Redes sociais e governança em saúde

Delaine Martins Costa Ilara Hämmerli Sozzi de Moraes Joviana Quintes Avanci Liana Wernersbach Pinto Rosana Magalhães Vera Lucia Marques da Silva Sobre os autores

No contexto contemporâneo as redes sociais adquirem relevância como espaços de mobilização, integração e tomada de decisão, evidenciando a emergência de novos e complexos padrões de sociabilidade e governança. No entanto, para além dos aspectos positivos associados às redes sociais existem também assimetrias, disputas de poder, conflitos, ambivalências e contradições11. Castells M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra; 1999. v. 1.. Heterogeneidade e fluidez marcam as redes, sejam elas centradas na família, na vizinhança ou nas múltiplas esferas de sociabilidade, formais e informais. No campo da saúde coletiva, este debate tem assumido diferentes contornos revelando a natureza desafiante dos padrões mais recentes de interação entre atores sociais e instituições públicas. Os mecanismos envolvidos na circulação e compartilhamento de informação e conhecimento entre profissionais e usuários de serviços de saúde, as fronteiras e os pontos de contato entre múltiplas organizações, grupos e indivíduos e, ainda, as transformações na dinâmica decisória ganham destaque na agenda de pesquisa e ensino da área.

Assim, este número temático reúne artigos que buscam refletir sobre as mudanças ocorridas nas últimas décadas na sociabilidade cotidiana e suas repercussões nas práticas de saúde. Trata-se de iniciativa do Programa de Pós-Graduação da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), com o apoio dos recursos do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O número foi organizado pela área de concentração em Sociedade, Violência e Saúde, visando consolidar a colaboração entre docentes e discentes em torno do tema redes sociais e governança em saúde.

Utilizando diferentes marcos analíticos e abordagens metodológicas, os autores apresentam experiências de reorganização institucional, estruturação de redes sociais em torno de problemas de saúde e construção de arranjos de governança regionais e locais. Cibercultura, violência, ética, participação social, relações público e privado e estratégias de regulação política em diferentes territórios são temas aqui explorados. Os artigos trazem a perspectiva de compreender modelos de interação, práticas de cuidado e a conformação de identidades sociais em cenários onde o chamado ativismo digital pode conviver com fluxos de mobilização tradicionais e encontros face a face. Dilemas antigos como o controle social, a comunicação democrática e a equidade em saúde combinam-se hoje com questões novas ligadas à reconstrução de laços e vínculos sociais. Desta forma, estimulam a produção de conhecimento e a pesquisa avaliativa sobre o alcance de intervenções cada vez mais confrontadas com ambientes relacionais complexos e heterogêneos.

Referências

  • 1
    Castells M. A sociedade em rede São Paulo: Paz e Terra; 1999. v. 1.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Out 2018
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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