Cárie dentária em crianças de 5 anos: fatores sociodemográficos, lócus de controle e atitudes parentais

Dental decay in 5-year-old children: sociodemographic factors, locus of control and parental attitudes

Vinícius Humberto Nunes Gimol Benzaquen Perosa Sobre os autores

Resumo

A cárie dentária afeta grande parte das crianças, principalmente as de baixo nível socioeconômico. Neste estudo, de delineamento transversal, objetivou-se investigar o papel de fatores sociodemográficos, atitudes parentais e do Lócus de Controle, indicador da percepção pessoal sobre o que controla a saúde do sujeito, na prevalência de cárie em pré-escolares de cinco anos, moradores de cidade de médio porte paulista. Avaliou-se o índice ceo-d de 426 crianças; os pais informaram sobre as características sociodemográficas, responderam a dois questionários de Lócus de Controle e um de atitudes parentais. Os resultados mostraram que 52,35% dos pré-escolares apresentaram cárie, com a severa em níveis mais altos nos estratos mais baixos E-F. Nível socioeconômico mais alto e baixa externalidade mostraram-se como fatores de proteção. Baixa internalidade parental apareceu como um fator de risco para cárie nos dentes decíduos, possivelmente porque a mãe espera ou delega a ação a outros, retardando os cuidados. A percepção parental de controle sobre a saúde do filho parece favorecer cuidados preventivos e, consequentemente, o nível de cárie da criança.

Palavras-chave
Cárie dentária; Saúde bucal; Cuidado da criança; Saúde da criança

Abstract

Dental decay affects many children, especially those from the lower socioeconomic classes. In this cross-sectional study designed to investigate the role played by sociodemographic factors, parental attitudes, and locus of control, which are an indicator of personal perception of what controls individual health, on the prevalence of tooth decay among 5-year-old pre-school children living in a midsized city in São Paulo, Brazil. The ceo-d index of 426 children was assessed; the parents reported sociodemographic characteristics and completed two questionnaires concerning locus of control and parental attitudes. The results show that 52.35% of the children had decay; higher levels of severe decay were observed among lower E-F socioeconomic classes. Higher socioeconomic status and low externality appear to be protective factors. Low parental internality emerged as a risk factor for decay in primary teeth, possibly because the mother expects or delegates the action to others, delaying care. Parental perceptions of control over a child's health seem to impact preventive care and, consequently, the level of tooth decay among children.

Key words
Dental decay; Oral health; Child care; Child health

Introdução

A cárie dentária afeta grande parte da população infantil, é a doença crônica mais comum em crianças11. Fisher-Owens SA, Gansky SA, Platt LJ, Weintraub JA, Soobader MJ, Bramlett MD, Newacheck PW. Influences on children's oral health: a conceptual model. Pediatrics 2007; 120(3):e510-e520. e, devido à sua elevada prevalência e aos graves impactos na qualidade de vida e desenvolvimento é considerada um problema de saúde pública22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.. A dor causada pela cárie interfere no ato de comer e faz com que as crianças apresentem crescimento mais lento, mais baixo peso e mais distúrbios no sono33. American Academy of Pediatric Dentistry. Clinical guideline on baby bottle tooth decay/early childhood caries/breastfeeding/early childhood caries: unique challenges and treatment options. [cited 2013 Aug 1]. Available from: http://www.aapd.org/members/referencemanual/pdfs/Baby_Bottle_TDEEC.pdf
http://www.aapd.org/members/referenceman...

4. Casamassimo PS. Relationships between oral and systemic health. Pediatr Clin North Am 2000; 47(5):1149-1157.
-55. Low W, Tan S, Schwartz S. The effect of severe caries on the quality of life in young children. Pediatr Dent 1999; 21(6):325-326.; prejudica o rendimento escolar com sensível diminuição na atenção durante as atividades, gerando déficit de aprendizagem66. Colares V, Feitosa S. O desempenho na pré-escola de crianças portadoras de carie severa. Acta Sci Health Sci 2003; 25(2):129-134.. Especificamente com relação à dentição decídua, apesar de dados de prevalência muito diversos, observa-se um aumento significativo de cárie à medida que aumenta a idade77. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais. Brasília: MS; 2012.. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, SB Brasil 201077. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais. Brasília: MS; 2012., 53,4% das crianças apresentavam cárie aos cinco anos, com uma prevalência menor na região sudeste. No Estado de São Paulo, pesquisas realizadas em três cidades do interior paulista (Araraquara, Paulínia e Piracicaba), com crianças com idade entre 4 e 6 anos, mostraram uma prevalência de cárie em torno de 50%88. Dini EL, Holt RD, Bedi R. Caries and its association with infant feeding and oral health related behaviours in 3-4 year old Brazilian children. Community Dent Oral Epidemiol 2000; 28(4):241-248.

9. Gomes PR, Costa SC, Cypriano S, Sousa MLR. Paulínia, São Paulo, Brasil: situação da cárie dentária com relação às metas OMS 2000 e 2010. Cad Saude Publica 2004; 20(3):866-870.
-1010. Tagliaferro EPDS, Ambrosano GMB, Meneghim MDC, Pereira AC. Risk indicators and risk predictors of dental caries in schoolchildren. J Appl Oral Sci 2008; 16(6):408-413..

Se um grande número de pesquisas atribui o surgimento da cárie à associação das variáveis biológicas e dietéticas, nos últimos tempos cresceu o interesse em pesquisar o papel de variáveis sociodemográficas, psicossociais e ambientais1111. Bardal PAP, Olympio KPK, Valle AAD, Tomita NE. Cárie dentária em crianças como fenômeno natural ou patológico: ênfase na abordagem qualitativa. Cien Saude Colet 2006; 11(1):161-167.,1212. Almeida TF, Vianna MI, Cabral MB, Cangussu MC, Floriano FR. Family context and incidence of dental caries in preschool children living in areas covered by the Family Health Strategy in Salvador, Bahia State, Brazil. Cad Saude Publica 2012; 28(6):1183-1195.. Constatou-se uma maior prevalência de cárie em grupos de baixa renda1313. Acharya S, Pentapati KC, Singh S. Influence of socioeconomic status on the relationship between locus of control and oral health. Oral Health Prev Dent 2011; 9(1):9.

14. Aleksejūnienė J, Brukienė V. Parenting style, locus of control, and oral hygiene in adolescents. Medicina (Kaunas) 2012; 48(2):102-108.
-1515. Prakash P, Subramaniam P, Durgesh BH, Konde S. Prevalence of early childhood caries and associated risk factors in preschool children of urban Bangalore, India: a cross-sectional study. Eur J Dent 2012; 6(2):141-152., possivelmente pela influência de tipos de dieta alimentar1616. Novais SMA, Batalha RP, Grinfeld S, Fortes TM, Pereira MAS. Relação doença cárie-açúcar: prevalência em crianças. Pesq Bras Odontoped Clin Integr 2004; 4(3):199-203.,1717. Tomita NE, Nadanovsky P, Vieira ALF, Lopes ES. Preferências por alimentos doces e cárie dentária em pré-escolares. Rev Saude Publica 1999; 33(6):542-546., pior nível de autocuidado e baixa procura de atendimento preventivo22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.,1818. Granville-Garcia AF, Menezes VA. Experiência de cárie em pré-escolares da rede publica e privada da cidade de Recife – PE. Pesqui. Bras. Odontopediatr. Clin. Integr. 2005; 5(2):103-109.,1919. Lenčová E, Pikhart H, Broukal Z, Tsakos G. Relationship between parental locus of control and caries experience in preschool children – cross-sectional survey. BMC Public Health 2008; 8:208., piores condições de higiene bucal2020. Freire MDCM, Sheiham A, Bino YA. Hábitos de higiene bucal e fatores sociodemográficos em adolescentes. Rev bras epidemiol 2007, 10(4):606-614. e dificuldade de acesso a serviços odontológicos para a população mais pobre2121. Barros AJ, Bertoldi AD. Desigualdades na utilização e no acesso a serviços odontológicos: uma avaliação em nível nacional. Cien Saude Colet 2002; 7(4):709-717.. Vários indicadores têm sido utilizados para medir o nível socioeconômico22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.,1717. Tomita NE, Nadanovsky P, Vieira ALF, Lopes ES. Preferências por alimentos doces e cárie dentária em pré-escolares. Rev Saude Publica 1999; 33(6):542-546.,2222. Pattussi MP, Marcenes W, Croucher R, Sheiham A. Social deprivation, income inequality, social cohesion and dental caries in Brazilian school children. Soc Sci Med 2001; 53(7):915-925.

23. Wood NS, Costeloe K, Gibson AT, Hennessy EM, Marlow N, Wilkinson AR. The EPICure study: growth and associated problems in children born at 25 weeks of gestational age or less. Arch Dis Child Fetal Neonatal 2003; 88(6):F492-F500.

24. Pickett KE, Mookherjee J, Wilkinson RG. Teenage births and violence are related to income inequality among rich countries. Am J Public Health 2005; 95(7):1181-1183.

25. Von Rueden U, Gosch A, Rajmil L, Bisegger C, Ravens-Sieberer U. Socioeconomic determinants of health related quality of life in childhood and adolescence: results from a European study. J Epidemiol Community Health 2006; 60(2):130-135.
-2626. Tomita NE, Sheiham A, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre determinantes socioeconômicos e hábitos bucais de risco para más-oclusões em pré-escolares The relationship between socioeconomic determinants and oral habits as risk factors for malocclusion in preschool children. Pesqui. Odontol. Bras. 2000; 14(2):169-175., no entanto, devido às limitações no uso exclusivo de cada um desses indicadores, Koslowski2727. Kozlowski FC. Relação entre o fator socioeconômico e a prevalência e severidade de fluorose e cárie dentária [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas; 2001. e Meneghim et al.2828. Meneghim MC, Kozlowski FC, Pereira AC, Ambrosano GMB, Meneghim ZMAP. Classificação socioeconômica e sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária. Cien Saude Colet 2007; 12(2):523-529. propuseram uma fórmula que considera vários fatores associados (renda, escolaridade, atividade profissional paterna, posse da habitação e número de habitantes por moradia), criando uma hierarquia de seis classes sociais.

Em relação ao papel que variáveis psicossociais desempenham no processo saúde/doença, a literatura destaca a capacidade materna de cuidar como um fator de proteção que amenizaria o impacto de um ambiente desfavorável, especialmente durante os períodos de maior vulnerabilidade da criança, como nos primeiros anos de vida, durante a vigência de uma doença ou quando a família está passando por uma crise financeira2929. Yunes MAM. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicol. Estud. 2003; 8(esp.):75-84.,3030. Engle PL. Maternal mental health: program and policy implications. J Clin Nutr 2009; 89(3):963-970.. A adequação da mãe como cuidadora mostrou estreita relação com sua escolaridade, estado físico, saúde mental, disponibilidade de tempo e a possibilidade de contar com ajuda nos cuidados3131. Lordelo EDR, Fonseca AL, Araújo MLVD. Responsividade do ambiente de desenvolvimento: crenças e práticas como sistema cultural de criação de filhos. Psicol. Reflex. Crit. 2000; 13(1):73-80.. Outros estudos deram atenção especial às crenças e valores paternos, principalmente, a percepção que os pais têm a respeito de sua responsabilidade sobre sua saúde e do filho, como uma variável diretamente vinculada ao modo como ela age e se comporta, identificada como Lócus de Controle3232. Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263.,3333. Kobarg AP, Sachetti A, Vieira ML. Valores e crenças parentais: reflexões teóricas. Rev Bras. Crescimento Desenvolv. Humano 2006; 16(2):96-102..

O Lócus de Controle, conceito baseado na Teoria da Aprendizagem Social de Bandura3434. Bandura A. Regulation of Cognitive Processes Through Perceived Self-Efficacy. Developmental Psychology 1989; 25(5):729-735., seria um indicador da percepção pessoal sobre quem ou o que controla a determinação de eventos na vida. Indivíduos cuja orientação do Lócus é interna acreditam que eles próprios podem exercer algum controle sobre os acontecimentos; indivíduos cuja orientação é externa atribuem a outros o controle do que ocorre em sua vida – pessoas, entidades, destino, acaso ou mesmo a sorte22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.,3232. Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263.. Na área da saúde, sujeitos com predomínio de Lócus de Controle interno apresentaram comportamentos mais adequados, tanto curativos quanto preventivos3535. Costa VSG. Crenças e atitudes parentais: relação com os comportamentos preventivos e com a cárie precoce da infância [dissertação]. Lisboa: Universidade de Lisboa; 2011. e uma tendência a apresentar hábitos bucais mais saudáveis1313. Acharya S, Pentapati KC, Singh S. Influence of socioeconomic status on the relationship between locus of control and oral health. Oral Health Prev Dent 2011; 9(1):9.,1414. Aleksejūnienė J, Brukienė V. Parenting style, locus of control, and oral hygiene in adolescents. Medicina (Kaunas) 2012; 48(2):102-108.,3636. Peker K, Uysal Ö, Bermek G. Dental training and changes in oral health attitudes and behaviors in Istanbul dental students. J Dent Educ 2010; 74(9):1017-1023.. Os trabalhos que associam o Lócus de Controle paterno e saúde bucal dos filhos ainda são escassos, com resultados inconclusivos3737. Tinsley BJ, Holtgrave DR. Maternal health locus of control beliefs, utilization of childhood preventive health services, and infant health. J Dev Behav Pediatr 1989; 10(5):236-241.. Chase et al.3838. Chase I, Berkowitz RJ, Mundorff S, Proskin H, Weinstein P, Billings R. Clinical outcomes for early childhood caries: the influence of salivary mutans streptococci levels. Eur J Pediatr Dent 2004; 5(3):143-146. observaram que mães com Lócus de Controle externo tinham filhos com maior risco de desenvolver cárie dentária, enquanto que as de maior internalidade retornavam mais vezes às consultas de controle. Lencová et al.1919. Lenčová E, Pikhart H, Broukal Z, Tsakos G. Relationship between parental locus of control and caries experience in preschool children – cross-sectional survey. BMC Public Health 2008; 8:208. identificaram uma associação positiva entre internalidade da mãe e menor índice de cárie nos filhos, diferindo de estudo anterior de Brandão et al.22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256..

Nas três pesquisas, entretanto, avaliou-se o controle que os cuidadores tinham sobre sua própria saúde, associando-o ao nível de cárie dos filhos, quando seria mais adequado utilizar uma avaliação especifica de Lócus de Controle parental. Na literatura, identificaram-se três escalas com esse propósito, nenhuma delas traduzida para o português. No Brasil, Cerqueira e Nascimento3232. Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263., com o objetivo inicial de adaptar para o contexto brasileiro um dos instrumentos mais recorrentes na literatura internacional, a escala de Wallston et al.3939. Wallston KA, Wallston BS, Devellis R. Development of the Multidimensional Health Locus of Control (MHLC) Scales. Health Educ Monogr 1978; 6(2):160-170., criaram a Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde (LOCPS). Entretanto, ao longo do processo, sentiram a necessidade de criar novos itens, gerando um novo instrumento que se mostrou discriminativo, com índices de precisão entre 0,67 e 0,80.

Além do Lócus de Controle, há pesquisas que associam as atitudes parentais aos hábitos bucais dos filhos. Dumitrescu et al.4040. Dumitrescu AL, Wagle M, Dogaru BC, Manolescu B. Modeling the theory of planned behavior for intention to improve oral health behaviors: the impact of attitudes, knowledge, and current behavior. J Oral Sci 2011; 53(3):369-377. observaram que atitudes favoráveis contribuíam para a prevenção de cárie e doenças periodontais em pessoas de todas as idades. Com crianças, Navas et al.4141. Navas RP, Morales TR, Zambrano O, Álvarez CJ, Santana Y, Viera N. salud bucal en preescolares: su relación con las actitudes y nivel educativo de los padres Interciencia 2002; 27(11):631-634. identificaram que apesar da grande maioria dos pais explicitar atitudes favoráveis, aqueles que, na prática, apresentavam atitudes inadequadas tinham, de forma significativa, mais filhos com cárie.

Os resultados inconclusivos, a escassez de pesquisas sobre o Lócus de Controle e atitudes parentais na saúde bucal, motivaram esta pesquisa. Procurou-se, avaliar, em crianças com 5 anos, a associação entre o índice de cárie com variáveis socioeconômicas e Lócus de Controle paterno e identificar possíveis fatores de risco e proteção à cárie. Formularam-se as seguintes hipóteses: a) as crianças de 5 anos provenientes dos níveis socioeconômicos mais baixos devem ter maior índice de cárie, quando comparadas com as dos níveis socioeconômicos mais altos; b) crianças de cinco anos, cujos pais têm baixa internalidade parental devem ter maior índice de cárie, quando comparadas com crianças de pais com alta internalidade parental.

Material e Métodos

O presente estudo, de delineamento transversal, contou com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FMB-UNESP. Os responsáveis pelas crianças que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Local do Estudo

O estudo foi desenvolvido em Avaré, cidade de médio porte do estado de São Paulo que, segundo o IBGE, contava com 82.934 habitantes no censo de 20104242. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. A economia gira em torno da agricultura, cítricos e cana de açúcar, pecuária, serviços e turismo. Da população acima de 10 anos, 93,50% estava alfabetizada e para as crianças em idade pré-escolar, em 2011, a cidade contava com 11 Centros de Educação Infantil (CEI) municipais, 2 sob administração filantrópica e 6 particulares. Nenhuma das entidades municipais contava com cuidado especializado em saúde bucal e dentre as particulares, somente uma escola tem atendimento odontológico.

Participantes

Dos 2.162 pré-escolares matriculadas nas CEIs, optou-se por estudar somente crianças com cinco anos de idade completos, idade índice adotada pela OMS para inquéritos epidemiológicos4343. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003. Brasília: MS; 2004., que correspondeu a 531 crianças. Nas escolas privadas, estavam matriculadas 92 crianças com 5 anos. Foram excluídas crianças que haviam sofrido possíveis acidentes, perdas dentárias prematuras, agenesia dental e tivessem feito ou fizessem uso de aparelhos ortodônticos fixos. Os pais foram convidados a participar da pesquisa ao irem buscar os filhos nas Reuniões de Pais e Mestres e demais encontros (festas juninas, dia das mães, etc.), de acordo com a dinâmica de cada instituição. Para os que tinham dificuldade de comparecer nessas ocasiões, foram agendados encontros individuais, em momentos escolhidos por eles. Todos os que aceitaram participar assinaram o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” e responderam aos questionários, na instituição. Somente alunos cujos pais preencheram os formulários foram avaliados quanto à saúde bucal.

A amostra final, de conveniência, foi composta por 426 pré-escolares com 5 anos, 389 das 439 matriculadas em escolas municipais (80,22%) e 37 crianças das 92 inscritas nas escolas particulares (40,2%). Grande parte das perdas deveu-se a pais que não conseguiram ser localizados ou se recusaram a participar, especialmente das escolas privadas, sendo que 2 escolas não permitiram que o pesquisador entrasse em contato com os pais.

Instrumentos de avaliação

Para avaliação da saúde bucal das crianças foi utilizado o índice ceo-d, expressão quantitativa da prevalência de cárie em dentes decíduos, obtido pela soma de dentes decíduos cariados, extraídos ou com indicação de extração por lesão de cárie e obturados4343. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003. Brasília: MS; 2004., usando-se um espelho bucal plano n°5 e sonda odontológica n°1, sem realização de profilaxia prévia.

Atitude dos pais em relação à higiene bucal

Aplicou-se um questionário que aborda conhecimentos dos pais em relação ao seu papel nos cuidados dentários, desde o nascimento da criança, assim como frequência e forma de escovação e a relação de cuidado dentário com a saúde geral, elaborado por Navas et al.4141. Navas RP, Morales TR, Zambrano O, Álvarez CJ, Santana Y, Viera N. salud bucal en preescolares: su relación con las actitudes y nivel educativo de los padres Interciencia 2002; 27(11):631-634.. Os pais se posicionavam a respeito das 16 afirmativas, a partir de uma escala tipo Likert, com 5 opções que variavam de: Concordo totalmente (1) a Discordo totalmente (5). Portanto, cada afirmativa recebeu um valor de 1 a 5 e a pontuação final correspondeu à somatória dos 16 itens ponderados. Considera-se que quanto maior a pontuação, mais acertada a atitude dos pais em relação à saúde bucal dos filhos.

Lócus de controle

Utilizou-se a Escala Multidimensional de Lócus de Controle da Saúde (MHLC) de Wallston et al.3939. Wallston KA, Wallston BS, Devellis R. Development of the Multidimensional Health Locus of Control (MHLC) Scales. Health Educ Monogr 1978; 6(2):160-170., traduzida, adaptada por Dela Coleta4444. Dela Coleta MF. O modelo de crenças em saúde: uma aplicação a comportamentos de prevenção e controle da doença cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995., que obteve uma consistência interna de 0,54 e uma confiabilidade de 0,50, para amostras brasileiras. A escala MHLC apresenta três subescalas, cada uma com seis itens referentes às dimensões: internalidade no Lócus de Controle (ILC), extensão na qual se acredita que fatores internos do indivíduo determinam o estado de saúde/doença; externalidade no Lócus de Controle (ELC), crença na qual a saúde/doença é determinada por outros (Deus, profissionais da saúde, etc.); acaso no Lócus de Controle (ALC), crença de que a saúde/doença é determinada pelo acaso, sorte ou destino.

As respostas às 18 afirmações, são dadas a partir de uma escala tipo Lickert de 5 pontos, variando de “Concordo Totalmente” (1) a “Discordo Totalmente” (5). Os escores por indivíduo podem variar de 6 a 30 pontos para cada subescala (I, P e C), sendo que, quanto menor o escore obtido na subescala, maior a concordância com aquele Lócus, ou seja, maior a crença que aquele fator controla a saúde.

Lócus de Controle adaptado

Aplicou-se a Escala Multidimensional do Lócus de Controle da Saúde (MHLC), como descrito acima, mas desta vez mudava-se a pergunta e pedia-se ao sujeito que se posicionasse em relação ao Lócus de Controle da saúde do filho (Ex: “Não importa o que EU faça, sempre é possível que MEU FILHO fique doente”). A forma de avaliação das respostas e a análise dos resultados foi a mesma da adotada na escala original.

Avaliação socioeconômica

Para avaliar o nível socioeconômico, foi utilizada a metodologia proposta por Kozlowski2727. Kozlowski FC. Relação entre o fator socioeconômico e a prevalência e severidade de fluorose e cárie dentária [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas; 2001. e Meneghim et al.2828. Meneghim MC, Kozlowski FC, Pereira AC, Ambrosano GMB, Meneghim ZMAP. Classificação socioeconômica e sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária. Cien Saude Colet 2007; 12(2):523-529., que classifica os sujeitos em seis classes socioeconômicas, a partir da ponderação de cinco fatores: renda familiar, número de pessoas na família, grau de instrução dos pais, tipo de habitação e profissão do responsável. Os cinco fatores recebem uma pontuação cujo somatório possibilita a determinação de um escore individual, que varia de 10,0 a 100,0 e permite a hierarquização dos sujeitos dentro de seis classes sociais: baixa inferior (F); baixa (E); média inferior (D); média (C); média superior (B) e alta (A).

Procedimentos

Em primeiro lugar, os pais assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a seguir respondiam aos questionários. Só então as crianças eram avaliadas, por um único examinador, previamente calibrado (KAPPA > 0,87), segundo calibração intraexaminadores padronizado pela OMS4545. World Health Organization (WHO). Oral health surveys: basic methods. 4th ed. Geneva: ORH, EPID; 1997. e auxiliado por um anotador, em local que permitisse o máximo aproveitamento de luz natural. O registro foi realizado em odontograma próprio e individual para cada criança4545. World Health Organization (WHO). Oral health surveys: basic methods. 4th ed. Geneva: ORH, EPID; 1997..

Tratamento dos Dados

Primeiramente, foi realizada a análise descritiva dos dados, de posição e variabilidade. Na medida em que se observou a normalidade das variáveis, através do teste de Shapiro Wilk, para comparação de médias utilizou-se o ANOVA para grupos independentes, seguido do teste de comparações múltiplas de Tukey, quando houve diferenças estatisticamente significativas. Finalmente, aplicou-se um modelo de regressão logística binária, tendo como variável desfecho ceo-d > 5 e como variáveis explicativas o nível socioeconômico, Lócus de Controle, Lócus de Controle Parental e atitudes parentais.

O programa usado para as análises foi o Statistical Package for the Social Sciences for Windows. Os resultados foram discutidos no nível de 5% de significância.

Resultados

A leitura da Tabela 1 permite verificar que houve grande discrepância entre o número de participantes de entidades públicas e privadas. Das 426 crianças avaliadas, 389 (91,31%) estavam matriculadas nas creches municipais e somente 37 (8,69%), nas escolas particulares. Em relação ao sexo, a distribuição foi mais uniforme, pouco mais da metade da amostra era composta por meninos (53,05%). Quanto à avaliação do ceo-d, 47,65% das crianças apresentaram-se livres de cárie, 33,33% tinham, no máximo, quatro lesões de cárie e os 19,01% alunos restantes apresentavam cinco ou mais dentes com cárie.

Tabela 1
Distribuição das crianças segundo tipo de escola, sexo e índice ceo-d.

Na Tabela 2 pode-se observar grande diferença na porcentagem de dentes com cárie das crianças de escolas públicas e privadas, especialmente com relação à ausência de cárie e ao ceo-d 5 ou mais. Quanto ao índice socioeconômico, sua relação com prevalência de cárie foi altamente significativa (p < 0,001): uma porcentagem maior de crianças das classes A, B e C estavam livres de cárie (64,20%) quando comparadas com as crianças das classes D (48,84%) e E-F (40,74%). Foi, também, nas classes sociais E-F que se encontrou o maior percentual de crianças com ceo-d maior que 5.

Tabela 2
Comparação entre os índices de ceo-d de crianças que frequentavam escolas públicas e particulares e pertencentes a diferentes classes socioeconômicas.

Quanto ao Lócus de Controle dos pais, pais com filhos com ceo-d 1 a 4 tinham, de forma significativa, uma média menor de Acaso no Lócus de Controle (ALC), isto é, acreditavam mais no acaso como responsável pela doença do que os pais de filhos sem cárie. Quando se avaliou o Lócus de Controle parental, pais com média mais baixa na dimensão Internalidade no Lócus de Controle (ILC), tinham, de forma altamente significativa, filhos com menos cárie (p < 0,0001). Por outro lado, pais com médias mais baixas na dimensão Externalidade no Lócus de Controle (ELC), que atribuíam mais a fatores externos (outros e poderosos) à saúde do filho, tinham mais filhos com 1 a 4 dentes com cárie. (Tabela 3)

Tabela 3
Comparação entre índice ceo-d de crianças e Lócus de Controle (pais e filhos) e atitudes parentais em relação à higiene oral da criança.

Ao associar o Lócus de Controle e as atitudes parentais com variáveis sociodemográficas, a dimensão Externalidade e Acaso se associaram, significativamente, com nível socioeconômico (0,017). As atitudes parentais, por sua vez, tiveram uma associação significativa com nível socioeconômico (< 0,0001), pais pertencentes às classes A-B-C verbalizaram atitudes mais adequadas que aqueles que faziam parte das D-E-F.

Na regressão logística, apresentada na Tabela 4, maior índice socioeconômico e baixa externalidade parental apareceram como fatores de proteção e a baixa internalidade mostrou-se como fator de risco para crianças com ceo-d maior ou igual a 5. Pais que atribuíam menos o controle da doença dos filhos a outros poderosos (P) tinham 85% mais chance de não ter filhos com maior número de cárie. Por outro lado, pais que acreditavam pouco que o controle das doenças do filho estava sob seu controle tinham 33% mais chance de ter filhos com cinco ou mais dentes cariados.

Tabela 4
Modelo de Regressão Logística para explicar risco para ceo-d maior ou igual a 5.

Discussão

A prevalência de crianças com cárie desta amostra foi superior ao estipulado pela Organização Mundial de Saúde – OMS, para ser alcançado até o ano 2000, de 50% das crianças entre 5 e 6 anos livres de cárie4343. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003. Brasília: MS; 2004.. Foi superior, também, à de outros estudos com pré-escolares do estado de São Paulo, em que, aproximadamente, 50 a 55% das crianças estavam livres de cárie88. Dini EL, Holt RD, Bedi R. Caries and its association with infant feeding and oral health related behaviours in 3-4 year old Brazilian children. Community Dent Oral Epidemiol 2000; 28(4):241-248.

9. Gomes PR, Costa SC, Cypriano S, Sousa MLR. Paulínia, São Paulo, Brasil: situação da cárie dentária com relação às metas OMS 2000 e 2010. Cad Saude Publica 2004; 20(3):866-870.
-1010. Tagliaferro EPDS, Ambrosano GMB, Meneghim MDC, Pereira AC. Risk indicators and risk predictors of dental caries in schoolchildren. J Appl Oral Sci 2008; 16(6):408-413.. A diversidade de resultados talvez se deva à idade dos sujeitos, a diferenças metodológicas, mas, principalmente, a ações preventivas e de planejamento de ações odontológicas muito diversas nas cidades em que se realizaram as pesquisas. Em Paulínia99. Gomes PR, Costa SC, Cypriano S, Sousa MLR. Paulínia, São Paulo, Brasil: situação da cárie dentária com relação às metas OMS 2000 e 2010. Cad Saude Publica 2004; 20(3):866-870. e em outras cidades do interior paulista4646. Pauleto ARC, Pereira MLT, Cyrino EG. Oral health: a critical review about educative programmes for students. Cien Saude Colet 2004; 9(1):121-130. ocorrem levantamentos epidemiológicos de rotina para diagnosticar as condições de saúde bucal das populações, contribuindo para um planejamento mais direcionado dos serviços de saúde99. Gomes PR, Costa SC, Cypriano S, Sousa MLR. Paulínia, São Paulo, Brasil: situação da cárie dentária com relação às metas OMS 2000 e 2010. Cad Saude Publica 2004; 20(3):866-870.,4747. Hallett KB, O’Rourke PK. Social and behaviour determinants of early childhood caries. Aust Dent J 2003; 48(1):27-33., assim como há monitoramento contínuo das condições bucais das crianças. Segundo Baldani et al.4848. Baldani MH, Fadel CB, PossamaI T, Queiroz MGS. A inclusão da odontologia no Programa Saúde da Família no Estado do Paraná, Brasil Inclusion of oral health services in the Family Health Program in the State of Paraná, Brazil. Cad Saude Publica 2005; 21(4):1026-1035., para facilitar o monitoramento e a adesão aos programas de atenção em saúde bucal, tanto curativos, preventivos como educativos, eles precisam ocorrer em contextos que atendam crianças pequenas, como na Estratégia de Saúde da Família -ESF, nos centros de saúde, onde vão para as consultas de Puericultura e nas creches e pré-escolas. Nas creches do município onde se realizou este estudo não havia uma programação de ações preventivas junto aos escolares dessa faixa etária ou atendimento odontológico de rotina.

Confirmando dados de literatura4949. Harris R, Nicoll AD, Adair PM, Pine CM. Risk factors for dental caries in young children: a systematic review of the literature. Community Dent Health 2004; 21(1 Supl.):71-85.

50. Peres MA, Latorre MRDO, Sheiham A, Peres KGA, Barros FC, Hernandez PG, Mass AMN, Romano AR, Victoria CG. Social and biological early life influences on severity of dental caries in children aged 6 years. Community Dent Oral Epidemiol 2005; 33(1):53-63.

51. Schroth RJ, Moffatt MEK. Determinants of early childhood caries (ECC) in a Rural Manitoba Community: a pilot study. Pediatr Dent 2005; 27(2):114-120.
-5252. Aquino RC, Philippi ST. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Rev Saude Publica 2002; 36(6):655-606. houve uma porcentagem mais alta de cárie severa nos extratos socioeconômicos mais baixos, com uma maior concentração de crianças com ceo-d maior que 5 nos níveis E-F. Coerentemente, 67,57% crianças que frequentavam escolas particulares estavam livres de cárie, não foi encontrada nenhuma ocorrência de ceo-d maior ou igual a cinco, enquanto que das crianças matriculadas nas CEI's municipais, 45,76% estavam livres de cárie e 20,82% tinham ceo-d maior ou igual a cinco. Para Pauleto et al.4646. Pauleto ARC, Pereira MLT, Cyrino EG. Oral health: a critical review about educative programmes for students. Cien Saude Colet 2004; 9(1):121-130., a saúde bucal e o desenvolvimento da cárie ocorrem pela junção de influências distintas associadas ao nível socioeconômico: renda familiar, condições ambientais, consumo de alimentos, hábitos de higiene, acesso a serviços de saúde e informação. O tipo de dieta, por exemplo, difere nas diferentes camadas sociais1616. Novais SMA, Batalha RP, Grinfeld S, Fortes TM, Pereira MAS. Relação doença cárie-açúcar: prevalência em crianças. Pesq Bras Odontoped Clin Integr 2004; 4(3):199-203.,1717. Tomita NE, Nadanovsky P, Vieira ALF, Lopes ES. Preferências por alimentos doces e cárie dentária em pré-escolares. Rev Saude Publica 1999; 33(6):542-546.. Tomita et al.1717. Tomita NE, Nadanovsky P, Vieira ALF, Lopes ES. Preferências por alimentos doces e cárie dentária em pré-escolares. Rev Saude Publica 1999; 33(6):542-546. observaram que as crianças de estratos sociais mais baixos tinham preferência pelo sabor mais adocicado, o que pode explicar o maior consumo de açúcar entre as crianças de menor renda, um dos fatores que predispõe à cárie4949. Harris R, Nicoll AD, Adair PM, Pine CM. Risk factors for dental caries in young children: a systematic review of the literature. Community Dent Health 2004; 21(1 Supl.):71-85.. Por outro lado, identificou-se que grupos com maior nível de educação paterna, tinham maior consciência dos efeitos prejudiciais do açúcar5353. Kassouf AL. Acesso aos serviços de saúde nas áreas urbana e rural do Brasil. Rev Econ. Sociol. Rural 2005; 43(1):29-44.. Nas populações mais pobres, verificou-se, também, menor procura pelos serviços de saúde, especialmente dos preventivos5454. Castilho ARFD, Mialhe FL, Barbosa TDS, Puppin-Rontani RM. Influence of family environment on children's oral health: a systematic review. J Pediatr 2013; 89(2):116-123..

Em relação às atitudes frente à saúde bucal, os pais, especialmente os de escolaridade superior e maior nível socioeconômico, mostraram um alto índice de conhecimento sobre atitudes corretas. Entretanto, contrariando a literatura4141. Navas RP, Morales TR, Zambrano O, Álvarez CJ, Santana Y, Viera N. salud bucal en preescolares: su relación con las actitudes y nivel educativo de los padres Interciencia 2002; 27(11):631-634.,5555. Rodríguez-Rosero JE, Ferriani MDGC, Dela Coleta MF. Escala de lócus de controle da saúde-MHLC: estudos de validação. Rev. Latino-am. Enferm. 2002; 10(2):179-184., o nível de conhecimentos não se associou com o índice de cárie das crianças. Possivelmente os pais podem ter conhecimentos adequados, mas eles não se refletem em sua prática diária. Na revisão bibliográfica de Castilho et al.5454. Castilho ARFD, Mialhe FL, Barbosa TDS, Puppin-Rontani RM. Influence of family environment on children's oral health: a systematic review. J Pediatr 2013; 89(2):116-123. comprovou-se que os comportamentos dos pais têm maior impacto específico sobre a saúde bucal da criança que seus conhecimentos e atitudes.

Quando se avaliou o Lócus de Controle sobre a própria saúde observou-se que os pais que acreditavam no acaso tinham filhos com mais cárie (p < 0,032). De forma significativa, acreditar no acaso associou-se ao menor nível socioeconômico. Rodríguez-Rosero et al.5555. Rodríguez-Rosero JE, Ferriani MDGC, Dela Coleta MF. Escala de lócus de controle da saúde-MHLC: estudos de validação. Rev. Latino-am. Enferm. 2002; 10(2):179-184. também observaram que uma porcentagem maior de mães que não haviam cursado ensino superior acreditavam mais que outros agentes, ou mesmo o acaso, controlava sua saúde, quando comparadas com mães com maior escolaridade. Ao se aplicar o instrumento adaptado, avaliando o Lócus de Controle parental, confirmando resultados de outros estudos1919. Lenčová E, Pikhart H, Broukal Z, Tsakos G. Relationship between parental locus of control and caries experience in preschool children – cross-sectional survey. BMC Public Health 2008; 8:208.,5656. Reisine S, Litt M. Social and psychological theories and their use for dental practice. Int Dent J 1993; 43(3Supl. 1):279-287., crianças com menor índice de cárie tinham, de forma altamente significativa, pais que acreditavam que suas ações influenciavam na saúde de seus filhos (p < 0,0001) e, por outro lado, pais que atribuíam a saúde do filho a fatores externos, tinham filhos com 1 a 4 dentes com cárie.

Na regressão final, baixa internalidade se mostrou como fator de risco para ceo-d maior ou igual a 5 e, coerentemente, baixa externalidade como fator de proteção. Esses achados reforçam a hipótese que as expectativas de controle influenciam os comportamentos que a mãe emite para propiciar o desenvolvimento da criança e que a percepção parental de controle interno sobre a saúde do filho pode favorecer cuidados preventivos e, consequentemente, o nível de cárie da criança3232. Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263..

As diferenças obtidas a partir da aplicação dos dois instrumentos, o original de Dela Coleta4444. Dela Coleta MF. O modelo de crenças em saúde: uma aplicação a comportamentos de prevenção e controle da doença cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995. e o adaptado, reforça a importância do uso de instrumentos específicos na investigação das crenças e das atitudes paternas. Cerqueira e Nascimento3232. Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263. já alertavam que os efeitos das expectativas parentais são mais claramente compreendidos ao se investigar, especificamente, a expectativa do cuidador, em relação à saúde da criança. Se ao se posicionar quanto ao que controlava sua saúde, majoritariamente, os pais referiram que eram suas próprias ações, ao avaliar seu papel na saúde do filho os pais acreditavam que, em primeiro lugar, as ações de outros, incluindo a própria criança, tinha maior interferência no seu processo saúde/doença. Ao atribuir à criança parte da responsabilidade sobre sua saúde, os pais parecem compartilhar da crença que ela é um ser dinâmico, não passivo apenas às exigências de seu meio5757. Sameroff A. A unified theory of development: a dialectic integration of nature and nurture. Child Dev 2010; 81(1):6-22..

A concepção de criança como um ser ativo modificou as práticas educativas das famílias brasileiras nos últimos anos, com um deslocamento nas relações de autoridade pais/filhos, passando de um modelo baseado na imposição e no controle para outro fundamentado na participação e na negociação, com crescente valorização das iniciativas da criança, por acreditar que, além das ações paternas, sua individualidade interfere em sua socialização5858. Biasoli-Alves ZMM. Famílias brasileiras do século XX: os valores e as práticas de educação da criança. Temas Psicol 1997; 5(3):33-49.,5959. Montandon C. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças. Educação e Sociedade 2005; 26(91):485-507..

No entanto, para alguns autores, a maior participação da criança na determinação de seu cotidiano vem criando conflitos em muitos pais, gerando grande insegurança, dificuldade em colocar limites, culpa ao tomar atitudes restritivas e, principalmente, muitas dúvidas quanto à real competência em saber cuidar de uma criança que desobedece e não segue as recomendações paternas5959. Montandon C. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças. Educação e Sociedade 2005; 26(91):485-507.,6060. Zagury T. Limites e conflitos na adolescência. Zagury T. Educar sem culpa: a gênese da ética. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record; 1995. p. 81-93.. Possivelmente os pais desta amostra, mesmo os que acreditavam que as próprias ações determinam a sua condição de saúde, ao tentar introduzir hábitos saudáveis para o filho, tenham encontrado resistências e dificuldades, avaliando que não possuíam as competências requeridas para esse fim, abalando sua percepção de autoeficácia6060. Zagury T. Limites e conflitos na adolescência. Zagury T. Educar sem culpa: a gênese da ética. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record; 1995. p. 81-93., sua crença no controle, um forte determinante da manutenção de ações preventivas eficazes e de comportamentos de cuidado em saúde3434. Bandura A. Regulation of Cognitive Processes Through Perceived Self-Efficacy. Developmental Psychology 1989; 25(5):729-735.,6060. Zagury T. Limites e conflitos na adolescência. Zagury T. Educar sem culpa: a gênese da ética. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record; 1995. p. 81-93.. Esse fato poderia explicar porque, apesar dos pais possuírem os conhecimentos essenciais sobre cuidados bucais, ele não se refletiu no nível de cárie. No estudo de Adair et al.6161. Adair PM, Pine CM, Burnside G, Nicoll AD, Gillett A, Anwar S, Young DW. Familial and cultural perceptions and beliefs of oral hygiene and dietary practices among ethnically and socio-economically diverse groups. Commun Dent Health 2004; 21(1):102-111. a baixa percepção de autoeficácia dos pais fazia com que, apesar de conhecer as atitudes adequadas em saúde oral e reconhecer sua responsabilidade, eles não tomassem medidas preventivas para garantir hábitos de escovação bidiária e consumo de alimentos açucarados.

Algumas limitações do estudo exigem cautela na generalização dos resultados. Em primeiro lugar, eles foram obtidos a partir de uma amostra de conveniência que apesar de ter alta representatividade de pré-escolares matriculados em escolas públicas, não obteve o mesmo sucesso em relação a alunos de escolas particulares, onde se registrou o maior número de perdas. Outras pesquisas de saúde bucal em pré-escolares também tiveram baixa representatividade de alunos de escolas particulares2727. Kozlowski FC. Relação entre o fator socioeconômico e a prevalência e severidade de fluorose e cárie dentária [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas; 2001. ou se limitaram a avaliar crianças de rede pública22. Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.,55. Low W, Tan S, Schwartz S. The effect of severe caries on the quality of life in young children. Pediatr Dent 1999; 21(6):325-326.,4141. Navas RP, Morales TR, Zambrano O, Álvarez CJ, Santana Y, Viera N. salud bucal en preescolares: su relación con las actitudes y nivel educativo de los padres Interciencia 2002; 27(11):631-634., possivelmente porque há um número menor de crianças desta faixa etária, cujos pais têm melhor renda, frequentando escola ou pela dificuldade de contar com o consentimento de alunos de rede privada nas pesquisas. Em relação aos instrumentos, os índices de precisão foram baixos, com coeficientes alfa de Cronbach (α) inferiores a 0,60, tanto no questionário traduzido e adaptado por Dela Coleta4444. Dela Coleta MF. O modelo de crenças em saúde: uma aplicação a comportamentos de prevenção e controle da doença cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995., como no instrumento adaptado neste trabalho para avaliar o Lócus de Controle Parental. Segundo Pasquali et al.6262. Pasquali L, Alves AR, Pereira MA. Scale of Locus of control-ELCO. Psicologia: Reflexão e Crítica 1998; 11(2):363-378., apesar da expansão de pesquisas sobre lócus de controle, ele é um constructo complexo, que ainda precisa de melhor operacionalização e maior número de itens nos questionários para ser avaliado a contento.

Conclusão

Neste estudo, que avaliou 80,22% do total dos alunos de 5 anos matriculados nas pré-escolas de Avaré-SP, houve associação entre a presença de cárie nas crianças, o nível socioeconômico e o Lócus de Controle parental. O Lócus de Controle parental, em sua dimensão baixa internalidade, quando o cuidador não se percebe como principal determinante do processo saúde/doença de seu filho, se mostrou um fator de risco para cárie nos dentes decíduos, possivelmente porque a mãe espera a ação de outros, retardando cuidados que podem proteger de adoecimentos ou atenuar sua gravidade. A associação do nível de carie das crianças com a alta externalidade materna, quando a mãe acredita que outros, incluindo a própria criança, também controlam o processo saúde doença do filho, sugere a necessidade que, em próximos estudos, se investigue, além do Lócus de Controle, a percepção de autoeficácia materna e sua confiança em levar o filho a adquirir hábitos bucais saudáveis.

Referências

  • 1
    Fisher-Owens SA, Gansky SA, Platt LJ, Weintraub JA, Soobader MJ, Bramlett MD, Newacheck PW. Influences on children's oral health: a conceptual model. Pediatrics 2007; 120(3):e510-e520.
  • 2
    Brandão IMG, Arcieri RM, Sundefeld MLM, Moimaz. SAS Cárie precoce: influência de variáveis sócio-comportamentais e o locus de controle da saúde em um grupo de crianças de Araraquara, São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1247-1256.
  • 3
    American Academy of Pediatric Dentistry. Clinical guideline on baby bottle tooth decay/early childhood caries/breastfeeding/early childhood caries: unique challenges and treatment options [cited 2013 Aug 1]. Available from: http://www.aapd.org/members/referencemanual/pdfs/Baby_Bottle_TDEEC.pdf
    » http://www.aapd.org/members/referencemanual/pdfs/Baby_Bottle_TDEEC.pdf
  • 4
    Casamassimo PS. Relationships between oral and systemic health. Pediatr Clin North Am 2000; 47(5):1149-1157.
  • 5
    Low W, Tan S, Schwartz S. The effect of severe caries on the quality of life in young children. Pediatr Dent 1999; 21(6):325-326.
  • 6
    Colares V, Feitosa S. O desempenho na pré-escola de crianças portadoras de carie severa. Acta Sci Health Sci 2003; 25(2):129-134.
  • 7
    Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais Brasília: MS; 2012.
  • 8
    Dini EL, Holt RD, Bedi R. Caries and its association with infant feeding and oral health related behaviours in 3-4 year old Brazilian children. Community Dent Oral Epidemiol 2000; 28(4):241-248.
  • 9
    Gomes PR, Costa SC, Cypriano S, Sousa MLR. Paulínia, São Paulo, Brasil: situação da cárie dentária com relação às metas OMS 2000 e 2010. Cad Saude Publica 2004; 20(3):866-870.
  • 10
    Tagliaferro EPDS, Ambrosano GMB, Meneghim MDC, Pereira AC. Risk indicators and risk predictors of dental caries in schoolchildren. J Appl Oral Sci 2008; 16(6):408-413.
  • 11
    Bardal PAP, Olympio KPK, Valle AAD, Tomita NE. Cárie dentária em crianças como fenômeno natural ou patológico: ênfase na abordagem qualitativa. Cien Saude Colet 2006; 11(1):161-167.
  • 12
    Almeida TF, Vianna MI, Cabral MB, Cangussu MC, Floriano FR. Family context and incidence of dental caries in preschool children living in areas covered by the Family Health Strategy in Salvador, Bahia State, Brazil. Cad Saude Publica 2012; 28(6):1183-1195.
  • 13
    Acharya S, Pentapati KC, Singh S. Influence of socioeconomic status on the relationship between locus of control and oral health. Oral Health Prev Dent 2011; 9(1):9.
  • 14
    Aleksejūnienė J, Brukienė V. Parenting style, locus of control, and oral hygiene in adolescents. Medicina (Kaunas) 2012; 48(2):102-108.
  • 15
    Prakash P, Subramaniam P, Durgesh BH, Konde S. Prevalence of early childhood caries and associated risk factors in preschool children of urban Bangalore, India: a cross-sectional study. Eur J Dent 2012; 6(2):141-152.
  • 16
    Novais SMA, Batalha RP, Grinfeld S, Fortes TM, Pereira MAS. Relação doença cárie-açúcar: prevalência em crianças. Pesq Bras Odontoped Clin Integr 2004; 4(3):199-203.
  • 17
    Tomita NE, Nadanovsky P, Vieira ALF, Lopes ES. Preferências por alimentos doces e cárie dentária em pré-escolares. Rev Saude Publica 1999; 33(6):542-546.
  • 18
    Granville-Garcia AF, Menezes VA. Experiência de cárie em pré-escolares da rede publica e privada da cidade de Recife – PE. Pesqui. Bras. Odontopediatr. Clin. Integr 2005; 5(2):103-109.
  • 19
    Lenčová E, Pikhart H, Broukal Z, Tsakos G. Relationship between parental locus of control and caries experience in preschool children – cross-sectional survey. BMC Public Health 2008; 8:208.
  • 20
    Freire MDCM, Sheiham A, Bino YA. Hábitos de higiene bucal e fatores sociodemográficos em adolescentes. Rev bras epidemiol 2007, 10(4):606-614.
  • 21
    Barros AJ, Bertoldi AD. Desigualdades na utilização e no acesso a serviços odontológicos: uma avaliação em nível nacional. Cien Saude Colet 2002; 7(4):709-717.
  • 22
    Pattussi MP, Marcenes W, Croucher R, Sheiham A. Social deprivation, income inequality, social cohesion and dental caries in Brazilian school children. Soc Sci Med 2001; 53(7):915-925.
  • 23
    Wood NS, Costeloe K, Gibson AT, Hennessy EM, Marlow N, Wilkinson AR. The EPICure study: growth and associated problems in children born at 25 weeks of gestational age or less. Arch Dis Child Fetal Neonatal 2003; 88(6):F492-F500.
  • 24
    Pickett KE, Mookherjee J, Wilkinson RG. Teenage births and violence are related to income inequality among rich countries. Am J Public Health 2005; 95(7):1181-1183.
  • 25
    Von Rueden U, Gosch A, Rajmil L, Bisegger C, Ravens-Sieberer U. Socioeconomic determinants of health related quality of life in childhood and adolescence: results from a European study. J Epidemiol Community Health 2006; 60(2):130-135.
  • 26
    Tomita NE, Sheiham A, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre determinantes socioeconômicos e hábitos bucais de risco para más-oclusões em pré-escolares The relationship between socioeconomic determinants and oral habits as risk factors for malocclusion in preschool children. Pesqui. Odontol. Bras 2000; 14(2):169-175.
  • 27
    Kozlowski FC. Relação entre o fator socioeconômico e a prevalência e severidade de fluorose e cárie dentária [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas; 2001.
  • 28
    Meneghim MC, Kozlowski FC, Pereira AC, Ambrosano GMB, Meneghim ZMAP. Classificação socioeconômica e sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária. Cien Saude Colet 2007; 12(2):523-529.
  • 29
    Yunes MAM. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicol. Estud 2003; 8(esp.):75-84.
  • 30
    Engle PL. Maternal mental health: program and policy implications. J Clin Nutr 2009; 89(3):963-970.
  • 31
    Lordelo EDR, Fonseca AL, Araújo MLVD. Responsividade do ambiente de desenvolvimento: crenças e práticas como sistema cultural de criação de filhos. Psicol. Reflex. Crit 2000; 13(1):73-80.
  • 32
    Cerqueira MMMD, Nascimento ED. Construção e validação da Escala de Lócus de Controle Parental na Saúde. Psico USF 2008; 13(2):253-263.
  • 33
    Kobarg AP, Sachetti A, Vieira ML. Valores e crenças parentais: reflexões teóricas. Rev Bras. Crescimento Desenvolv. Humano 2006; 16(2):96-102.
  • 34
    Bandura A. Regulation of Cognitive Processes Through Perceived Self-Efficacy. Developmental Psychology 1989; 25(5):729-735.
  • 35
    Costa VSG. Crenças e atitudes parentais: relação com os comportamentos preventivos e com a cárie precoce da infância [dissertação]. Lisboa: Universidade de Lisboa; 2011.
  • 36
    Peker K, Uysal Ö, Bermek G. Dental training and changes in oral health attitudes and behaviors in Istanbul dental students. J Dent Educ 2010; 74(9):1017-1023.
  • 37
    Tinsley BJ, Holtgrave DR. Maternal health locus of control beliefs, utilization of childhood preventive health services, and infant health. J Dev Behav Pediatr 1989; 10(5):236-241.
  • 38
    Chase I, Berkowitz RJ, Mundorff S, Proskin H, Weinstein P, Billings R. Clinical outcomes for early childhood caries: the influence of salivary mutans streptococci levels. Eur J Pediatr Dent 2004; 5(3):143-146.
  • 39
    Wallston KA, Wallston BS, Devellis R. Development of the Multidimensional Health Locus of Control (MHLC) Scales. Health Educ Monogr 1978; 6(2):160-170.
  • 40
    Dumitrescu AL, Wagle M, Dogaru BC, Manolescu B. Modeling the theory of planned behavior for intention to improve oral health behaviors: the impact of attitudes, knowledge, and current behavior. J Oral Sci 2011; 53(3):369-377.
  • 41
    Navas RP, Morales TR, Zambrano O, Álvarez CJ, Santana Y, Viera N. salud bucal en preescolares: su relación con las actitudes y nivel educativo de los padres Interciencia 2002; 27(11):631-634.
  • 42
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: características da população e dos domicílios: resultados do universo Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
  • 43
    Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003 Brasília: MS; 2004.
  • 44
    Dela Coleta MF. O modelo de crenças em saúde: uma aplicação a comportamentos de prevenção e controle da doença cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995.
  • 45
    World Health Organization (WHO). Oral health surveys: basic methods 4th ed. Geneva: ORH, EPID; 1997.
  • 46
    Pauleto ARC, Pereira MLT, Cyrino EG. Oral health: a critical review about educative programmes for students. Cien Saude Colet 2004; 9(1):121-130.
  • 47
    Hallett KB, O’Rourke PK. Social and behaviour determinants of early childhood caries. Aust Dent J 2003; 48(1):27-33.
  • 48
    Baldani MH, Fadel CB, PossamaI T, Queiroz MGS. A inclusão da odontologia no Programa Saúde da Família no Estado do Paraná, Brasil Inclusion of oral health services in the Family Health Program in the State of Paraná, Brazil. Cad Saude Publica 2005; 21(4):1026-1035.
  • 49
    Harris R, Nicoll AD, Adair PM, Pine CM. Risk factors for dental caries in young children: a systematic review of the literature. Community Dent Health 2004; 21(1 Supl.):71-85.
  • 50
    Peres MA, Latorre MRDO, Sheiham A, Peres KGA, Barros FC, Hernandez PG, Mass AMN, Romano AR, Victoria CG. Social and biological early life influences on severity of dental caries in children aged 6 years. Community Dent Oral Epidemiol 2005; 33(1):53-63.
  • 51
    Schroth RJ, Moffatt MEK. Determinants of early childhood caries (ECC) in a Rural Manitoba Community: a pilot study. Pediatr Dent 2005; 27(2):114-120.
  • 52
    Aquino RC, Philippi ST. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Rev Saude Publica 2002; 36(6):655-606.
  • 53
    Kassouf AL. Acesso aos serviços de saúde nas áreas urbana e rural do Brasil. Rev Econ. Sociol. Rural 2005; 43(1):29-44.
  • 54
    Castilho ARFD, Mialhe FL, Barbosa TDS, Puppin-Rontani RM. Influence of family environment on children's oral health: a systematic review. J Pediatr 2013; 89(2):116-123.
  • 55
    Rodríguez-Rosero JE, Ferriani MDGC, Dela Coleta MF. Escala de lócus de controle da saúde-MHLC: estudos de validação. Rev. Latino-am. Enferm 2002; 10(2):179-184.
  • 56
    Reisine S, Litt M. Social and psychological theories and their use for dental practice. Int Dent J 1993; 43(3Supl. 1):279-287.
  • 57
    Sameroff A. A unified theory of development: a dialectic integration of nature and nurture. Child Dev 2010; 81(1):6-22.
  • 58
    Biasoli-Alves ZMM. Famílias brasileiras do século XX: os valores e as práticas de educação da criança. Temas Psicol 1997; 5(3):33-49.
  • 59
    Montandon C. As práticas educativas parentais e a experiência das crianças. Educação e Sociedade 2005; 26(91):485-507.
  • 60
    Zagury T. Limites e conflitos na adolescência. Zagury T. Educar sem culpa: a gênese da ética 6ª ed. Rio de Janeiro: Record; 1995. p. 81-93.
  • 61
    Adair PM, Pine CM, Burnside G, Nicoll AD, Gillett A, Anwar S, Young DW. Familial and cultural perceptions and beliefs of oral hygiene and dietary practices among ethnically and socio-economically diverse groups. Commun Dent Health 2004; 21(1):102-111.
  • 62
    Pasquali L, Alves AR, Pereira MA. Scale of Locus of control-ELCO. Psicologia: Reflexão e Crítica 1998; 11(2):363-378.

  • Erratum

    p. 191
    onde se lê:
    monitoring points
    leia-se:
    locus of control

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan 2017

Histórico

  • Recebido
    16 Mar 2015
  • Revisado
    01 Out 2015
  • Aceito
    03 Out 2015
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br