Prezados Autores,

O presente estudo evidencia o nível insuficiente de atividade física e o elevado tempo de tela em adolescentes, revelando que a maioria dos jovens foram classificados como insuficientemente ativos (83,2%) e com elevado tempo de tela (84,8%). Revela também que quando verificado a presença combinada do nível insuficiente de atividade física e do elevado tempo de tela os valores foram altos (72,1%)¹1 Piola TS. Bacil EDA, Pacífico AB, Camargo EM, Campos W. Nível insuficiente de atividade física e elevado tempo de tela em adolescentes: impacto de fatores associados. Cien Saude Colet 2020; 25(7):2803-2812..

Entretanto, é importante ressaltar que a amostra foi composta por adolescentes matriculados no ensino médio (com idades de ≥15 anos a <18 anos) de escolas públicas de São José dos Pinhais, Paraná. Com isso, este fato nos leva a crer que uma amostra constituída unicamente por alunos de escola pública e que exclui alunos da rede privada pode subestimar os resultados obtidos, pois de acordo com o estudo de coorte²2 Hallal PC, Bertoldi AD, Gonçalves H, Victora CG. Prevalência de sedentarismo e fatores associados em adolescentes de 10-12 anos de idade. Cad Saude Publica 2006; 22(6):1277-1287., citado no próprio artigo, realizado com adolescentes de 10 a 12 anos oriundos da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul (análise multivariada), concluiu que o estilo de vida sedentário foi associado positivamente ao sexo feminino, ao nível socioeconômico a inatividade materna, a assistir televisão e que o nível socioeconômico mais baixo leva a maior tempo de atividade física, uma vez que os alunos costumam ir caminhando até a escola.

Desta forma, podemos entender que os alunos de escola privada possuem maior nível socioeconômico e que este fator pode contribuir ainda mais para um menor tempo de atividade física e um maior tempo de tela. Sendo assim, ainda que os autores tenham se preocupado em informar que os resultados devem ser interpretados com cautela, limitando a extrapolação dos dados que tendem a subestimar ou superestimar as respostas e ter limitações quanto a sua acurácia, torna-se importante sugerir que uma amostra composta não só por alunos da rede pública, quanto da rede privada, não abriria espaço para questionamentos em relação aos resultados obtidos.Contudo seria mais provável que os resultados apresentassem maior confiabilidade, uma vez que o título do artigo utiliza o termo adolescentes de forma generalizada. Sendo assim, seria interessante descrever, já no título, que se trata de adolescentes alunos de escola pública e não apenas adolescentes. Por fim, sugerimos a produção de um trabalho que envolva alunos de rede pública e privada afim de apresentar resultados que representem uma amostra mais fidedigna e que realmente represente o comportamento dos adolescentes de variadas classes socioeconômicas.

Referências

Datas de Publicação