O papel do divertimento e das determinantes motivacionais na persistência da prática de exercício físico

The role of enjoyment and motivational determinants in persistence in the practice of physical exercise

Filipe Rodrigues Diogo Teixeira Rita Macedo Henrique Neiva Luís Cid Diogo Monteiro Sobre os autores

Resumo

Como objetivo deste trabalho, definiu-se analisar os efeitos indiretos de determinantes motivacionais no divertimento e na persistência em praticantes de exercício físico regular. Participaram ao todo 967 praticantes de exercício em ginásio e health clubs, com idades compreendidas entre 18 e 65 anos (M=45,08; DP=13,76). Todos os participantes tinham mais de 6 meses de experiência regular em exercício físico. Os participantes preencheram ao todo questionários traduzidos e validados para a língua portuguesa no contexto do exercício físico, que examinavam a perceção dos comportamentos interpessoais, as necessidades psicológicas básicas, a regulação da motivação e o divertimento. A persistência foi medida através de registos eletrónicos, considerando um praticante persistente aquele que tivesse uma frequência semanal similar aquela auto-reportada no momento inicial. A maioria das regressões são significativas, confirmado os pressupostos da literatura existente. Os efeitos indiretos mostram que o divertimento desempenha um papel crucial na persistência, tanto por via motivação autónoma, como por via motivação controlada. Em suma, atividades promotoras do prazer que os praticantes de ginásio e health club experienciam durante a prática de exercício físico poderão ser a variável chave na persistência a longo prazo.

Key words:
Motivation; Enjoyment; Physical exercise

Abstract

The scope of this paper was to analyze the impact of motivational determinants in enjoyment and persistence in physical exercise among practitioners of physical exercise. In total, 967 gym and health club exercise practitioners aged between 18 and 65 (M=45.08; SD=13.76) were recruited for analysis. All participants had more than six months of regular exercise practice. Participants completed and validated scales in the exercise context duly translated into Portuguese, assessing interpersonal behaviors, basic psychological needs, and behavioral regulation. Persistence was measured using computerized records considering persistent exercisers as being those who were exercising at similar frequencies as those self-reported at the initial assessment. Results showed that the measurement and structural model fit the data. Several significant effects were found supporting previous literature. Indirect effects showed enjoyment to play a crucial role on exercise persistence, both by the significant effect via autonomous and controlled motivation. In essence, activities that give pleasure that gym and health club exercisers experience during the practice of physical exercise can be the key variable of long-term persistence.

Key words:
Motivation; Enjoyment; Physical exercise

Introdução

Empiricamente, pareceexistir uma relação entre as nossas emoções e o nosso comportamento. Assume-se que tendemos a procurar atividades nas quais sentimos prazer e bem-estar, evitando aquelas das quais desgostamos. Nesse sentido, quando as pessoas sentem prazer durante ou após uma sessão de treino, é expectável que ela venha a repetir esse comportamento no futuro11 Jekauc D, Brand R. How do Emotions and Feelings Regulate Physical Activity? [editorial]. Front Psychol 2017; 8:1145.. Apesar de existirem indícios desta aparente relação, o divertimento tem sido ignorado como um possível determinante da prática de exercício22 Puente R, Anshel M. Exercisers' perceptions of their fitness instructor's interacting style, perceived competence, and autonomy as a function of self-determined regulation to exercise, enjoyment, affect, and exercise frequency. Scand J Psychol 2010; 51:38-45.. Aliás, Rhodes et al.33 Rhodes R, McEwan D, Rebar A. Theories of physical activity behaviour change: A history and synthesis of approaches. Psychol Sport Exer 2019; 42:100-109.,44 Rhodes E, Courneya K, Jones L. Translating exercise intentions into behavior: personality and social cognitive correlates. J Health Psych 2003; 8:447-458. revelam que os mecanismos subjacentes ao divertimento na adesão ao exercício físico continuam por explorar.

Uma razão para esta limitação existente na literatura poderá estar relacionada com as abordagens sociocognitivas que têm dominado a investigação, isto é, estudos recentes têm-se focado na análise comportamental, ignorando a avaliação do estado emocional inerente ao ser humano quando realiza um comportamento prazeroso55 Hagger M. Habit and physical activity: Theoretical advances, practical implications, and agenda for future research. Psych Sport Exer 2019; 42:118-129.. No entanto, tal como descrito por Rodrigues et al.66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141., a compreensão dos antecedentes responsáveis pelos níveis de divertimento e como este pode estar associado à persistência da prática de exercício físico necessita de ser analisada. Considerando que a motivação tem sido apontada como um dos motivos principais pela prática (ou não) de exercício físico nos relatórios internacionais mais proeminentes77 World Health Organisation (WHO). Global Action Plan on Physical Activity 2018-2030. Genebra: WHO; 2019.

8 EC. Special Eurobarometer 472. Sport and Physical Activity. 2018.
-99 Physical Activity Council (PAC). 2019 Physical Activity Council's Overview Report on U.S. Participation. Physical Activity Council; 2019., parece ser teoricamente possível analisar a sua contribuição como preditor da resposta emocional (e.g., divertimento) subjacente à prática de exercício físico ao longo do tempo.

Modelo teórico

A Teoria da Autodeterminação, o modelo motivacional mais estudado no contexto do exercício físico66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141., pressupõe que o ser humano tem uma tendência natural para agir em conformidade com o seu estado motivacional num determinado contexto. Alinhado com esta estrutura teórica da Teoria da Autodeterminação (TAD), Vallerand1010 Vallerand R. Toward A Hierarchical Model of Intrinsic and Extrinsic Motivation. Adv Experi Soc Psych 1997; 29:271-360. desenvolveu um modelo sequencial com dois lados, tendo cada um deles implicações significativas no comportamento do indivíduo. Isto é, existe uma sequência teórica mais favorável em resposta a resultados positivos como maiores níveis de divertimento1111 Monteiro D, Pelletier L, Moutão J, Cid L. Examining the motivational determinants of enjoyment and the intention to continue of persistent competitive swimmers. I J Sport Psych 2018; 49:484-504.,1212 Gråstén A, Watt A. A Motivational Model of Physical Education and Links to Enjoyment, Knowledge, Performance, Total Physical Activity and Body Mass Index. J Sports Sci Med 2015; 16:318-327., intenção1313 Hagger M, Chatzisarantis N. Integrating the theory of planned behaviour and self-determination theory in health behaviour: a meta-analysis. Brit J Health Psych 2009; 14:275-302. e adesão à prática de exercício físico1414 Gomes A, Gonçalves A, Maddux J, Carneiro L. The intention-behaviour gap: An empirical examination of an integrative perspective to explain exercise behaviour. I J Sport Exer Psych 2017; 16:607-621.. A outra sequência pressupõem um lado mais adverso, sendo positivamente relacionada com consequências negativas como o esgotamento físico1515 Bartholomew K, Ntoumanis N, Ryan R, Thogersen-Ntoumani C. Psychological need thwarting in the sport context: assessing the darker side of athletic experience. J Sport Exer Psych 2011; 1:75-102., mau estar1616 Ng J, Ntoumanis N, Thogersen-Ntoumani C, Stott K, Hindle L. Predicting psychological needs and well-being of individuals engaging in weight management: the role of important others. App Psych Health Well-Being 2013; 5:291-310. e desistência da prática de atividade física1717 Moreno-Murcia J, Huescar Hernandez E, Ruiz L. Perceptions of controlling teaching behaviors and the effects on the motivation and behavior of high school physical education students. Int J Environ Res Public Health 2018; 15(10):2288..

No contexto em análise, o praticante de exercício físico que percecione um técnico de exercício como uma figura de suporte, que criam condições para os indivíduos de regularem o seu próprio comportamento, demonstrando competência, apoio e feedback positivo, está mais próximo de satisfazer as suas NPB, que por sua vez resultará numa regulação do comportamento de forma mais autónoma, ou seja, identifica e integra o comportamento como fazendo parte de si66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141.. No entanto, a regulação do comportamento pode ocorrer de forma oposta. De facto, um praticante que percecione comportamentos interpessoais de frustração (e de certa forma não satisfação), isto é, que, por parte do instrutor identifique comportamentos negligentes, seja alvo de feedback negativo ou sinta pressão imposta, pode estar a regular o seu comportamento de forma controlada, ou seja, envolvido por pressões internas e externas, através da frustração das NPB1818 Rodrigues F, Teixeira DS, Neiva HP, Cid L, Monteiro D. The bright and dark sides of motivation as predictors of enjoyment, intention, and exercise persistence. Scand J Med Sci Sport 2020; 30(4):787-800..

O divertimento tem vindo a ser considerado como a variável chave na promoção e manutenção da atividade física11 Jekauc D, Brand R. How do Emotions and Feelings Regulate Physical Activity? [editorial]. Front Psychol 2017; 8:1145., encontrando-se positivamente correlacionado com a motivação autónoma e negativamente com a motivação controlada. A literatura sugere que quanto maior a perceção de prazer e de divertimento, maior será a intenção de realizar esse mesmo comportamento no futuro1919 Gardner L, Magee C, Vella S. Social climate profiles in adolescent sports: Associations with enjoyment and intention to continue. J Adolesc 2016; 52:112-123.. Tomando em consideração o divertimento como papel determinante na ligação entre os fatores motivacionais e o comportamento, investigações recentes em contextos similares ao exercício físico têm demonstrado que a motivação autónoma se encontra positivamente associada ao divertimento1111 Monteiro D, Pelletier L, Moutão J, Cid L. Examining the motivational determinants of enjoyment and the intention to continue of persistent competitive swimmers. I J Sport Psych 2018; 49:484-504.. Pelo contrário, maiores níveis de motivação controlada têm sido identificados como preditores negativos de sensações de prazer durante a prática de atividade física2020 Navarro-Patón R, Lago-Ballesteros J, Basanta-Camiño S, Arufe-Giraldez V. Relation between motivation and enjoyment in physical education classes in children from 10 to 12 years old. J Hum Sport Exer 2019; 14(3):527-537..

Presente estudo

Apesar de existirem indícios importantes do papel chave que o divertimento desempenha na manutenção do comportamento, estudos prévios apresentam diversas limitações: I) de acordo com Rodrigues et al.66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141., são escassos os estudos que tenham examinado as duas sequências motivacionais (i.e., mais favorável e mais adversa) como preditoras de um resultado emocional, cognitivo ou comportamental; II) são poucos os estudos que tenham analisado a persistência do comportamento de forma observável1414 Gomes A, Gonçalves A, Maddux J, Carneiro L. The intention-behaviour gap: An empirical examination of an integrative perspective to explain exercise behaviour. I J Sport Exer Psych 2017; 16:607-621.,2121 Sarrazin P, Vallerand R, Guillet E, Pelletier L, Cury F. Motivation and dropout in female handballers: a 21-month prospective study. Euro J Soc Psych 2002; 32(3):395-418.; III) são escassos os estudos que tenham medido o comportamento (a maioria da literatura apenas recolheu indicadores da intenção de vir a realizar o comportamento)1111 Monteiro D, Pelletier L, Moutão J, Cid L. Examining the motivational determinants of enjoyment and the intention to continue of persistent competitive swimmers. I J Sport Psych 2018; 49:484-504., algo que não se transmite na realização do comportamento per se1313 Hagger M, Chatzisarantis N. Integrating the theory of planned behaviour and self-determination theory in health behaviour: a meta-analysis. Brit J Health Psych 2009; 14:275-302.; IV) alguns estudos1111 Monteiro D, Pelletier L, Moutão J, Cid L. Examining the motivational determinants of enjoyment and the intention to continue of persistent competitive swimmers. I J Sport Psych 2018; 49:484-504.,2222 Gråstén A, Watt A. A motivational model of physical education and links to enjoyment, knowledge, performance, total physical activity and body mas index. J Sport Sci Med 2017; 16(3):318-327. analisaram o papel do clima motivacional, constructo teórico adjacente a outro modelo teórico2323 Nicholls JG. Achievement motivation: Conceptions of ability, subjective experience, task choice, and performance. Psycho Rev 1984; 91(3):328-346., sendo limitado a interpretação dos resultados, tal como descrito por Rocchi et al.2424 Rocchi M, Pelletier L, Cheung S, Baxter D, Beaudry S. Assessing need-supportive and need-thwarting interpersonal behaviours: The Interpersonal Behaviours Questionnaire (IBQ). Personal Indiv Dif 2017; 104:423-433.; V) estudos existentes têm-se limitado a compreender a associação entre a regulação motivacional e o divertimento, não considerando o seu papel preditor com o comportamento22 Puente R, Anshel M. Exercisers' perceptions of their fitness instructor's interacting style, perceived competence, and autonomy as a function of self-determined regulation to exercise, enjoyment, affect, and exercise frequency. Scand J Psychol 2010; 51:38-45.,2525 Pulido J, Sanchez-Oliva D, Amado D, Gonzalez-Ponce I, Sanchez-Miguel P. Influence of motivational processes on enjoymento, boredom and intention to persist in young sportspersons. S Afr J Res Sport Phy Educ Recreat 2014; 36:135-149..

Assim, o objetivo deste estudo consistiu em analisar os efeitos indiretos de determinantes motivacionais propostos pela teoria da autodeterminação no divertimento e persistência em praticantes de exercício físico regular. De acordo com a literatura existente, especula-se que: i) o divertimento terá um valor preditivo significativo com a persistência2626 Gardner L, Magee C, Vella S. Enjoyment and Behavioral Intention Predict Organized Youth Sport Participation and Dropout. J Physi Acti Health 2017; 14(11):861-865.; ii) os comportamentos interpessoais de suporte, a satisfação das NPB e a motivação autónoma terão um efeito indireto significativo na persistência via divertimento66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141.; e iii) os comportamentos interpessoais de frustração, a frustração das NPB e a motivação controlada terão um efeito indireto significativo negativo, indicando menor persistência ao longo do tempo1818 Rodrigues F, Teixeira DS, Neiva HP, Cid L, Monteiro D. The bright and dark sides of motivation as predictors of enjoyment, intention, and exercise persistence. Scand J Med Sci Sport 2020; 30(4):787-800..

Método

Participantes

Uma amostra de conveniência de 967 praticantes de exercício em ginásios e health clubs (sexo feminino=778), com idades compreendidas entre 18 e 65 anos (M=45,08; DP=13,76) foram recrutados para participarem neste estudo. Todos os participantes tinham mais de 6 meses de experiência regular em exercício físico (M=60,45; DP=9,47) e estavam predominantemente envolvidos em aulas de grupo (N=444), atividades cardiofitness (N=378) ou em treino personalizado (N=145). A frequência semanal rondou entre 2 e 7 sessões (M=3,21; DP=1,76).

Procedimentos

Todo o processo de recolha dos dados esteve de acordo com a Declaração de Helsínquia e as alterações consequentes. O comité de ética da Universidade da Beira Interior analisou e aprovou o presente estudo. Seguidamente, diversos gestores de ginásios/health clubs foram contactados de forma intencional e por conveniência. Os objetivos do estudo foram explicados aos gestores e aprovação foi garantida, dando a autorização aos investigadores de abordarem os praticantes dos ginásios/health clubs para participarem voluntariamente no estudo. Na fase seguinte, potenciais participantes para este estudo foram contactados individualmente na área da receção, previamente ao treino destes. Foi explicado a todos os participantes os objetivos do estudo e foi-lhes providenciada a informação de anonimato. Todos os participantes que se disponibilizaram a participar voluntariamente neste estudo assinaram consentimento informado previamente ao preenchimento dos questionários.

Instrumentos

Todos os participantes preencheram quatro questionários traduzidos e validados para a língua portuguesa no contexto do exercício físico. Nomeadamente:

a) O Interpersonal Behavior Questionnaire in Exercise2424 Rocchi M, Pelletier L, Cheung S, Baxter D, Beaudry S. Assessing need-supportive and need-thwarting interpersonal behaviours: The Interpersonal Behaviours Questionnaire (IBQ). Personal Indiv Dif 2017; 104:423-433. versão Portuguesa2727 Rodrigues F, Pelletier L, Neiva H, Teixeira D, Cid L, Monteiro D. Initial validation of the Portuguese version of the Interpersonal Behavior Questionnaire (IBQ & IBQ-Self) in the context of exercise: Measurement invariance and latent mean differences. Cur Psycho 2021; 40:4040-4051. foi usado para medir a perceção que os praticantes de exercício físico têm sobre os profissionais de exercício com os quais interagem mais durante o treino. Este questionário é composto por 24-itens (quatro itens por fator) que examina os comportamentos de suporte e os comportamentos de frustração. Os participantes respondem a cada item através de uma escala tipo Likert com pontuação mínima 1 (Não concordo de todo) e máximo 7 (concordo totalmente). A versão portuguesa validada por Rodrigues et al.2727 Rodrigues F, Pelletier L, Neiva H, Teixeira D, Cid L, Monteiro D. Initial validation of the Portuguese version of the Interpersonal Behavior Questionnaire (IBQ & IBQ-Self) in the context of exercise: Measurement invariance and latent mean differences. Cur Psycho 2021; 40:4040-4051. apresenta valores de Fiabilidade Compósita (FC) acima do valor de corte (CF=0,70-0,76).

b) O Basic Psychological Need Satisfaction and Frustration Scale2828 Chen B, Vansteenkiste M, Beyers W, Boone L, Deci EL, Van der Kaap-Deeder J, Duriez B, Lens W, Matos L, Mouratidis A, Ryan RM, Sheldon KM, Soenens B, Van Petegem S, Verstuyf J. Basic psychological need satisfaction, need frustration, and need strength across four cultures. Mot Emo 2015; 39:216-236. validado no contexto do exercício físico na população portuguesa2929 Rodrigues F, Hair J, Neiva H, Teixeira D, Cid L, Monteiro D. The Basic Psychological Need Satisfaction and Frustration Scale in Exercise (BPNSFS-E): Validity, Reliability, and Gender Invariance in Portuguese Exercisers. Perce Motor Skills 2019; 126(5):949-972. foi usado para analisar o grau de satisfação e de frustração das NPB durante a prática de exercício físico. Este instrumento é composto por 24 itens (quatro por fator), aos quais os participantes responderam o seu grau de satisfação de satisfação das três NPB, bem como a sua frustração. Cada item era precedido pela afirmação “eu pratico exercício porque…” qual os participantes responderam usando uma escala tipo Likert com pontuação mínima 1 (discordo totalmente) e máximo 5 (concordo totalmente). Estudos prévios usando este instrumento apresentam valores de consistência interna de acordo com o recomendado3030 Teixeira D, Silva M, Palmeira A. How does frustration make you feel? A motivational analysis in exercise context. Motiv Emo 2018; 42:419-428.,3131 Warburton V, Wang J, Bartholomew K, Tuff R, Bishop K. Need satisfaction and need frustration as distinct and potentially co-occurring constructs: Need profiles examined in physical education and sport. Motiv Emo 2020; 44:54-66..

c) O Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire3232 Wilson P, Rodgers WT, Rodgers W, Wild C. The Psychological Need Satisfaction in Exercise Scale. J of Sport and Exer Psych. 2006; 28:231-251. versão Portuguesa no contexto do exercício físico3333 Cid L, Monteiro D, Teixeira D, Teques P, Alves S, Moutão J, Silva M, Palmeira A. The Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire (BREQ-3) Portuguese-Version: Evidence of Reliability, Validity and Invariance Across Gender. Front Psych 2018; 9:1940. foi usado para medir a forma como os participantes regulam a sua motivação durante a prática de exercício físico. Esta escala composta por 18 itens (três por fator) avalia a perceção que o praticante tem relativamente à forma como cada uma das regulações adjacentes à TAD. Tomando em consideração pressupostos teóricos adjacentes à TAD3434 Ryan R, Deci E. Self-determination theory. Basic Psychological Needs in Motivation, Development, and Wellness. New York: Guildford Press; 2017., a motivação controlada será composta pela motivação, a regulação externa e a introjetada; a autónoma será composta pela motivação intrínseca, a regulação identificada e integrada. Os participantes respondem a cada item através de uma escala tipo Likert com pontuação mínima 0 (discordo totalmente) e máximo 4 (concordo totalmente). Diversos estudos2929 Rodrigues F, Hair J, Neiva H, Teixeira D, Cid L, Monteiro D. The Basic Psychological Need Satisfaction and Frustration Scale in Exercise (BPNSFS-E): Validity, Reliability, and Gender Invariance in Portuguese Exercisers. Perce Motor Skills 2019; 126(5):949-972.,3030 Teixeira D, Silva M, Palmeira A. How does frustration make you feel? A motivational analysis in exercise context. Motiv Emo 2018; 42:419-428.,3333 Cid L, Monteiro D, Teixeira D, Teques P, Alves S, Moutão J, Silva M, Palmeira A. The Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire (BREQ-3) Portuguese-Version: Evidence of Reliability, Validity and Invariance Across Gender. Front Psych 2018; 9:1940. têm evidenciado valores de ajustamento aceitáveis, bem como valores de fiabilidade compósita acima dos valores de corte (>0,70).

d) O Physical Activity Enjoyment Scale3535 Mullen SP, Olson EA, Phillips SM, Szabo AN, Wójcicki TR, Mailey EL, Gothe NP, Fanning JT, Kramer AF, McAuley E. Measuring enjoyment of physical activity in older adults: invariance of the physical activity enjoyment scale (paces) across groups and time. Int J Behav Nutr Phys Act 2011; 8:103. traduzido para a língua portuguesa e validado no contexto do exercício físico3636 Teques P, Calmeiro L, Silva C, Borrego C. Validation and adaptation of the Physical Activity Enjoyment Scale (PACES) in fitness group exercisers. J Sport Health Sci 2020; 9(4):352-357. foi usado para medir a perceção de divertimento durante a prática de exercício físico. Esta escala é composta por 8 itens que avalia o grau de concordância relativamente à sensação de divertimento durante a prática. Cada item era precedido pela afirmação “Como é que se sente acerca do exercício físico que realiza?” qual os participantes responderam usando uma escala tipo Likert com pontuação mínima 1 (discordo totalmente) e máximo 7 (concordo totalmente). Os autores originais da escala e os autores que fizeram a validade da escala para a língua Portuguesa demonstram valores de ajustamento aceitáveis do modelo, bem como valores de consistência interna aceitáveis.

A persistência foi medida através de registos eletrónicos, dicotomizado o comportamento observável como 1 (persistente) e 0 (desistente). Tomando em consideração a frequência semanal, os participantes eram codificados com o número “1” caso a sua frequência semanal fosse similar durante os seis meses seguintes aquela auto-reportada no momento de avaliação inicial. Participantes que tivessem desistido, abandonado a prática ou tivessem uma frequência semanal significativamente distinta durante os seis meses seguintes ao momento inicial, seriam codificados com o número “0”. Estudos prévios analisaram a persistência de forma semelhante2121 Sarrazin P, Vallerand R, Guillet E, Pelletier L, Cury F. Motivation and dropout in female handballers: a 21-month prospective study. Euro J Soc Psych 2002; 32(3):395-418.,3737 Gucciardi D, Jackson B. Understanding sport continuation: an integration of the theories of planned behaviour and basic psychological needs. J Sci Med Sport 2015; 18(1):31-36., demonstrando a fiabilidade de medir o comportamento observável através de um sistema dicotomizado.

Análise estatística

Análise preliminar

Dados de questionários com valores omissos ≤5% foram calculados e introduzidos usando o método de Imputação Múltipla descrito por Allison3838 Allison P. Multiple Imputation for Missing Data: A Cautionary Tale. Sociol Method Res 2000; 28(3):301-309. usando o IBM SPSS Statistics v23. Participantes foram excluídos da análise caso as observações omissas ultrapassassem os 5%. Possíveis outliers univariados (z>3,00) ou multivariados (D2=p1<.001, p2<.001) foram igualmente excluídos da análise3939 Comrey A. A Method for Removing Outliers to Improve Factor Analytic Results. Multi Behav Res 1985; 20(3):273-281.. Seguidamente, foram calculados os valores da tendência central e de dispersão, bem como os valores de assimetria e curtose. Para aceitação de uma distribuição normal univariada, os valores de assimetria e de curtose devem estar contidos entre -2/+2 e -7/+7, respetivamente4040 Gravetter F, Wallnau L. Essentials of Statistics for the Behavioral Sciences. 8ª ed. Belmont: Wadsworth Cengage Learning; 2014..

Os coeficientes de fiabilidade compósita foram calculados usando a formula de Raykov4141 Raykov T. Estimation of Composite Reliability for congeneric measures. App Psycho Measurement 1997; 21(2):173-184. para examinar se os itens se propõem a medir o fator latente, assumindo valores ≥0,70 como aceitáveis4242 Raykov T, Gabler S, Dimitrov D. Maximal Reliability and Composite Reliability: Examining Their Difference for Multicomponent Measuring Instruments Using Latent Variable Modeling. Structural Equation Modeling Multidisc J 2015; 23(3):384-391.. Foram calculadas as correlações bivariadas de Pearson considerando correlação fraca r=0,15; forte r=0,60 e perfeita r=1, tal como preconizado por Cohen4343 Cohen J. Statistical power analysis for the behavioural sciences. 2ª ed. New Jersey: Lawrence Earlbaum Associates; 1988.. Correlações parciais, controlando para o divertimento e a frequência total durante os seis meses seguintes à avaliação inicial.

Modelo de medida e modelo de equações estruturais

Foi realizada um modelo de medida através de uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e um modelo de Equações Estruturais (EE) de acordo com as recomendações de Kline4444 Kline R. Principles and practice of structural equation modelling. 3ª ed. New York: The Guildford Press; 2016.. O modelo de medida e de EE foram analisados no programa Mplus 7.34545 Muthén L, Muthén B. Mplus User's Guide. Los Angeles: Muthén & Muthén; 2010. usando o estimador Robusto da Máxima Verosimilhança dado ser robusto contra a não normalidade da distribuição da amostra. O teste do qui quadrado (χ2) e os seus respetivos graus de liberdade (gl) não serão analisados nem tomando em consideração para aceitação do modelo, dado ser influenciado pelo tamanho da amostra e pela complexidade do modelo4646 Hair J, Black W, Babin B, Anderson R. Multivariate Data Analysis. 8ª ed. New Jersey: Pearson Educational, Inc; 2019.. Nesse sentido, serão tomados em consideração os valores de ajustamento tradicionais e incrementais descritos na literatura4646 Hair J, Black W, Babin B, Anderson R. Multivariate Data Analysis. 8ª ed. New Jersey: Pearson Educational, Inc; 2019.,4747 Byrne B. Structural Equation Modeling with Mplus - Basic Concepts, Applications, and Programming. Abingdon: Routledge; 2011., nomeadamente: Comparative Fit Index (CFI), Tucker-Lewis Index (TLI), Standard Root Mean Residual (SRMR), Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) e o seu respetivo Intervalo de Confiança a 90% (IC90%). Para os referidos índices foram adotados os seguintes valores de corte: CFI e TLI ≥0,90, SRMR e RMSEA ≤0,84646 Hair J, Black W, Babin B, Anderson R. Multivariate Data Analysis. 8ª ed. New Jersey: Pearson Educational, Inc; 2019.,4747 Byrne B. Structural Equation Modeling with Mplus - Basic Concepts, Applications, and Programming. Abingdon: Routledge; 2011..

A validade convergente foi analisada através do indicador da Variância Extraída Média (VEM), assumindo valores ≥0,50 como aceitáveis. A validade discriminante foi igualmente considerada, examinando o quadrado das correlações. Caso os valores do quadrado das correlações fossem inferiores à VEM, isto seria indicativo de validade discriminante4646 Hair J, Black W, Babin B, Anderson R. Multivariate Data Analysis. 8ª ed. New Jersey: Pearson Educational, Inc; 2019..

O modelo de EE foi analisado para medir o valor preditivo do divertimento na persistência dos praticantes, como a análise dos efeitos indiretos das determinantes motivacionais na persistência, via o fator divertimento. A significância dos coeficientes estandardizados foi medida através do Intervalo de Confiança (IC) a 95%, considerando significativo caso este não englobasse o valor de 04848 Williams J, Mackinnon D. Resampling and Distribution of the Product Methods for Testing Indirect Effects in Complex Models. Struct Equ Modeling 2008; 15(1):23-51..

Tomando em consideração o número de parâmetros a serem estimados (i.e., 72 parâmetros), este estudo cumpre com o rácio mínimo de cinco participantes por parâmetro, tal como preconizado pela literatura4646 Hair J, Black W, Babin B, Anderson R. Multivariate Data Analysis. 8ª ed. New Jersey: Pearson Educational, Inc; 2019.,4949 Worthington R, Whittaker T. Scale Development Research: A Content Analysis and Recommendations for Best Practices. Counse Psychol 2016; 34(6):806-838.. Como análise complementar relativamente ao tamanho da amostra, foi usado o software G*Power 3.15050 Faul F, Erdfelder E, Buchner A, Lang AG. Statistical power analyses using G*Power 3.1: tests for correlation and regression analyses. Behav Res Methods 2009; 41(4):1149-1160. para calcular o número mínimo de participantes. Tomando em consideração o número de regressões (n=9) e o effect size antecipado def 2 =.01, α=.05, e poder estatístico de =.95, o software sugere uma amostra mínima de 245 participantes, tamanho este que foi respeitado no presente estudo.

Resultados

Resultados preliminares

Os dados foram imputados em 25 participantes, dado apresentarem valores omissos em menos de 5% nos seus questionários. Não foi encontrado nenhum outlier univariado, no entanto, 13 participantes não foram considerados para análise dado apresentarem-se como outliers multivariados.

Na Tabela 1, é possível de observar que a perceção de comportamentos interpessoais de suporte, a satisfação das NPB e a motivação autónoma apresentam valores médios superiores comparativamente à perceção de comportamentos interpessoais de frustração, a frustração das NPB e a motivação controlada. O divertimento apresenta a média mais alta comparativamente às determinantes motivacionais. De acordo com registros eletrônicos, 572 participantes (59%) mantiveram uma prática de exercício físico regular similar (M=3,09; DP=1,45) durante os 6 meses após aquela prática auto-reportada na avaliação inicial. Pelo contrário, 251 participantes no presente estudo foram codificados com desistentes, dado terem abandonado a prática nos primeiros dois a quatro meses (n=113) ou apresentarem uma prática de exercício físico regular significativamente diferente (n=138) aquela prática auto-reportada na avaliação inicial.

Tabela 1
Análise da tendência central e de dispersão, distribuição da normalidade, fiabilidade compósita, variância extraída média e correlações entre as variáveis em estudo.

Todas as variáveis apresentaram uma distribuição normal, uma vez que os valores de assimetria e de curtose estarem contidos dentro dos valores de corte. Os coeficientes de fiabilidade compósita apresentam valores >0,70, apresentado consistência interna. Todas as correlações apresentaram valores significativos, tal como hipoteticamente descrito na literatura: i) os comportamentos interpessoais de suporte, a satisfação das NPB, a motivação autónoma, o divertimento e a persistência estão positivamente correlacionados entre eles; os comportamentos interpessoais de frustração, a frustração das NPB e a motivação controlada estão positivamente correlacionados entre eles, e negativamente com as restantes determinantes motivacionais, com o divertimento e a persistência. Os valores das correlações parciais, controlando para o divertimento e a frequência total ao mesmo tempo foram similares aos obtidos nas correlações de Pearson. Aquando do controlo pelo divertimento e a frequência das sessões de treino, os resultados mostraram coeficientes similares aos obtidos nas correlações bivariadas. Para mais informações ver Tabela 1.

Os valores de VEM apresentam valores acima dos propostos pela literatura. Olhando para o quadrado das correlações, é possível de observar que o valor é inferior aos valores obtidos na análise do VEM. Nesse sentido, pode-se afirmar que foi alcançada a validade convergente e discriminante, respetivamente.

Modelo de medida e modelo de equações estruturais

Na Tabela 2 é possível observar os valores de ajustamento tradicionais e incrementais para ambos os modelos realizados. Os indicadores mostram que os modelos de medida, resultante da AFC e o modelo de EE obtiveram valores de ajustamento aceitáveis.

Tabela 2
Valores de ajustamento do modelo de medida e do modelo de equações estruturais.

Na Figura 1 está representado o modelo hipotético proposto, bem como os valores das regressões entre os diversos construtos. De acordo com a Figura 1, é possível de evidenciar que a quase totalidade das regressões são significativas com IC a 95%, exceto a SNPB com a motivação controlada. Especificamente, os valores das regressões parecem estar de acordo com as ligações teóricas propostas na literatura: I) a perceção de comportamentos de suporte tem uma predição positiva e significativa com a satisfação das NPB; II) por sua vez, a satisfação das NPB tem uma predição positiva com a motivação autónoma; III) a perceção de comportamentos de frustração tem uma predição positiva e significativa com a frustração das NPB; IV) que por sua vez, a frustração das NPB tem uma predição positiva com a motivação controlada e uma regressão negativa com a motivação autónoma; V) a motivação autónoma e apresenta uma regressão positiva e significativa com o divertimento, ao passo que a motivação controlada apresenta uma regressão negativa e significativa; VI) o divertimento apresenta um valor de predição positivo e significativo na persistência da prática de exercício físico após seis meses.

Figura 1
Modelo de equações estruturais.

Os efeitos indiretos estão apresentados na Tabela 3. Os valores dos efeitos a perceção de comportamentos de suporte, a satisfação das SNPB e a motivação autónoma são positivamente significativos na persistência da prática de exercício físico via divertimento. Pelo contrário, a perceção de comportamentos interpessoais de frustração e a frustração NPB apresentam significância negativa com a persistência da prática de exercício físico via motivação autónoma, sendo positiva e significativa via motivação controlada. Ambas as regulações motivacionais são significativas com a persistência, sendo que a regulação autónoma apresenta um coeficiente consideravelmente superior.

Tabela 3
Efeitos indiretos das variáveis motivacionais para a persistência.

Discussão

O objetivo deste estudo consistiu em analisar os efeitos indiretos de determinantes motivacionais propostos pela teoria da autodeterminação no divertimento e na persistência em praticantes de exercício físico regular a seis meses. De forma a testar o modelo proposto, foram seguidas diversas linhas teóricas3434 Ryan R, Deci E. Self-determination theory. Basic Psychological Needs in Motivation, Development, and Wellness. New York: Guildford Press; 2017. e empíricas1212 Gråstén A, Watt A. A Motivational Model of Physical Education and Links to Enjoyment, Knowledge, Performance, Total Physical Activity and Body Mass Index. J Sports Sci Med 2015; 16:318-327.,2626 Gardner L, Magee C, Vella S. Enjoyment and Behavioral Intention Predict Organized Youth Sport Participation and Dropout. J Physi Acti Health 2017; 14(11):861-865.,5151 Gaston A, Jesus S, Markland D, Prapavessis H. I sit because I have fun when I do so! Using self-determination theory to understand sedentary behavior motivation among university students and staff. Health Psychol BehavMed 2016; 4(1):138-154. existentes na literatura. Uma importante implicação deste estudo é que a participação derivada de sensações de prazer pode ser um indicativo significativo na prática continuada de exercício físico a longo prazo.

A TAD assume um papel relevante e contemporâneo, devido aos resultados robustos obtidos em diversos estudos no contexto do exercício físico66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141.,5252 Teixeira P, Carraca E, Markland D, Silva M, Ryan R. Exercise, physical activity, and self-determination theory: a systematic review. Int J Behav Nutr Phys Act 2012; 9:78.,5353 Teixeira D, Marques M, Palmeira A. Associations between affect, basic psychological needs and motivation in physical activity contexts: Systematic review and meta-analysis. R Iberoam Psicol Ejerc Depo 2018; 13(2):225-233.. Tal como teoricamente demonstrado3434 Ryan R, Deci E. Self-determination theory. Basic Psychological Needs in Motivation, Development, and Wellness. New York: Guildford Press; 2017. e empiricamente testado no contexto desporto1919 Gardner L, Magee C, Vella S. Social climate profiles in adolescent sports: Associations with enjoyment and intention to continue. J Adolesc 2016; 52:112-123.,5454 Teixeira DS, Pelletier LG, Monteiro D, Rodrigues F, Moutão J, Marinho DA, Cid L. Motivational patterns in persistent swimmers: A serial mediation analysis. Euro J Sport Sci 2020; 20(5):660-669. e na educação física2222 Gråstén A, Watt A. A motivational model of physical education and links to enjoyment, knowledge, performance, total physical activity and body mas index. J Sport Sci Med 2017; 16(3):318-327., os resultados deste estudo sugerem que a forma como os praticantes de atividade física percecionam pessoas em posições superiores (e.g., treinadores), tem uma relação forte e significativa na forma como as NPB serão satisfeitas ou frustradas.

A satisfação das NPB mostrou ser um preditor significativo da motivação autónoma, não apresentando qualquer relação com a motivação controlada. Pelo contrário, a frustração das NPB mostrou ser um preditor significativo da motivação controlada e ter uma relação negativa e significativa com a motivação autónoma. Esta sequência corrobora a literatura66 Rodrigues F, Bento T, Cid L, Neiva HP, Teixeira D, Moutão J, Marinho DA, Monteiro D. Can Interpersonal Behavior Influence the Persistence and Adherence to Physical Exercise Practice in Adults? A Systematic Review. Front Psych 2018; 9:2141.,1111 Monteiro D, Pelletier L, Moutão J, Cid L. Examining the motivational determinants of enjoyment and the intention to continue of persistent competitive swimmers. I J Sport Psych 2018; 49:484-504.,3030 Teixeira D, Silva M, Palmeira A. How does frustration make you feel? A motivational analysis in exercise context. Motiv Emo 2018; 42:419-428. destacando que a forma como a pessoa experiencia a satisfação ou frustração das NPB é crucial na forma como esta irá regular o seu comportamento.

Curiosamente os comportamentos interpessoais de frustração e por sua vez a frustração das NPB predizem negativamente a persistência via motivação autónoma, enquanto conjeturam positivamente via motivação controlada. Acredita-se que estes resultados possam estar relacionados com o valor preditivo da frustração das NPB com as regulações motivacionais. Isto é, a regulação autónoma pode estar a diminuir o poder explicativo ao estar negativamente associada com os comportamentos interpessoais de frustração e a frustração das NPB. Por outro lado, a motivação controlada mantém-se positiva e significativa com a frustração das BPN e com o divertimento. Contudo, é de salvaguardar que o poder explicativo dos comportamentos interpessoais de frustração e a frustração das NPB com a persistência é residual via motivação controlada.

Os resultados mostraram que a motivação autónoma teve uma regressão positiva com o divertimento, enquanto que a motivação controlada apresentou um efeito oposto. Esse resultado reforça que a motivação autónoma está tipicamente relacionada a diferentes tipos de resultados positivos, sendo mais favorável a respostas comportamentais positivas com a prática de exercício físico1414 Gomes A, Gonçalves A, Maddux J, Carneiro L. The intention-behaviour gap: An empirical examination of an integrative perspective to explain exercise behaviour. I J Sport Exer Psych 2017; 16:607-621.,5252 Teixeira P, Carraca E, Markland D, Silva M, Ryan R. Exercise, physical activity, and self-determination theory: a systematic review. Int J Behav Nutr Phys Act 2012; 9:78.. Ou seja, quanto maior for a sensação de divertimento adjacente à prática de exercício físico, maior será a probabilidade de o praticante repetir o comportamento no futuro (61% de variância explicada no modelo atual).

A motivação autónoma e a controlada têm um efeito indireto na persistência via divertimento. Isto explica que, pessoas que praticam exercício físico porque valorizam o comportamento estão mais predispostas a experienciarem sensações de prazer e, por consequência, mantê-lo no futuro. Estes resultados estão claramente alinhados com os pressupostos da TAD3434 Ryan R, Deci E. Self-determination theory. Basic Psychological Needs in Motivation, Development, and Wellness. New York: Guildford Press; 2017. e com o modelo proposto por Vallerand1010 Vallerand R. Toward A Hierarchical Model of Intrinsic and Extrinsic Motivation. Adv Experi Soc Psych 1997; 29:271-360., preconizando que a motivação autónoma está positivamente associada a comportamentos e respostas emocionais positivas, apresentando-se como o protótipo do comportamento autodeterminado. Não obstante, a motivação controlada pode predizer o comportamento, via divertimento.

Limitações

Apesar de este estudo apresentar avanços científicos relevantes para a compreensão do papel chave que o divertimento tem no que diz respeito à persistência da prática de exercício físico, é fundamental perceber as limitações existentes. Em primeiro lugar, deve-se realçar a impossibilidade da generalização dos resultados obtidos para contextos similares. Este estudo é específico à prática de exercício físico em ginásios e health clubs, sugerindo que mais estudos devem ser realizados em outros contextos.

Em segundo lugar, foram calculados fatores compósitos para reduzir o número de parâmetros a serem estimados. Por exemplo, não se sabe o efeito de cada necessidade psicológica básica nas diversas regulações do comportamento. De facto, a complexidade do modelo apresentado demonstra a necessidade de serem feitos mais estudos e com amostras maiores, de forma a garantir um mais concreto entendimento da forma como cada fator impacta a prática de exercício físico.

Por último, o desenho transversal com o follow-up da persistência a seis meses limita a interpretação de inferência, sugerindo que se devem criar intervenções que avaliam as determinantes motivacionais e emocionais. A medição de marcadores fisiológicos que podem estar responsáveis pela realização ou não, da prática de exercício físico, parece ser deveras interessante5555 Di Domenico S, Ryan R. The Emerging Neuroscience of Intrinsic Motivation: A New Frontier in Self-Determination Research. Front Hum Neurosci 2017; 11:145..

Conclusão

Os resultados mostram o papel que o divertimento desempenha na persistência da prática de exercício físico. Além disso, este estudo concluiu que os comportamentos interpessoais de suporte percecionados pelos praticantes de ginásio/health clubs predizem indiretamente a persistência, via divertimento. Em suma, os profissionais de exercício e saúde deverão ter em consideração as implicações que os comportamentos interpessoais têm na qualidade da motivação, divertimento e intenção em continuar a prática de exercício, visando a melhoria da participação em contexto de ginásio e atuando mais proximamente na promoção da saúde através do exercício físico.

Implicações práticas

Programas letivos e formações profissionais na avaliação e prescrição do exercício devem englobar não só, o ensino de conteúdos anatomofisiológicos e biomecânicos, mas igualmente estratégias de mudança comportamental e estudo de teorias psicológicas inerentes ao comportamento humano. Os resultados evidenciam ainda a importância da supervisão e acompanhamento dos técnicos de exercício físico durante a sessão de treino do praticante. Não basta haver a presença de um profissional, é preciso que este adapte os seus comportamentos de acordo com as necessidades que os praticantes têm para que seja percecionado como uma figura de suporte. Por último, sugere-se que os técnicos profissionais de saúde e de exercício físico programem e apliquem regularmente atividades lúdicas e sociais, promovendo sensações de satisfação e diversão junto dos praticantes. Tal como descrito pelos resultados, praticantes que experienciem elevados níveis de divertimento têm maiores probabilidades de se manterem na prática após seis meses.

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  • Financiamento

    Este trabalho foi apoiado pelo Financiamento Nacional através da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, para os autores F Rodrigues, H Neiva, L Cid e D Monteiro.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    25 Out 2019
  • Aceito
    25 Mar 2020
  • Publicado
    27 Mar 2020
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br