Resumo
Associada a impactos positivos sobre a saúde, a religiosidade tem se apresentado como possível fator protetor contra o consumo do álcool por adolescentes. O presente estudo buscou avaliar a prevalência do consumo em “binge” por escolares de 12 anos de Diamantina-MG e sua associação com a religiosidade. A amostra foi um censo de 588 escolares. A análise estatística envolveu o teste qui-quadrado de Pearson (p < 0,05) e Regressão de Poisson com variância robusta. A participação em atividades religiosas se manteve associada com o não consumo em “binge” (RP = 0,823; 95% IC: 0,717 – 0,945) e o consumo de bebidas pelo melhor amigo associou-se ao consumo em “binge” (RP = 1,554; 95% IC: 1,411-1,711). Concluiu-se que a religiosidade esteve associada com o não consumo em “binge”.
Palavras-chave
“Binge drinking”; Religiosidade; Adolescentes
Introdução
Ao longo dos séculos em diferentes culturas, o álcool tem sido uma substância psicoativa capaz de levar a dependência11. Galduróz JCF, Sanchez ZVM, Opaleye ES, Noto AR, Fonseca AM, Gomes PLS. Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileiras. Rev Saude Publica 2010; 44(2):267-273.,22. Galduróz JFC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Unifesp 2004; 17(1):1-503.. Em 2012, seu consumo foi o responsável pela morte de aproximadamente 3,3 milhões de pessoas ao redor do mundo. Além das mortes, os anos de vida saudáveis perdidos (DALYS) foram contabilizados em 139 milhões, ou seja, 5% do total atribuído a todas as doenças33. World Health Organization (WHO). Global status report on alcohol and health-2014. Geneva: WHO; 2004..
O consumo de cinco doses de bebidas alcoólicas em uma única ocasião é definido como “binge drinking”44. Carlini EA, Galduróz JC, Noto AR, Carlini CM, Oliveira LG, Nappo SA. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país. São Paulo: Cebrid/Unifesp; 2002.. Altas taxas de consumo em “binge” no final da adolescência bem como o início precoce durante este período da vida pode conferir ao indivíduo maior vulnerabilidade a intoxicação, gerando uma diminuição da coordenação motora, consciência e cognição, além de outras consequências como dependência, depressão e desordens alimentares55. Silveira CM, Silveira CC, Silva JG, Silveira LM, Andrade AG, Andrade LHSG. Epidemiologia do beber pesado e beber pesado episódico no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Rev Psiq Clin 2008; 35(1):31-38.
6. Pitkänen T, Lyyara AL, Pulkkinen L. Age of onset of drinking and the use of alcohol in adulthood: a follow up study from age 8-42 for females and males. Addiction 2005; 100(5):652-661.-77. Spear LP. Adolescent alcohol exposure: are there separable vulnerable periods within adolescence? Physiology e behavior 2015; 148:122-130..
O álcool tem sido a principal substância consumida de forma abusiva entre os adolescentes11. Galduróz JCF, Sanchez ZVM, Opaleye ES, Noto AR, Fonseca AM, Gomes PLS. Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileiras. Rev Saude Publica 2010; 44(2):267-273.,22. Galduróz JFC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Unifesp 2004; 17(1):1-503.,88. Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM, Barreto SM. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar. Rev Bras Epidemio 2011; 14(1):136-146.,99. Madruga CS, Laranjeira R, Caetano R, Pinsky I, Zaleski M, Ferri CP. Use of licit and illicit substances among adolescents in Brazil — A national survey. Addictive Behaviors 2012; 37(10):1171-1175.. Apesar do consumo de tais bebidas no, Brasil, ser permitido legalmente apenas após os 18 anos1010. Brasil. Lei 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do Par. 4° do Art. 220 da Constituição Federal. Diário Oficial da União 1996; 16 jul., aproximadamente 41,3% dos adolescentes brasileiros, com idades entre 13 e 15 anos, relataram consumo de álcool, de acordo com o Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas realizado em 20101111. Pinsky I, Sanchez M, Zaleski M, Laranjeira R, Caetano R. Patterns of alcohol use among Brazilian adolescents. Rev Bras Psiquiatria 2010; 32(3):242-249..
A idade média em que os adolescentes brasileiros dão início ao consumo é de 10 anos1212. Paiva PC, Paiva HN, Oliveira Filho PM, Lamounier JA, Ferreira RC, Ferreira EF, Zarzar PM. Prevalence of traumatic dental injuries and its association with binge drinking among 12-year-olds: a population-based study. Int J Paediatr Dent 2015; 25(4):239-247.,1313. Reis TG, Oliveira LCM. Padrão de consumo de álcool e fatores associados entre adolescentes estudantes de escolas públicas em município do interior brasileiro. Rev. bras. Epidemiol 2015; 18(1):13-24.. A precocidade do hábito tem sido apontada em diversos estudos, como sendo um importante preditor para o consumo abusivo e dependência na maioridade1414. Ehlers CL, Slutske WS, Gilder DA, Lau P, Wilhelmsen KC. Age at first intoxication and alcohol use disorders in Southwest California Indians. Alcohol Clin Exp Res 2006; 30(11):1856-1865.
15. Dawson DA, Goldstein RB, Patricia CS, June RW, Grant BF. Age at first drink and the first incidence of adult-onset DSM-IV alcohol use disorders. Alcohol Clin Exp Res 2008; 32(12):2149-2160.
16. Helms CM, Rau A, Shaw J, Stull C, Gonzales SW, Grant KA. The effects of age at the onset of drinking to intoxication and chronic ethanol self-administration in male rhesus macaques. Psychopharmacology 2014; 231(8):1853-1861.-1717. Morean ME, Kong G, Camenga DR, Cavallo DA, Connell C, Krishnan-arin S. First drink to first drunk: age of onset and delay to intoxication are associated with adolescent alcohol use and binge drinking. Alcohol Clin Exp Res 2014; 38(10):2615-2621.. Hingson et al.1818. Hingson RW, Heeren T, Winter MR. Age at drinking onset and alcohol dependence: age at onset, duration, and severity. Arch Pediatr Adolesc Med 2006; 160(7):739-746. relataram que adolescentes, que haviam iniciado o consumo de álcool aos 14 anos, tinham 1.78 vezes mais chances de desenvolver a dependência quando comparados àqueles que tinham iniciado o consumo aos 21 anos. Adolescentes de 13 anos, que relataram ter feito o consumo de bebidas alcoólicas até o estágio de intoxicação, possuíam 3 vezes mais chances de desenvolver a dependência, quando comparados aos que sofreram intoxicação com 19 anos ou mais, segundo estes mesmos autores. O consumo de álcool por pais e amigos, bem como fatores sociodemográficos referentes à escolaridade materna e condição sociodemográfica, também estariam positivamente associados ao ato de beber em “binge” por parte dos adolescentes1919. Campos JADB, Almeida JC, Garcia PPNS, Faria JB. Consumo de álcool entre estudantes do ensino médio do município de Passos - MG. Cien Saude Colet 2011; 16(12):4745-4754.
20. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268.
21. Sanchez ZM, Santos MG, Pereira AP, Nappo SA, Carlini EA, Carlini CM, Martins SS. Childhood alcohol use may predict adolescent binge drinking: A multivariate analysis among adolescents in Brazil. J Pediatr 2013; 163(2):363-368.-2222. Sanchez ZM, Locatelli DP, Noto AR, Martins SS. Binge drinking among brazilian students: A gradient of association with socioeconomic status in five geo-economic regions. Drug and Alcohol Dependence 2014; 127(3):87-93..
Diante deste quadro, algumas pesquisas têm sido desenvolvidas com objetivo de identificar fatores que possam estar associados à proteção do individuo contra o consumo de álcool e outras drogas2323. Foster DW, Quist MC, Young CM, Bryan JL, Nguyen ML, Neighbors C. Benefit finding as a moderator of the relationship between spirituality/religiosity and drinking. Addictive behaviors 2013; 38(11):2647-2652.
24. Hanson GR. New vistas in Drug Abuse Prevention. Nida Notes 2002, 16(6):3-7.
25. Sanchez ZM, Opaleye ES, Chaves TV, Noto AR, Nappo SA. God forbids or mom disapproves? Religious beliefs that prevent drug use among youth. Journal of Adolescent Research 2011; 26(5):591-616.-2626. Wallace JMJR, Delva J, O'malley PM, Bachman JG, Schulenberg JE, Johnston LD, Stewart C. Race/ethnicity, religiosity and adolescent alcohol, cigarette and marijuana use. Soc work in public health 2007; 23(2-3):193-213.. Dentre estes, a religiosidade tem sido indicada como um dos principais2626. Wallace JMJR, Delva J, O'malley PM, Bachman JG, Schulenberg JE, Johnston LD, Stewart C. Race/ethnicity, religiosity and adolescent alcohol, cigarette and marijuana use. Soc work in public health 2007; 23(2-3):193-213.
27. Wray-Lake L, Maggs JL, Johnston LD, Bachman JG, O'Malley PM, Schulenberg JE. Associations between community attachments and adolescent substance use in nationally representative samples. Journal of Adolescent Health 2012; 51(4):325-331.-2828. Sanchez ZM, De Oliveira LG, Nappo SA. Religiosity as a protective factor against the use of drugs. Subst Use Misuse 2008; 43(10):1476-1486.. Estudos epidemiológicos têm mostrado que um alto nível de religiosidade está associado a menor prevalência do beber em “binge”2323. Foster DW, Quist MC, Young CM, Bryan JL, Nguyen ML, Neighbors C. Benefit finding as a moderator of the relationship between spirituality/religiosity and drinking. Addictive behaviors 2013; 38(11):2647-2652.,2929. Sanchez ZM, Oliveira LG, Nappo SA. Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com ênfase na religiosidade. Cien Saude Colet 2004; 9(1):43-55.. Entretanto, estes estudos ainda são incipientes e necessitam que outros estudos sejam desenvolvidos a fim de buscar uma melhor sedimentação e elucidação destas associações. Logo, o presente estudo busca investigar a prevalência do consumo em “binge” por parte dos adolescentes de 12 anos de idade da cidade de Diamantina, MG, e sua associação com a religiosidade, bem como fatores sociodemográficos e o consumo de álcool pelos pais e melhores amigos.
Métodos
O presente estudo epidemiológico transversal foi realizado entre os meses de fevereiro e abril de 2013, em Diamantina, município com aproximadamente 46.372 habitantes, localizado ao norte do estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil. O estudo foi um censo de 633 adolescentes de 12 anos de idade matriculados em escolas públicas e privadas, sendo 11 públicas e 02 privadas. Uma lista com os nomes, endereços das escolas e o número total de estudantes eleitos para a pesquisa, foi obtida a partir da Secretaria Municipal de Educação. Em dia previamente agendado foi realizada nas escolas a coleta de dados.
Considerações éticas
Este estudo foi submetido à análise e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), consoante às recomendações da Declaração de Helsinki. Após consentimento da direção das escolas, os participantes e seus pais/ responsáveis assinaram declarações de consentimento livre e esclarecido, sendo assegurados da confidencialidade e anonimato de suas respostas.
Estudo Piloto
O estudo piloto foi realizado numa região próxima a cidade de Diamantina, para testar a metodologia da pesquisa. As escolas foram selecionadas por conveniência. Participaram 101 adolescentes de 12 anos de idade provenientes de 2 escolas públicas e 1 particular. O estudo piloto foi realizado um ano antes do estudo principal, assim os alunos que participaram do piloto não fizeram parte do estudo principal. Não foram necessárias modificações na metodologia após os resultados do estudo piloto.
Variáveis
Avaliação do consumo em “binge” do álcool
A variável dependente analisada foi o consumo em “binge” do álcool. Para sua avaliação, utilizamos a versão curta do instrumento para identificação de problemas relacionados ao uso do álcool (AUDIT-C). O teste AUDIT-C foi validado no Brasil3030. Meneses-Gaya C1, Zuardi AW, Loureiro SR, Hallak JE, Trzesniak C, de Azevedo Marques JM, Machado-de-Sousa JP, Chagas MH, Souza RM, Crippa JA. Is the full version of the AUDIT really necessary? Study of the validity and internal construct of its abbreviated versions. Alcohol Clin Exp Res 2010; 34(8):1417-1424. visando identificar a frequência do consumo de álcool e o consumo em “binge”3131. Martins M, Santos MA, Pillon SC. Low-income families’ perceptions on the use of drugs by one of their members. Rev Latino-Am Enfermagem 2008; 16(2):293-298.. O AUDIT-C aplicado foi composto por três perguntas sobre a frequência e o consumo em “binge” do álcool: 1- Com que frequência você consumiu bebidas alcoólicas no último ano? (opções de resposta: nunca, uma vez por mês ou menos, 2-4 vezes por mês, 2-3 vezes por semana, 4 ou mais vezes por semana); 2- Quantas doses de álcool você consome num dia normal? (opções de resposta: 1, 2 ou 3, 4 ou 5, 6 ou 7, 8 ou mais vezes) e 3- Com que frequência você consome cinco ou mais doses em uma única ocasião? (opções de resposta: Nunca, menos que uma vez por mês, uma vez por mês, uma vez por semana, diariamente ou quase todos os dias). O consumo de álcool foi obtido a partir da Pergunta 1 e dicotomizada como 0 (nunca) ou 1 (para mensal a 4 ou mais vezes por semana). O consumo em “binge” foi obtido a partir da pergunta 3 e definido como consumo de cinco doses em uma única ocasião3232. Wechsler H, Nelson TF. Binge drinking and the American college student: what's five drinks? Psychol Addict Behav 2001; 15(4):287-291.. Para identificar o inicio do consumo do álcool, acrescentou-se a seguinte pergunta: Quantos anos você tinha quando experimentou bebidas alcoólicas pela primeira vez?3333. Sanchez ZM, Martins SS, Opaleye ES, Moura YG, Locatelli DP, Noto AR. Social factors associated to binge drinking: a cross-sectional survey among Brazilian students in private high schools. BMC Public Health 2011; 11(1):201-211.. A frequência do consumo de bebida alcoólica pelos pais e amigos também foi incluída no estudo a partir das perguntas: 1-Seu pai consome bebidas com álcool? (opções de resposta: 0-Não ou 1-sim); Sua mãe consome bebidas com álcool? (opções de resposta: 0-não ou 1-sim); Seu melhor amigo consome bebidas com álcool? (opções de resposta: 0-não ou 1-sim)3434. Chung T, Colby SM, Barnett NP, Monti PM. Alcohol Use Disorders Identification Test: Factor structure in an adolescent emergency department sample. Alcohol Clin Exp Res 2002; 26(2):223-231.,3535. Reinert DF, Allen JP. The Alcohol Use Disorders Identification Test: An update of research findings. Alcohol Clin Exp Res 2007; 31(2):185-189..
Religiosidade e condição socioeconômica
A principal variável independente analisada foi a religiosidade. Para tanto as seguintes perguntas utilizadas na literatura foram feitas: Você participou de atividades religiosas nos últimos seis meses? (opções de resposta: nunca, menos que uma vez, uma vez por mês, uma vez por semana, diariamente ou quase todos os dias); Você fez oração nos últimos seis meses? (opções de resposta: nunca, menos de uma vez por mês, uma vez por semana, diariamente ou quase todos os dias); e Qual é a importância da religião na sua vida? (opções de resposta: nenhuma, pouco importante, nem pouco nem muito importante ou muito importante)3636. Spears GV. Latent growth trajectories of substance use among pregnant and parenting adolescents. Psychol Addict Behav 2010; 24(2):322-332.
37. Arria AM, Vincent KMA, Caldeira K. Measuring liability for substance use disorder among college students: Implications for screening and early intervention. J. Drug Alcohol Abuse 2009; 35(4):233-241.-3838. Parsai MKS, Marsiglia FF. Parental monitoring, religious involvement and drug use among latino and non-latino youth in the southwestern United States. Br J Soc Work 2010; 40(1):100-114.. A condição socioeconômica foi avaliada através das variáveis: renda familiar (número de salários mínimos), tipo de escola (pública ou privada) e escolaridade da mãe (anos de estudo)2020. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268.
21. Sanchez ZM, Santos MG, Pereira AP, Nappo SA, Carlini EA, Carlini CM, Martins SS. Childhood alcohol use may predict adolescent binge drinking: A multivariate analysis among adolescents in Brazil. J Pediatr 2013; 163(2):363-368.-2222. Sanchez ZM, Locatelli DP, Noto AR, Martins SS. Binge drinking among brazilian students: A gradient of association with socioeconomic status in five geo-economic regions. Drug and Alcohol Dependence 2014; 127(3):87-93.. A renda familiar foi determinada com base na soma de todos os salários recebidos pelos residentes economicamente ativos da casa e categorizados com base no salário mínimo vigente no Brasil; o limiar foi a resposta média. A escolaridade materna foi definida como o número de anos de estudo, sendo utilizados sete anos de estudo como o ponto de corte; o limiar foi a resposta média. A renda mensal familiar e escolaridade da mãe foram tidas como indicadores de status socioeconómico do indivíduo devido à sua associação com o consumo em “binge” de álcool por adolescentes, relatado em diversos estudos1111. Pinsky I, Sanchez M, Zaleski M, Laranjeira R, Caetano R. Patterns of alcohol use among Brazilian adolescents. Rev Bras Psiquiatria 2010; 32(3):242-249.,2020. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268.,3939. Pratta EMM, Santos MA. Levantamento dos motivos e dos responsáveis pelo primeiro contato dos adolescentes do ensino médio com substâncias psicoativas. Rev Eletrônica Álcool e drogas 2006; 2(2):0.. As variáveis socioeconómicas foram coletadas através de um formulário preenchido pelos pais/ responsáveis, juntamente com o termo de consentimento livre esclarecido. O tipo de escola também foi utilizado como um indicador socioeconómico, apesar desta variável só permitir uma avaliação superficial, a maioria das escolas públicas brasileiras é conhecida por terem menores recursos educacionais quando comparadas às escolas privadas. Logo, os adolescentes mais ricos do Brasil estão matriculados em escolas privadas4040. Bendo CB, Scarpelli AC, Vale MP, Araújo ZPM. Correlation between socioeconomic indicators and traumatic dental injuries: a qualitative critical literature review. Dent Traumatol 2009; 25(4):420-425.. Os estudantes preencheram o questionário em sala de aula, com anuência prévia do professor. Em cada sala de aula, todas as perguntas foram lidas em voz alta, o que se justificou pela idade dos sujeitos que, embora alfabetizados, poderiam apresentar dificuldades de interpretação ou entendimento. Associada foi ainda, a vantagem de todos preencherem o questionário simultaneamente impedindo que as respostas pudessem ser influenciadas e que, ao final da leitura todos os estudantes terminassem o preenchimento juntos. Privacidade e confidencialidade foram asseguradas aos participantes4141. Oliveira FPM, Jorge KO, Ferreira EF, Ramos-Jorge ML, Tataounoff J, Zarzar PM. Association between dental trauma and alcohol use among adolescents. Dent Traumatol 2013; 29(5):372-377..
Análise estatística
Para a análise dos dados foi utilizado Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 19.0, para Windows, que incluiu a distribuição de frequência e testes de associação. A significância estatística para a associação entre o consumo em “binge” de álcool e as variáveis independentes (sexo, renda familiar, escolaridade materna, tipo de escola, consumo de álcool pelos pais e melhores amigos, importância da religião, participação em atividades religiosas e orações nos últimos 6 meses) na análise bivariada, foi determinado utilizando-se o teste do qui-quadrado com p < 0,05.
A variável dependente (consumo em “binge” de bebidas alcoólicas) e as variáveis independentes (religiosidade, consumo de álcool pelos responsáveis e amigos, e condição socioedemográfica) foram primeiramente incorporadas no modelo de regressão de Poisson com variância robusta. O critério para incluir outras variáveis independentes no modelo de análise múltipla foi a significância estatística com p < 0,20 na análise bivariada.
Resultados
Entre os 633 estudantes convidados, participaram 588 (92,9%). A perda de 4,6% (28) foi devido à recusa em participar por parte dos pais/ responsáveis ou dos próprios estudantes e 2,5% (n = 17), por dados incompletos ou incoerência das mesmas.
Entre todos os estudantes, verificou-se que 51,4% (302) eram do sexo feminino. A maioria (92,2%) estava matriculada em escolas públicas; 75,2% (n = 442) tinham uma renda familiar mensal de até três vezes o salário mínimo nacional; e a maioria das mães tinha mais de sete anos de escolaridade (n = 376; 63,9%).
As taxas de prevalência de consumo de álcool no último ano e consumo em “binge” de álcool foram 45,6% (n = 268) e 23,1% (n = 136), respectivamente. A idade média em que os estudantes relataram ter feito o primeiro consumo de bebidas alcoólicas foi de 10,76 anos, sendo que para outros estudantes de 12 anos (n= 31; 7,6%) o primeiro consumo de bebidas alcoólicas se deu entre os 8 e 9 anos de idade.
Quando questionados sobre a participação em atividades religiosas nos últimos 6 meses, o estudo demonstrou que 90 (15,3%) estudantes não haviam participado de tais atividades, enquanto 498 (88,7%) afirmaram já ter participado. Ao considerarmos a importância da religião para a vida, 68 (11,6%) estudantes relataram que a religião não possui nenhuma importância, ao passo que 520 (88,4%) consideraram-na pouco importante a muito importante. Em relação à frequência de oração nos últimos 6 meses, 173 (29,4%) estudantes disseram não ter feito, enquanto outros 415 (70,6%) oraram uma vez por mês ou diariamente.
Pela análise bivariada verificou-se que o consumo em “binge” associou-se ao sexo masculino (p = 0,012) e aqueles com mães de maior escolaridade (p = 0,017). Estudantes que relataram não consumir bebidas alcoólicas em “binge” estiveram associados com relato de maior participação em atividades religiosas (p < 0,001) assim como ter feito oração nos últimos 6 meses (p = 0.002). Ao considerarmos o uso de bebidas por pais e amigos, verificou-se que o fato do melhor amigo beber esteve associado com o consumo e “binge” pelos escolares (p < 0.001) (Tabela 1)
Distribuição da amostra de acordo com a variável dependente (beber em “binge”) e variáveis independentes; Diamantina, Minas Gerais, Brasil, 2015 (n = 588)
No modelo de regressão de Poisson com variância robusta, a participação em atividades religiosas esteve associada com o não consumo em “binge” de bebidas alcoólicas pelos estudantes (RP = 0,823; 95% IC: 0,717 – 0,945); e consumo de bebidas alcoólicas pelo melhor amigo esteve associado com o consumo em “binge” de bebidas alcoólicas por estes estudantes (RP = 1.554; 95% IC: 1,411-1,711) (Tabela 2).
Resultados da análise de regressão de Poisson com variância robusta da variável dependente (beber em “binge”) e variáveis independentes entre adolescentes (n = 588), Diamantina/ MG, Brasil, 2015.
Discussão
As bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais utilizadas pelos adolescentes4242. Galduróz JFC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Unifesp 2004; 17(1):1-503.. Beber na adolescência se constitui em um importante ritual de sociabilidade, bem como representa um momento aprazível, de maneira que esse período costuma ser aquele em que se bebe mais em quantidade e frequência4343. Franch M. Um brinde à vida: reflexões sobre violência, juventude e redução de danos no Brasil. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.. No presente estudo, a taxa de prevalência do consumo de álcool (45,6%) foi semelhante à encontrada em estudos multicêntricos realizados no Brasil no ano de 2001 (48,5%)4444. Galduróz JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini CM, Oliveira LG. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do País-2005. São Paulo: Página e Letras Unifesp; 2007; p. 1-472.. Ao analisarmos o consumo em “binge” (23,1%) observamos uma menor prevalência quando comparado a estudos feitos em Belo Horizonte, Minas Gerais (36,0%)2020. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268. e no Brasil (35,0%)2525. Sanchez ZM, Opaleye ES, Chaves TV, Noto AR, Nappo SA. God forbids or mom disapproves? Religious beliefs that prevent drug use among youth. Journal of Adolescent Research 2011; 26(5):591-616., entretanto, estes estudos apresentaram faixa etárias mais amplas. Apesar do comercio de bebidas alcoólicas no Brasil ser proibido por lei a indivíduos menores de 18 anos1010. Brasil. Lei 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do Par. 4° do Art. 220 da Constituição Federal. Diário Oficial da União 1996; 16 jul., seu consumo parece um tanto quanto banalizado na sociedade, estando culturalmente associado à diversão. Contudo, diversas pesquisas mostram que beber em “binge” é um comportamento de risco não apenas pela possiblidade de intoxicação e morte, mas também por sua associação com taxas mais elevadas de acidentes no trânsito4545. Zhao G, Wu C, Houston RJ, Creager W. The effects of binge drinking and socio-economic status on sober driving behavior. Traffic Inj. Prev 2010; 11(4):342-352., mau desempenho escolar e maior possibilidade de dependência4646. Pitkänen T, Lyyra A, Pulkkinen L. Age of onset of drinking and the use of alcohol in adulthood: a follow-up study from age 8-42 for females and males. Addiction 2005; 100(5):652-666..
O uso precoce do álcool tem sido apontado como importante preditor para o consumo problemático na maioridade1414. Ehlers CL, Slutske WS, Gilder DA, Lau P, Wilhelmsen KC. Age at first intoxication and alcohol use disorders in Southwest California Indians. Alcohol Clin Exp Res 2006; 30(11):1856-1865.,1616. Helms CM, Rau A, Shaw J, Stull C, Gonzales SW, Grant KA. The effects of age at the onset of drinking to intoxication and chronic ethanol self-administration in male rhesus macaques. Psychopharmacology 2014; 231(8):1853-1861.,1717. Morean ME, Kong G, Camenga DR, Cavallo DA, Connell C, Krishnan-arin S. First drink to first drunk: age of onset and delay to intoxication are associated with adolescent alcohol use and binge drinking. Alcohol Clin Exp Res 2014; 38(10):2615-2621.. Dawson et al.1515. Dawson DA, Goldstein RB, Patricia CS, June RW, Grant BF. Age at first drink and the first incidence of adult-onset DSM-IV alcohol use disorders. Alcohol Clin Exp Res 2008; 32(12):2149-2160., em seu trabalho longitudinal realizado nos EUA, observaram que adolescentes, que começaram a beber antes dos quinze anos de idade, foram significativamente mais propensos a se tornarem dependentes na vida adulta, em comparação aos que fizeram seu primeiro consumo tardiamente aos 18 anos (RP = 1,38, p = 0,047). Na presente amostra, 7,6% dos estudantes relataram primeiro consumo entre 8 e 9 anos de idade, ademais 29,7% dos que relataram beber em “binge” disseram tê-lo feito aos 10 anos de idade. Quanto mais precoce o contato com o álcool, mais o indivíduo se torna vulnerável à dependência, passível de alterações no desenvolvimento normal do cérebro e incapaz de realizar tarefas específicas para a idade3636. Spears GV. Latent growth trajectories of substance use among pregnant and parenting adolescents. Psychol Addict Behav 2010; 24(2):322-332..
No presente estudo, o consumo em “binge” de bebidas alcoólicas pelos adolescentes participantes não esteve associado estatisticamente ao sexo. Estudos apontam que episódios de embriaguez88. Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM, Barreto SM. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar. Rev Bras Epidemio 2011; 14(1):136-146. oferecem maior risco de consumo de bebidas alcoólicas1919. Campos JADB, Almeida JC, Garcia PPNS, Faria JB. Consumo de álcool entre estudantes do ensino médio do município de Passos - MG. Cien Saude Colet 2011; 16(12):4745-4754. e consumo regular de bebidas4747. Fraga S, Sousa S, Ramos E, Dias S, Barros H. Alcohol use among 13-year-old adolescents: associated factors and perceptions. Public Health 2011; 125(7):448-456. e são mais frequentes entre meninos. Entretanto, diversos trabalhos têm mostrado um consumo correspondente para ambos os sexos ou mais elevado para o feminino88. Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM, Barreto SM. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar. Rev Bras Epidemio 2011; 14(1):136-146.,1313. Reis TG, Oliveira LCM. Padrão de consumo de álcool e fatores associados entre adolescentes estudantes de escolas públicas em município do interior brasileiro. Rev. bras. Epidemiol 2015; 18(1):13-24.,4848. Vieira PC, De Castro ADRG, Freddo SL, Bittencourt A, Monteiro L. Uso de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes escolares em município do Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2008; 4(11):2487-2498.. Atualmente, o comportamento feminino tem-se mostrado muito semelhante ao masculino no que se refere a comportamentos de riscos, principalmente na adolescência. Este fato pode se justificar em virtude da busca pela aceitação como parte integrante de um grupo de iguais, podendo levar a adolescente a adotar modos concernentes àquele grupo4848. Vieira PC, De Castro ADRG, Freddo SL, Bittencourt A, Monteiro L. Uso de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes escolares em município do Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2008; 4(11):2487-2498.. Historicamente, sabe-se que desde o final do século XVIII, a igualdade de direitos e oportunidades reivindicados pelas mulheres, tem revolucionado a sociedade4949. Bezerra TCE. Mulheres e Políticas Públicas: uma análise sob a ótica das lutas pela construção da cidadania. O público e o privado 2012; (8):149-161.. Acreditando que o uso de bebidas é afetado por definições culturais5050. Neves DP. Alcoholism: indictment or diagnosis? Cad Saude Publica 2004; 20(1):7-14., observa-se que a conduta contemporânea feminina de se igualar aos homens, inclusive no ato de beber, tem refletido uma mudança cultural entre os gêneros vivenciado na atualidade5151. Moreno RS, Ventura RN, Bretas JRS. O uso de Álcool e Tabaco por Adolescentes do Município de Embu, São Paulo, Brasil. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2010; 44(4):969-977.,5252. Strauch ES, Pinheiro RT, Silva RA, Horta BL. Uso de álcool por adolescentes: estudo de base populacional. Rev Saude Publica 2009; 43(4):647-655.. Apesar deste consumo não se tratar de um comportamento “tipicamente masculino”, de acordo com os resultados obtidos no presente estudo, observa-se que para a sociedade o consumo abusivo de álcool pelos homens provoca deterioração física e moral no cuidado de si e de sua família, enquanto que para as mulheres este consumo revela aquela que, de maneira não “honesta”, descumpre seu papel de esposa, trabalhadora e mãe que cuida dos filhos e zela pela ordem da casa, evidenciando a demarcação de gêneros5353. Campos EA, Reis JG. Representations on the use of alcohol among women undergoing treatment at a reference center in the city of São Paulo, Brazil. Interface (Botucatu) 2010; 14(34):539-550..
Considerando o consumo em “binge” de álcool e status socioeconômico da família, a literatura mostra resultados conflitantes. Alguns pesquisadores apontam que o consumo em “binge” está positivamente associado com maior status socioeconômico5454. Almeida-filho N, Lessa I, Magalhães L, Araújo M, Aquino E, Kawachi I, James S. Alcohol drinking patterns by gender, ethnicity, and social class in Bahia, Brazil. Rev Saude Publica 2004; 38(1):45-54.,5555. Humensky JL. Are adolescents with high socioeconomic status more likely to engage in alcohol and illicit drug use in early adulthood? Substance abuse treatment, prevention, and policy 2010; 5(19):5-19., enquanto outros salientam maior prevalência do consumo quando menor o status1111. Pinsky I, Sanchez M, Zaleski M, Laranjeira R, Caetano R. Patterns of alcohol use among Brazilian adolescents. Rev Bras Psiquiatria 2010; 32(3):242-249.,5656. Mendoza-Sassi RA, Béria JU. Prevalence of alcohol use disorders and associated factors: a population-based study using AUDIT in southern Brazil. Addiction 2003; 98(6):799-804.. Nossos resultados indicam que não houve associação estatisticamente significante entre a escolaridade da mãe e o consumo em “binge” por seus filhos. Fatores tais como cultura e religiosidade possivelmente se conjugam com as varáveis renda e escolaridade influenciando de forma complexa o perfil de consumo de bebidas alcoólicas em uma população. A avaliação da influência destes fatores socioeconômicos sobre comportamentos, em países que se encontram em desenvolvimento como o Brasil, se torna mais complexa, uma vez que o acréscimo de anos de escolaridade pode ter um efeito diminuto no aumento da renda5757. Ferreira LN, Sales ZN, Casotti CA, Júnior JPB, Júnior ACRB. Perfil do consumo de bebidas alcoólicas e fatores associados em um município do nordeste do Brasil. Cad Saude Publica 2011; 27(8):1473-1486.. A associação entre “binge drinking” e condição socioeconômica ainda é contraditória, sendo importante salientar a existência de trabalhos que não apontam tal associação5858. Lundborg P. Social capital and substance use among swedish ado le scents-an explorative study. Social Sci Med 2005; 61(6):1151-1158.,5959. Barros M, Botega N, Dalgalarrondo P, Marín-Léon L, Oliveira H. Prevalence of alcohol abuse and associated factors in a population-based study. Rev Saude Publica 2007; 41(4):502-509..
Apesar de a adolescência ser o período associado ao inicio do consumo de bebidas alcoólicas88. Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM, Barreto SM. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar. Rev Bras Epidemio 2011; 14(1):136-146., diversos fatores ditos como protetores, podem contribuir para o não envolvimento do individuo. De acordo com levantamento feito por Hanson2424. Hanson GR. New vistas in Drug Abuse Prevention. Nida Notes 2002, 16(6):3-7. constituem-se como principais fatores de proteção: família, devido construção de laços afetivos e monitoramento das amizades e atividades, forte envolvimento com atividades escolares e/ou religiosas e disponibilidade de informações. A religiosidade tem se tornado objeto de crescente interesse para pesquisa. Estudos investigando as relações entre o envolvimento religioso e o beber em “binge” indicam uma associação positiva entre o maior envolvimento nas atividades religiosas e o menor consumo2323. Foster DW, Quist MC, Young CM, Bryan JL, Nguyen ML, Neighbors C. Benefit finding as a moderator of the relationship between spirituality/religiosity and drinking. Addictive behaviors 2013; 38(11):2647-2652.,2929. Sanchez ZM, Oliveira LG, Nappo SA. Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com ênfase na religiosidade. Cien Saude Colet 2004; 9(1):43-55.,6060. Lucchetti G, Koenig HG, Pinsky I, Laranjeira R, Vallada H. Religious beliefs and alcohol control policies: a Brazilian nationwide study. Revista Brasileira de Psiquiatria 2014; 36(1):4-10.. Além do que, associa-se a um menor risco de depressão e suicídio, redução da taxa de mortalidade e melhor qualidade de vida6161. Moreira-Almeida A, Latufo Neto F, Koenig HG. Religiousness and mental health: a review. Rev Bras Psiquiatria 2006; 28(3):242-250.. Fortemente conectada com o cuidado com a saúde está à participação em atividades religiosas. Em nosso estudo observou-se que esta ação esteve negativamente associada ao ato de beber em “binge”. Ao estar envolvido em atividades religiosas, o adolescente ocupa seu tempo e passa a receber ensinamentos a respeito de conduta e conceitos morais que desencorajam o uso de bebidas alcoólicas e aumentam a fé2525. Sanchez ZM, Opaleye ES, Chaves TV, Noto AR, Nappo SA. God forbids or mom disapproves? Religious beliefs that prevent drug use among youth. Journal of Adolescent Research 2011; 26(5):591-616.. Alguns autores sugerem que os ensinamentos religiosos funcionam como fator de proteção ao exercer uma influência direta sobre a família, personalidade do individuo ou trazendo valores referentes à santidade da vida2828. Sanchez ZM, De Oliveira LG, Nappo SA. Religiosity as a protective factor against the use of drugs. Subst Use Misuse 2008; 43(10):1476-1486.,6262. King MB, Koenig HG. Conceptualising spirituality for medical research and health service provision. BMC Health Services Research 2009; 13(9):1-7.,6363. Geppert C, Bogenschutz MP, Miller WR. Development of a bibliography on religion, spirituality and addictions. Drug Alcohol Rev 2007; 26(4):389-395.. A percepção de responsabilidade pessoal sobre o cuidado físico e mental que a religiosidade traz coopera para que o praticante tenha uma postura de autocontrole quanto ao uso do álcool e outras drogas2323. Foster DW, Quist MC, Young CM, Bryan JL, Nguyen ML, Neighbors C. Benefit finding as a moderator of the relationship between spirituality/religiosity and drinking. Addictive behaviors 2013; 38(11):2647-2652.,6464. Stylianou S. The role of religiosity in the opposition to drug use. Int J Offender Ther Comp Criminol 2004; 48(4):429-448..
Quando analisamos o papel fundamental que os amigos exercem no comportamento individual, sabe-se que esses são grandes influenciadores para o consumo6565. Valente T, Ritt-Olson A, Stacy A, Unger J, Okamoto J, Sussman S. Peer acceleration: effects of a social network tailored substance abuse prevention program among high-risk adolescents. Addiction 2007; 102(11): 1804-1815.. Conviver com amigos que consomem bebidas alcoólicas é um fator que predispõe ao uso. Através da análise múltipla, observamos que o consumo de bebidas alcoólicas pelo melhor amigo esteve associado estatiscamente com o consumo em “binge” pelos estudantes. Frequentemente, o primeiro consumo alcoólico se dá em festas, onde as bebidas ingeridas são oferecidas por amigos e utilizadas como meio de socialização4848. Vieira PC, De Castro ADRG, Freddo SL, Bittencourt A, Monteiro L. Uso de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes escolares em município do Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2008; 4(11):2487-2498.. Nesta perspectiva observa-se, segundo estudos feitos por Sanchez et al.2525. Sanchez ZM, Opaleye ES, Chaves TV, Noto AR, Nappo SA. God forbids or mom disapproves? Religious beliefs that prevent drug use among youth. Journal of Adolescent Research 2011; 26(5):591-616. e Zarzar et al.2020. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268., que amizades desenvolvidas em ambientes religiosos com pessoas que têm por hábito não beberem em “binge” favorecem um estilo de vida de menor risco. Através das redes de amigos, comportamentos saudáveis podem ser compartilhados. Nas escolas, ambiente de regras comuns, metas e valores que visam à vida, também pode atenuar o risco do consumo elevado de álcool6565. Valente T, Ritt-Olson A, Stacy A, Unger J, Okamoto J, Sussman S. Peer acceleration: effects of a social network tailored substance abuse prevention program among high-risk adolescents. Addiction 2007; 102(11): 1804-1815.. Entretanto, Zarzar et al.2020. Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268. salientam que, as melhores amizades, quando desenvolvidas no seio da igreja, exercem fator de proteção contra o consumo em “binge” do álcool.
Entre as limitações deste estudo incluem-se seu delineamento transversal, que não permite estabelecer a direção causa-efeito, mas possibilita concluir a existência ou não de associações entre as variáveis analisadas. O uso de questionários facilita a omissão de informações, porém, por serem anônimos, deixam o participante com mais liberdade para responder questões pessoais. Foram avaliados os estudantes que estavam presentes na sala de aula e que concordaram em participar do estudo, logo os resultados podem não refletir o que acontece com aqueles que faltaram ou evadiram a escola e com os não matriculados.
Estudos longitudinais que estudem a religiosidade e outros fatores que possam atuar como fator de proteção a comportamentos de riscos são de extrema relevância para que novas estratégias possam ser pensadas e discutidas para promoção da saúde entre os adolescentes.
Conclusão
Observou-se alta prevalência de consumo em “binge” de bebidas alcoólicas pelos adolescentes de 12 anos participantes deste estudo. A participação dos adolescentes do presente estudo em atividades religiosas, apresentou-se como possível fator de proteção ao consumo em “binge” de bebidas alcoólicas. O consumo bebidas alcoólicas pelo melhor amigo foi identificado como possível fator de risco ao consumo em “binge” de álcool pelos adolescentes.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo suporte financeiro.
Referências
- 1Galduróz JCF, Sanchez ZVM, Opaleye ES, Noto AR, Fonseca AM, Gomes PLS. Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileiras. Rev Saude Publica 2010; 44(2):267-273.
- 2Galduróz JFC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Unifesp 2004; 17(1):1-503.
- 3World Health Organization (WHO). Global status report on alcohol and health-2014. Geneva: WHO; 2004.
- 4Carlini EA, Galduróz JC, Noto AR, Carlini CM, Oliveira LG, Nappo SA. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país. São Paulo: Cebrid/Unifesp; 2002.
- 5Silveira CM, Silveira CC, Silva JG, Silveira LM, Andrade AG, Andrade LHSG. Epidemiologia do beber pesado e beber pesado episódico no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Rev Psiq Clin 2008; 35(1):31-38.
- 6Pitkänen T, Lyyara AL, Pulkkinen L. Age of onset of drinking and the use of alcohol in adulthood: a follow up study from age 8-42 for females and males. Addiction 2005; 100(5):652-661.
- 7Spear LP. Adolescent alcohol exposure: are there separable vulnerable periods within adolescence? Physiology e behavior 2015; 148:122-130.
- 8Malta DC, Mascarenhas MDM, Porto DL, Duarte EA, Sardinha LM, Barreto SM. Prevalência do consumo de álcool e drogas entre adolescentes: análise dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar. Rev Bras Epidemio 2011; 14(1):136-146.
- 9Madruga CS, Laranjeira R, Caetano R, Pinsky I, Zaleski M, Ferri CP. Use of licit and illicit substances among adolescents in Brazil — A national survey. Addictive Behaviors 2012; 37(10):1171-1175.
- 10Brasil. Lei 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do Par. 4° do Art. 220 da Constituição Federal. Diário Oficial da União 1996; 16 jul.
- 11Pinsky I, Sanchez M, Zaleski M, Laranjeira R, Caetano R. Patterns of alcohol use among Brazilian adolescents. Rev Bras Psiquiatria 2010; 32(3):242-249.
- 12Paiva PC, Paiva HN, Oliveira Filho PM, Lamounier JA, Ferreira RC, Ferreira EF, Zarzar PM. Prevalence of traumatic dental injuries and its association with binge drinking among 12-year-olds: a population-based study. Int J Paediatr Dent 2015; 25(4):239-247.
- 13Reis TG, Oliveira LCM. Padrão de consumo de álcool e fatores associados entre adolescentes estudantes de escolas públicas em município do interior brasileiro. Rev. bras. Epidemiol 2015; 18(1):13-24.
- 14Ehlers CL, Slutske WS, Gilder DA, Lau P, Wilhelmsen KC. Age at first intoxication and alcohol use disorders in Southwest California Indians. Alcohol Clin Exp Res 2006; 30(11):1856-1865.
- 15Dawson DA, Goldstein RB, Patricia CS, June RW, Grant BF. Age at first drink and the first incidence of adult-onset DSM-IV alcohol use disorders. Alcohol Clin Exp Res 2008; 32(12):2149-2160.
- 16Helms CM, Rau A, Shaw J, Stull C, Gonzales SW, Grant KA. The effects of age at the onset of drinking to intoxication and chronic ethanol self-administration in male rhesus macaques. Psychopharmacology 2014; 231(8):1853-1861.
- 17Morean ME, Kong G, Camenga DR, Cavallo DA, Connell C, Krishnan-arin S. First drink to first drunk: age of onset and delay to intoxication are associated with adolescent alcohol use and binge drinking. Alcohol Clin Exp Res 2014; 38(10):2615-2621.
- 18Hingson RW, Heeren T, Winter MR. Age at drinking onset and alcohol dependence: age at onset, duration, and severity. Arch Pediatr Adolesc Med 2006; 160(7):739-746.
- 19Campos JADB, Almeida JC, Garcia PPNS, Faria JB. Consumo de álcool entre estudantes do ensino médio do município de Passos - MG. Cien Saude Colet 2011; 16(12):4745-4754.
- 20Zarzar PM, Jorge KO, Oksanen T, Vale MP, Ferreira EF, Kawachi I. Association between binge drinking, type of friends and gender: a cross-sectional study among Brazilian adolescents. BMC Public Health 2012; 12(1):257-268.
- 21Sanchez ZM, Santos MG, Pereira AP, Nappo SA, Carlini EA, Carlini CM, Martins SS. Childhood alcohol use may predict adolescent binge drinking: A multivariate analysis among adolescents in Brazil. J Pediatr 2013; 163(2):363-368.
- 22Sanchez ZM, Locatelli DP, Noto AR, Martins SS. Binge drinking among brazilian students: A gradient of association with socioeconomic status in five geo-economic regions. Drug and Alcohol Dependence 2014; 127(3):87-93.
- 23Foster DW, Quist MC, Young CM, Bryan JL, Nguyen ML, Neighbors C. Benefit finding as a moderator of the relationship between spirituality/religiosity and drinking. Addictive behaviors 2013; 38(11):2647-2652.
- 24Hanson GR. New vistas in Drug Abuse Prevention. Nida Notes 2002, 16(6):3-7.
- 25Sanchez ZM, Opaleye ES, Chaves TV, Noto AR, Nappo SA. God forbids or mom disapproves? Religious beliefs that prevent drug use among youth. Journal of Adolescent Research 2011; 26(5):591-616.
- 26Wallace JMJR, Delva J, O'malley PM, Bachman JG, Schulenberg JE, Johnston LD, Stewart C. Race/ethnicity, religiosity and adolescent alcohol, cigarette and marijuana use. Soc work in public health 2007; 23(2-3):193-213.
- 27Wray-Lake L, Maggs JL, Johnston LD, Bachman JG, O'Malley PM, Schulenberg JE. Associations between community attachments and adolescent substance use in nationally representative samples. Journal of Adolescent Health 2012; 51(4):325-331.
- 28Sanchez ZM, De Oliveira LG, Nappo SA. Religiosity as a protective factor against the use of drugs. Subst Use Misuse 2008; 43(10):1476-1486.
- 29Sanchez ZM, Oliveira LG, Nappo SA. Fatores protetores de adolescentes contra o uso de drogas com ênfase na religiosidade. Cien Saude Colet 2004; 9(1):43-55.
- 30Meneses-Gaya C1, Zuardi AW, Loureiro SR, Hallak JE, Trzesniak C, de Azevedo Marques JM, Machado-de-Sousa JP, Chagas MH, Souza RM, Crippa JA. Is the full version of the AUDIT really necessary? Study of the validity and internal construct of its abbreviated versions. Alcohol Clin Exp Res 2010; 34(8):1417-1424.
- 31Martins M, Santos MA, Pillon SC. Low-income families’ perceptions on the use of drugs by one of their members. Rev Latino-Am Enfermagem 2008; 16(2):293-298.
- 32Wechsler H, Nelson TF. Binge drinking and the American college student: what's five drinks? Psychol Addict Behav 2001; 15(4):287-291.
- 33Sanchez ZM, Martins SS, Opaleye ES, Moura YG, Locatelli DP, Noto AR. Social factors associated to binge drinking: a cross-sectional survey among Brazilian students in private high schools. BMC Public Health 2011; 11(1):201-211.
- 34Chung T, Colby SM, Barnett NP, Monti PM. Alcohol Use Disorders Identification Test: Factor structure in an adolescent emergency department sample. Alcohol Clin Exp Res 2002; 26(2):223-231.
- 35Reinert DF, Allen JP. The Alcohol Use Disorders Identification Test: An update of research findings. Alcohol Clin Exp Res 2007; 31(2):185-189.
- 36Spears GV. Latent growth trajectories of substance use among pregnant and parenting adolescents. Psychol Addict Behav 2010; 24(2):322-332.
- 37Arria AM, Vincent KMA, Caldeira K. Measuring liability for substance use disorder among college students: Implications for screening and early intervention. J. Drug Alcohol Abuse 2009; 35(4):233-241.
- 38Parsai MKS, Marsiglia FF. Parental monitoring, religious involvement and drug use among latino and non-latino youth in the southwestern United States. Br J Soc Work 2010; 40(1):100-114.
- 39Pratta EMM, Santos MA. Levantamento dos motivos e dos responsáveis pelo primeiro contato dos adolescentes do ensino médio com substâncias psicoativas. Rev Eletrônica Álcool e drogas 2006; 2(2):0.
- 40Bendo CB, Scarpelli AC, Vale MP, Araújo ZPM. Correlation between socioeconomic indicators and traumatic dental injuries: a qualitative critical literature review. Dent Traumatol 2009; 25(4):420-425.
- 41Oliveira FPM, Jorge KO, Ferreira EF, Ramos-Jorge ML, Tataounoff J, Zarzar PM. Association between dental trauma and alcohol use among adolescents. Dent Traumatol 2013; 29(5):372-377.
- 42Galduróz JFC, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Unifesp 2004; 17(1):1-503.
- 43Franch M. Um brinde à vida: reflexões sobre violência, juventude e redução de danos no Brasil. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
- 44Galduróz JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini CM, Oliveira LG. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do País-2005. São Paulo: Página e Letras Unifesp; 2007; p. 1-472.
- 45Zhao G, Wu C, Houston RJ, Creager W. The effects of binge drinking and socio-economic status on sober driving behavior. Traffic Inj. Prev 2010; 11(4):342-352.
- 46Pitkänen T, Lyyra A, Pulkkinen L. Age of onset of drinking and the use of alcohol in adulthood: a follow-up study from age 8-42 for females and males. Addiction 2005; 100(5):652-666.
- 47Fraga S, Sousa S, Ramos E, Dias S, Barros H. Alcohol use among 13-year-old adolescents: associated factors and perceptions. Public Health 2011; 125(7):448-456.
- 48Vieira PC, De Castro ADRG, Freddo SL, Bittencourt A, Monteiro L. Uso de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes escolares em município do Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2008; 4(11):2487-2498.
- 49Bezerra TCE. Mulheres e Políticas Públicas: uma análise sob a ótica das lutas pela construção da cidadania. O público e o privado 2012; (8):149-161.
- 50Neves DP. Alcoholism: indictment or diagnosis? Cad Saude Publica 2004; 20(1):7-14.
- 51Moreno RS, Ventura RN, Bretas JRS. O uso de Álcool e Tabaco por Adolescentes do Município de Embu, São Paulo, Brasil. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2010; 44(4):969-977.
- 52Strauch ES, Pinheiro RT, Silva RA, Horta BL. Uso de álcool por adolescentes: estudo de base populacional. Rev Saude Publica 2009; 43(4):647-655.
- 53Campos EA, Reis JG. Representations on the use of alcohol among women undergoing treatment at a reference center in the city of São Paulo, Brazil. Interface (Botucatu) 2010; 14(34):539-550.
- 54Almeida-filho N, Lessa I, Magalhães L, Araújo M, Aquino E, Kawachi I, James S. Alcohol drinking patterns by gender, ethnicity, and social class in Bahia, Brazil. Rev Saude Publica 2004; 38(1):45-54.
- 55Humensky JL. Are adolescents with high socioeconomic status more likely to engage in alcohol and illicit drug use in early adulthood? Substance abuse treatment, prevention, and policy 2010; 5(19):5-19.
- 56Mendoza-Sassi RA, Béria JU. Prevalence of alcohol use disorders and associated factors: a population-based study using AUDIT in southern Brazil. Addiction 2003; 98(6):799-804.
- 57Ferreira LN, Sales ZN, Casotti CA, Júnior JPB, Júnior ACRB. Perfil do consumo de bebidas alcoólicas e fatores associados em um município do nordeste do Brasil. Cad Saude Publica 2011; 27(8):1473-1486.
- 58Lundborg P. Social capital and substance use among swedish ado le scents-an explorative study. Social Sci Med 2005; 61(6):1151-1158.
- 59Barros M, Botega N, Dalgalarrondo P, Marín-Léon L, Oliveira H. Prevalence of alcohol abuse and associated factors in a population-based study. Rev Saude Publica 2007; 41(4):502-509.
- 60Lucchetti G, Koenig HG, Pinsky I, Laranjeira R, Vallada H. Religious beliefs and alcohol control policies: a Brazilian nationwide study. Revista Brasileira de Psiquiatria 2014; 36(1):4-10.
- 61Moreira-Almeida A, Latufo Neto F, Koenig HG. Religiousness and mental health: a review. Rev Bras Psiquiatria 2006; 28(3):242-250.
- 62King MB, Koenig HG. Conceptualising spirituality for medical research and health service provision. BMC Health Services Research 2009; 13(9):1-7.
- 63Geppert C, Bogenschutz MP, Miller WR. Development of a bibliography on religion, spirituality and addictions. Drug Alcohol Rev 2007; 26(4):389-395.
- 64Stylianou S. The role of religiosity in the opposition to drug use. Int J Offender Ther Comp Criminol 2004; 48(4):429-448.
- 65Valente T, Ritt-Olson A, Stacy A, Unger J, Okamoto J, Sussman S. Peer acceleration: effects of a social network tailored substance abuse prevention program among high-risk adolescents. Addiction 2007; 102(11): 1804-1815.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Abr 2018
Histórico
- Recebido
25 Mar 2016 - Revisado
22 Jun 2016 - Aceito
24 Jun 2016