Bullying na adolescência: visão panorâmica no Brasil

Pamela Lamarca Pigozi Ana Lúcia Machado Sobre os autores

Resumo

Embora o bullying seja um tema amplamente disseminado nas mídias sociais e estudado internacionalmente há mais de quatro décadas, no Brasil, somente passou a ser objeto de estudo a partir do final da década de 90 e início do ano 2000. Para compreender a produção científica nacional acerca deste tema, considerou-se aspectos que o caracterizam como subtipo de violência, diferença entre gêneros, fatores associados, consequências e possíveis abordagens intervencionistas e preventivas. A pergunta norteadora desta revisão integrativa foi “O que têm produzido pesquisadores brasileiros acerca dobullying entre adolescentes?” – sendo realizada através de sete bases de dados. Os dados mostram que mais da metade das pesquisas são de cunho quantitativo, através de estudos transversais e aplicação de questionários, visando estabelecer a ocorrência do bullying e seus fatores associados. Demonstrou a significante incidência debullying entre os adolescentes brasileiros, a relação com comportamentos de risco, as graves consequências à saúde mental dos jovens, a falta de compreensão desta faixa etária sobre o que é obullying e a escassez de estratégias de manejo deste tipo de agressão. Indica-se a importância de estudos preventivos, interventivos e restaurativos que envolvam a comunidade e que façam parte do cotidiano escolar.

Bullying; Adolescente; Atenção à saúde

Introdução

A adolescência é uma etapa de intensas mudanças fisiológicas, psíquicas e relacionais. Para que o pleno desenvolvimento cognitivo, emocional, sexual e psicológico se efetive é necessário que o jovem transite em ambientes confortáveis, que transmitam segurança, apoio e proteção11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
. Apesar destas premissas, cerca de 20% dos adolescentes (em todo mundo) apresentam problemas de ordem mental e comportamental, sendo que metade das ocorrências dos transtornos mentais inicia-se antes dos 14 anos22. World Health Organization (WHO). Mental health action plan 2013–2020. Genebra, 2013. [acessado 2014 mar 20]; [cerca de 50 p.]. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/publications/action_plan/en/
http://www.who.int/mental_health/publica...
. Depressão e suicídio são fatores que contribuem significativamente para o aumento de doenças e de mortalidade entre os adolescentes33. World Health Organization (WHO), World Organization of Family Doctors. Integrating mental health into primary care: a global perspective. Genebra e Londres, 2008. [acessado 2014 mar 20]; [cerca de 224 p.]. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/policy/services/integratingmhintoprimarycare/en/
http://www.who.int/mental_health/policy/...
.

A palavra bullying, do inglês bully (valentão, brigão e tirano)44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100. é traduzida em português como assédio escolar, que descreve o comportamento agressivo entre estudantes11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
,55. Wikipédia. Bullying. [enciclopédia na internet] [acessado 2014 mar 20]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying...
. Embora sua nomeação tenha atravessado barreiras culturais, sendo usada mundialmente por pesquisadores e instalada nos dicionários como nome próprio sinalizando ações que vão além de agredir ou maltratar, ainda não há um termo em português que abarque todo o seu significado44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100..

Em linhas gerais o bullying é definido como uma subcategoria de violência, configurada em atos agressivos, repetitivos e com assimetria de poder entre pares44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.,66. Berger KS. Update on bullying at school: Science forgotten? Dev Rev 2007; 27(1):90-126.

7. Olweus D. Bullying at school. Long term outcomes for the victims end an effective school-Based Intervention program. In: Huesmann LR, editor.Agressive Behavior: Current Perpectives. San Francisco: Plenum Press; 1994. p. 98.
-88. Lisboa C, Braga LL, Ebert G. O fenômeno bullyingou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínic 2009; 2(1):59-71., alavancando consequências sérias à saúde de adolescentes, que além de lidarem com suas intensas mudanças pessoais (emocionais e fisiológicas), buscam serem aceitos pelas suas singularidades em meio à discriminação entre pares11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
,99. Lopes Neto AA. Bullying. Adolesc Saúde 2007; 4(3):51-56.. Dan Olweus77. Olweus D. Bullying at school. Long term outcomes for the victims end an effective school-Based Intervention program. In: Huesmann LR, editor.Agressive Behavior: Current Perpectives. San Francisco: Plenum Press; 1994. p. 98. não considera comobullying a agressão entre pares que apresentam características físicas e emocionais similares. Para que o bullying ocorra é necessário que os indivíduos convivam por um período prolongado em um mesmo contexto ou ambiente44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100., como dentro da escola por exemplo, embora este tipo de violência ocorra nas comunidades de um modo geral88. Lisboa C, Braga LL, Ebert G. O fenômeno bullyingou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínic 2009; 2(1):59-71.,99. Lopes Neto AA. Bullying. Adolesc Saúde 2007; 4(3):51-56.e já se configure um problema de saúde pública em escala mundial.

Pesquisadores sistematizaram os tipos e as possíveis formas de envolvimento dos adolescentes no bullying: em direto nas formas física (bater, chutar, empurrar, abusar sexualmente, assediar, fazer gestos, estragar e roubar pertences) e verbal (apelidar, importunar, xingar); ou indireto, como atos de exclusão, isolamento da vítima ou dispersão de rumores. Rotineiramente, é pouco perceptível aos adultos, pois dissemina-se sutilmente77. Olweus D. Bullying at school. Long term outcomes for the victims end an effective school-Based Intervention program. In: Huesmann LR, editor.Agressive Behavior: Current Perpectives. San Francisco: Plenum Press; 1994. p. 98.,1010. Antunes DC. Mas o que seria isso, o bullying? In: Antunes DC. Bullying: Razão Instrumental e Preconceito. São Paulo: Casa do Pisicólogo; 2010. p. 36.,1111. Olweys D. A profile of bullying at school. In: Educational Leadership, March 2003 [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 8p]. Disponível em: http://www.lhsenglish.com/uploads/7/9/0/8/7908073/olweus_profile_of_bullying.pdf
http://www.lhsenglish.com/uploads/7/9/0/...
. Cyberbullying, violência entre pares que ocorre no espaço virtual, é outro tipo debullying que vem sendo amplamente estudado1212. Smith PK, Steffgen G. Cyberbullying throught the new media: findings from an international network. East Sussex, New York: Psycology Press; 2013.,1313. Wang J, Nansel TR, Iannotti RJ. Cyber and traditional bullying: differential association with depression. J Adolesc Health2011; 48(4):415-417.. Pode ocorrer também através de ligações nos celulares dos adolescentes independente de onde estejam, seja na escola, na rua ou mesmo dentro de suas casas. A solução deste problema por parte da vítima é mais complexa, pois ocorre anonimamente, na velocidade das redes sociais e com acesso livre1212. Smith PK, Steffgen G. Cyberbullying throught the new media: findings from an international network. East Sussex, New York: Psycology Press; 2013.. Acredita-se que o bullying tem suas raízes em problemas sociais, culturais, econômicos e históricos44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.. Para a pesquisadora brasileira Cléo Fante1414. Fante C. Fenomeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2ª ed. Campinas: Verus; 2005., o motivo de crianças ou adolescentes praticarem o bullying entre os colegas está relacionado a exemplos violentos e maus tratos parentais, à educação passiva (sem imposição de limites) e à falta do exemplo familiar em como respeitar o próximo.

Pode-se estar envolvido no bullying como vítima (alvo), agressor (autor) ou vítima/agressor (alvo/autor). As vítimas normalmente não reagem às agressões, são mais inseguras, temem a rejeição e têm poucos amigos. Quando reagem às agressões, são consideradas vítimas/agressoras e costumam ter baixa autoestima, atitudes mais provocativas e agressivas e mostram-se menos populares que as vítimas típicas. Os agressores são descritos como líderes de grupos, populares, que demonstram insatisfação com a escola, têm opinião negativa e tendem a provocar seus colegas44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.,66. Berger KS. Update on bullying at school: Science forgotten? Dev Rev 2007; 27(1):90-126..

Embora o bullying seja amplamente disseminado nas mídias sociais e estudado internacionalmente há mais de 4 décadas1515. Smith PK, Morita Y, Junger-Tas J, Olweus D, Catalano R, Slee P.The nature of school bullying: A cross-national perspective. London, New York: Routledge; 1999.

16. Whitney I, Smith PK. A survey of the nature and extent of bullying in junior/middle and secondary schools. Educ Res 1993; 35(1):3-25.

17. Hoover JH, Oliver R, Hazler RJ. Bullying: perceptions of adolescent victims in the Midwestern USA. Sch Psychol Int 1992; 13(1):5-16.
-1818. Olweus D. Aggression in the schools: Bullies and whipping boys. Washington: Hemisphere Press (Wiley); 1978., os estudos no Brasil datam do final da década de 90 e início do ano 2000, demonstrando a incipiência da produção cientifíca brasileira99. Lopes Neto AA. Bullying. Adolesc Saúde 2007; 4(3):51-56.,1414. Fante C. Fenomeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2ª ed. Campinas: Verus; 2005.,1919. Lopes Neto AA, Saavedra LH. Diga não para o bullying - programa de redução do comportamento agressivo entre estudante. Rio de Janeiro: Abrapia; 2003.

20. Jaeger AA, Canfield MS, Dorneles DS, Grigoletti MS, Pereira SR, Beltrame V. Agressividade escolar. Kinesis (Santa Maria) 1997; 18:51-75.
-2121. Franscisco MV, Libório RMC. Um estudo sobrebullying entre escolares do ensino fundamental.Psicol Reflex Crit 2009; 22(2):200-207.. No Brasil, alguns casos com consequências mais graves (homicídio e suicídio) têm ancorado notícias na mídia e foram amplamente divulgados. No “Massacre de Realengo” em 2011, ao qual foi atribuído uma vingança por bullying, um ex-estudante matou 12 crianças de uma escola com tiros de revolver, suicidando-se depois2222. Wikipédia. Massacre de Realengo. [enciclopédia na internet] [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Realengo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de...
. Em 2010, um jovem de Porto Alegre foi vítima de homicídio por arma de fogo, num suposto caso debullying2323. Spigliatti S. Jovem é morto devido a suposto caso debullying em Porto Alegre. [portal de notícias] 2010 maio. [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,jovem-e-morto-devido-a-suposto-caso-de-bullying-em-porto-alegre,551178,0.htm
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae...
. Em 2009, em Guarulhos, uma menina vítima constante de bullying foi espancada na rua por outra adolescente até perder a consciência, enquanto outros adolescentes filmavam e riam2424. G1. Vítima de bullying não sabe por que apanhou, e mãe diz que ela podia morrer. [portal de notícias] 2009 Nov [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1386534-5605,00-VITIMA+DE+BULLYING+NAO+SABE+POR+QUE+APANHOU+E+MAE+DIZ+QUE+ELA+PODIA+MORRER.html
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,...
. Outros casos a nível judiciário tratam de situações de bullying nas quais pais de adolescentes que o praticam são obrigados a indenizarem a vítima55. Wikipédia. Bullying. [enciclopédia na internet] [acessado 2014 mar 20]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying...
.

Há uma necessidade imediata de compreender e intervir em problemas sociais que, como o bullying, tornam a saúde dos adolescentes vulnerável11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
. Nesta revisão integrativa, propomos evidenciar o que pesquisadores brasileiros têm produzido acerca dobullying entre adolescentes, considerando aspectos que o caracterizam como subtipo de violência, como também diferença entre gêneros, fatores associados, consequências, percepção dos adolescentes e estratégias interventivas que suportem e amparem profissionais e adolescentes acerca dobullying.

Métodos

Este estudo foi realizado pelo método da revisão integrativa, que consiste em resumir e ordenar resultados de pesquisas empíricas ou teóricas, quer sejam do tipo experimentais, conceituais, revisão de teorias ou análise metodológica. O intento inicial deste método é obter uma vasta e profunda compreensão de um determinado tema alicerçando-o em estudos anteriores, possibilitando reflexões para a produção de novos estudos2525. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem.Texto Contexto Enferm 2008; 17(4):758-764.,2626. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology.J Adv Nurs 2005; 52(5):546-553.. A revisão da literatura seguiu as etapas de: identificação do problema e escolha da questão norteadora; coleta de dados; categorização; análise e interpretação independente por dois pesquisadores, a fim de apurar a compreensão da leitura e diminuir qualquer possibilidade de equívoco na apresentação dos resultados ou síntese do conhecimento. Tendo em vista a incipiência de estudos nacionais relacionados ao tema bullying entre adolescentes, a pergunta norteadora desta pesquisa foi: O que têm produzido pesquisadores brasileiros acerca do bullying entre adolescentes?

O material foi coletado em agosto de 2014 das bases de dados: Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Medline (Medical Literature Analysis Retrieval System Online), Sociological Abstract (disponibiliza resumos nas disciplinas de Ciências Sociais e do Comportamento e direcionou a coleta ao acervo da Universidade de São Paulo), CINAHL plus with full text, Web of Science e Scopus. Para a escolha dos descritores, utilizou-se o vocabulário estruturado e trilíngue – DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) na modalidade descritor exato. O sinônimo para bullying foi assédio escolar e para adolescentes (adolescent) foi adolescência (adolescence), jovem (youth) e juventude. Os termos em inglês foram utilizados nas bases de dados CINAHL, Web of Science e Scopus.

Foram utilizados os seguintes descritores nas respectivas bases de dados, separados pelo operador boleamos and ou or: bullying e adolescente – Lilacs, Medline e CINAHL; bullying - SciELO e Sociological Abstract;bullying e a palavra adolescence - Web of Science;bullying and adolescent or adolescence and Brazil - Scopus. Os descritores citados foram empregados para refinar ou ampliar a busca de acordo com o resultado da pesquisa. Para o acesso irrestrito à literatura, não foi realizado recorte temporal.

Após leitura dos títulos e resumos de todos os artigos obtidos (Tabela 1), 69 foram pré-selecionados. Destes, 25 artigos (6 deles em inglês) constituíram a seleção final para leitura na íntegra, tendo como critérios de inclusão: publicações em revistas nacionais ou internacionais (com autores brasileiros filiados a universidades brasileiras) na íntegra, em português e inglês, estudos empíricos ou teóricos (originais ou de revisão); e de exclusão: estudos em duplicidade e que não condiziam com a temática centralbullying entre adolescentes.

Tabela 1
Total de artigos obtidos nas bases de dados selecionadas.

Resultados e discussão

Os 25 artigos analisados neste estudo estão apresentados por Título, Ano, Tipo de Estudo, Sujeito e Objetivo, e ordenados em ordem crescente do ano de publicação (Quadro 1). O quesito tipo de estudo está conforme definido pelos autores. Segundo o ano de publicação, os artigos distribuem-se em: 2 de 2005, 1 de 2006, 2 de 2008, 1 de 2009, 5 de 2010, 1 de 2011, 6 de 2012, 6 de 2013 e 1 de 2014. A representação do número de artigos segundo o tipo de estudo (Gráfico 1) mostra que 14 estudos são quantitativos (11 do tipo transversal e 3 apenas citam a utilização de questionários), 3 qualitativos (2 utilizam entrevistas e 1 faz uso da observação participante e grupo focal), 2 quanti-qualitativos (ambos utilizam questionários; um opta por associação livre de palavras e outro por anotações em diário de campo, entrevistas e grupo focal), 4 são estudos bibliográficos (sendo 1 revisão sistemática da literatura) e 2, que são teóricos, fazem uma análise crítica do tema. Buscar correlações e fatores associados, investigar e estabelecer a ocorrência dobullying foi o foco principal em mais da metade da produção analisada.

Quadro 1
Apresentação dos artigos segundo Título, Ano, Tipo de Estudo, Sujeitos e Objetivo – São Paulo, SP- 2014

Gráfico 1
Representação da quantidade de artigos segundo tipo de estudo - São Paulo, SP - 2014.

Há uma lacuna quanto a produção de pesquisas com abordagens interventivas de cunho estratégico, preventivo e restaurativo acerca da agressão entre adolescentes, e/ou qualitativas que possam compreender o bullying a partir da relação com o sujeito, suas experiências na escola-família-comunidade e obullying, suas impressões acerca deste conflito entre pares e seus motivos e/ou causas no envolvimento com o mesmo em seus diferentes papéis.

Após leitura verticalizada e aprofundada, os 25 artigos selecionados foram organizados segundo os temas: Prevalência e tipos de bullying; Diferenças entre gêneros; Fatores associados; Consequências; Sentimento dos adolescentes e Intervenções possíveis.

Prevalência e tipos de bullying

No artigo XI, estudo realizado com 60.973 escolares nas 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, 5,4% dos estudantes relataram sempre terem sofridobullying; 25,4% raramente sofrer e 69,2% não foram vítimas debullying2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.. O artigo XXI revelou que 67,4% dos 237 escolares estavam envolvidos com obullying, ao presenciar ou sofrer, e que 48,5% relataram ser vítimas2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.. Percentual muito semelhante ao descrito no artigo XIV, no qual 67,5% dos 465 estudantes eram vitimizados2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.. Em um estudo realizado com 5.500 estudantes, 40,5% destes estavam envolvidos em atos debullying, sendo os alvos 16,9% desta amostra, os autores 12,7% e os alvos/autores 10,9%1919. Lopes Neto AA, Saavedra LH. Diga não para o bullying - programa de redução do comportamento agressivo entre estudante. Rio de Janeiro: Abrapia; 2003.. Corroborando com os dados do artigo XII, no qual 17,6% do total de 1.075 estudantes sofriam bullying3030. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.. Dos 1.230 escolares relatados no artigo XXII, 10,2% eram vítimas e 7,1% praticavam o bullying contra seus pares3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170..

As diferentes formas de coleta de dados podem justificar a variação na prevalência de vítimas, agressores e testemunhas entre os estudos. Seja pelos questionários utilizados, diferentes características da amostra (número, idade, gênero, etc.), período e frequência considerados para a prática do bullying, além dos tipos de bullying considerados (verbal, físico, psicológico, sexual, material e virtual)3232. Smith PK. School Bullying. Sociologia, Problemas e Práticas 2013; 71:81-98..

O artigo XI traz o menor percentual de escolares que sofriambullying, o que foi justificado pelos próprios autores pelo recorte de período escolhido (somente um mês), com o intuito de diminuir possíveis vieses na pesquisa. Além disso, o uso de questionário autoaplicável com a pergunta “Nos últimos trinta dias, com que frequência algum dos seus colegas esculacharam, zoaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram tanto, que você ficou magoado/incomodado/aborrecido?”, não deixou claro a inclusão dobullying do tipo sexual, espalhamento de rumores ou exclusão e isolamento, os quais poderiam aumentar a percentagem de alunos que sofrerambullying2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.. Por outro lado, o alto percentual de vítimas (48,5%) no artigo XXI2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607., pode ter sido influenciado pelo uso de um questionário utilizado para os escolares portugueses, que traz mais tipos de bullying como: ameaças físicas (empurrar, bater),bullying sexual (ser apalpado contra a vontade), isolamento (exclusão do grupo) e estrago de pertences pessoais3333. Freire IP, Simão AMV, Ferreira AS. O estudo da violência entre pares no 3º ciclo do ensino básico — um questionário aferido para a população escolar portuguesa. Rev Port de Educação 2006; 19(2):157-183.. O alto índice de vitimização (67,5%) no artigo X é justificado pela melhor compreensão do adolescente sobre o conceitobullying com o passar dos anos, e ao lançamento do jogo eletrônico “Bully” (Rockstar Games) em 2006, que retrata o bullyinge pode ter influenciado nesta melhor compreensão. Nele, estudantes mostram-se como agressores ou vítimas, podendo escolher entre atacar ou defender monitores, professores e colegas no cenário escolar. O jogo continua sendo vendido nos Estados Unidos, teve recusa de comercialização em algumas lojas do Reino Unido, e, no Brasil, a venda foi proibida em todo território nacional3434. Wikipéia. Bully (Jogo Eletrônico). [enciclopédia na internet]. [acessado 2014 fev 19]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bully_(jogo_eletrônico)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bully_(jogo...
.

Surpreendente foi o artigo V, no qual 100% dos 16 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas (8 em regime de semiliberdade e 8 em liberdade assistida) estavam envolvidos com a prática do bullying, como alvos e autores simultaneamente. Os relatos de bullying mais frequentes estavam relacionados aos garotos que haviam se envolvido em crimes mais sérios. No entanto, o estudo sugere que outras investigações sejam feitas para compreender a associação do bullying como precursor ou consequência de atos infracionais4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382..

Os dados de bullying no Brasil aqui mencionados, assemelham-se aos de estudos internacionais. Um estudo transversal, realizado com 1.756 estudantes coreanos da 7ª e 8ª séries, mostra que 40% destes estavam envolvidos com obullying, sendo 14% vítimas, 17% agressores e 9% vítimas/agressores5555. KimYS, Koh YJ, Leventhal BL. Prevalence of school bullying in Korean middle school students. Arch Pediatr Adolesc Med 2004; 158(8):737-741.. Outro estudo, realizado nos Estados Unidos com 15.686 estudantes de 6 a 10 anos, em escolas públicas e privadas, revelou que 29,9% dos escolares estavam envolvidos de forma moderada ou frequente com situações de bullying: 10,6% como vítimas, 13% como agressores e 6,3% em ambos os grupos5656. Nansel TR, Overpeck M, Pilla RS, Ruan WJ, Simons-Morton B, Scheidt P. Bullying behaviors among US youth: revalence and association with psychosocial adjustment. JAMA 2001; 285(16):2094–2100.. Segundo o artigo XIV, os tipos mais frequentes de bullying (praticado e sofrido) são os verbais: apelidar, insultar e “tirar sarro”2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.. Dados que corroboram com os obtidos no artigo XXI, no qual o tipo mais frequente entre as vítimas foi o de sofrer intriga e ser apelidado, enquanto que o mais praticado entre os agressores foi o de apelidar2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.. O artigo XII mostra que os tipos mais prevalentes de intimidação são os verbais e físicos, seguidos de agressões psicológicas, étnicas e sexuais3030. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.. Por outro lado, os artigos IX e XXII apontam as agressões físicas como as mais prevalentes, seguidas das verbais3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.,4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382..

O artigo XIII chama atenção ao fato de que as provocações verbais evoluem para agressões físicas (brigas, tapas, puxões de cabelo e chutes), e que muitas vezes têm início dentro da escola e terminam fora do “portão” da escola4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.. Os insultos verbais também estão entre os tipos de bullying mais frequentes em estudo internacional, assim como exclusão, bullying físico e forçar o outro a fazer algo, com frequências de 22, 23, 16 e 20%, respectivamente5555. KimYS, Koh YJ, Leventhal BL. Prevalence of school bullying in Korean middle school students. Arch Pediatr Adolesc Med 2004; 158(8):737-741..

O lugar onde mais acontecem as cenas de agressão entre pares é fora da sala de aula2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607., embora o artigo XXII tenha mostrado que além do pátio, a sala de aula é um dos lugares de maior incidência3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170..

Diferenças entre gêneros

Segundo os artigos XI, XII e XXII o envolvimento com bullying está mais associado ao sexo masculino do que ao feminino2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.,3030. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.,3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170., sendo também o masculino o que mais sofre o bullying2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.,3030. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.. Estes achados podem ser explicados pela forma como ocorre o bullying entre os gêneros. Meninos tendem a ser mais vitimados por agressões físicas, isolamento de determinado grupo e coação, enquanto meninas são centro de fofocas e importunadas pelos pares, o que é menos perceptível4444. Silva RA, Cardoso TA, Jansen K, Souza LDM, Godoy RV, Cruzeiro ALS, Horta BL, Pinheiro RT. Bullying and associated factors in adolescents aged 11 to 15 years. Trends Psychiatry Psychother 2012; 34(1):19-24.. Além disso, meninos têm 2 vezes mais chances de serem os agressores3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170., o que não deve levar à ideia de que eles são mais agressivos, e sim de que podem estar mais envolvidos em situações de bullying2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44..

A diferença cultural na formação e desenvolvimento de meninos e meninas pode sustentar tais comportamentos. Meninos são atravessados desde sua infância até a vida adulta por tendências agressivas no comportamento, fortalecidas por uma sociedade machista que os encoraja a ter atitudes hostis com seus pares5757. Taquette SR, Ruzany MH, Meirelles Z, Ricardo I. Relacionamento violento na adolescência e risco de DST/AIDS. Cad Saude Publica2003; 19(5):1437-1444.. Também porque meninos e meninas têm percepções diferentes da violência escolar, através da associação livre de palavras. Meninas percebem a agressão através das palavras “assédio, desrespeito, falta de educação, dor e inimizade”, enquanto que meninos através das palavras “roubar, matar, falar palavrão, bater e bagunça”4646. Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar.Psico-USF 2012; 17(2):243-251..

De acordo com o artigo VII, meninas apresentam maior média de autoestima no grupo agressor, enquanto que entre os meninos a maior média está no grupo testemunha. O menor índice de autoestima entre as meninas está no grupo vítima/agressor e dos meninos no grupo vítima4141. Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138.. Considera-se que as interações das meninas tendem a ser mais influenciadas pela afetividade, pelos laços de amizade, pelas emoções e sentimentos, enquanto que a dos meninos é afetada pelas competições e alcance de objetivos2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.,4141. Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138..

Fatores associados

Os artigos VII, XVII e XXI mostram que o bullying está associado à autoestima dos adolescentes e que afeta diferentemente meninos e meninas em seus distintos papéis como vítima, agressor e vítima/agressor2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.,4141. Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138.,4848. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87.

49. Grossi PK, Santos AM. Bullying in Brazilian schools and restorative practices. Can J Educ 2012; 35(1):120-136.

50. Isolan L, Salum GA, Osowski AT, Zottis GH, Manfro GG. Victims and bully-victims but not bullies are groups associated with anxiety symptomatology among Brazilian children and adolescents. Eur Child Adolesc Psychiatry 2013; 22(10):641-648.
-5151. Frizzo MN, Bisol LW, Lara DR. Bullying victimization is associated with dysfunctional emotional traits and affective temperaments. J AffecDisord 2013; 148(1):48-52.. Existe ainda uma associação entre a insatisfação com a imagem corporal (mas não com o excesso de peso) e as chances de ser mais vitimado ou de praticar o bullying3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.. Há relatos de adolescentes que associam as diferenças físicas como motivo para a prática da violência psicológica entre pares4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173., e de que meninos e meninas que praticam o bullying têm mais propensão a perseguir sexualmente seus colegas3636. DeSouza ER, Ribeiro J. Bullying and sexual harassment among Brazilian high school students. J Interpers Violence 2005; 20(9):1018-1038.. Deste modo, entende-se que tais dados demonstram a fragilidade psicológica destes jovens em aceitar/reconhecer suas próprias características físicas e em lidar com a diferença do outro, reforçando a urgência na criação de estratégias preventivas e restaurativas que trabalhem as habilidades pessoais e sociais dos adolescentes para a manutenção de um ambiente escolar saudável11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
,44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100..

A possibilidade de uma relação entre sofrer bullying e apresentar sintomas de estresse pós-traumático é citada no artigo XXIV5353. Albuquerque PP, Williams LCA, D’Affonseca SM. Efeitos Tardios doBullying e Transtorno de Estresse Pós Traumático: Uma Revisão Crítica. Psic Teore Pesq 2013; 29(1):91-98.. Também foi verificada uma associação entre ser vitimado e demonstrar comportamentos hiperativos e dificuldades em relacionar-se com os colegas, embora sejam necessários mais estudos para esclarecer se obullying pode preceder estes comportamentos e intensificá-los, ou se adolescentes hiperativos e com dificuldade de comportamento tendem a ser mais vitimados3030. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23..

Quanto ao cyberbullying, o artigo XVII mostra que são maiores as possibilidades de exposição a ele, quanto maior for a permanência na rede virtual, assim como o uso prolongado de telefones celulares4848. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87.. Por outro lado, confirma a menor exposição, quando os pais monitoram este período de permanência na internet, ratificando que seu uso é mais saudável quando existe um controle parental. Tanto os autores docyberbullying quanto seus alvos têm índices mais baixos de autoestima, quando comparados àqueles que não foram vitimados. Longos períodos de uso frente aos meios eletrônicos, como computador, videogame e televisão estão associados ao bullying, tanto para ser agressor, quanto para sofrer a agressão3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.. Compreende-se, portanto, que o uso excessivo das tecnologias e mídias sociais afetem significativamente a saúde emocional dos adolescentes, requerendo atenção parental, monitoramento escolar e estratégias restaurativas que reduzam o risco de impacto causados à saúde mental destes jovens1212. Smith PK, Steffgen G. Cyberbullying throught the new media: findings from an international network. East Sussex, New York: Psycology Press; 2013..

O consumo de álcool está associado, com exceção a ser apelidado, a todos os tipos debullying, assim como o uso de drogas ilegais e ser agredido fisicamente. Comportamentos de risco como estar envolvido em brigas corporais, em acidentes e carregar arma estão fortemente associados com ameaça, furto, ser maltratado fisicamente ou importunado. Além disso, outros autores afirmam que obullying é variável independente para o aumento da violência física entre pares4747. Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736. e, que de uma maneira geral, está associado com não ir à escola ou cabular aula3939. Cruzeiro AL, Silva RA, Horta BL, Souza LD, Faria AD, Pinheiro RT, Silveira IO, Ferreira CD. Prevalência e fatores associados ao transtorno da conduta entre adolescentes: um estudo de base populacional. Cad Saude Publica 2008; 24(9):2013-2020.,4444. Silva RA, Cardoso TA, Jansen K, Souza LDM, Godoy RV, Cruzeiro ALS, Horta BL, Pinheiro RT. Bullying and associated factors in adolescents aged 11 to 15 years. Trends Psychiatry Psychother 2012; 34(1):19-24.. De forma comparativa, os estudos citam vários comportamentos de risco à saúde do adolescente fortemente associados aobullying, demonstrando, portanto, que esta violência não deve ser ignorada e necessita de estratégia precoce para seu manejo4747. Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736.. Quanto aos aspectos familiares, o artigo VIII mostra uma associação positiva entre o bullying e o seio familiar violento ou pouco afetivo4242. Tortorelli MFP, Carreiro LRR, Araújo MV. Correlações entre a percepção da violência familiar e o relato de violência na escola entre alunos da cidade de São Paulo. Psicol Teor Prat 2010; 12(1):32-42.. Quanto mais violenta e pouco afetiva é a família, maior a tendência de o adolescente expressar violência na escola; por outro lado, quanto mais acolhedor o seio familiar, menos atitudes agressivas o jovem demonstrará no ambiente escolar. Adolescentes que tiveram apoio familiar quando foram desprezados na escola demonstraram menos atos agressivos quando retornaram a ela. Modelos parentais punitivos ou indulgentes (sem imposição de limites) ou negligentes, exposição dos jovens à mídia violenta (jogos, filmes, músicas) e contextos sociais que expõem o jovem a um longo processo de marginalização (humilhações, abandono, isolamento) podem estar associados aos violentos eventos de school shooting (tiroteios na escola) protagonizados por adolescentes com posterior suicídio4040. Vieira TM, Mendes FDC, Guimarães LC. De Columbine à Virgínia Tech: reflexões com base empírica sobre um fenômeno em expansão. Psicologia: Reflexão e Crítica 2009; 22(3):493-501.. Não há associação entre os níveis de escolaridade materna e obullying3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.. Como fortalecimento à resiliência dos adolescentes, outros autores reiteram a importância em promover saúde através do suporte e amparo às suas famílias, no sentido de prepará-las a apoiar as demandas emocionais de seus filhos através do olhar atento aos lugares onde estes transitam (escola, comunidade e seio familiar)5858. Rozemberg L, Avanci J, Schenker M, Pires T. Resiliência, gênero e família na adolescência. Cien Saude Colet 2014; 19(3):673-684..

Consequências

Crianças e adolescentes vítimas de bullying podem apresentarcefaleia (dor de cabeça), dores abdominais, insônia, enurese noturna (urinar na cama), depressão, ansiedade, falta à escola, diminuição da performance acadêmica, agressão a si próprio, pensamentos e tentativas de suicídio, perda de pertences, lesões no corpo, roupas e pertences em mau estado (rasgado ou sujo) e agressividade. Podem pedir mais dinheiro aos pais e rotineiramente ter fome ao sair da escola, o que subentende a situação de ter seu dinheiro tomado por outros adolescentes no intervalo para o lanche44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.,3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.. Vítimas e vítimas/agressoras apresentam maiores níveis de ansiedade se comparados com estudantes não envolvidos com obullying5050. Isolan L, Salum GA, Osowski AT, Zottis GH, Manfro GG. Victims and bully-victims but not bullies are groups associated with anxiety symptomatology among Brazilian children and adolescents. Eur Child Adolesc Psychiatry 2013; 22(10):641-648..

Envolvimento com cyberbullying pode levar ao aumento de alterações psíquicas como sintomas de depressão, ansiedade, diminuição da capacidade empática e ideação suicida4848. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87.. O artigo XIII traz relatos de alunos sobre colegas que repetiram de ano e mudaram de sala após serem apelidados repetidamente4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.. As testemunhas também são acometidas em sua performance acadêmica e em seu meio social por vivenciar um ambiente violento3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.. Além disso, sofrer bullying na infância e adolescência pode estar associado a temperamentos depressivos, apáticos, ciclotímicos (oscilantes) e voláteis (dispersos), e também a traços emocionais de tristeza, baixa autoestima, menor capacidade de foco e disciplina (control), de confrontar e resolver problemas (coping) e maior fragilidade emocional na vida adulta5151. Frizzo MN, Bisol LW, Lara DR. Bullying victimization is associated with dysfunctional emotional traits and affective temperaments. J AffecDisord 2013; 148(1):48-52..

Desta forma, deduz-se que a discriminação, a intolerância e a agressividade física e psíquica entre pares, aspectos que constituem este subtipo de violência, têm efeitos maléficos à saúde mental e vida acadêmica dos escolares, podendo repercutir na vida familiar e até mesmo no desenvolvimento intelectual por afastá-los da escola44. Lopes Neto AA. Ações antibullying. In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.,4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173..

Sentimento dos adolescentes

Dos 25 artigos analisados nesta revisão, 5 mostram que os adolescentes subestimam a seriedade e a gravidade do bullying, possivelmente por falta de orientação sobre a repercussão destas agressões2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.,3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.,4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382.,4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.,5252. Nascimento AMT, Menezes JA. Intimidações na adolescência: expressões da violência entre pares na cultura escolar. Psicol Soc 2013; 25(1):142-151..

Em estudo realizado com 28 estudantes, por meio da observação participante e grupos focais, os alunos relatam “ter que tolerar a chamada brincadeira desagradável”. Obullying é tolerado repetidamente pela vítima em nome da amizade e da proteção emocional de pertencer a um grupo5252. Nascimento AMT, Menezes JA. Intimidações na adolescência: expressões da violência entre pares na cultura escolar. Psicol Soc 2013; 25(1):142-151.. Outro estudo realizado com 16 adolescentes em conflito com a lei, chama atenção para o fato das agressões verbais serem encaradas como “brincadeira” entre os participantes, mesmo quando evoluem para agressões físicas. Os autores explicam que os jovens apresentam comportamentos agressivos como forma de elevar o status e o respeito no contexto em que vivem, o que pode justificar o alto índice de bullying,compreendido como “normal” entre eles4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382.. No artigo I, 69,3% dos jovens não compreendem por que obullying ocorre e como muitos deles o interpretam como uma “brincadeira”3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172..

Alguns adolescentes tendem a revidar os apelidos com outros apelidos, muitas vezes evoluindo para agressão física, e desta forma fortalecendo o ciclo de agressão4545. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.. Após o ato de agressão, a maioria dos agressores acha engraçado praticar obullying com os pares2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44., muitos relatam um sentimento de bem-estar2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076. ou satisfação por dominar os colegas, e entenderem como qualidade positiva estas atitudes que trazem prestígio e liderança perante os pares3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.. A falta de compreensão dos jovens sobre o que é o bullying e suas consequências, parece ser um dos importantes aspectos que contribuem para a ocorrência do bullying e deve ser trabalhado em políticas públicas que objetive sua prevenção66. Berger KS. Update on bullying at school: Science forgotten? Dev Rev 2007; 27(1):90-126..

No artigo XIV, grande parte das vítimas relatou ficarem furiosas ao serem expostas à situação de agressão, defendendo-se ou ignorando as agressões em sua maioria, e somente 13,3% delas solicitaram ajuda a um adulto2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.. Levanta-se a hipótese de que as vítimas que reagiram, possivelmente pertencem ao grupo vítima/agressor, já que normalmente os pertencentes ao grupo vítima apresentam características pessoais mais frágeis do que ao vítima/agressor e não costumam reagir3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.. As testemunhas não fizeram nada para ajudar as vítimas, o que presume medo de retaliação por parte dos agressores2929. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.. O mesmo também foi demonstrado no artigo XXIII, que reitera que a maioria das testemunhas sentem compaixão pelo vitimado e não gostam de presenciar cenas de bullying, porém relatam ter medo de defendê-los para não se tornarem vítimas5252. Nascimento AMT, Menezes JA. Intimidações na adolescência: expressões da violência entre pares na cultura escolar. Psicol Soc 2013; 25(1):142-151..

Alguns adolescentes relatam sofrer e indignarem-se com a ocorrência dobullying, citando que os agressores poderiam um dia sofrer a dor da discriminação3737. Oliveira AS, Antonio PS. Sentimentos do adolescente relacionados ao fenômeno bullying: possibilidades para a assistencia de enfermagem nesse contexto. Revista Eletrônica de Enfermagem2006; 8(1):30-41.. Outras pesquisas revelam dados preocupantes quanto aos sentimentos dos adolescentes em relação à escola, como no artigo XV, que traz um estudo com 177 adolescentes, com uma média de 14 anos, que mostra que 57,8% destes não se sentiram seguros na escola4646. Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar.Psico-USF 2012; 17(2):243-251.. O estudo PENSE, com uma amostra de 60.973 escolares no Brasil, revela que 5,5% dos estudantes deixaram de ir à escola por não se sentiram seguros2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076..

Verifica-se que o bullying pode contribuir acentuadamente para que a escola se torne um ambiente conflituoso e desconfortável para os escolares. Considera-se de suma importância que um adulto possa intermediar conflitos entre pares, demonstrando limites e respeito em relação à convivência com o outro, para a manutenção de uma esfera escolar saudável5959. Beaudoin MN, Taylor M. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre (RS): Artmed; 2006,6060. Véronneau MH, Trempe SC, Paiva AO. Risk and protection factors in the peer context: how do other children contribute to the psychosocial adjustment of the adolescent? Cien Saude Colet 2014; 19(3):695-705..

Intervenções possíveis

Todos os artigos analisados relatam a urgência da criação e manutenção de políticas públicas de caráter interventivo em relação ao bullying, incluindo o desenvolvimento de habilidades interpessoais aos alunos e o treinamento e amparo aos profissionais da educação, para lidar com o bullying nas escolas2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.

28. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.

29. Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.

30. Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying. J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.
-3131. Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.,3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.

36. DeSouza ER, Ribeiro J. Bullying and sexual harassment among Brazilian high school students. J Interpers Violence 2005; 20(9):1018-1038.

37. Oliveira AS, Antonio PS. Sentimentos do adolescente relacionados ao fenômeno bullying: possibilidades para a assistencia de enfermagem nesse contexto. Revista Eletrônica de Enfermagem2006; 8(1):30-41.

38. Antunes DC, Zuin AAS. Do bullying ao preconceito: Os desafios da barbárie à educação. Psicol Soc 2008; 20(1):33-41.

39. Cruzeiro AL, Silva RA, Horta BL, Souza LD, Faria AD, Pinheiro RT, Silveira IO, Ferreira CD. Prevalência e fatores associados ao transtorno da conduta entre adolescentes: um estudo de base populacional. Cad Saude Publica 2008; 24(9):2013-2020.

40. Vieira TM, Mendes FDC, Guimarães LC. De Columbine à Virgínia Tech: reflexões com base empírica sobre um fenômeno em expansão. Psicologia: Reflexão e Crítica 2009; 22(3):493-501.

41. Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138.

42. Tortorelli MFP, Carreiro LRR, Araújo MV. Correlações entre a percepção da violência familiar e o relato de violência na escola entre alunos da cidade de São Paulo. Psicol Teor Prat 2010; 12(1):32-42.

43. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382.

44. Silva RA, Cardoso TA, Jansen K, Souza LDM, Godoy RV, Cruzeiro ALS, Horta BL, Pinheiro RT. Bullying and associated factors in adolescents aged 11 to 15 years. Trends Psychiatry Psychother 2012; 34(1):19-24.

45. Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.

46. Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar.Psico-USF 2012; 17(2):243-251.

47. Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736.

48. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87.

49. Grossi PK, Santos AM. Bullying in Brazilian schools and restorative practices. Can J Educ 2012; 35(1):120-136.

50. Isolan L, Salum GA, Osowski AT, Zottis GH, Manfro GG. Victims and bully-victims but not bullies are groups associated with anxiety symptomatology among Brazilian children and adolescents. Eur Child Adolesc Psychiatry 2013; 22(10):641-648.

51. Frizzo MN, Bisol LW, Lara DR. Bullying victimization is associated with dysfunctional emotional traits and affective temperaments. J AffecDisord 2013; 148(1):48-52.

52. Nascimento AMT, Menezes JA. Intimidações na adolescência: expressões da violência entre pares na cultura escolar. Psicol Soc 2013; 25(1):142-151.

53. Albuquerque PP, Williams LCA, D’Affonseca SM. Efeitos Tardios doBullying e Transtorno de Estresse Pós Traumático: Uma Revisão Crítica. Psic Teore Pesq 2013; 29(1):91-98.
-5454. Salgado FS, Senra LX, Lourenço LM. Effectiveness indicators of bullying intervention programs: A systematic review of the international literature. Estud Psicol (Campinas) 2014; 31(2):179-190.. Parte deles relata a necessidade da interdisciplinaridade (educação, saúde, família e comunidade), para o fortalecimento das ações antibullying, visto que quanto mais extensa for a rede intersetorial de estratégias, mais eficaz torna-se o cuidado ofertado à saúde mental dos adolescentes, que, por sua vez, transitam não só na escola, mas nos serviços de saúde, nos centros comunitários e vão e voltam de suas casas, que podem ou não serem ambientes acolhedores2727. Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.,3535. Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.,4242. Tortorelli MFP, Carreiro LRR, Araújo MV. Correlações entre a percepção da violência familiar e o relato de violência na escola entre alunos da cidade de São Paulo. Psicol Teor Prat 2010; 12(1):32-42.,4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382.,4646. Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar.Psico-USF 2012; 17(2):243-251.

47. Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736.
-4848. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87..

A incorporação de práticas multiprofissionais participativas e constantes de educação em saúde direcionadas ao público jovem, ofertadas pela Equipe de Saúde da Família, pode colaborar para que ocorram melhoras efetivas no comportamento de crianças e adolescentes6161. Oliveira CB, Frechiani JM, Silva FM, Maciel ELN. As ações de educação em saúde para crianças e adolescentes nas unidades básicas da região de Maruípe no município de Vitória. Cien Saude Colet 2009; 14(2):635-644.. Sugere-se a efetivação de programas que também considerem as diferenças entre os gêneros, quanto ao modo como se envolvem em atos de bullying, já que expressam a agressividade de diferentes formas4141. Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138.,4747. Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736.. Também, a investigação de outras variáveis relacionadas aos adolescentes envolvidos nobullying, como estilos parentais, violência sofrida no seio familiar, rendimento escolar, relacionamento com pais e professores e outras questões do cotidiano, visando um maior esclarecimento para este tipo de violência entre escolares2828. Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.,4343. Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382..

A análise dos indicadores de efetividade atribuídos a programas de intervenção sobre o bullying, realizada a partir de 165 artigos, mostrou que Espanha e Estados Unidos apresentaram 33,9 e 23,6% das publicações, respectivamente, enquanto que o Brasil apenas 3,6%, o que sugere uma escassez na produção nacional referente a programas de intervenção5454. Salgado FS, Senra LX, Lourenço LM. Effectiveness indicators of bullying intervention programs: A systematic review of the international literature. Estud Psicol (Campinas) 2014; 31(2):179-190.. O presente estudo apresentou somente dois artigos que dispõem de ferramentas colaborativas ou interventivas. O artigo I faz indicações de sinais e sintomas (descritos na categoria Consequências) para amparar o médico pediatra, assim como profissionais de saúde em geral e familiares, na investigação dobullying. Já o estudo XVIII, através de relatos de alunos e professores em grupos focais, avalia como positiva a efetividade do círculo restaurativo (círculos de conversa com um coordenador facilitador) como ferramenta que estimula o diálogo e ampara estudantes e educadores a solucionarem conflitos escolares, principalmente referente à violência4949. Grossi PK, Santos AM. Bullying in Brazilian schools and restorative practices. Can J Educ 2012; 35(1):120-136..

Estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) corroboram com os resultados do estudo anterior, afirmando que os programas que promovem apoio psicossocial na escola, integrados à intersetorialidade, são eficazes em promover saúde e manter o bem-estar entre jovens11. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr...
. A exemplo disto, um estudo realizado com 307 alunos do 5° e 6° ano do ensino fundamental em Lisboa-Portugal, e conduzido por uma pesquisadora enfermeira, teve como estratégias para a redução da violência escolar: trabalho em equipe multidisciplinar; mudança na política escolar incluindo redução da violência em um projeto educativo da escola; reuniões com professores e familiares, a fim de construir estratégias sobre a prevenção da violência; intervenção com as turmas através de técnicas que fortalecem positivamente as condutas dos adolescentes frente às situações de violência; e intervenção direta com os estudantes envolvidos em cenas de agressão, através de identificação por parte dos professores e ajuda dos psicólogos da escola. Os resultados pós-intervenção revelaram uma diminuição nos índices de bullying; possibilitaram a mobilização de uma equipe multidisciplinar; e apontaram a importância do enfermeiro em processos interventivos dentro da escola e da pesquisa6262. Mendes CS. Prevenção da violência escolar: avaliação de um programa de intervenção. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(3):581-588.. Quanto ao cyberbullying, há a necessidade da escola estruturar regras que regulem o uso de aparelhos como laptops e smartphones, além de um maior controle parental em relação a este uso1212. Smith PK, Steffgen G. Cyberbullying throught the new media: findings from an international network. East Sussex, New York: Psycology Press; 2013.,4848. Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psic Clin 2013; 25(1):73-87..

O artigo IV não apresentou propostas interventivas, porém faz uma reflexão a ser abordada nas práticas de manejo do bullying. Considera que esta violência tem suas raízes na esfera do preconceito e, ao nominar este tipo de violência como bullying, têm-se a impressão de que se pode controlá-lo e manejá-lo. Ações de manejo e controle simplesmente não se tornam efetivas se a questão da violência não é abordada em si (barbárie), e se estereótipos, construídos pela sociedade, não forem trabalhados. Acredita-se que estereótipos gerem intolerância. Acredita-se igualmente que o preconceito/bullying toma corpo e cria potência onde há intolerância3838. Antunes DC, Zuin AAS. Do bullying ao preconceito: Os desafios da barbárie à educação. Psicol Soc 2008; 20(1):33-41..

Conclusão

O presente estudo demonstrou que mais da metade das produções brasileiras têm uma abordagem quantitativa, principalmente por meio de estudos transversais, com foco central em estabelecer fatores associados a ocorrência do bullying. Apresentou uma incidência significativa de bullying entre os adolescentes brasileiros, o envolvimento diferenciado dos gêneros, sendo que meninos são mais propensos a sofrer bullying. Destacou a forte relação entre bullying com comportamentos de risco (uso de álcool, drogas ilícitas, brigas, cabular aula, dentre outros). Mostrou que as consequências emocionais e psíquicas em estar envolvido com o bullying podem surgir na adolescência e se estenderam para a vida adulta, o que sobrepuja a necessidade de orientação aos adolescentes sobre o que é o bullyinge suas consequências, já que os resultados sugerem que os jovens interpretem obullying como uma brincadeira. Apresentou somente dois estudos com abordagens interventivas ou colaborativas. Portanto, a produção brasileira apresentou um panorama geral sobre os diversos aspectos que caracterizam obullying, porém mostra fragilidade quanto à realização de estudos preventivos, interventivos e restaurativos ou que avaliem programas de intervenção. Sugere-se como importante complemento a necessidade de estudos interventivos e/ou qualitativos que abordem de forma descritiva vivências, experiências e impressões dos sujeitos envolvidos. Igualmente, sugere-se a realização de estudos que avaliem programas efetivos de intervenção de forma intersetorial, considerando a escola, os serviços de saúde e outros setores da comunidade.

Agradecimentos

Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão da bolsa durante o desenvolvimento deste estudo.

References

  • 1
    Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: uma fase de oportunidades. New York, Fev de 2011. [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 148 p.]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
    » http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
  • 2
    World Health Organization (WHO). Mental health action plan 2013–2020. Genebra, 2013. [acessado 2014 mar 20]; [cerca de 50 p.]. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/publications/action_plan/en/
    » http://www.who.int/mental_health/publications/action_plan/en/
  • 3
    World Health Organization (WHO), World Organization of Family Doctors. Integrating mental health into primary care: a global perspective. Genebra e Londres, 2008. [acessado 2014 mar 20]; [cerca de 224 p.]. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/policy/services/integratingmhintoprimarycare/en/
    » http://www.who.int/mental_health/policy/services/integratingmhintoprimarycare/en/
  • 4
    Lopes Neto AA. Ações antibullying In: Lopes Neto AA. Bullying: saber identificar e como prevenir São Paulo: Brasiliense; 2011. p. 62-100.
  • 5
    Wikipédia. Bullying [enciclopédia na internet] [acessado 2014 mar 20]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
    » http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
  • 6
    Berger KS. Update on bullying at school: Science forgotten? Dev Rev 2007; 27(1):90-126.
  • 7
    Olweus D. Bullying at school. Long term outcomes for the victims end an effective school-Based Intervention program. In: Huesmann LR, editor.Agressive Behavior: Current Perpectives San Francisco: Plenum Press; 1994. p. 98.
  • 8
    Lisboa C, Braga LL, Ebert G. O fenômeno bullyingou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínic 2009; 2(1):59-71.
  • 9
    Lopes Neto AA. Bullying Adolesc Saúde 2007; 4(3):51-56.
  • 10
    Antunes DC. Mas o que seria isso, o bullying? In: Antunes DC. Bullying: Razão Instrumental e Preconceito São Paulo: Casa do Pisicólogo; 2010. p. 36.
  • 11
    Olweys D. A profile of bullying at school. In: Educational Leadership, March 2003 [acessado 2014 mar 19]; [cerca de 8p]. Disponível em: http://www.lhsenglish.com/uploads/7/9/0/8/7908073/olweus_profile_of_bullying.pdf
    » http://www.lhsenglish.com/uploads/7/9/0/8/7908073/olweus_profile_of_bullying.pdf
  • 12
    Smith PK, Steffgen G. Cyberbullying throught the new media: findings from an international network East Sussex, New York: Psycology Press; 2013.
  • 13
    Wang J, Nansel TR, Iannotti RJ. Cyber and traditional bullying: differential association with depression. J Adolesc Health2011; 48(4):415-417.
  • 14
    Fante C. Fenomeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz 2ª ed. Campinas: Verus; 2005.
  • 15
    Smith PK, Morita Y, Junger-Tas J, Olweus D, Catalano R, Slee P.The nature of school bullying: A cross-national perspective London, New York: Routledge; 1999.
  • 16
    Whitney I, Smith PK. A survey of the nature and extent of bullying in junior/middle and secondary schools. Educ Res 1993; 35(1):3-25.
  • 17
    Hoover JH, Oliver R, Hazler RJ. Bullying: perceptions of adolescent victims in the Midwestern USA. Sch Psychol Int 1992; 13(1):5-16.
  • 18
    Olweus D. Aggression in the schools: Bullies and whipping boys Washington: Hemisphere Press (Wiley); 1978.
  • 19
    Lopes Neto AA, Saavedra LH. Diga não para o bullying - programa de redução do comportamento agressivo entre estudante Rio de Janeiro: Abrapia; 2003.
  • 20
    Jaeger AA, Canfield MS, Dorneles DS, Grigoletti MS, Pereira SR, Beltrame V. Agressividade escolar. Kinesis (Santa Maria) 1997; 18:51-75.
  • 21
    Franscisco MV, Libório RMC. Um estudo sobrebullying entre escolares do ensino fundamental.Psicol Reflex Crit 2009; 22(2):200-207.
  • 22
    Wikipédia. Massacre de Realengo. [enciclopédia na internet] [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Realengo
    » http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Realengo
  • 23
    Spigliatti S. Jovem é morto devido a suposto caso debullying em Porto Alegre. [portal de notícias] 2010 maio. [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,jovem-e-morto-devido-a-suposto-caso-de-bullying-em-porto-alegre,551178,0.htm
    » http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,jovem-e-morto-devido-a-suposto-caso-de-bullying-em-porto-alegre,551178,0.htm
  • 24
    G1. Vítima de bullying não sabe por que apanhou, e mãe diz que ela podia morrer. [portal de notícias] 2009 Nov [acessado 2014 mar 16]. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1386534-5605,00-VITIMA+DE+BULLYING+NAO+SABE+POR+QUE+APANHOU+E+MAE+DIZ+QUE+ELA+PODIA+MORRER.html
    » http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1386534-5605,00-VITIMA+DE+BULLYING+NAO+SABE+POR+QUE+APANHOU+E+MAE+DIZ+QUE+ELA+PODIA+MORRER.html
  • 25
    Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem.Texto Contexto Enferm 2008; 17(4):758-764.
  • 26
    Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology.J Adv Nurs 2005; 52(5):546-553.
  • 27
    Malta DC, Silva MAI, Mello FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Crespo C, Carvalho MGO, Silva MMA, Porto DL. Bullying na escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009.Cien Saude Colet 2010; 15(Supl. 2):3065-3076.
  • 28
    Brito CC, Oliveira MT. Bullying and self-esteem in adolescents from public school. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(6):601-607.
  • 29
    Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre gêneros. Psicol Esc Educ 2012; 16(1):35-44.
  • 30
    Moura DR, Cruz ACN, Quevedo LA. Prevalência e características de escolares vítimas de bullying J Pediatr (Rio J) 2011; 87(1):19-23.
  • 31
    Rech RR, Halpern R, Tedesco A, Santos DF. Prevalence and characteristics of victims and perpetrators of bullying. J Pediatr (Rio J) 2013; 89(2):164-170.
  • 32
    Smith PK. School Bullying Sociologia, Problemas e Práticas 2013; 71:81-98.
  • 33
    Freire IP, Simão AMV, Ferreira AS. O estudo da violência entre pares no 3º ciclo do ensino básico — um questionário aferido para a população escolar portuguesa. Rev Port de Educação 2006; 19(2):157-183.
  • 34
    Wikipéia. Bully (Jogo Eletrônico). [enciclopédia na internet]. [acessado 2014 fev 19]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bully_(jogo_eletrônico)
    » http://pt.wikipedia.org/wiki/Bully_(jogo_eletrônico)
  • 35
    Lopes Neto AA. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr 2005; 81(Supl. 5):s164-s172.
  • 36
    DeSouza ER, Ribeiro J. Bullying and sexual harassment among Brazilian high school students. J Interpers Violence 2005; 20(9):1018-1038.
  • 37
    Oliveira AS, Antonio PS. Sentimentos do adolescente relacionados ao fenômeno bullying: possibilidades para a assistencia de enfermagem nesse contexto. Revista Eletrônica de Enfermagem2006; 8(1):30-41.
  • 38
    Antunes DC, Zuin AAS. Do bullying ao preconceito: Os desafios da barbárie à educação. Psicol Soc 2008; 20(1):33-41.
  • 39
    Cruzeiro AL, Silva RA, Horta BL, Souza LD, Faria AD, Pinheiro RT, Silveira IO, Ferreira CD. Prevalência e fatores associados ao transtorno da conduta entre adolescentes: um estudo de base populacional. Cad Saude Publica 2008; 24(9):2013-2020.
  • 40
    Vieira TM, Mendes FDC, Guimarães LC. De Columbine à Virgínia Tech: reflexões com base empírica sobre um fenômeno em expansão. Psicologia: Reflexão e Crítica 2009; 22(3):493-501.
  • 41
    Bandeira CM, Hutz CS. As implicações do bullyingna auto-estima de adolescentes. Psicol Esc Educ 2010; 14(1):131-138.
  • 42
    Tortorelli MFP, Carreiro LRR, Araújo MV. Correlações entre a percepção da violência familiar e o relato de violência na escola entre alunos da cidade de São Paulo. Psicol Teor Prat 2010; 12(1):32-42.
  • 43
    Zaine I, Reis MJD, Padovani RC. Comportamentos debullying e conflito com a lei. Estud Psicol 2010; 27(3):375-382.
  • 44
    Silva RA, Cardoso TA, Jansen K, Souza LDM, Godoy RV, Cruzeiro ALS, Horta BL, Pinheiro RT. Bullying and associated factors in adolescents aged 11 to 15 years. Trends Psychiatry Psychother 2012; 34(1):19-24.
  • 45
    Maia LLQGN, Araújo A, Junior ASS. O entendimento da violência escolar na percepção dos adolescentes. Rev Med Minas Gerais2012; 22(2):166-173.
  • 46
    Araújo LS, Coutinho MPL, Miranda RS, Saraiva ERA. Universo consensual de adolescentes acerca da violência escolar.Psico-USF 2012; 17(2):243-251.
  • 47
    Andrade SSCA, Yokota RTC, Sá NNB, Silva MMA, Araújo WN, Mascarenhas MDM, Malta DC. Relação entre violência física, consumo de álcool e outras drogas e bullying entre adolescentes escolares brasileiros.Cad Saude Publica 2012; 28(9):1725-1736.
  • 48
    Wendt GW, Lisboa CSM. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying Psic Clin 2013; 25(1):73-87.
  • 49
    Grossi PK, Santos AM. Bullying in Brazilian schools and restorative practices. Can J Educ 2012; 35(1):120-136.
  • 50
    Isolan L, Salum GA, Osowski AT, Zottis GH, Manfro GG. Victims and bully-victims but not bullies are groups associated with anxiety symptomatology among Brazilian children and adolescents. Eur Child Adolesc Psychiatry 2013; 22(10):641-648.
  • 51
    Frizzo MN, Bisol LW, Lara DR. Bullying victimization is associated with dysfunctional emotional traits and affective temperaments. J AffecDisord 2013; 148(1):48-52.
  • 52
    Nascimento AMT, Menezes JA. Intimidações na adolescência: expressões da violência entre pares na cultura escolar. Psicol Soc 2013; 25(1):142-151.
  • 53
    Albuquerque PP, Williams LCA, D’Affonseca SM. Efeitos Tardios doBullying e Transtorno de Estresse Pós Traumático: Uma Revisão Crítica. Psic Teore Pesq 2013; 29(1):91-98.
  • 54
    Salgado FS, Senra LX, Lourenço LM. Effectiveness indicators of bullying intervention programs: A systematic review of the international literature. Estud Psicol (Campinas) 2014; 31(2):179-190.
  • 55
    KimYS, Koh YJ, Leventhal BL. Prevalence of school bullying in Korean middle school students. Arch Pediatr Adolesc Med 2004; 158(8):737-741.
  • 56
    Nansel TR, Overpeck M, Pilla RS, Ruan WJ, Simons-Morton B, Scheidt P. Bullying behaviors among US youth: revalence and association with psychosocial adjustment. JAMA 2001; 285(16):2094–2100.
  • 57
    Taquette SR, Ruzany MH, Meirelles Z, Ricardo I. Relacionamento violento na adolescência e risco de DST/AIDS. Cad Saude Publica2003; 19(5):1437-1444.
  • 58
    Rozemberg L, Avanci J, Schenker M, Pires T. Resiliência, gênero e família na adolescência. Cien Saude Colet 2014; 19(3):673-684.
  • 59
    Beaudoin MN, Taylor M. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola Porto Alegre (RS): Artmed; 2006
  • 60
    Véronneau MH, Trempe SC, Paiva AO. Risk and protection factors in the peer context: how do other children contribute to the psychosocial adjustment of the adolescent? Cien Saude Colet 2014; 19(3):695-705.
  • 61
    Oliveira CB, Frechiani JM, Silva FM, Maciel ELN. As ações de educação em saúde para crianças e adolescentes nas unidades básicas da região de Maruípe no município de Vitória. Cien Saude Colet 2009; 14(2):635-644.
  • 62
    Mendes CS. Prevenção da violência escolar: avaliação de um programa de intervenção. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(3):581-588.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov 2015

Histórico

  • Recebido
    08 Maio 2014
  • Revisado
    21 Out 2014
  • Aceito
    23 Out 2014
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br