EM PLENO SÉCULO XXI, O BRASIL AINDA APRESENTA enormes desafios em relação à oferta dos serviços de saneamento. Os dados de 2017 do Sistema Nacional de Informação sobre o Saneamento (SNIS) mostram que 83,5% da população brasileira tem acesso à rede de abastecimento de água, 46,0% são atendidos por coleta e tratamento dos seus esgotos gerados11 Brasil. Ministério de Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2017 [internet]. Brasília, DF: MDR; 2019. [acesso em 2019 nov 14]. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e-esgotos/diagnostico-ae-2017.
http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-... e 98,8% têm coleta regular de resíduos sólidos urbanos22 Brasil. Ministério de Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2017 [internet]. Brasília, DF: MDR ; 2019. [acesso em 2019 nov 14]. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-residuos-solidos/diagnostico-rs-2017.
http://www.snis.gov.br/diagnostico-resid... . Apesar desses números representarem um avanço em relação aos anos anteriores, ainda temos mais de 30 milhões de brasileiros que não possuem água em qualidade e quantidade adequadas para suas necessidades básicas, e mais de 100 milhões descartam seus esgotos in natura no ambiente. Este deficit está intimamente ligado à incidência de diferentes tipos de agravos à saúde, tais como dengue, diarreias e helmintoses, as quais fazem parte das Doenças Relativas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI)33 Landau EC, Moura L, Ferreira AM. Doenças relacionadas ao saneamento inadequado no Brasil. In: Landau EC, Moura L, editoras. Variação geográfica do saneamento básico no Brasil em 2010: domicílios urbanos e rurais. Brasília, DF: Embrapa; 2016. p. 189-212.. Além disso, o lançamento inadequado de esgotos em corpos d'água e a gestão imprópria dos resíduos sólidos favorecem a poluição e a degradação ambiental, que, por sua vez, contribuem para as mudanças climáticas44 Lins GA. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs). [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2010. 285 f.. Portanto, a falta de saneamento impacta negativamente na saúde da população e do meio ambiente.
Diante desse cenário, foi elaborado este número temático especial, fruto do compromisso institucional do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), visando divulgar o conhecimento científico produzido por pesquisas desenvolvidas nos campos do saneamento e da saúde ambiental, suas interfaces e impactos na qualidade de vida e saúde da população brasileira.
Para a construção deste periódico especial, foi realizada uma chamada aberta, que possibilitou a participação de diversas instituições de ensino e pesquisa em saneamento e saúde coletiva do Brasil. Ao todo, foram submetidos 53 artigos para esta chamada. Primeiramente, foi realizada uma triagem desses artigos por uma equipe de editores associados convidados que avaliou a sua associação aos diferentes temas propostos no número especial. Os artigos selecionados foram então submetidos à avaliação por pares, pesquisadores especialistas de cada área temática (peer review). Essa avaliação foi realizada sob diferentes perspectivas teóricas e abordagens metodológicas, espelhando de forma exitosa a produção de conhecimento nessa área no âmbito nacional.
Este número temático especial conta com 15 artigos que abordam assuntos relativos à: água; esgotos; resíduos sólidos; drenagem e manejo de água pluviais; planejamento e políticas de desenvolvimento urbano sustentável; saúde urbana; biossegurança e bioterrorismo e; mudanças climáticas e desastres.
A expectativa dos organizadores é que os trabalhos aqui publicados, a partir dos estudos realizados pelos diferentes grupos de pesquisa, sirvam para uma reflexão sobre a importância do saneamento e da saúde ambiental para uma vida plena e saudável da população brasileira. Espera-se ainda que tanto a academia quanto a sociedade se apropriem deste número temático como ferramenta de apoio na tomada de decisões e implementações de políticas públicas observando a interface entre o saneamento e a saúde pública. Tais ações são de extrema importância para a superação das adversidades de contexto socioambiental e político, tendo por base o conhecimento analítico-crítico-reflexivo e socialmente participativo e engajado.
Desfrutem da leitura e sejam bem-vindos aos campos do saneamento e da saúde ambiental.
- *Orcid (Open Researcher and Contributor ID).
Referências
- 1Brasil. Ministério de Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2017 [internet]. Brasília, DF: MDR; 2019. [acesso em 2019 nov 14]. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e-esgotos/diagnostico-ae-2017
» http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e-esgotos/diagnostico-ae-2017 - 2Brasil. Ministério de Desenvolvimento Regional. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2017 [internet]. Brasília, DF: MDR ; 2019. [acesso em 2019 nov 14]. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-residuos-solidos/diagnostico-rs-2017
» http://www.snis.gov.br/diagnostico-residuos-solidos/diagnostico-rs-2017 - 3Landau EC, Moura L, Ferreira AM. Doenças relacionadas ao saneamento inadequado no Brasil. In: Landau EC, Moura L, editoras. Variação geográfica do saneamento básico no Brasil em 2010: domicílios urbanos e rurais. Brasília, DF: Embrapa; 2016. p. 189-212.
- 4Lins GA. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs). [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2010. 285 f.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
13 Jan 2020 - Data do Fascículo
Dez 2019