Sintomas depressivos, ansiedade e os sintomas estressantes durante a gravidez afetam o ganho de peso gestacional?

Do depressive symptoms, anxiety and stressful symptoms during pregnancy affect gestational weight gain?

Larissa Nogueira Silva Souza Susana Cararo Confortin Liliana Yanet Gómez Aristizábal Deysianne Costa das Chagas Ana Cleide Vieira Vanda Maria Ferreira Simões Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves Sobre os autores

Resumo

O objetivo deste artigo é estimar os efeitos dos sintomas de transtornos mentais na gravidez (sintomas depressivos, ansiedade e estresse) no ganho de peso gestacional. Estudo longitudinal, realizado com dados da Coorte de nascimento BRISA, iniciada em 2010 em São Luís, Maranhão. O ganho de peso gestacional foi classificado de acordo com Institute of Medicine. A variável independente foi um construto (variável latente) nomeado de sintomas de transtornos mentais, englobando as variáveis sintomas depressivos, a ansiedade e os sintomas estressantes (todas de forma contínua). Utilizou-se modelagem de equações estruturais, a fim de investigar a associação entre a saúde mental e ganho de peso. Em relação a associação entre sintomas de transtornos mentais e ganho de peso na gestação, não se encontrou efeito total (CP=0,043; p=0,377). Em relação aos efeitos indiretos, também não se encontrou efeito através dos comportamentos de risco (CP=0,03; p=0,368) e através da atividade física (CP=0,00; p=0,974). Finalmente os dados não evidenciaram efeito direto dos sintomas de transtornos mentais durante a gravidez como o ganho de peso gestacional (CP=0,050; p=0,404). O ganho de peso gestacional não apresentou efeito direto, indireto e total nos sintomas de transtornos mentais de gestantes.

Palavras-chave:
Depressão; Ansiedade; Saúde mental; Ganho de peso na gestação; Estudos longitudinais

Abstract

The scope of this article is to estimate the effects of symptoms of mental disorders during pregnancy (depressive symptoms, anxiety and stress) on gestational weight gain (kg). It is a longitudinal study, carried out with data from the BRISA Birth Cohort, which was launched in 2010 in São Luís, Maranhão. Gestational weight gain was classified according to the Institute of Medicine. The independent variable was a construct (latent variable) referred to as symptoms of mental disorders, made up of the depressive symptoms, anxiety and stressful symptoms variables (all on an ongoing basis). Structural equation modeling was used to investigate the association between mental health and weight gain. Regarding the association between symptoms of mental disorders and weight gain during pregnancy, no total effect was found (PC=0.043; p=0.377). Regarding indirect effects, no effect was found either through risk behaviors (PC=0.03; p=0.368) or through physical activity (PC=0.00; p=0.974). Finally, the data did not show a direct effect of symptoms of mental disorders during pregnancy such as gestational weight gain (PC=0.050; p=0.404). Gestational weight gain had no direct, indirect or total effect on symptoms of mental disorders in pregnant women.

Key words:
Depression; Anxiety; Mental health; Gestational weight gain; Longitudinal studies

Introdução

A gestação é um período marcado por diversas alterações na vida e no corpo feminino. O estado fisiológico da gravidez é responsável por inúmeras adaptações hemodinâmicas, metabólicas e hormonais, necessárias para atender às crescentes demandas deste processo. O ganho de peso gestacional é uma das modificações marcantes durante a gravidez e suas inadequações constituem problema de saúde pública, uma vez que favorecem o desenvolvimento de intercorrências negativas tanto para a mãe quanto para a criança11 Rahim MN, Williamson C, Kametas NA, Heneghan MA. Using pregnancy to assess risk and predict women's health. EClinicalMedicine 2020; 20:100292..

O excesso de peso e a obesidade mostram-se cada vez mais presentes na população mundial e entre as mulheres em idade fértil. Na América do Norte e no Reino Unido, aproximadamente, 20% da prevalência de obesidade entre mulheres grávidas é subestimada e o ganho de peso excessivo no período gestacional é comum, com taxas de prevalência que variam entre 33,0% e 60,0%22 Hill B, Skouteris H, McCabe M, Milgrom J, Kent B, Herring SJ, Hartley-Clark L, Gale J. A conceptual model of psychosocial risk and protective factors for excessive gestational weight gain. Midwifery 2013; 29(2):110-114.,33 Molyneaux E, Poston L, Khondoker M, Howard LM. Obesity, antenatal depression, diet and gestational weight gain in a population cohort study. Arch Womens Ment Health 2016; 19(5):899-907.. No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), em 2019, apenas 35,6% das gestantes avaliadas apresentaram peso adequado para a idade gestacional. Na região Nordeste, no mesmo período, observou-se que 36,3% das gestantes estavam com peso adequado para a idade gestacional, enquanto as demais apresentavam sobrepeso (28,4%), obesidade (18,5%) ou desnutrição (16,8%)44 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Relatórios do estado nutricional dos indivíduos acompanhamentos por período, fase do ciclo da vida e índice de massa corporal. Brasília: MS; 2019..

Na literatura, tem se discutido sobre a influência dos fatores biológicos e socioeconômicos no processo de ganho ponderal inadequado55 Silva LO, Alexandre MR, Cavalcante ACM, Arruda SPM, Sampaio RMM. Ganho de peso adequado versus inadequado e fatores socioeconômicos de gestantes acompanhadas na atenção básica. Rev Bras Saude Matern Infant 2019; 19(1):99-106., porém, é de suma importância trazer à pauta também os fatores emocionais que fazem parte da vivência materna. Apesar de ter razoável produção científica sobre a relação entre saúde mental e ganho de peso gestacional, os papéis dos fatores psicológicos, como a ansiedade66 Feng YY, Yu ZM, van Blyderveen S, Schmidt L, Sword W, Vanstone M, Biringer A, McDonald H, Beyene J, McDonald SD. Gestational weight gain outside the 2009 Institute of Medicine recommendations: novel psychological and behavioural factors associated with inadequate or excess weight gain in a prospective cohort study. BMC Pregnancy Childbirth 2021; 21(1):70.,77 Dachew BA, Ayano G, Betts K, Alati R. The impact of pre-pregnancy BMI on maternal depressive and anxiety symptoms during pregnancy and the postpartum period: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord 2021; 281:321-330., o estresse88 Braig S, Logan CA, Reister F, Rothenbacher D, Genuneit J. Psychosocial stress and longitudinally measured gestational weight gain throughout pregnancy: The Ulm SPATZ Health Study. Sci Rep 2020; 10(1):1-8.,99 Kapadia MZ, Gaston A, Van Blyderveen S, Schmidt L, Beyene J, McDonald H, McDonald SD. Psychological antecedents of excess gestational weight gain: A systematic review. BMC Pregnancy Childbirth 2015; 15:107. e os sintomas depressivos99 Kapadia MZ, Gaston A, Van Blyderveen S, Schmidt L, Beyene J, McDonald H, McDonald SD. Psychological antecedents of excess gestational weight gain: A systematic review. BMC Pregnancy Childbirth 2015; 15:107.

10 Garay SM, Sumption LA, Pearson RM, John RM. Risk factors for excessive gestational weight gain in a UK population: a biopsychosocial model approach. BMC Pregnancy Childbirth 2021; 21(1):1-8.

11 Yu ZM, Van Blyderveen S, Schmidt L, Lu C, Vanstone M, Biringer A, Sword W, Beyene J, McDonald SD. Predictors of Gestational Weight Gain Examined As a Continuous Outcome: A Prospective Analysis. J Womens Health (Larchmt) 2021; 30(7):1006-1015.
-1212 Farias DR, Carrilho TRB, Freitas-Costa NC, Batalha MA, Gonzalez M, Kac G. Maternal mental health and gestational weight gain in a Brazilian Cohort. Sci Rep 2021; 11(1):1-11. durante o período gestacional, não estão bem estabelecidos e não são analisados de forma conjunta.

Os fatores psicossociais podem afetar o ganho de peso gestacional por diferentes caminhos os quais incluem o efeito direto nos mecanismos fisiológicos de controle de peso (por exemplo, redução da eficiência metabólica, mediação neuroendócrina do acúmulo de gordura abdominal), e de outro lado a influência indireta por meio de práticas de estilo de vida como são os hábitos nutricionais, prática de atividade física e frequência de uso de tabaco1313 Suliga E, Rokita W, Adamczyk-Gruszka O, Pazera G, Ciesla E, Gluszek S. Factors associated with gestational weight gain: A cross-sectional survey. BMC Pregnancy Childbirth 2018; 18(1):1-11.,1414 Champion ML, Harper LM. Gestational Weight Gain: Update on Outcomes and Interventions. Curr Diab Rep 2020; 20(3):1-10..

A ansiedade é considerada comum nesse período77 Dachew BA, Ayano G, Betts K, Alati R. The impact of pre-pregnancy BMI on maternal depressive and anxiety symptoms during pregnancy and the postpartum period: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord 2021; 281:321-330., assim como a depressão é um dos transtornos mentais mais comuns durante a gravidez e no período pós-parto1515 Heller HM, Hoogendoorn AW, Honig A, Broekman BFP, van Straten A. The effectiveness of a guided Internet-based tool for the treatment of depression and anxiety in pregnancy (Mamakits online): Randomized controlled trial. J Med Internet Res 2020; 22(3):e15172.,1616 Dennis CL, Falah-Hassani K, Shiri R. Prevalence of antenatal and postnatal anxiety: Systematic review and meta-analysis. Br J Psychiatry 2017; 210(5):315-323.. O estresse, por sua vez, torna-se mais evidente ao final da gestação88 Braig S, Logan CA, Reister F, Rothenbacher D, Genuneit J. Psychosocial stress and longitudinally measured gestational weight gain throughout pregnancy: The Ulm SPATZ Health Study. Sci Rep 2020; 10(1):1-8.. Níveis elevados de ansiedade e estresse, e depressão durante a gravidez são deletérios para a saúde materno-infantil77 Dachew BA, Ayano G, Betts K, Alati R. The impact of pre-pregnancy BMI on maternal depressive and anxiety symptoms during pregnancy and the postpartum period: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord 2021; 281:321-330.,88 Braig S, Logan CA, Reister F, Rothenbacher D, Genuneit J. Psychosocial stress and longitudinally measured gestational weight gain throughout pregnancy: The Ulm SPATZ Health Study. Sci Rep 2020; 10(1):1-8., repercutindo no risco de nascimento pré-termo, baixo peso ao nascer, influência negativa sobre o vínculo mãe-bebê77 Dachew BA, Ayano G, Betts K, Alati R. The impact of pre-pregnancy BMI on maternal depressive and anxiety symptoms during pregnancy and the postpartum period: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord 2021; 281:321-330.,88 Braig S, Logan CA, Reister F, Rothenbacher D, Genuneit J. Psychosocial stress and longitudinally measured gestational weight gain throughout pregnancy: The Ulm SPATZ Health Study. Sci Rep 2020; 10(1):1-8. e risco aumentado de depressão pós-parto77 Dachew BA, Ayano G, Betts K, Alati R. The impact of pre-pregnancy BMI on maternal depressive and anxiety symptoms during pregnancy and the postpartum period: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord 2021; 281:321-330..

O ganho de peso gestacional inadequado e o estresse, a depressão e a ansiedade são problemas de saúde pública, com consequências deletérias para a mãe e para a criança, já bem estabelecidos e discutidos na literatura1212 Farias DR, Carrilho TRB, Freitas-Costa NC, Batalha MA, Gonzalez M, Kac G. Maternal mental health and gestational weight gain in a Brazilian Cohort. Sci Rep 2021; 11(1):1-11.,1717 Lana TC, Oliveira LVA, Martins EF, Santos NCP, Matozinhos FP, Felisbino-Mendes MS. Prevalência, fatores associados e desfechos reprodutivos relacionados ao ganho de peso gestacional excessivo. Rev Enferm UERJ 2020; 28:e53127.,1818 Harvey MW, Braun B, Ertel KA, Pekow PS, Markenson G, Chasan-Taber L. Stress and Anxiety are Associated with Lower Gestational Weight Gain in Hispanic Women. Women's Health Issues 2020; 30(6):409-415.. Porém, poucos estudos analisam esses componentes em conjunto (sintomas de transtornos mentais - sintomas de estresse, de depressão e de ansiedade), e até que ponto os fatores emocionais vivenciados por mulheres grávidas influenciam o ganho de peso gestacional.

Além disso, a literatura aponta que há sobreposição clínica entre a depressão, ansiedade e estresse, o que traz piora do prognóstico, da qualidade de vida e funcionalidades dos indivíduos1919 Martins BG, Silva WR, Maroco J, Campos JADB. Depression, anxiety, and stress scale: Psychometric properties and affectivity prevalence. J Bras Psiquiatr 2019; 68(1):32-41.. Desta forma, o estudo analisando simultaneamente todos esses fatores por meio da construção de uma variável latente, pode contribuir para o conhecimento das interrelações destes sintomas de transtornos mentais com o ganho de peso gestacional, produzindo evidências sobre esse fenômeno. Assim, o estudo tem como objetivo estimar os efeitos dos sintomas de transtornos mentais na gravidez (sintomas depressivos, ansiedade e estresse) no ganho de peso gestacional.

Método

Trata-se de um estudo longitudinal, realizado com dados da Coorte de nascimento BRISA2020 Confortin SC, Ribeiro MRC, Barros AJD, Federal AMBM, Horta BL, Victora CG, Barros FC, Gonçalves H, Bettiol H, Santos ISD, Barbieri MA, Saraiva MDCP, Britto e Alves MTSS, Silveira MFD, Domingues MR, Lima NP, Rocha PRH, Cavalli RC, Batista RFL, Cardoso VC, Simões VMF, Silva AAMD. RPS Brazilian Birth Cohorts Consortium (Ribeirão Preto, Pelotas and São Luís): history, objectives and methods. Cad Saude Publica 2021; 37(4):e00093320. (acrônimo para “Brazilian Ribeirão Preto and São Luís prenatal cohort”), iniciada em 2010 e desenvolvida pela Universidade Federal do Maranhão e pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A coorte foi seguida em dois momentos: o primeiro no pré-natal e o segundo no nascimento. No pré-natal, participaram gestantes com idade gestacional de 23 a 25 semanas, que foram contatadas em serviços de pré-natal nas maternidades Marly Sarney, Benedito Leite e Materno Infantil, e por demanda espontânea, em resposta à divulgação na mídia. No nascimento, essas gestantes foram abordadas em 10 maternidades públicas e privadas do município, que registraram 100 ou mais partos por ano em 2010. A coleta de dados ocorreu de fevereiro de 2010 a junho de 2011. A amostra de conveniência foi de 1.447 gestantes.

Entre os critérios de inclusão, era necessário ter realizado ultrassonografia obstétrica antes da 20ª semana de gestação, e não ter ultrapassado 25 semanas gestacionais na ocasião da coleta de dados. A gravidez múltipla foi critério de não inclusão. Também foi aplicado questionário padronizado em entrevista face a face por entrevistadores treinados.

Variável dependente

O ganho de peso gestacional (GPG) foi avaliado por meio do método do Institute of Medicine de 20092121 Institute of Medicine and National Research Council. Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines [Internet]. Washington, D.C.: National Academies Press; 2009 [cited 2021 jan 10]. Available from: http://www.nap.edu/catalog/12584.
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, avaliado de forma contínua, em quilogramas (Kg). O ganho de peso gestacional foi calculado por meio da subtração entre peso ao final da gravidez e o peso pré-gestacional. Tanto o peso pré-gestacional quanto o peso ao final da gravidez foram autorreferidos.

Variável independente

A variável independente foi um construto (variável latente) nomeado de sintomas de transtorno mental, englobando as variáveis sintomas depressivos, sintomas de ansiedade e sintomas de estresse (todas avaliadas de forma contínua). Foram considerados sintomas de transtorno mental as experiências subjetivas de mal-estar inespecífico com repercussões fisiológicas e psicológicas aferidas por meio de três escalas específicas. Os sintomas depressivos foram avaliados por meio de questionário autoaplicado, sendo utilizada a Escala de Rastreamento Populacional para Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D)2222 Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Validade da escala de depressão do Center for Epidemiological Studies entre idosos brasileiros. Rev Saude Publica 2007; 41(4):598-605.. Os sintomas de ansiedade foram analisados por meio da Escala de Ansiedade de Beck2323 Cunha JA. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2001., sendo as pontuações de 0 a 9 considerada ansiedade normal, de 10 a 18 ansiedade leve, de 19 a 29 ansiedade moderada e 30 ou mais como ansiedade grave. As categorias foram agrupadas em ansiedade normal/leve e ansiedade moderada/intensa para a análise descritiva. A percepção do estresse foi avaliada por meio da Escala de Estresse Percebido (PSS-14)2424 Cohen S, Kamarck T, Mermelstein R. A Global Measure of Perceived Stress. J Health Soc Behav 1983; 24(4):385.,2525 Luft CDB, Sanches SO, Mazo GZ, Andrade A. Versão brasileira da Escala de Estresse Percebido: tradução e validação para idosos. Rev Saude Publica 2007; 41(4):606-615., sendo categorizado em não (0 a 30) e sim (31 a 70) para a análise descritiva.

Variáveis complementares

A variável latente referente a situação socioeconômica foi criada a partir de três variáveis indicadoras: escolaridade materna (até 4 anos de estudo, 5 a 8 anos, 9 a 11 anos, 12 ou mais anos de estudo), classificação econômica (A/B, C, D/E) de acordo com os critérios da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa2626 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério Brasil e Alterações na aplicação do Critério Brasil, válidas a partir de 16/04/2018 [Internet]. 2018 [acessado 2021 jan 10]. Disponível em: http://www.abep.org/criterio-brasil.
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, e ocupação do chefe da família (não trabalha, trabalhadores manuais e trabalhadoras não manuais).

A variável latente referente a violência foi construída levando-se em consideração três tipos de violência contra a mulher, medidos por questionário autoaplicado da Organização Mundial da Saúde (OMS)2727 Schraiber LB, Rosário Dias O Latorre M, França I, Segri NJ, Lucas D'Oliveira AFP. Validity of the WHO VAW study instrument for estimating gender-based violence against women. Rev Saude Publica 2010; 44(4):658-666.: violência física, sexual e psicológica.

Para a construção da variável latente “Comportamentos de risco”, levou-se em consideração as variáveis referentes ao consumo de álcool2828 Moretti-Pires RO, Corradi-Webster CM. Adaptation and validation of the Alcohol Use Disorders Identifi cation Test (AUDIT) for a river population in the Brazilian Amazon. Cad Saude Publica 2011; 27(3):497-509., drogas e cigarro, sendo as respostas indicadas por “Sim” ou “Não” em relação ao consumo.

A prática de atividade física foi verificada por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-versão curta)2929 Craig CL, Marshall AL, Sjostrom M, Bauman AEe, Booth ML, Ainsworth BE, Pratt M, Ekelund U, Yngve A, Sallis JF, Oja P. International Physical Activity Questionnaire: 12-Country Reliability and Validity. Med Sci Sport Exerc 2003; 35(8):1381-1395., sendo categorizada em ativo (≥300 min/sem) e inativo (<300 min/sem)3030 World Health Organization (WHO). Physical activity [Internet]. 2020 [cited 2021 jul 19]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity.
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.

Além dessas variáveis, utilizou-se a idade da gestante (<20 anos, ≥20 e ≤35 anos e >35 anos) e mora com os filhos (1 a 2, 3 a 5, 6 ou mais, não mora com os filhos). A rede de apoio social foi avaliada pela Escala de Rede e Apoio Social do Medical Outcomes Study (MOS), medida por meio de questionário autoaplicado3131 Chor D, Griep RH, Lopes CS, Faerstein E. Medidas de rede e apoio social no Estudo Pró-Saúde: pré-testes e estudo piloto. Cad Saude Publica 2001; 17(4):887-896.,3232 Faerstein E, Chor D, Lopes CS, Werneck GL. Estudo Pró-Saúde: características gerais e aspectos metodológicos. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(4):454-466.. A variável referente ao pré-natal adequado foi construída levando-se em consideração a quantidade de consultas realizadas em toda a gestação, de acordo com o trimestre (adequado: ≥6 consultas; não adequado: <6 consultas de pré-natal)3333 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria no 570, de 1º de junho de 2000. Institui o Componente I do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento - Incentivo à Assistência Pré-natal no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União; 2000.. A situação conjugal (com companheiro, sem companheiro) também foi analisada.

Modelo teórico

A Figura 1 mostra o Modelo Teórico entre sintomas de transtornos mentais e ganho de peso total ao final da gestação. No modelo final, a variável resposta foi o ganho de peso gestacional (kg) e a variável explicativa foi a latente de sintomas de transtornos mentais.

Figura 1
Modelo teórico da associação entre sintomas de transtornos mentais (sintomas depressivos, ansiedade e sintomas estressores) e ganho de peso gestacional. São Luís, Maranhão, Brasil, 2010-2011.

As variáveis ganho de peso gestacional (kg), sintomas depressivos, ansiedade e sintomas estressantes foram declaradas como variáveis contínuas no modelo. As variáveis de ajuste [idade da mãe, situação conjugal, latente de violência (física, psicológica e sexual), SES (classificação econômica, renda, escolaridade)] foram declaradas como categóricas (Figura 1).

Análise dos dados

Análises descritivas foram realizadas para todas as variáveis, estimando as frequências absolutas e relativas. Dada a ocorrência de perdas de seguimento, foi realizada verificação de perdas diferenciais para todas as variáveis. Após verificação das perdas diferenciais foi realizada ponderação pelo inverso da probabilidade. O inverso da probabilidade de seleção foi calculado a fim de minimizar associações espúrias decorrentes de perdas amostrais e usado para ponderar as estimativas do modelo.

Para o ajuste do modelo, foi utilizada modelagem de equações estruturais, a fim de investigar a associação entre sintomas de transtornos mentais e ganho de peso total ao final da gestação em mulheres. Neste tipo de modelagem, estima-se simultaneamente uma série de equações de regressão múltipla, sendo avaliados os efeitos diretos, indiretos e totais de variáveis sobre o desfecho, havendo ainda a inclusão de variáveis latentes não diretamente observadas3434 Sands DJ, Spencer KC, Gliner J, Swaim R. Structural Equation Modeling of Student Involvement in Transition-Related Actions: The Path of Least Resistance. Focus Autism Other Developmental Disabilities 1999; 14(1):17-27..

Foram considerados para um bom ajuste do modelo os seguintes critérios: (a) valor de p>0,05 para o teste do qui-quadrado (χ²), (b) valor de p<0,05 e limite superior do intervalo de 90% de confiança (IC90%) inferior a 0,08 para a raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSEA); (c) valores superiores a 0,95 para o índice de ajustamento comparativo (CFI) e índice Tucker-Lewis (CFI/TLI); e (d) valores da raiz do resíduo quadrático médio ponderado (WRMR) menores que 1. Nas análises das estimativas padronizadas para construção das variáveis latentes, considerou-se carga fatorial superior a 0,50 com p<0,05 como indicativa de alta correlação entre a variável indicadora e o construto. No modelo final, foram avaliados os efeitos totais, diretos e indiretos das variáveis de saúde mental sobre o ganho de peso gestacional. O nível de significância foi fixado em 0,053535 Chagas DC, Silva AAM, Ribeiro CCC, Batista RFL, Alves MTSSBE. Effects of gestational weight gain and breastfeeding on postpartum weight retention among women in the BRISA cohort. Cad Saude Publica 2017; 33(5):e00007916..

Foi utilizado o programa R, versão 4.0.3 para análises descritivas e o MPLUS (VERSION 8.8) para a modelagem de equações estruturais.

Aspectos éticos

Este trabalho seguiu os critérios da Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e suas resoluções complementares, e também se encontra de acordo com a Resolução nº 466/2012 do CNS. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi assinado pelos entrevistados. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da UFMA (registro nº 223/2009).

Resultados

Em relação às características sociodemográficas e socioeconômicas maternas, 83,1% das gestantes tinham entre 20 e 35 anos, 76,0% tinham escolaridade entre 9 e 11 anos de estudo, 67,7% pertenciam à classe econômica C, 50,1% estavam desempregadas, 80,1% tinham companheiro e 57,8% não moravam com filhos. No que se refere às características da mãe e da gestação, observou-se que 3,9% eram tabagistas, 22,2% consumiram álcool durante a gravidez, 1,6% consumiu drogas ilícitas e 60,6% eram insuficientemente ativas (Tabela 1).

Tabela 1
Caracterização da população de estudo (N=1.190). Coorte pré-natal BRISA - São Luís, Maranhão, Brasil, 2011-2012.

A maioria das gestantes realizou o pré-natal adequadamente (88,5%) e relatou baixo nível de apoio social (64,7%). Em relação ao IMC pré-gestacional, 66,1% das mulheres foram consideradas eutróficas (Tabela 1).

A prevalência da violência psicológica foi de 48,2%, da física foi de 12,7% e da sexual foi de 3,2%. Os sintomas depressivos foram presentes em 28,5% das gestantes e 40,6% apresentaram nível de ansiedade moderado/intenso. Além disso, a presença de estresse foi relatada por 24,0% das gestantes (Tabela 1).

Os índices de ajuste do modelo de equações estruturais para a associação entre sintomas de transtornos mentais e o ganho de peso gestacional apresentaram medidas que indicam bons ajustes dos modelos com valores <0,03 para o RMSEA, <0,06 para o SRMR, >0,95 para o CFI e >0,93 para o TLI (Tabela 2).

Tabela 2
Índices de ajuste do modelo de equações estruturais para a associação entre saúde mental e o ganho de peso gestacional, na coorte pré-natal Brisa. São Luís, Brasil, 2011-2012.

Na Tabela 3 são apresentados os coeficientes padronizados do modelo de equações estruturais para a associação entre sintomas de transtornos mentais e o ganho de peso gestacional.

Tabela 3
Coeficientes padronizados (CP) do modelo de equações estruturais para os construtos de variáveis latentes utilizadas na análise dos efeitos dos sintomas de transtornos mentais no ganho de peso gestacional, na coorte pré-natal Brisa. São Luís, Brasil, 2011-2012.

No que diz respeito aos sintomas de transtornos mentais sobre o ganho de peso gestacional não se achou um efeito total (CP=0,003; p=0,950). Em relação aos efeitos indiretos, também não se encontrou um efeito através dos comportamentos de risco (CP=0,019; p=0,237). Finalmente os dados não evidenciaram um efeito direto dos sintomas de transtornos mentais durante a gravidez como o ganho de peso gestacional (CP=-0,016; p=0,775) (Tabela 4 e Figura 2).

Tabela 4
Efeitos direto, indireto e total dos sintomas de transtornos mentais no ganho de peso gestacional, na coorte pré-natal Brisa. São Luís, Brasil, 2011-2012.

Figura 2
Estimativas do modelo de equação estrutural final dos efeitos diretos e indiretos dos sintomas de transtornos mentais sobre a o ganho de peso gestacional. São Luís, Maranhão, Brasil, 2010-2011.

Discussão

No presente estudo não foram observados efeitos diretos, indiretos ou total na associação entre sintomas de transtornos mentais e ganho de peso na gestação.

Este achado corrobora com revisões sistemáticas sobre os fatores de risco psicossociais para ganho de peso gestacional, nas quais não observaram associação da ansiedade, estresse99 Kapadia MZ, Gaston A, Van Blyderveen S, Schmidt L, Beyene J, McDonald H, McDonald SD. Psychological antecedents of excess gestational weight gain: A systematic review. BMC Pregnancy Childbirth 2015; 15:107. e depressão99 Kapadia MZ, Gaston A, Van Blyderveen S, Schmidt L, Beyene J, McDonald H, McDonald SD. Psychological antecedents of excess gestational weight gain: A systematic review. BMC Pregnancy Childbirth 2015; 15:107. durante a gravidez com ganho de peso gestacional. No estudo de coorte Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC), realizado com amostra de 7.464 mulheres da Inglaterra, não foi encontrada associação entre os sintomas depressivos e o ganho de peso gestacional excessivo33 Molyneaux E, Poston L, Khondoker M, Howard LM. Obesity, antenatal depression, diet and gestational weight gain in a population cohort study. Arch Womens Ment Health 2016; 19(5):899-907.. Outros divergiram dos resultados encontrados no presente estudo, como Garay et al.1010 Garay SM, Sumption LA, Pearson RM, John RM. Risk factors for excessive gestational weight gain in a UK population: a biopsychosocial model approach. BMC Pregnancy Childbirth 2021; 21(1):1-8. e Yu et al.1111 Yu ZM, Van Blyderveen S, Schmidt L, Lu C, Vanstone M, Biringer A, Sword W, Beyene J, McDonald SD. Predictors of Gestational Weight Gain Examined As a Continuous Outcome: A Prospective Analysis. J Womens Health (Larchmt) 2021; 30(7):1006-1015., que encontraram associação entre depressão e ganho de peso gestacional, assim como Paulino et al.3636 Paulino DSM, Pinho-Pompeu M, Raikov F, Freitas-Jesus JV, Machado HC, Surita FG. The Role of Health-related Behaviors in Gestational Weight Gain among Women with Overweight and Obesity: A Cross-sectional Analysis. Rev Bras Ginecol Obstet 2020; 42(6):316-324., que encontraram associação entre o estresse e ganho de peso excessivo em mulheres (com sobrepeso e obesidade) de Campinas. Enquanto, em estudo realizado no Canadá, Feng et al.66 Feng YY, Yu ZM, van Blyderveen S, Schmidt L, Sword W, Vanstone M, Biringer A, McDonald H, Beyene J, McDonald SD. Gestational weight gain outside the 2009 Institute of Medicine recommendations: novel psychological and behavioural factors associated with inadequate or excess weight gain in a prospective cohort study. BMC Pregnancy Childbirth 2021; 21(1):70. encontraram associação da ansiedade durante a gravidez com o ganho de peso gestacional inadequado.

De fato, os estudos sobre este tema ainda mostraram resultados conflitantes, tanto estudos atuais, quanto os estudos clássicos e pioneiros nesse assunto. Rasmussen e Yaktine3737 Rasmussen KM, Yaktine AL. Institute of Medicine (US) and National Research Council (US) Committee to Reexamine IOM Pregnancy Weight Guidelines. Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines. Washington, D.C.: National Academies Press; 2009. sintetizaram os estudos pioneiros, como o de Hickey et al.3838 Hickey CA, Cliver SP, McNeal SF, Hoffman HJ, Goldenberg RL. Prenatal weight gain patterns and spontaneous preterm birth among nonobese black and white women. Obstet Gynecol 1995; 85(6):909-914. que não encontraram relação entre os fatores psicossociais e o ganho de peso gestacional e Stevens et al.3939 Stevens-Simon C, McAnarney ER, Roghmann KJ, Forbes GB. Composition of gestational weight gain in adolescent pregnancy. J Matern Fetal Med 1997; 6(2):79-86. que apresentaram associação entre depressão e ganho de peso gestacional excessivo, e demonstraram que desde o começo da exploração deste tema, até os dias atuais, pouco já foi consolidado a respeito da influência dos fatores psicossociais sobre o ganho de peso gestacional4040 Ismail LC, Bishop DC, Pang R, Ohuma EO, Kac G, Abrams B, Rasmussen K, Barros FC, Hirst JE, Lambert A, Papageorghiou AT, Stones W, Jaffer YA, Altman DG, Noble JA, Giolito MR, Gravett MG, Purwar M, Kennedy SH, Bhutta ZA, Villar J. Gestational weight gain standards based on women enrolled in the Fetal Growth Longitudinal Study of the INTERGROWTH-21st project: A Prospective longitudinal cohort study. BMJ 2016; 352:i555..

Vale ressaltar que alguns fatores contribuem para resultados discordantes encontrados na literatura, como, por exemplo, os diferentes métodos de aferição do ganho de peso gestacional e de mensuração dos fatores de saúde mental vivenciados na gestação. Além das características sociodemográficas distintas em cada amostra. É importante também destacar que a literatura sugere que a ansiedade durante a gestação tem curso diferente entre mulheres que iniciam a gestação obesas e mulheres eutróficas, resultando em níveis mais altos de ansiedade em mulheres obesas4141 Bogaerts AFL, Devlieger R, Nuyts E, Witters I, Gyselaers W, Van Den Bergh BRH. Effects of lifestyle intervention in obese pregnant women on gestational weight gain and mental health: A randomized controlled trial. Int J Obes 2013; 37(6):814-821.. Contudo, no presente estudo, foram avaliadas todas as mulheres, independente do IMC pré-gestacional. Ressalta-se que foram testados os dados com a exclusão das mulheres com IMC pré-gestacional diferente de eutrófico e os resultados foram similares. Assim, a exclusão ou não das não eutróficas, não pode ter sido a explicação para a não associação da saúde mental durante a gravidez com o ganho de peso gestacional.

A gravidez é um momento oportuno para o estudo de relacionamentos pessoais e processos sociais mais amplos na vida da mulher. Trata-se de um período repleto de mudanças em todos os aspectos da vida da gestante, sendo o ganho de peso gestacional e os fatores psicossociais protagonistas das diversas alterações que a mulher enfrenta nessa fase. Assim, pesquisas futuras sobre a associação entre saúde mental durante a gravidez com o ganho de peso gestacional devem examinar outros mecanismos potenciais, como a insatisfação com a imagem corporal, estigmas relacionados à obesidade, problemas de saúde física, etc.

Limitações

Como limitações do estudo, houve perda de seguimento da amostra, o que pode levar à distorção das estimativas de associação, pois fatores relacionados à exposição podem influenciar a participação dos indivíduos no estudo. As medidas de peso pré-gestacional e de peso ao final da gestação foram autorreferidas, entretanto, a literatura aponta que embora o peso medido seja preferível, o autorrelato é uma abordagem de medição prática e econômica e pode ser utilizada sem prejuízos, posto que o erro de relato não enviesa amplamente as associações4242 Headen I, Cohen AK, Mujahid M, Abrams B. The accuracy of self-reported pregnancy-related weight: a systematic review. Obes Rev 2017; 18(3):350-369..

Vale destacar também, que não foram excluídas da amostra gestantes com complicações de saúde, materna ou fetal que poderiam influenciar tanto a saúde mental como o ganho de peso. Finalmente, não ocorreu a avaliação do consumo alimentar neste estudo, o que poderia ajudar a elucidar como os hábitos alimentares contribuiriam na relação para o potencial ganho de peso, pois esse fator comportamental também está no caminho causal entre a saúde mental e o ganho de peso gestacional.

Pontos fortes

Como pontos fortes, a utilização de dados de uma coorte de pré-natal, com dados coletados com alto rigor metodológico, utilizando questionários validados. Além de ter sido utilizadas análises robustas como a modelagem de equações estruturais para estimar a associação da saúde mental com o ganho de peso gestacional em modelo causal.

Conclusões

Não houve associações entre a saúde mental com o ganho de peso gestacional. Apesar disso, é necessário a capacitação da equipe multiprofissional, que viabilize a triagem e identificação precoce dos sintomas, podendo intervir e minimizar os prejuízos dos sintomas de transtornos mentais para as mães e bebês.

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  • Financiamento

    Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT)/Ministério da Saúde.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    Jul 2023

Histórico

  • Recebido
    18 Nov 2021
  • Aceito
    06 Jan 2023
  • Publicado
    08 Jan 2023
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br