Resumo
Este artigo tem por objetivo identificar a prevalência de violência por parceiro íntimo (VPI) em idosos e seus fatores associados. Realizou-se revisão sistemática de estudos transversais de base populacional nas bases de dados PubMed, Lilacs e PsycInfo, sem restrições quanto ao período e idioma de publicação. Dois revisores independentes conduziram a seleção, extração dos dados e análise de qualidade metodológica. Dezenove artigos foram selecionados para análise. Houve variação do tipo de violência, sexo dos entrevistados e instrumentos utilizados. A maioria dos estudos apresentou qualidade metodológica moderada ou alta. A VPI ocorreu em homens e mulheres idosos, sendo mais prevalentes a violência psicológica e o abuso econômico. Os fatores associados mais frequentes foram o consumo de álcool, depressão, baixa renda, comprometimento funcional e exposição pregressa à violência.
Violência por parceiro íntimo; Idoso; Prevalência; Fatores associados; Maus-tratos ao idoso
Introdução
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, e no Brasil tem ocorrido de forma acelerada. Este fenômeno ocorreu inicialmente em países desenvolvidos e recentemente vem crescendo de forma acentuada nos países em desenvolvimento11. Duque AM, Leal MCC, Marques APO, Eskinazi FMV, Duque AM. Violência contra idosos no ambiente doméstico: prevalência e fatores associados (Recife/PE). Cien Saude Colet 2012; 17(8):2199-2208.,22. Apratto Júnior PC. A violência doméstica contra idosos nas áreas de abrangência do Programa Saúde da Família de Niterói (RJ, Brasil). Cien Saude Colet 2010; 15(6):2983-2995.. Nesse contexto, a violência contra o idoso está presente nos diversos níveis sociais e tem consequências relevantes na saúde dessa população22. Apratto Júnior PC. A violência doméstica contra idosos nas áreas de abrangência do Programa Saúde da Família de Niterói (RJ, Brasil). Cien Saude Colet 2010; 15(6):2983-2995.. Dessa forma, a violência se constitui um desafio para a saúde pública, à medida que impõe a necessidade de políticas sociais específicas e novos direcionamentos para a atenção integral à saúde do idoso11. Duque AM, Leal MCC, Marques APO, Eskinazi FMV, Duque AM. Violência contra idosos no ambiente doméstico: prevalência e fatores associados (Recife/PE). Cien Saude Colet 2012; 17(8):2199-2208..
A violência por parceiro íntimo (VPI) compreende qualquer comportamento que cause danos físicos, psicológicos ou sexuais àqueles que fazem parte da relação íntima. Incluem atos de agressão física, abuso psicológico, comportamento controlador33. Krug EG, Mercy JA, Dahlberg LL, Zwi AB. The world report on violence and health. Lancet 2002; 360(9339):1083-1088., abuso econômico44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.. No contexto da violência contra idosos, a cometida por parceiro íntimo tem sido menos investigada, e quando abordada é considerada menos grave do que quando aplicada entre mulheres jovens55. Poole C, Rietschlin J. Intimate partner victimization among adults aged 60 and older: an analysis of the 1999 and 2004 General Social Survey. J Elder Abuse Negl 2012; 24(2):120-137.,66. Hackenberg EA, Sallinen V, Koljonen V, Handolin L. Severe intimate partner violence affecting both young and elderly patients of both sexes. Eur J Trauma Emerg Surg 2016; 43(3):319-327..
No entanto, em estudos norte-americanos, mulheres com mais de 55 anos foram mais acometidas pela VPI quando comparadas com as mais jovens77. Zink T, Fisher BS, Regan S, Pabst S. The prevalence and incidence of intimate partner violence in older women in primary care practices. J Gen Intern Med 2005; 20(10):884-888., tendo os parceiros íntimos como responsáveis por 13-50% dos abusos cometidos88. Fisher JW, Dyer CB. The hidden health menace of elder abuse. Physicians can help patients surmount intimate partner violence. Postgrad Med 2003; 113(4):21-24, 30.. De forma semelhante, na Espanha, 29,4% das mulheres idosas sofreram esse tipo de violência99. Montero I, Martin-Baena D, Escriba-Aguir V, Ruiz-Pérez I, Vives-Cases C, Talavera M. Intimate partner violence in older women in Spain: prevalence, health consequences, and service utilization. J Women Aging 2013; 25(4):358-371..
No Brasil, a prevalência de violência por parceiro íntimo em estudo com mulheres e homens idosos foi de 5,9% para a física e de 20,9% para a psicológica1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041., enquanto no Brasil e Colômbia pesquisa com idosos de 60-74 anos a VPI encontrou prevalência de violência psicológica em mulheres em proporção de 26,0% e 20,4%, respectivamente. Nos homens a prevalência foi de 11,1%, em ambos os países1111. Guedes DT, Alvarado BE, Phillips SP, Curcio CL, Zunzunegui MV, Guerra RO. Socioeconomic status, social relations and domestic violence (DV) against elderly people in Canada, Albania, Colombia and Brazil. Arch Gerontol Geriatr 2015; 60(3):492-500..
A VPI impacta de forma negativa nas condições de saúde física e mental das pessoas idosas; entre as vítimas de violência física e psicológica há maior proporção nos relatos de dores musculares e esqueléticas, dor de cabeça, problemas de estômago, ansiedade, distúrbios do sono, estresse e ideação suicida1212. Bonomi AE, Anderson ML, Reid RJ, Carrell D, Fishman PA, Rivara FP, Thompson RS. Intimate partner violence in older women. Gerontologist 2007; 47(1):34-41.,1313. Hadeed LF, El-Bassel N. Social support among AfroTrinidadian women experiencing intimate partner violence. Violence Against Women, 2006; 12(8):740-760.. A violência também apresenta impactos sociais na vida dos idosos, contribuindo para a baixa autoestima, o isolamento social e a sensação de insegurança, reforçando aspectos negativos da velhice1414. Guedes, DT, Curcio CL, Llano BA, Zunzunequi MV, Guerra R. The gender gap in domestic violence in older adults in Latin America: the IMIAS Study. Rev Panam Salud Publica 2015; 37(4-5):293-300..
Os estudos1515. Dong X. Sociodemographic and socioeconomic characteristics of elder self-neglect in an US Chinese aging population. Arch Gerontol Geriatr 2016; 64:82-89.
16. Ruelas-Gonzalez MG, Duarte-Gomez MB, Flores-Hernandez S, Ortega-Altamirano DV, Cortés-Gil JD, Taboada A, Ruano AN. Prevalence and factors associated with violence and abuse of older adults in Mexico’s 2012 National Health and Nutrition Survey. Int J Equity Health 2016; 15:35.-1717. Simone L, Wettstein A, Senn O, Rosemann T, Hasler S. Types of abuse and risk factors associated with elder abuse. Swiss Med Wkly 2016; 146:w14273. que abordam a violência contra idosos tendem a analisá-los como vítimas de maus tratos na maioria das vezes por cuidadores ou familiares, sendo a violência cometida pelo parceiro íntimo uma abordagem ainda escassa na literatura. Esse fato pode estar imbricado no entendimento de que a violência não ocorre entre parceiros idosos, mascarando-se como negligência ou violência familiar, uma vez que o cuidador pode ser o parceiro íntimo.
O conceito de VPI nessa faixa etária ainda é pouco assumido na literatura como um constructo único, o que nos leva a considerar importante a investigação de forma ampla, a fim de preencher a lacuna existente e evidenciar o fenômeno em uma crescente e importante população, porém subpesquisada1818. Reeves KA, Desmarais SL, Nicholls TL, Douglas KS. Intimate partner abuse of older men: considerations for the assessment of risk. J Elder Abuse Negl 2007; 19(1-2):7-27..
Diante do exposto, este estudo teve como objetivo identificar, a partir de uma revisão sistemática da literatura, a prevalência e os fatores associados à VPI em idosos.
Métodos
Foi realizado levantamento de estudos publicados sobre a prevalência de violência por parceiro íntimo em idosos e fatores associados ao fenômeno.
Registro e protocolo
Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as diretrizes delineadas pelo Check List do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analisis - Prospective Register of Systematic Reviews)1919. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group (2009). Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses: The PRISMA Statement. PLoS Med 2009; 6(7):1-6.. O protocolo desta revisão sistemática foi registrado na base International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO).
Critério de Elegibilidade
Foram empregados os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos originais que apresentaram estudos transversais de base populacional; que analisaram a prevalência de violência por parceiro íntimo e seus fatores associados, com metodologia claramente descrita; com população alvo que incluiu idosos; publicados em periódicos nacionais e internacionais.
Foram excluídas revisões de literatura, cartas, artigos de opinião, relatos de experiência, estudos de caso, capítulos de livros e apresentações de congressos. Não foram aplicadas restrições relativas à data ou idioma de publicação.
Esses critérios buscaram assegurar que somente estudos representativos da população em geral fossem inseridos, uma vez que refletem com maior exatidão a prevalência e os fatores associados à VPI na população idosa.
Estratégia de busca
A busca pelos artigos foi realizada nas bases de dados PubMed, Lilacs e PsycInfo. A estratégia de busca para Pubmed, adaptada para as outras bases de dados, foi: (“Intimate Partner Violence”[Mesh] OR “Intimate Partner Violence”[All Fields] OR “Spouse abuse”[Mesh] OR “Spouse abuse”[All Fields]) AND (“Prevalence”[Mesh] OR “Prevalence”[AllFields] OR “Cross-Sectional Studies”[Mesh] OR “Cross-Sectional Studies”[All Fields]) AND (“aged”[MeSH] OR “aged”[All Fields] OR “aged, 80 and over”[MeSH] OR “80 and over aged”[All Fields] OR elderly[All Fields]) NOT (pregnancy OR child$ OR AIDS).
As buscas ocorreram no período de março a setembro de 2016. Foram revisadas as listas de referências dos artigos selecionados e realizadas buscas manuais, para verificação de outras publicações potencialmente elegíveis.
Seleção dos estudos, extração e análise dos dados
A seleção dos estudos foi realizada por dois revisores de forma independente. Inicialmente, identificaram-se as referências duplicadas entre as bases de dados e excluídas com auxílio do programa gerenciador de referências EndNote Web (Thomson Reuters).
De acordo com os critérios de elegibilidade, a seleção foi realizada por meio da avaliação dos títulos e resumos e, em seguida, dos textos completos. Em caso de discordância na aplicação dos critérios entre os revisores, foi consultado um expert na temática e definido por consenso. Foram extraídas as características gerais dos artigos (ano e local da coleta, sexo e faixa etária dos entrevistados, tamanho da amostra e instrumento de mensuração da violência), as prevalências e os fatores associados à VPI e registrados em planilhas eletrônicas. Os dados foram organizados em ficha documental e analisados de forma descritiva e apresentados em tabelas.
Avaliação da qualidade metodológica
A avaliação da qualidade metodológica foi realizada por dois revisores independentemente, utilizando-se o instrumento proposto por Loney et al.2020. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health research literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can 1998; 19(4):170-176., indicado para avaliação crítica de estudos transversais. Os autores adotam oito itens para avaliação; para cada critério não atendido o estudo recebeu ‘zero’, e se atendido recebeu ‘um’ ponto. Foram considerados estudos de alta qualidade aqueles com 7 e 8 pontos; 4 a 6 pontos indica moderada, e 0 a 3 pontos, baixa. Não houve exclusão de artigos devido ao nível da qualidade metodológica alcançado. A seguir apresentamos os oito critérios de avaliação:
Amostra: adequada se o estudo foi realizado com toda população ou com amostragem probabilística.
Fonte de amostragem: adequada se foi com base no censo populacional.
Tamanho da amostra: adequado se foi calculada estatisticamente.
Mensuração do desfecho: adequada se a violência por parceiro íntimo foi medida por instrumento validado.
Entrevistador imparcial: adequada se os resultados foram pesquisados por entrevistadores treinados.
Taxa de resposta: adequada se ≥ 70,0%.
Prevalência com IC95%: adequada se houve apresentação dos intervalos de confiança da prevalência da violência por parceiro íntimo.
Participantes semelhantes: adequada se houve descrição dos sujeitos em estudo estratificados por faixa etária e semelhantes à pergunta de pesquisa (idosos).
Resultados
Foram identificados 842 artigos nas bases de dados pesquisadas e adicionados cinco a partir da análise das referências dos estudos selecionados e de buscas manuais em outras fontes, totalizando 847 artigos. Destes, 49 foram excluídos por estarem duplicados e 707 por não atenderem aos critérios de elegibilidade após a leitura do título e resumo; assim, 91 estudos foram submetidos à análise na íntegra, e, desse processo, 19 artigos44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.
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Dos 19 artigos selecionados, 15 incluíram em suas amostras adultos e idosos44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2020. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health research literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can 1998; 19(4):170-176.
21. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.
22. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.
23. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.
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31. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58.
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Os artigos incluídos foram publicados entre 2004 e 2015, com maior frequência no período de 2012 a 201544. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522.
29. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.
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35. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564.
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27. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278.
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O instrumento mais utilizado para mensuração da violência foi o Conflict Tactics Scale (CTS), nas versões 1, 2 e adaptações44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278.,2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.
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29. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.
30. Sonego M, Gandarillas A, Zorrilla B, Lasheras L, Pires M, Anes A, Ordobás M. Unperceived intimate partner violence and women’s health. Gac Sanit 2013; 27(5):440-446.
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Avaliação da qualidade metodológica
Baseado na avaliação da qualidade metodológica proposto por Loney et al.2020. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health research literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can 1998; 19(4):170-176., dentre os estudos, sete2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.,2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278.,2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.,3131. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58.,3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. alcançaram alta qualidade; onze44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.
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36. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.-3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. obtiveram qualidade alta ou moderada, com média global de 6,5 pontos, enquanto aqueles com amostras compostas por adultos e idosos alcançaram média global de 5,7 pontos. Essa diferença positiva para o conjunto de estudos exclusivamente com idosos se deve, principalmente, ao item que analisa a semelhança dos participantes com a pergunta da pesquisa (adequada se houve descrição dos sujeitos em estudo estratificados por faixa etária e semelhantes à pergunta de pesquisa [idosos]). Nenhum trabalho atingiu a pontuação máxima, sendo a prevalência com intervalo de confiança de 95% (IC95%) o item com menor média global, tanto para estudos exclusivamente com idosos quanto aqueles que investigaram adultos e idosos. Na Tabela 1 consta o detalhamento da avaliação da qualidade metodológica.
Prevalência de violência por parceiro íntimo
Nos 19 estudos analisados, 1444. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.
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36. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.-3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. apresentaram suas prevalências estratificadas de acordo com a natureza da violência por parceiro íntimo (física, psicológica, sexual, comportamento controlador, abuso econômico), seja de forma isolada44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,2626. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462.,3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.
33. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.-3434. Hellemans S, Loeys T, Dewitte M, De Smet O, Buysse A. Prevalence of Intimate Partner Violence Victimization and Victims’ Relational and Sexual Well-Being. J Fam Viol 2015; 30(6):685-698.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. ou combinada44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.,3131. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58.,3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564..
Nove estudos identificaram a prevalência da VPI de acordo com a natureza do ato de forma combinada e apresentaram os seguintes percentuais nos idosos: 14,1% para violência física e psicológica2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768. entre mulheres nos últimos 12 meses; 10-12,9% para violência física e sexual em mulheres44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.,3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564. e 5,6% para homens, ao longo da vida2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.. Nos artigos que apresentaram a natureza da violência isoladamente, destacam-se os valores da psicológica nas faixas etárias de 60 a 69 anos (25,5% em mulheres e 21,2% para homens) e acima de 70 anos (24,5% mulheres e 20,1% para homens).
Nos estudos que investigaram somente idosos1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564.
36. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.-3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912., ou estes separadamente dos adultos44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.,2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.,3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415., as prevalências das naturezas de VPI variaram entre 1,8-5,9% para a violência física1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912., 1,2% para a sexual3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446., 1,9-36,1% para a psicológica44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912.. Destaca-se a variação encontrada nos coeficientes de VPI psicológica, visto que os trabalhos utilizaram o mesmo instrumento de mensuração, o CTS (nas versões 1 ou 2). Atribui-se tal discrepância ao local do estudo, sendo que o país com maior prevalência foi a China (36,1%)3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446., seguido por Alemanha (13%)44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111., Brasil (5,9%)1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041. e EUA (1,9%)3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912.. Ressalta-se que somente um estudo3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415. investigou, nos idosos separadamente, o comportamento controlador (21%) e o abuso econômico (13%) em mulheres entre 66-86 anos. Nos seis estudos que identificaram prevalência geral em adultos e idosos, esta variou de 5,5% nos Estados Unidos2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522. a 55,8% na Nigéria2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278..
O fenômeno da violência por parceiro íntimo em homens idosos foi identificado em estudo de Afifi et al.2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691., que encontrou prevalência superior de vitimização por VPI nessa população (4,9%) quando em comparação a mulheres idosas (3,3%). Em contrapartida, Breiding, et al.2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118. e Lee, et al.3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415. mostraram que a perpetração por homens idosos é mais prevalente do que a cometida por idosas, como se pode verificar nas diferentes medidas percentuais quanto às naturezas da VPI, respectivamente: física (5,1% versus 1,6%)3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.; psicológica (25,5% versus 21,2%)3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.; física e sexual (12,6% versus 5,6%)2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.. Embora os coeficientes sejam maiores nas mulheres, também há proporções significativas nos homens, apontando para a relevância de se investigar a ocorrência de violência em ambos os sexos.
Houve variações metodológicas em relação à natureza, severidade e direcionalidade (sofrida ou perpetrada) da violência investigada, sexo dos entrevistados e dos instrumentos de mensuração utilizados. Essa diversidade nos métodos implicou em prevalências heterogêneas. No Quadro 2 são apresentadas as prevalências identificadas de acordo com a abordagem metodológica de cada estudo.
Fatores associados à violência por parceiro íntimo
O uso de álcool44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,2626. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462.,2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522.,2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.,3333. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446. foi o fator associado à VPI mais frequente, seguido pela depressão2626. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462.,3030. Sonego M, Gandarillas A, Zorrilla B, Lasheras L, Pires M, Anes A, Ordobás M. Unperceived intimate partner violence and women’s health. Gac Sanit 2013; 27(5):440-446.
31. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58.-3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.. De maneira mais pontual, houve associação positiva com a violência o uso de tabaco2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2626. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462., tranquilizantes3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96. e outras drogas2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691., além de ansiedade3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564., estresse3838. Cezario ACF, Fonseca DS, Lopes NC, Lourenço LM. Violência entre parceiros íntimos: uma comparação dos índices em relacionamentos hetero e homossexuais. Temas psicol 2015; 23(3):565-575., distúrbios do sono e transtornos alimentares2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691..
Em relação aos fatores sociodemográficos e econômicos cabe destaque para baixa renda2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. e baixa escolaridade2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437.,2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912., ser divorciado/separado2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. e ser idoso jovem1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912.. Quanto às condições relacionadas à saúde física, o comprometimento funcional1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912., a má avaliação em saúde2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651. e a infecção por HIV2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278. apresentaram-se associados para a VPI.
A exposição pregressa à violência foi analisada por dois estudos3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446., e ambos encontraram associação entre VPI e ter presenciado violência parental na infância. Stöckl et al.3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564. relacionaram a ocorrência de violência física e sexual para idosos de 55-65 anos com ter sofrido violência física na infância, sofrer violência por agressor que não seja o parceiro, indicando uma possível perpetuação de situações de violência ao longo da vida.
A maioria dos estudos44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.
24. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.
25. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.
26. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462.-2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278.,2929. Afifi TO, Henriksen CA, Asmundson GJ, Sareen J. Victimization and perpetration of intimate partner violence and substance use disorders in a nationally representative sample. J Nerv Ment Dis 2012; 200(8):684-691.
30. Sonego M, Gandarillas A, Zorrilla B, Lasheras L, Pires M, Anes A, Ordobás M. Unperceived intimate partner violence and women’s health. Gac Sanit 2013; 27(5):440-446.
31. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58.
32. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.
33. Lee M, Stefani KM, Park EC. Gender-specific differences in risk for intimate partner violence in South Korea. BMC Public Health 2014; 14(1):415.
34. Hellemans S, Loeys T, Dewitte M, De Smet O, Buysse A. Prevalence of Intimate Partner Violence Victimization and Victims’ Relational and Sexual Well-Being. J Fam Viol 2015; 30(6):685-698.
35. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564.
36. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446.-3737. Burnes D, Pillemer K, Caccamise PL, Mason A, Henderson CRJ, Berman J, Cook AM, Shukoff D, Brownell P, Powell M, Salamone A, Lachs Ms. Prevalence of and Risk Factors for Elder Abuse and Neglect in the Community: A Population-Based Study. J Am Geriatr Soc 2015; 63(9):1906-1912. empregou modelos de análise de regressão. Todos os resultados apresentados foram os considerados estatisticamente significativos. Os fatores associados à VPI são apresentados na Tabela 2.
Discussão
Nesta revisão, destaca-se a ocorrência de violência por parceiro íntimo em homens e mulheres idosos, sendo a psicológica e o abuso econômico os mais prevalentes nessa faixa etária. Os fatores associados mais frequentes foram o consumo de álcool, a depressão, a baixa renda, o comprometimento funcional e a exposição à violência na infância.
Os estudos nacionais e internacionais mostraram produção relevante entre 2004 e 2015, principalmente na Europa e Estados Unidos. Esta predominância possivelmente relaciona-se ao fato de haver nestes locais, maior número de periódicos indexados nas bases de dados consultadas3838. Cezario ACF, Fonseca DS, Lopes NC, Lourenço LM. Violência entre parceiros íntimos: uma comparação dos índices em relacionamentos hetero e homossexuais. Temas psicol 2015; 23(3):565-575. e revistas específicas sobre violência em idosos; ainda, por estes países terem maior proporção de idosos, onde os fatores relacionados ao envelhecimento são mais investigados. A publicação latinoamericana dessa temática é incipiente, representada por dois estudos brasileiros1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2222. Reichenheim ME, Moraes CL, Szklo A, Hasselmann MH, Souza ER, Lozana JA, Figueiredo V. The magnitude of intimate partner violence in Brazil: portraits from 15 capital cities and the Federal District. Cad Saude Publica 2006; 22(2):425-437..
A mensuração da VPI foi realizada principalmente por meio do Conflicts Tactics Scale – FORM R (CTS-1)3939. Hasselmann MH, Reichenheim ME. Adaptação transcultural da versão em português da Conflict Tactics Scales Form R (CTS-1), usada para aferir violência no casal: equivalências semântica e de mensuração. Cad Saude Publica 2003; 19(4):1083-1093., que avalia a violência física e psicológica, e Review Conflicts Tactics Scale (CTS-2)4040. Moraes CL, Hasselmann MH, Reichenheim ME. Adaptação transcultural para o português do instrumento “Revised Conflict Tactics Scales (CTS2)” utilizado para identificar violência entre casais. Cad Saude Publica 2002; 18(1):163-176., que mede violência física, sexual e psicológica. Embora o instrumento CTS não seja específico para a população idosa, ele atende os critérios de validade e confiabilidade, o que confere fidedignidade aos estudos4141. Espíndola CR, Blay SL. Prevalência de maus-tratos na terceira idade: revisão sistemática. Rev Saude Publica 2007; 41(2):301-306.. O abuso econômico e o comportamento controlador entre parceiros íntimos, que se mostraram relevantes nos idosos, foram mensurados por questionários próprios devido à ausência de instrumentos validados. Desta forma, faz-se necessário o desenvolvimento e a validação de instrumentos que contemplem tais violências entre parceiros íntimos para maior conhecimento do fenômeno nessa população.
A qualidade metodológica dos estudos foi considerada moderada e alta, o que reforça a confiabilidade e a representatividade dos resultados sobre as populações analisadas. A seleção apenas de estudos de base populacional contribuiu para a qualidade alcançada, pois os três critérios de avaliação sobre amostra foram atendidos na maioria dos trabalhos.
A comparação entre as prevalências foi dificultada em função da diversidade metodológica entre os estudos, relacionada tanto aos instrumentos utilizados como aos tipos de análise, que foram estratificadas por variáveis diversas, tais como sexo, faixa etária, natureza, intensidade e direcionalidade da violência. Espíndola e Blay4141. Espíndola CR, Blay SL. Prevalência de maus-tratos na terceira idade: revisão sistemática. Rev Saude Publica 2007; 41(2):301-306., ao investigarem maus tratos em idosos em estudo de revisão, identificaram tal diversidade de informações. Contudo, as prevalências apresentadas nos estudos (Quadro 2) sinalizam a relevância e a magnitude da VPI nos idosos.
As várias possibilidades de combinação entre as naturezas da violência (física, sexual, psicológica, comportamento controlador e abuso econômico) na investigação demonstra o cenário cruel do fenômeno, como ainda limita a comparação entre os estudos. Mesmo com essa dificuldade, os estudos analisados44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.,3434. Hellemans S, Loeys T, Dewitte M, De Smet O, Buysse A. Prevalence of Intimate Partner Violence Victimization and Victims’ Relational and Sexual Well-Being. J Fam Viol 2015; 30(6):685-698.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446. apontam para altas prevalências que estratificaram a VPI de acordo com sua natureza.
No entanto, pressupõe-se que a violência por parceiro íntimo em idosos não seja exclusiva dessa faixa etária, visto que a violência é um processo relacional, provavelmente estabelecido na idade adulta, perpetuando ao longo da vida. Para Rennison e Rand4242. Rennison CM, Rand MR. Nonlethal intimate partner violence against women: A comparison of three age cohorts. Violence Against Women 2003; 9(12):1417-1428., a prevalência de violência física e sexual declina entre os mais velhos, porém a psicológica persiste, podendo inclusive aumentar em frequência e severidade4242. Rennison CM, Rand MR. Nonlethal intimate partner violence against women: A comparison of three age cohorts. Violence Against Women 2003; 9(12):1417-1428.,4343. Daly JM, Hartz AJ, Stromquist AM, Peek-Asa C, Jogerst GJ. Self-reported elder domestic partner violence in one rural Iowa county. Journal of Emotional Abuse 2008; 7(4):115-134..
Dentre os estudos analisados, chama a atenção o abuso econômico identificado por Stockl et al.3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564., com prevalência de 13% em idosas entre 66-86 anos, na Alemanha. Compreende-se que as dificuldades inerentes ao envelhecimento, tal como a dependência familiar, e consequentemente dos parceiros íntimos, pode acentuar a exposição deste idoso tanto a situações de exploração financeira, quanto de violência física e psicológica. Cenário este que, por ocorrer no âmbito doméstico, tende a se perpetuar, com possibilidade de agravamento tanto da violência quanto das condições de saúde dos idosos. Kwong et al.4444. Kwong MJ, Bartholomew K, Henderson AJZ, Trinke SJ. The Intergenerational Transmission of Relationship Violence. J Fam Psychol 2003; 17(3):288-301. corroboram com o achado e apontam que a violência tem efeitos cumulativos profundos ao longo da vida, que se intensificam neste período de maior vulnerabilidade física e emocional.
Destacam-se nos artigos desta revisão, a violência identificada em ambos os sexos2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522.,3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.. Tais resultados ressaltam a perspectiva de que há pessoas em situação de violência, tanto homens quanto mulheres, que podem sofrê-la ou perpetrá-la em um relacionamento íntimo, tais achados estão presentes também em outros estudos4545. Fisher BS, Regan SL. The extent and frequency of abuse in the lives of older women and their relationship with health outcomes. Gerontologist 2006; 46(2):200-209.
46. Alvim SF, Souza L. Violência conjugal em uma perspectiva relacional: homens e mulheres agredidos/agressores. Psicol. teor. prat. 2005; 7(2):171-206.
47. Schraiber LB, Barros CRS, Couto MT, Figueiredo WS, Albuquerque FP. Homens, masculinidade e violência: estudo em serviços de atenção primária à saúde. Rev. bras. epidemiol. 2012; 15(4):790-803.-4848. Zaleski M, Pinsky I, Laranjeira R, Ramisetty-Mikler S, Caetano R. Violência entre parceiros íntimos e consumo de álcool. Rev Saude Publica 2010; 44(1):53-59..
Os homens foram identificados na revisão como vítimas de violência por parceiro íntimo em dois estudos2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522.,3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96., sendo que em um deles2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522. houve maior prevalência (4,9%) de VPI contra homens do que nas mulheres (3,3%). De acordo com Afifi et al.4949. Afifi TO, MacMillan H, Cox BJ, Asmundson GJG, Stein MB, Sareen J. Mental health correlates of intimate partner violence in marital relationships in a nationally representative sample of males and females. J Interpers Violence 2009; 24(8):1398-1417., a VPI contra homens na literatura em geral ainda é escassa e quando investigada, se dá apenas no enfoque destes como agressores. Lindner et al.5050. Lindner SR, Coelho EBS, Bolsoni CC, Rojas PF, Boing AF. Prevalência de violência física por parceiro íntimo em homens e mulheres de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil: estudo de base populacional. Cad Saude Publica 2015; 31(4):815-826. afirmam que é relevante se investigar o homem não só como autor da violência, mas configurando-o também como quem a sofre. Uma dificuldade relatada por Carmo et al.5151. Carmo R, Grams A, Magalhaes T. Men as victims of intimate partner violence. J Forensic Leg Med 2011; 18(8):355-359. seria que os homens tenderiam a ocultar as agressões sofridas, uma vez que sua exposição romperia com papéis sociais de gênero, os quais lhes atribuem características de invulnerabilidade e virilidade, contribuindo assim para a subnotificação desse tipo de violência. Fatores que permeiam essas relações devem ser evidenciados e divulgados, para que se traduzam em implantação de políticas públicas voltadas a homens e mulheres em situação de violência.
Dentre os fatores associados à violência em idosos, o uso de álcool foi o mais identificado nos estudos desta revisão44. Stockl H, Penhale B. Intimate Partner Violence and Its Association With Physical and Mental Health Symptoms Among Older Women in Germany. J Interpers Violence 2015; 30(17):3089-111.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.,2525. Breiding MJ, Black MC, Ryan GW. Prevalence and risk factors of intimate partner violence in eighteen U.S. states/territories, 2005. Am J Prev Med 2008; 34(2):112-118.,2727. Sareen J, Pagura J, Grant B. Is intimate partner violence associated with HIV infection among women in the United States? Gen Hosp Psychiatry 2009; 31(3):274-278.,2828. Brisibe S, Ordinioha B, Dienye PO. Intersection Between Alcohol Abuse and Intimate Partner’s Violence in a Rural Ijaw Community in Bayelsa State, South-South Nigeria. J Interpers Violence 2012; 27(3):513-522.,3232. Hellemans S, Buysse A, De Smet O, Wietzker A. Intimate partner violence in Belgium: Prevalence, individual health outcomes, and relational correlates. Psychologica Belgica 2014; 54(1):79-96.,3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564.. Em acordo com esses achados, Nagassar et al.5252. Nagassar RP, Rawlins JM, Sampson NR, Zackerali J, Chankadyal K, Ramasir C, Boodram R. The prevalence of domestic violence within different socio-economic classes in Central Trinidad. West Indian Med J 2010; 59(1):20-25. afirmam que o abuso do álcool e de outras drogas é considerado como um dos principais motivos para a violência física, bem como fator associado ao aumento das chances de ocorrência de atos violentos5252. Nagassar RP, Rawlins JM, Sampson NR, Zackerali J, Chankadyal K, Ramasir C, Boodram R. The prevalence of domestic violence within different socio-economic classes in Central Trinidad. West Indian Med J 2010; 59(1):20-25.,5353. d’Oliveira AFPL, Schraiber LB, França-Junior I, Ludermir AB, Portella AP, Diniz CS, Couto MT, Valença O. Fatores associados à violência por parceiro íntimo em mulheres brasileiras. Rev Saude Publica 2009; 43(2):299-311.. Pode-se supor que a ingestão de bebidas alcoólicas seria estratégia adotada pelas vítimas para lidar com o estresse provocado pelo contexto de violência5252. Nagassar RP, Rawlins JM, Sampson NR, Zackerali J, Chankadyal K, Ramasir C, Boodram R. The prevalence of domestic violence within different socio-economic classes in Central Trinidad. West Indian Med J 2010; 59(1):20-25.,5454. Vieira LJES, Pordeus AMJ, Ferreira RC, Moreira DP, Maia PB, Saviolli KC. Fatores de risco para violência contra a mulher no contexto doméstico e coletivo. Saúde Soc. 2008; 17(3):113-125.. Evidências de pesquisa5555. Kaysen D, Dillworth TM, Simpson T, Waldrop A, Larimer ME, Resick PA. Domestic violence and alcohol use: Trauma-related symptoms and motives for drinking. Addict Behav 2007; 32(6):1272-1283. indicam que o beber intenso contribui para a violência, mas isso não quer dizer que o álcool é condição primária, necessária e suficiente para a violência. Neste sentido, o álcool não determinaria tais condutas, mas contribuiria para que se manifestassem de maneira mais intensa ou severa.
A depressão também foi fator associado à VPI nesta revisão, tal como Renner et al.3131. Renner LM, Habib L, Stromquist AM, Peek-Asa C. The association of intimate partner violence and depressive symptoms in a cohort of rural couples. J Rural Health 2014; 30(1):50-58. que encontraram maiores chances de vítimas de abuso terem sintomas depressivos, tanto para homens (2,4 vezes) quanto para mulheres (3,0 vezes) quando comparados com aqueles que não sofreram violência. Entretanto, a perpetração do abuso associou-se ao aumento de sintomas depressivos para mulheres, não para homens. Mesmo que em estudos transversais não seja possível estabelecer relação causal e temporal entre os fatos, estudos longitudinais demonstram que VPI pode acarretar depressão5656. Leonard KE. Alcohol and intimate partner violence: when can we say that heavy drinking is a contributing cause of violence? Addiction 2005; 100(4):422-425., bem como preceder ou facilitar situações de violência5757. Lindhorst T, Oxford M. The long-term effects of intimate partner violence on adolescent mothers’ depressive symptoms. Soc Sci Med 2008; 66(6):1322-1333..
O comprometimento funcional associou-se à VPI em dois estudos1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446. analisados, afirmando que a violência pode aumentar a vulnerabilidade, deixando idosos com a capacidade diminuída para se defender de maus tratos. Consideram ainda que a redução da capacidade funcional para atividades instrumentais da vida diária (AIVD) limita a participação social independente do idoso, restringindo o convívio com outras pessoas, além dos familiares ou cuidadores que coabitam, dificultando a procura por serviços de saúde e serviços especializados para a denúncia quando submetidos à violência.
Destaca-se que apenas um artigo2626. Svavarsdottir EK, Orlygsdottir B. Intimate partner abuse factors associated with women’s health: a general population study. J Adv Nurs 2009; 65(7):1452-1462. desta revisão abordou a associação entre HIV e VPI, entretanto esse estudo não separou adultos e idosos, permanecendo lacunas acerca das questões específicas entre os mais velhos, sendo relevante a realização de investigações sobre a temática. Alencar e Ciosak5959. Alencar RA, Ciosak SI. Aids em idosos: motivos que levam ao diagnóstico tardio. Rev Bras Enferm 2016; 69(6):1140-1146. apontam que a investigação de sorologia anti-HIV para pessoas idosas não é rotina nos serviços de atenção primária à saúde. A sexualidade dos idosos é invisibilizada pelos profissionais de saúde, por não considerarem que eles podem ser sexualmente ativos, e a investigação da saúde sexual não faz parte das consultas de rotina. Entretanto, no Brasil, a quantidade de idosos (> 60 anos) correspondia a 2,5% dos infectados em 2002, passando para 5,0% em 2013. O crescimento da epidemia de HIV entre idosos tem ocorrido também em nível mundial5959. Alencar RA, Ciosak SI. Aids em idosos: motivos que levam ao diagnóstico tardio. Rev Bras Enferm 2016; 69(6):1140-1146.,6060. Rabkin M, Kruk ME, El-Sadr WM. HIV, aging and continuity care: strengthening health systems to support services for noncommunicable diseases in low-income countries. AIDS 2012; 26(Supl. 1):S77-83..
Baixa renda2020. Loney PL, Chambers LW, Bennett KJ, Roberts JG, Stratford PW. Critical appraisal of the health research literature: prevalence or incidence of a health problem. Chronic Dis Can 1998; 19(4):170-176.,2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651. e baixa escolaridade2121. Mouton CP, Rodabough RJ, Rovi SL, Hunt JL, Talamantes MA, Brzyski RG, Burge SK. Prevalence and 3-year incidence of abuse among postmenopausal women. Am J Public Health 2004; 94(4):605-612.,2424. Aekplakorn W, Kongsakon R. Intimate partner violence among women in slum communities in Bangkok, Thailand. Singapore Med J 2007; 48(8):763-768.,3636. Yan E, Chan KL. Prevalence and correlates of intimate partner violence among older Chinese couples in Hong Kong. Int Psychogeriatr 2012; 24(9):1437-1446. são fatores associados à VPI em idosos, uma vez que este fato pode desencadear conflitos entre os parceiros íntimos2323. Cohen MM, Forte T, Du Mont J, Hyman I, Romans S. Adding insult to injury: intimate partner violence among women and men reporting activity limitations. Ann Epidemiol 2006; 16(8):644-651.. No entanto, em um estudo3434. Hellemans S, Loeys T, Dewitte M, De Smet O, Buysse A. Prevalence of Intimate Partner Violence Victimization and Victims’ Relational and Sexual Well-Being. J Fam Viol 2015; 30(6):685-698. encontrou-se que idosos entre 66-86 têm maior probabilidade de estar em situação de violência quando as mulheres possuem qualificação profissional e os homens escolaridade elevada. Uma hipótese é que, devido a uma maior capacitação das mulheres, elas seriam mais independentes que o parceiro, podendo desafiar papéis tradicionais de gênero, aumentando o risco de violência6161. Liu H, Lin X, Xu Y, Chen S, Shi J, Morisky D. Emerging HIV epidemic among older adults in Nanning, China. AIDS Patient Care STDS 2012; 26(10):565-567.,6262. Jewkes R. Intimate partner violence: causes and prevention. Lancet 2002; 359(9315):1423-1429..
Chama a atenção neste estudo que a exposição pregressa à violência, tal como presenciar violência parental1010. Paiva MM, Tavares DMS. Violência física e psicológica contra idosos: prevalência e fatores associados. Rev Bras Enferm 2015; 68(6):1035-1041.,3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564. ou sofrer punição física na infância3535. Stöckl H, Watts C, Penhale B. Intimate Partner Violence Against Older Women in Germany: Prevalence and Associated Factors. J Interpers Violence 2012; 27(13):2545-2564. associou-se à VPI nos idosos, nos artigos analisados. Paixão et al.6363. Paixão GPN, Gomes NP, Diniz NMF, Lira MOSC, Carvalho MRS, Silva RS. Women experiencing the intergenerationality of conjugal violence. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2015; 23(5):874-879. corroboram esse achado quando analisam a intergeracionalidade da violência conjugal vivenciada por mulheres, afirmando que existe relação entre a violência testemunhada na família de origem e aquela por parceiro íntimo. Os efeitos intergeracionais da violência desencadeiam sua permanência ao longo da vida, sendo que a prevalência elevada de VPI na vida adulta certamente contribui com a sua perpetuação na terceira idade4545. Fisher BS, Regan SL. The extent and frequency of abuse in the lives of older women and their relationship with health outcomes. Gerontologist 2006; 46(2):200-209..
Sendo este estudo de revisão sistemática sobre VPI em idosos inédito, são trazidas informações para ampliar o conhecimento sobre o fenômeno, almejando contribuir para o estabelecimento de ações e estratégias de prevenção de violência por parceiros íntimos idosos. Considera-se importante a realização de novos estudos epidemiológicos, com amostras representativas da população de idosos para investigação de prevalência e fatores associados da VPI, que aborde a direcionalidade da violência sofrida e perpetrada entre homens e mulheres.
Para que se dê visibilidade às naturezas de VPI mais prevalentes entre os idosos, sugere-se o desenvolvimento e a validação de instrumentos específicos para esse grupo populacional, que incluam o abuso econômico e o comportamento controlador entre parceiros íntimos, visto a sua relevância nesta faixa etária. Devem-se considerar as especificidades e as vulnerabilidades dos idosos, aprofundando-se questões relativas à saúde mental, saúde sexual, incapacidade funcional, ainda incipientes na literatura sobre VPI nessa faixa etária.
Todavia algumas limitações podem ser apontadas na presente revisão; destaca-se o baixo número de publicações científicas acerca da temática na população idosa. Também, nota-se a presença de informações oriundas de estudos com limitações metodológicas, devido à não estratificação dos resultados entre adultos e idosos. Na maioria, os estudos foram conduzidos a partir de entrevistas autorreferidas como forma de manter sigilo e privacidade ao entrevistado. Entretanto, esse tipo de avaliação está sujeita ao viés de memória, à super ou subestimação do fato ocorrido, além do medo ou vergonha de expor ao entrevistador situações de violência vivenciadas na relação íntima.
Deve-se assinalar o viés de publicação, que pode ocorrer em função da não publicação em periódicos indexados de todas as pesquisas realizadas, devido ao número limitado de trabalhos por revista, idioma, metodologia, entre outros. Em relação às características bastante heterogêneas dos trabalhos encontrados, conduziu-se apenas a avaliação qualitativa dos resultados, não sendo possível a síntese de dados quantitativa, por meio da metanálise.
Esta revisão apresenta método de acordo com as recomendações atuais para a elaboração de revisões sistemáticas, tais como pesquisa em fontes abrangentes, estratégia de busca específica, sem restrições de idioma ou período de publicação, seleção e extração de dados em pares e avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos. A adoção dessas medidas apresenta resultados relevantes, que fornecem um panorama geral do conhecimento científico nacional e internacional, produzido sobre prevalência e fatores associados à violência por parceiro íntimo em idosos.
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Set 2017
Histórico
- Recebido
01 Mar 2017 - Aceito
18 Abr 2017 - Revisado
22 Maio 2017