, lendo e improvisando, defendendo o peixe das ideias registradas pela escrita.
c) Narrar o processo desde o início, por meio da escrita, destacando como foi fazer o que foi feito.
Os sexto e sétimo encontros retomaram o movimento inicial que vínhamos praticando desde as primeiras disciplinas: a discussão coletiva de projetos de pesquisa. Com os objetivos de exercitar uma leitura prévia e criteriosa, manifestar impressões cuidadosamente, compreender as diferentes etapas acadêmicas de cada participante, dimensionar os comentários no tempo e no coletivo, realizamos a apreciação de dois trabalhos em cada encontro reconhecendo os projetos possíveis.
Por fim, o encerramento da disciplina aconteceu por meio de mais um jogo coletivo: a leitura e a discussão sobre o trabalho de identificação no texto abaixo das infinitas possibilidades de quem era quem, ou o que era o que (velhinha, lambreta, fiscal, saco de areia, muamba, alfândega, conhecimento, regras, protocolos, citações, referências, orientadoras/es, orientandas/os, coordenação, dissertações e teses, queixas, afetos etc.).
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar.
A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: – Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: – É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai!
O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou: – Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. – Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha.
E já ia tocar a lambreta quando o fiscal propôs: – Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias? – O senhor promete que não “espáia”? – quis saber a velhinha. – Juro – respondeu o fiscal. – É lambreta!1616 Ponte Preta S. O melhor de Stanislaw Ponte Preta: crônicas escolhidas. 2a ed. Rio de Janeiro: José Olympio; 1979.. (p. 123)
Foi possível perceber que a brecha para as escritas ganharem espessura era proporcional à medida que a densidade da própria vida o fazia, ou seja, a recorrência dos diversos modos de jogo de ir e vir, de lá para cá e vice-versa entre os exercícios de escrita "despretensiosos" e os cotidianos diversos das pessoas participantes fortaleciam e encorajavam a produção de textos com mais camadas e sentidos.
Considerações finais
As escritas realizadas individualmente, porém dentro de uma atividade coletiva, serviram como parada, sustentação e percepção de si, funcionando como um desarme, um tipo de desmontagem de respostas protocolares já aceitas e naturalizadas em vários ambientes, incluindo a universidade e a Pós-Graduação. O acesso a uma multiplicidade latente, própria de processos inventivos, enfim ganhava chance de ser tangida em suas dimensões imprevistas, produzidas e exercidas a n-188 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. 2a ed. São Paulo: Editora 34; 2021. Vol. 1. (p. 43), isto é, não porque eram acumulados novos saberes ou técnicas, mas pelo seu avesso: novas e movediças direções podiam ser acionadas como intensificação, elaboração, complexificação, subjetivação, em vez de retrocesso.
Refletimos que uma política de performatividade do conhecimento foi se constituindo ao longo da trajetória principalmente ao se fazer circular as evidências físicas e, talvez mais, afetivas da presença, guarnecidas pelo corpo e reconhecidas entre todos nós, os participantes dos encontros.
Nesse texto foi apresentado o trabalho de uma disciplina de Pós-Graduação denominada “Escrita cartográfica e performativa em jogo” após um itinerário conjunto de ao menos quatro anos. Os passos dados alcançaram, dentre outras possibilidades, a escrita como um de seus desdobramentos mais palpáveis durante o período. Afinal, debruçar-se detidamente sobre ela foi um esforço a mais por admitir que as transformações se dão necessariamente entre a estética e a ética ao mesmo tempo. Essa vem sendo a política do Laboratório Corpo e Arte, reafirmando a performatividade do conhecimento em seus meandros e contradições, deparando-nos com os imperativos da produtividade e sempre nos questionando: afinal, escrever para quê? Para quem? Quem teria tempo e desejo de ler? Quem leria tantos excessos se não houvesse aí embutido o prazer ancestral do fazer parte, do fazer junto?
Apostamos que a performatividade do conhecimento se alçou na possibilidade de se encarar aulas na Pós-Graduação também como espaços abertos de experimentação (docente), criação (das pessoas interessadas na disciplina) e franqueamento de trocas coletivas, em que corpo, presença e encontro se mostraram como eixos fundamentais.
Para o fechamento deste trabalho pautado sobre jogo e escrita, acionamos novamente o recurso da inteligência artificial, aqui utilizada como "alerta-manifesto-bússola-brinquedo", reinstaurando a própria performatividade textual com a qual lidamos. A instrução dessa vez foi: "Redigir por favor um texto conciso reafirmando como se dá a política de performatividade do conhecimento diante dos dilemas do ensino superior".
De maneira instantânea e simplista, a tecnologia digital respondeu o seguinte:
A política de performatividade do conhecimento no Ensino Superior avalia o valor acadêmico com base em métricas como publicações, citações e impacto econômico, transformando o conhecimento em uma commodity mensurável. Embora essa abordagem incentive inovação e eficiência, ela também prioriza áreas com resultados imediatos, muitas vezes em detrimento das humanidades e ciências básicas. Além disso, pode aumentar desigualdades entre instituições e pressionar acadêmicos a focar em metas de curto prazo. Para equilibrar esses dilemas, é crucial reconhecer a importância das métricas objetivas sem desvalorizar a diversidade e a profundidade do conhecimento, promovendo um ambiente acadêmico mais inclusivo e sustentável1717 OpenAI. Chatbot online gratuito de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI (versão GPT-3.5) [Internet]. San Francisco: OpenAI; 2023 [citado 11 Set 2023]. Disponível em: https://openai.com
https://openai.com... .
Depois de toda a discussão realizada, espera-se que estejamos mais sensíveis àquilo de que a máquina se distancia do assunto, revelando a sua precariedade e, praticamente, "desvio de função".
Aliás, ressalva seja feita, a seu modo, a inteligência artificial combina palavras mecanicamente a contento, com imediatez e se presta muito bem a isso como ferramenta. Por enquanto. Mas escrever não é só isso. Para nós, não pode ser.
Nossa subjetivante tecnologia humana, por sua vez, reconhece como insubstituível os, às vezes, mais longos percursos de produção de encontros pedagógicos, capazes de mover desejos, acessar memórias, dar ânimo, provocar indignações, fazer querer pesquisar e saber mais e mais e, sobretudo, gostar e entenderem-se necessários, com suficiência provisória e dignos do conhecimento produzido.
Por fim, nos processos de ensino e aprendizagem discutidos e sempre em estado aberto de invenção, reconhecemos como determinantes políticos o como, tanto quanto o quê. Manifestamos ainda a importância da indissociação entre as metodologias e quaisquer conteúdos dos quais se almeje criticidade e complexificação da vida, que, admitamos, tem andado sob risco constante de perda de sentido e sonho.
Agradecimentos
Agradecemos a confiança construída com todas as pessoas participantes das disciplinas por nós ministradas na Pós-Graduação, especialmente nos Utópicos Avançados em Pesquisa.
- Federici CAG, Liberman F, Guzzo MSL. Jogar e escrever no ensino na pós-graduação: por uma política de performatividade do conhecimento. Interface (Botucatu). 2025; 29: e240242 https://doi.org/10.1590/interface.240242
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
22 Nov 2024 - Data do Fascículo
2025
Histórico
- Recebido
29 Maio 2024 - Aceito
08 Set 2024