Sobrecarga do cuidador familiar de pessoas com transtorno mental: uma revisão integrativa

Overload of family caregivers of persons with mental disorder: an integrative review

Sara Cordeiro Eloia Eliany Nazaré Oliveira Suzana Mara Cordeiro Eloia Roselane da Conceição Lomeo José Reginaldo Feijão Parente Sobre os autores

Resumos

Objetivou-se identificar as evidências científicas na literatura acerca da sobrecarga do familiar de pessoas com transtorno mental. Optou-se pelo método de revisão integrativa, através de busca nas bases de dados científicas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System On-Line (Medline) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). Foram identificados 23 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. Realizaram-se análise e interpretação dos artigos, baseando- se nas seguintes temáticas: do processo de cuidar ao impacto do cuidado e importância da abordagem familiar quando há presença do transtorno mental. Portanto, discute-se a necessidade de os serviços de saúde mental assistirem às famílias, quanto ao papel do cuidado e de apoio ao tratamento do ente com transtorno mental.

Serviços de Saúde Mental; Transtornos mentais; Cuidadores


The objective of this article is to identify scientific evidence in the literature on the overload of families with persons showing mental disorders. The integrative review method was chosen and search was conducted in the following scientific databases: Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System On-Line (Medline) and Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). We identified 23 articles that met the inclusion criteria. Analyses and interpretations were carried out in articles focusing themes that address the process of caring and its impact on families, and the importance of a family approach when there is a family member with mental disorder. Therefore, this paper discusses the need for mental health services to assist families, the role of the care and the support for treating the family member with a mental disorder.

Mental health services; Mental disorders; Caregivers


Introdução

Muitos são os debates na área da saúde mental acerca da reforma psiquiátrica nos últimos 30 anos, definindo-a como movimento histórico, político e social (BRASIL, 2005BRASIL. Ministério da Saúde Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2013.
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)que oportuniza a socialização de pessoas com transtornos mentais. A partir desse fenômeno, surgiram discursos sobre a fragilidade do sistema de saúde que oferece atendimento a essa clientela, diferente daquele centrado no leito hospitalar e que visa à desconstrução dos manicômios e paradigmas que o sustentam (GONÇALVES; SENA, 2001GONÇALVES, A. M.; SENA, R. R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino-Americano de Enfermagem, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 48-55, mar. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11514.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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).

Esse processo de desinstitucionalização psiquiátrica evoca o novo contexto brasileiro da saúde mental, cujos hospitais psiquiátricos deixam de constituir a base do sistema assistencial, cedendo a uma rede de serviços extra-hospitalares de crescente complexidade. Quando necessária, a internação psiquiátrica acontece com períodos mais curtos de hospitalização, favorecendo a consolidação de um modelo de atenção à saúde mental mais integrado, dinâmico, aberto e de base comunitária (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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).

Para tanto, é necessária a reorganização da atenção em saúde mental no País, destacando a Rede de Atenção Psicossocial como ferramenta fundamental para consolidação da reforma psiquiátrica implantada no Sistema Único de Saúde (SUS), pois seus dispositivos vêm favorecendo a desinstitucionalização, a acessibilidade e equidade, a articulação com a atenção primária, secundária e terciária, e a intersetorialidade, mediante articulações com setores da Justiça, Previdência Social, Ação Social, Educação e instituições profissionalizantes (BARROS; JORGE; PINTO, 2010BARROS, M. M. M.; JORGE, M. S. B.; PINTO, A. G. A. Prática de saúde mental na Rede de Atenção Psicossocial: a produção do cuidado e as tecnologias das relações no discurso do sujeito coletivo. Revista de APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 1, p. 72-83, jan./mar. 2010.).

Ao compreender que as pessoas com transtorno mental precisam de cuidados devido ao comprometimento das condições orgânicas de ordem psicológica, psíquica ou cognitiva, reconhece-se a família como a principal provedora de cuidados. Portanto, torna-se necessário que a família seja referência para estudos, a fim de direcionar a tomada de decisões, pelo sistema público de saúde, para melhor uma assistência prestada aos cuidadores.

Neste novo contexto de atenção à saúde mental, a família passa a ter importante papel na assistência psiquiátrica, como parte ou estratégia do tratamento (GONÇALVES; SENA, 2001GONÇALVES, A. M.; SENA, R. R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino-Americano de Enfermagem, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 48-55, mar. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11514.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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). Mudanças no cotidiano familiar podem ocorrer quando há presença de familiar com transtorno mental, no que diz respeito à vida social, ao lazer, à relação afetiva entre os membros da família, à rotina doméstica e às finanças (MELLO, 1997MELLO, J. H. R. O que é ser familiar de doente mental? Informação Psiquiátrica, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, 1997.; SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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). Outros aspectos, como os sentimentos de aflição, medo, receio e desconfiança que a família sente ao se deparar com inúmeras barreiras para o enfrentamento dos problemas interferem na assistência adequada ao ente familiar (MACHADO, 2011MACHADO, J. C. Rede de atenção à saúde mental: representações dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família no contexto da Reforma Psiquiátrica. 2011. 152 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, 2011.).

À medida que se compreende a importância dos familiares na tarefa de ressocialização, verificam-se as limitações reconhecidas pelos familiares no processo do cuidar no domicílio e a dificuldade de entender as alterações comportamentais causadas pela doença (SOARES; MUNARI, 2007SOARES, C. B.; MUNARI, D. B. Considerações acerca da sobrecarga em familiares de pessoas com transtornos mentais. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 6, n. 3, p. 357-362, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/4024/2717>. Acesso em: 21 jan. 2013.
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).

Concomitantemente à necessidade de apoio aos familiares cuidadores, quanto à educação em saúde para o entendimento da doença e da situação vivida, discute-se a relação do cuidador com o familiar com transtorno mental, trazendo à tona a sobrecarga familiar.

A sobrecarga familiar é definida como o impacto causado no meio familiar pela convivência com a pessoa com transtorno mental, envolvendo aspectos econômicos, práticos e emocionais aos quais os cuidadores são submetidos (MELMAN, 2002), motivos pelos quais merecem a atenção dos profissionais de saúde.

A sobrecarga (ou family burden, termo de origem inglesa) pode se apresentar em suas dimensões objetiva e subjetiva. A objetiva está relacionada às consequências negativas da presença de uma pessoa com transtorno mental na família, como acúmulo de tarefas, aumento de custos financeiros, limitação das atividades cotidianas e fragilização dos relacionamentos entre os familiares, entre outros. A sobrecarga subjetiva diz respeito à percepção pessoal do familiar sobre a experiência de conviver com o doente, seus sentimentos quanto à responsabilidade e às preocupações que envolvem o cuidado à saúde (CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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).

Acredita-se que são necessárias reflexões para que se compreenda a importância da aproximação do cuidador em relação ao familiar com transtorno mental no contexto em que se inserem, e as necessidades de intervenções de serviços de apoio, como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Essa discussão fomenta o desafio de desenvolver ações educativas em saúde, partindo das instituições e diversificados espaços sociais, para que se tenha articulação dos serviços e respostas positivas ao tratamento sociável dos envolvidos.

Para profissionais e pesquisadores em saúde, é relevante a problematização da sobrecarga familiar para avanços na promoção da saúde, a fim de que ela possa, adequadamente, ser identificada e trabalhada pela equipe de saúde nos diferentes momentos em que se apresenta (CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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).

Com o objetivo de identificar as evidências científicas da literatura acerca da sobrecarga do cuidador familiar de pessoas com transtorno mental, optou-se pelo método de revisão integrativa, compreendendo a relevância da temática, e também por considerar que, nas últimas décadas, tem sido pesquisada a reforma psiquiátrica e os avanços na política de saúde mental, entretanto, poucos artigos foram publicados em nível nacional referentes à sobrecarga familiar.

A partir dessas considerações, construiu-se pesquisa que respondesse às indagações: como a literatura apresenta a sobrecarga do cuidador familiar de pessoas com transtorno mental? Há discussões, na literatura, sobre atividades de educação em saúde com esses cuidadores, para que se compreenda a dinâmica da convivência entre cuidador e familiar com transtorno mental?

Método

Para o alcance do objetivo proposto, selecionou-se como método de pesquisa a revisão integrativa, considerada estratégia relevante para investigação ampla e crítica da produção científica sobre qualquer fenômeno, de modo a evidenciar abordagens e evidências a serem exploradas (GALVÃO; SAWADA; TREVISAN, 2004GALVÃO, C. M.; SAWADA, N. O.; TREVISAN, M. A. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 549-556, maio/jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v12n3/v12n3a14.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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).

Para execução deste método, é necessário seguir padrões de rigor metodológico (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009POMPEO, D. A.; ROSSI, L. A.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: etapa inicial do processo de validação de diagnóstico de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, n. 4, p. 434-438, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n4/a14v22n4.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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). Com base em estudos internacionais, Mendes, Silveira e Galvão (2008)MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, out./dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n4/18.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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direcionam este tipo de revisão em seis etapas: identificação do tema e seleção da hipótese, para posteriormente estabelecer critérios para inclusão e exclusão de estudos; amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos na revisão; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão.

Realizou-se busca de estudos junto à Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), acessando as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System On-Line (Medline) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). A seleção dos artigos ocorreu a partir dos descritores família, transtornos mentais e saúde mental, associados pelo operador booleano and.

Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos que abordassem a temática proposta, apresentados na íntegra na língua portuguesa e publicados entre os anos de 2002 e 2012. A delimitação do período de tempo foi considerada pelos autores como adequada para conhecimento e reflexão da temática proposta.

Uma primeira seleção dos artigos foi realizada a partir da leitura dos títulos e resumos. Aqueles que indicavam relação com o objetivo da pesquisa eram selecionados e procedia-se à leitura completa do texto, a fim de se confirmar a presença da temática determinada.

Nesta seleção, foram identificados 37 artigos. Porém, verificou-se que 14 se encontravam publicados repetidamente em mais de uma base de dados e, desta forma, a amostra final consistiu em 23 artigos. Decidiu-se pela inclusão de estudos que relacionaram o impacto do cuidado e não somente aqueles que traziam o termo sobrecarga. Incluíram-se, também, os estudos que apresentaram os cuidadores somados ao familiar com transtorno mental como sujeitos da pesquisa. Excluíram-se aqueles em forma de editorial, atualização, relato de caso, revisão de literatura e trabalhos na forma de tese.

Na sequência, realizou-se análise dos artigos em duas etapas. Na primeira, para coleta de dados, foi elaborado um instrumento, submetendo-o, primeiramente, a um pré-teste para verificar o alcance do objetivo proposto. Esse instrumento permitiu a obtenção de informações sobre a identificação do estudo: título, nome do periódico, autor(es), ano de publicação, objetivos, características metodológicas e resultados. Na segunda etapa, ocorreram a análise e a interpretação dos resultados destes artigos, dos quais emergiram duas categorias temáticas: do processo de cuidar ao impacto do cuidado e importância da abordagem familiar quando há presença do transtorno mental.

Houve o cuidado de buscar os aspectos importantes dos artigos para enriquecimento deste estudo e transmissão à comunidade científica.

Apresentação e discussão dos resultados

Caracterização da amostra

Tendo em vista o percurso metodológico adotado neste estudo, e compreendendo que a sobrecarga do cuidador familiar deve ser discutida em espaços de cultura e centros de saúde e psicossociais como resposta ao amadurecimento das políticas de saúde mental, pôde-se identificar que 23 publicações encontradas nesta revisão integrativa eram artigos científicos, os quais estão apresentados no quadro 1.

Quadro 1
Descrição dos estudos incluídos na revisão integrativa, segundo periódicos, títulos, autor(es) e ano de publicação

Quanto ao ano de publicação dos estudos selecionados, destacam-se as publicações a partir de 2008, o que revela a maturidade e a consolidação da política de saúde mental no contexto de melhoria da assistência psicossocial e maior investimento nesta política. Outros fatores que se acredita diretamente relacionados ao avanço de estudos referem-se ao fato de estarem as redes de atenção mais estruturadas, os centros de apoio com infraestrutura mais organizados, bem como às melhorias nos serviços, retratando profissionais que buscam a capacitação e que sejam sensíveis à realidade das pessoas com transtorno mental em tratamento e seus cuidadores. Vale considerar que é necessária maior divulgação para que se compreenda melhor este fenômeno.

Entre os artigos apresentados, 16 são de autoria de enfermeiros e os demais foram identificados pelas instituições de ensino pertencentes. Ao analisar o tipo de estudo mais frequente nesta amostra, identificou-se que 16 artigos se caracterizaram como qualitativos, os quais foram realizados por meio de entrevistas, história oral e pela técnica de discussão em grupo. Seis artigos adotaram a abordagem quantitativa e utilizaram questionários e escalas, como instrumentos de coleta de dados, a fim de identificar os domínios de vida mais afetados e os fatores associados à sobrecarga, dentre elas a Escala de Sobrecarga dos Familiares (FBIS-BR), adaptada para o Brasil por Bandeira, Calzavara e Varella (2005)BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M. G. P.; VARELLA, A. A. B. Escala de sobrecarga dos familiares de pacientes psiquiátricos: adaptação transcultural para o Brasil (FBIS-BR). Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 206-214, jul./set. 2005. e a Escala Burden Interview (BI), validada para o Brasil por Taub, Andreoli e Bertolucci (2004)TAUB, A.; ANDREOLI, S. B.; BERTOLUCCI, P. H. Dementia caregiver burden: reliability of the Brazilian version of the Zarit caregivers burden interview. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 372-376, mar./abr. 2004.. Em apenas um artigo foi utilizada a abordagem quantiqualitativa.

A seguir, apresentam-se as categorias temáticas resultantes da análise e interpretação dos resultados desses artigos.

Do processo de cuidar ao impacto desse cuidado

Pretendeu-se, nesta temática, discutir os artigos que abordaram a família no cuidado e atenção às pessoas com transtorno mental; os principais cuidadores e suas características sociodemográficas; e a ideia de sobrecarga e impacto do cuidado.

A reforma psiquiátrica permite a modificação do modelo de assistência psiquiátrica, motivando a inclusão da família no cuidado aos familiares com transtorno mental (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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; CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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). Deste modo, a família passa a ser núcleo estratégico e privilegiado das intervenções de reabilitação e reinserção psicossocial de pessoas com transtorno mental (JORGE ., 2008JORGE, M. S. B. et al. Representações sociais das famílias e dos usuários sobre participação de pessoas com transtorno mental. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 42, n. 1, p. 135-142, mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/18.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2013.
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), e tem sido vista como aliada no tratamento realizado, dando continuidade ao trabalho de profissionais de saúde (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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).

Nesse sentido, conhecer as características sociodemográficas dos cuidadores familiares foi recurso importante para o planejamento mais humanizado, compartilhado e coletivo da assistência oferecida ao cuidado em saúde mental (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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). Percebeu-se contexto social de maior predominância de mulher cuidadora (CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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; QUADROS , 2012QUADROS, L. C. M. et al. Transtornos psiquiátricos menores em cuidadores familiares de usuários de Centros de Atenção Psicossocial do Sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 95-103, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
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; MARCON , 2012MARCON, S. R. et al. Qualidade de vida e sintomas depressivos entre cuidadores e dependentes de drogas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 167-174, jan./fev. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_22.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
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; TEIXEIRA, 2005TEIXEIRA, M. B. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 2, p. 171-175, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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; SILVA; PASSOS; BARRETO, 2012SILVA, C. F.; PASSOS, V. M. A.; BARRETO, S. M. Frequência e repercussão da sobrecarga de cuidadoras familiares de idosos com demência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 707-731, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
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; ESTEVAM 2011ESTEVAM, M. M. et al. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 679-686, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a19.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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; BANDEIRA; CALZAVARA; CASTRO, 2008BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M. G. P.; CASTRO, I. Estudo de validade da escala de sobrecarga de familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 98-104, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n2/a03v57n2.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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), destacando-a como presença importante e indispensável na consolidação da reforma psiquiátrica no País.

Dentre os artigos que caracterizavam o grau de parentesco entre o principal cuidador e o familiar com transtorno mental, a mãe (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; TEIXEIRA, 2005TEIXEIRA, M. B. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 2, p. 171-175, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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) se destacou. No entanto, o estudo de Bandeira, Calzavara e Castro (2008)BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M. G. P.; CASTRO, I. Estudo de validade da escala de sobrecarga de familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 98-104, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n2/a03v57n2.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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citou o pai e a mãe como membros da família nuclear de importante contribuição no cuidado.

Ainda no contexto de perfil socioeconômico, a variante atividade profissional do cuidador foi destacada. Verificou-se relevante porcentagem de cuidadores sem atividade profissional ou que desempenhavam atividades eventuais (QUADROS 2012QUADROS, L. C. M. et al. Transtornos psiquiátricos menores em cuidadores familiares de usuários de Centros de Atenção Psicossocial do Sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 95-103, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
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; CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pd...
; TEIXEIRA, 2005TEIXEIRA, M. B. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 2, p. 171-175, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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), porém sem salário fixo, trazendo a reflexão da presença de impactos em relação às despesas. Neste contexto, publicações dialogam que é expressivo o risco de adoecimento por sobrecarga na situação de desemprego, principalmente quando estes cuidadores são mulheres, que acumulam à atividade de cuidadora outras funções, como ser mãe, esposa e dona de casa, comprometendo o autocuidado e o lazer, podendo resultar em adoecimento físico e transtorno mental (CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; BANDEIRA; CALZAVARA; CASTRO, 2008BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M. G. P.; CASTRO, I. Estudo de validade da escala de sobrecarga de familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 98-104, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n2/a03v57n2.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n2/a0...
). Nos estudos de Marcon (2012)MARCON, S. R. et al. Qualidade de vida e sintomas depressivos entre cuidadores e dependentes de drogas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 167-174, jan./fev. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_22.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_2...
e Silva, Passos e Barreto (2012)SILVA, C. F.; PASSOS, V. M. A.; BARRETO, S. M. Frequência e repercussão da sobrecarga de cuidadoras familiares de idosos com demência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 707-731, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.p...
, a maioria dos cuidadores tinha renda própria.

Na discussão acerca do impacto do cuidado na vida diária dos cuidadores, percebeu-se que os aspectos relacionados aos comportamentos problemáticos do familiar com transtorno mental, ocupação e suas dificuldades em desempenhar as atividades de vida diária foram discutidos como importantes fatores da sobrecarga sentida por esses cuidadores (CARDOSO; GALERA; VIEIRA, 2012CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F.; VIEIRA, M. V. O cuidador e a sobrecarga do cuidado à saúde de pacientes egressos de internação psiquiátrica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 517-523, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/06.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2013.
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), justificados, possivelmente, pela dependência e atenção em tempo integral que o familiar com transtorno mental necessita diariamente.

As implicações relacionadas ao cuidar no domicílio também foram representadas como principal causa de doenças físicas, de desestruturação da família e solidão dos cuidadores (SILVA; PASSOS; BARRETO, 2012SILVA, C. F.; PASSOS, V. M. A.; BARRETO, S. M. Frequência e repercussão da sobrecarga de cuidadoras familiares de idosos com demência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 707-731, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.p...
; CARDOSO; GALERA, 2011CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05....
; BORBA; SCHWARTZ; KANTORSKI, 2008BORBA, L. O.; SCHWARTZ, E.; KANTORSKI, L. P. A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 588-594, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n4/a09v21n4.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n4/a09v2...
). Discorreu-se acerca das limitações em termos de oportunidade de emprego, lazer e descanso dos cuidadores (SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05....
; TEIXEIRA, 2005TEIXEIRA, M. B. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 2, p. 171-175, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08...
); do desgaste emocional como resultado de sobrecarrega por não terem com quem dividir a responsabilidade de cuidar (ESTEVAM 2011ESTEVAM, M. M. et al. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 679-686, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a19.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v4...
; SANT’ANA 2011SANT’ANA, M. M. et al. O significado de ser familiar cuidador do portador de transtorno mental. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 50-58. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n1/06.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n1/06.pd...
; BORBA; SCHWARTZ; KANTORSKI, 2008BORBA, L. O.; SCHWARTZ, E.; KANTORSKI, L. P. A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 588-594, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n4/a09v21n4.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n4/a09v2...
); da dificuldade em reconhecer a doença frente à apresentação dos sintomas e a culpabilização pelo estado clínico (PEREIRA; PEREIRA JUNIOR, 2003PEREIRA, M. A. O.; PEREIRA JUNIOR, A. Transtorno mental: dificuldades enfrentadas pela família. Revista da Escola de Enfermagem da USP,São Paulo, v. 37, n. 4, p. 92-100, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v37n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.); por não saberem como agir (GRANDI; WAIDMAN, 2011GRANDI, A. L.; WAIDMAN, M. A. P. Convivência e rotina da família atendida em CAPS. Ciência, Cuidado, Saúde, Maringá, v. 10, n. 4, p. 763-772, 2011.); do sentimento de insegurança e medo (SANT’ANA , 2011SANT’ANA, M. M. et al. O significado de ser familiar cuidador do portador de transtorno mental. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 50-58. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n1/06.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
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; COLVERO; IDE; ROLIM, 2004COLVERO, L. A.; IDE, C. A. C.; ROLIM, M. A. Família e doença mental: a difícil convivência com a diferença. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 197-205. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v38n2/11.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
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); do número de tarefas a cargo do cuidador, perturbação que resulta na vida profissional (BARROSO; BANDEIRA; NASCIMENTO, 2009BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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); dos encargos financeiros e da falta de suporte social que também contribuíram para este sentimento de sobrecarga (ESTEVAM , 2011ESTEVAM, M. M. et al. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 679-686, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a19.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
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; SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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; BARROSO; BANDEIRA; NASCIMENTO, 2009BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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; BORBA; SCHWARTZ; KANTORSKI, 2008BORBA, L. O.; SCHWARTZ, E.; KANTORSKI, L. P. A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 588-594, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n4/a09v21n4.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2014.
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). Enfim, nos relatos dos cuidadores, houve inúmeras barreiras a serem enfrentadas para que se pudesse oferecer assistência adequada ao familiar com transtorno mental. No estudo de Quadros (2012)QUADROS, L. C. M. et al. Transtornos psiquiátricos menores em cuidadores familiares de usuários de Centros de Atenção Psicossocial do Sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 95-103, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
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foi encontrada prevalência de transtornos psiquiátricos menores, cerca de 50% a mais nos familiares que referiram sobrecarga, comparando-se àqueles que não relataram.

Nesse contexto, vale ressaltar que, mesmo sobrecarregados, os cuidadores também sentiram satisfação em cuidar de seus familiares (SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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; TEIXEIRA, 2005TEIXEIRA, M. B. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 2, p. 171-175, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a08.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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; BARROSO; BANDEIRA; NASCIMENTO, 2009BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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).

De acordo com a análise, a sobrecarga muitas vezes se apresentou ao acumular papéis e em ter pouca ou nenhuma pessoa no auxílio do cuidado, na supervisão dos comportamentos problemáticos e nas atividades de vida diária, no impacto financeiro e nos custos. O desgaste psicológico e a presença de sintomas depressivos no cuidador tiveram relação com a sobrecarga do cuidar de familiares com transtorno mental (SILVA; PASSOS; BARRETO, 2012SILVA, C. F.; PASSOS, V. M. A.; BARRETO, S. M. Frequência e repercussão da sobrecarga de cuidadoras familiares de idosos com demência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 707-731, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.p...
; SILVA; SADIGURSKY, 2008SILVA, M. B. C.; SADIGURSKY, D. Representações sociais sobre o cuidar do doente mental no domicílio. Revista Brasileira de Enfermagem,Brasília, DF, v. 61, n. 4, p. 428-434, jul./ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n4/05....
; SOARES; MUNARI, 2007SOARES, C. B.; MUNARI, D. B. Considerações acerca da sobrecarga em familiares de pessoas com transtornos mentais. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 6, n. 3, p. 357-362, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/4024/2717>. Acesso em: 21 jan. 2013.
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.p...
; MARCON ., 2012MARCON, S. R. et al. Qualidade de vida e sintomas depressivos entre cuidadores e dependentes de drogas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 167-174, jan./fev. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_22.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
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; BANDEIRA; CALZAVARA; CASTRO, 2008BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M. G. P.; CASTRO, I. Estudo de validade da escala de sobrecarga de familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 98-104, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n2/a03v57n2.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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). Muitas vezes, esses fenômenos resultaram da ausência de instrumentos que orientassem e proporcionassem o necessário para o melhor desempenho da atividade do cuidar.

Importância da abordagem do cuidador quando há presença do transtorno mental

Foi objetivo da temática discutir a visão dos cuidadores quanto ao tratamento dos familiares nos serviços de saúde mental e abordar a educação em saúde como desafio desses serviços. Gonçalves e Sena (2001)GONÇALVES, A. M.; SENA, R. R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino-Americano de Enfermagem, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 48-55, mar. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11514.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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retrataram que as relações do processo de cuidar de pessoas com transtorno mental na família ocorrem entre o cuidador, a família, os serviços de saúde mental e a comunidade, e por esse motivo o destaque nesta pesquisa.

Caps, Serviço de Atendimento Ambulatorial, Centros de Referência em Saúde Mental, Serviços de Psicologia de Hospital Escola, Hospital Dia e Atenção Básica foram cenários de saúde mental envolvidos nas publicações estudadas. Estes serviços oportunizam o acompanhamento do tratamento de pessoas com transtorno mental e se refletem como apoio ao acompanhamento dos cuidadores.

Dentre as publicações que relacionaram os cuidadores aos serviços de saúde mental, o estudo de Barroso, Bandeira e Nascimento (2009)BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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discutiu a necessidade de obter informações sobre a definição de transtorno mental, pois havia cuidadores que indicaram que o mais difícil, ao cuidar do familiar com transtorno mental, era não saber como agir durante as crises nem como lidar com os comportamentos problemáticos. Esses resultados apontam para a necessidade de os profissionais de saúde mental fornecerem informações e orientações mais específicas e adequadas aos familiares.

Diante desse contexto, para que se tenha convívio harmonioso entre as pessoas com transtorno mental e seus cuidadores, é preciso reflexão sobre a seguinte questão: como o cuidador, no ambiente domiciliar, entende o transtorno mental e o seu familiar com transtorno mental ligado aos fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, para que não se dê um convívio de exclusão?

Na leitura realizada, muitas publicações partiram dessa questão para demonstrar que a família precisa de orientação e suporte dos serviços de saúde, porém pouco foi publicado sobre os mecanismos para estas estratégias. Foram discutidas e necessárias intervenções educativas junto aos familiares, visando intensificar o conhecimento sobre os transtornos mentais, seu tratamento e as formas de lidar com o familiar com transtorno mental (BARROSO; BANDEIRA; NASCIMENTO, 2009BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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); como também a realização de trabalhos em grupos com cuidadores, visando à troca de experiências, à discussão das dificuldades e possibilidades da convivência com o problema, bem como às atividades comunitárias que busquem a integração entre os cuidadores e familiares com transtorno mental (MARCON , 2012MARCON, S. R. et al. Qualidade de vida e sintomas depressivos entre cuidadores e dependentes de drogas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 167-174, jan./fev. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_22.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
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).

A terapia familiar em ambiente hospitalar com cuidadores e pessoas com transtorno mental foi abordada como estratégia de intervenção individual e grupal de importante papel no bem-estar familiar, pois reduziu o isolamento e a ansiedade pelas desinformações do cuidador, e diminuiu as chances de recaída do quadro clínico e melhorou a adesão à terapêutica da pessoa em acompanhamento. A abordagem às famílias no ambiente hospitalar foi considerada importante, pois determina o momento e o planejamento da alta hospitalar, já que a discussão proposta está baseada na continuidade do tratamento no domicílio (FELÍCIO; ALMEIDA, 2008FELÍCIO, J. L.; ALMEIDA, D. V. Abordagem terapêutica às famílias na reabilitação de pacientes internados em hospitais psiquiátricos: relato de experiência. Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 248-253, abr./jun. 2008. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/59/248a253.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2013.
http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_sau...
).

Segundo Cardoso e Galera (2011)CARDOSO, L.; GALERA, S. A. F. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 687-691, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a20.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
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, os serviços de saúde mental precisam oferecer assistência à saúde que contemple cuidados para identificar e aliviar a sobrecarga dos cuidadores, além de promover treinamento de habilidades que estimulem a autonomia e a reabilitação psicossocial de pessoas com transtorno mental. É importante acolher o sofrimento do cuidador e minimizar sua sobrecarga emocional por meio da oferta de espaços acolhedores e facilitadores de ações e trocas de experiências entre os cuidadores, para compartilharem dúvidas, angústias e alegrias, em movimento de proximidade com o tratamento e em direção à autonomia das pessoas com transtorno mental e à diminuição do sofrimento das famílias (SOARES; MUNARI, 2007SOARES, C. B.; MUNARI, D. B. Considerações acerca da sobrecarga em familiares de pessoas com transtornos mentais. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 6, n. 3, p. 357-362, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/4024/2717>. Acesso em: 21 jan. 2013.
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).

Os próprios cuidadores percebem a necessidade dessas intervenções em suas relações de vida para minimizar a sobrecarga. No estudo de Barroso, Bandeira e Nascimento (2009)BARROSO, S. M.; BANDEIRA, M.; NASCIMENTO, E. Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 1957-1968, set. 2009. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.
http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n9/10...
, os cuidadores foram à busca de estratégias de enfrentamento, como a realização de atividades de lazer dentro de casa e atividades religiosas, entre outras. A religião e a espiritualidade têm sido consideradas fatores importante de apoio à família do portador de transtorno mental na atualidade (SILVA; PASSOS; BARRETO, 2012SILVA, C. F.; PASSOS, V. M. A.; BARRETO, S. M. Frequência e repercussão da sobrecarga de cuidadoras familiares de idosos com demência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 707-731, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v15n4/11.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
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; ESTEVAM ., 2011ESTEVAM, M. M. et al. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 679-686, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a19.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
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).

Tendo ciência das dificuldades dos familiares junto às novas propostas de cuidado em saúde mental, pode-se inferir que é necessário o amadurecimento deste modelo assistencial e de ações de suporte às famílias, pois se reconhece que, quanto mais apoiada a família se sente, mais satisfeito com a atenção recebida o paciente fica (NAGAOKA; FUREGATO; SANTOS, 2011NAGAOKA, A. P.; FUREGATO, A. R. F.; SANTOS, J. L. F. Usuários de um centro de atenção psicossocial e sua vivência com a doença mental. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 912-917, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/v45n4a17.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
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).

Esses resultados remetem à relevância de os serviços de saúde mental desenvolverem ações com intuito de incluir os cuidadores no foco do cuidado da equipe interdisciplinar. No contexto, a revisão integrativa possibilitou verificar desafios ligados à prática profissional em saúde mental na Atenção Básica. Os profissionais devem ser capazes de suprir as necessidades das famílias e incluí-las no processo de cuidado. Também se identificou a necessidade de formação e preparação dos profissionais para esta área(ESTEVAM , 2011ESTEVAM, M. M. et al. Convivendo com transtorno mental: perspectiva de familiares sobre atenção básica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 679-686, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a19.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2014.
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).

Conclusões

Esta produção de conhecimento teve o propósito de discutir a sobrecarga do cuidador de pessoas com transtorno mental. Foi apresentado o conhecimento atual das publicações nas principais bases de dados acerca deste fenômeno e se percebeu o quanto é preciso avançar. Avançar no conhecimento, na participação, no desenvolvimento de atividades e práticas que capacitem os profissionais de saúde para serviços mais qualificados. Precisa-se de profissionais sensíveis a esse contexto e do amadurecimento de políticas públicas que focalizem a tarefa do cuidador no domicílio, como também em instituições que acompanham os familiares.

Mais uma vez, se destaca o quanto se precisa explorar essa área. Assim, sugere-se a implantação de serviços de saúde mental cada vez mais próximos da realidade social na qual estão inseridos, compreendendo o contexto socioeconômico e cultural das famílias que precisam de sua atuação; e de profissionais de saúde provedores de cuidado de forma dinâmica, que proporcionem medidas que interfiram em melhorias de qualidade de vida.

Apesar de, para muitos autores, a desinstitucionalização e a reforma psiquiátrica serem movimentos recentes, já se sabe que os familiares precisam de suporte para que melhor se conviva na sociedade com os demais familiares e o próprio serviço de saúde, podendo-se inferir que a reinserção social depende da qualidade dos serviços e do entendimento da família como agente de cuidado. A sobrecarga familiar esteve presente nas relações cotidianas de cuidadores que, muitas vezes, pela preocupação, pela obrigação social, pelo carinho, cuidam dos familiares com transtorno mental e se sobrecarregam, esquecendo-se de cuidar de si ou não tendo expectativas futuras de mudança.

A identificação do impacto do cuidado foi o passo inicial desta pesquisa. Novos estudos, portanto, serão necessários para melhor compreender a atenção que este fenômeno necessita para a consolidação da reforma psiquiátrica e a determinação do melhor suporte a essas pessoas.

Este estudo possui limitações no que se refere à possibilidade de generalização dos seus resultados, tendo em vista que a amostra foi selecionada por três bases de dados e publicações somente da língua portuguesa. Necessita melhor aprofundamento na temática por se delimitar como estudo de revisão, sendo relevantes demais pesquisas no contexto de saúde mental. Experiências quanto às estratégias de convivência e intervenção devem ser temáticas futuras de novos estudos, traduzindo resultados específicos e terapias de abordagem às famílias.

  • Suporte financeiro: não houve

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    Jul 2013
  • Aceito
    Abr 2014
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde RJ - Brazil
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