Insatisfação com a imagem corporal e baixa aderência ao padrão alimentar ocidental em escolares: um estudo transversal

Body image dissatisfaction and low adherence to the Western dietary standard among schoolchildren: a cross-sectional study

Aline Monteiro dos Santos Ruas Ana Marlúcia Oliveira Carla de Magalhães Cunha Nadjane Ferreira Damascena Sanjay Kinra Camila Aparecida Borges Priscila Ribas Farias Costa Mônica Leila Portela de Santana Sobre os autores

Resumo

Este estudo objetivou identificar padrões alimentares e avaliar a associação entre percepção da imagem corporal e esses padrões em escolares. Um estudo transversal foi conduzido em 385 escolares (ambos os sexos, 10-17 anos de idade) de 4 escolas públicas de Salvador, Brasil. Dois recordatórios alimentares de 24h não consecutivos foram aplicados e o padrão alimentar foi determinado por Análise Fatorial Exploratória, após ajuste dos dados dietéticos pelo Multiple Source Method. Para avaliar percepção da imagem corporal, nós usamos uma escala brasileira de silhuetas. Avaliamos as associações entre percepção da imagem corporal e padrões alimentares usando o modelo de regressão logística politômica ajustado para covariáveis. Três padrões alimentares foram obtidos: “padrão ocidental”, “padrão saudável” e “comidas típicas/junk food”. Após ajuste, adolescentes que desejavam uma silhueta menor (2,48 [IC95%: 1,04-6,11], 3,49 [IC95%: 1,35-9,05] e 2,87 [IC95%: 1,13-7,26]) tinham mais chances de aderir aos quintis de menor consumo do padrão ocidental, comparados àqueles satisfeitos com sua imagem corporal. Nenhuma associação foi identificada nos outros dois padrões alimentares. Adolescentes insatisfeitos com seus corpos tendem a aderir menos a padrões alimentares não saudáveis.

Key words:
Western dietary standard; Body dissatisfaction; Body image; Cross-sectional study

Abstract

This study aimed to identify dietary patterns and to evaluate the association between body image perception and these patterns among schoolchildren. A cross-sectional study was conducted on 385 schoolchildren (both sexes, 10-17 years old) from four public schools in Salvador, Brazil. Two non-consecutive 24-hour dietary recalls were applied, and the dietary pattern was determined by Exploratory Factor Analysis after adjustment of dietary data using the Multiple Source Method. To evaluate body image perception, the Brazilian body shape silhouette was used. The associations between body image perception and dietary patterns using the polytomous logistic regression model adjusted for covariables was assessed. Three dietary patterns were obtained: “Western standard,” unhealthy, “healthy pattern” and “typical dishes/ junk food.” After adjustment, adolescents who wished for a slimmer silhouette (2.48 [95%CI: 1.04-6.11], 3.49 [95%CI: 1.35-9.05] and 2.87 [95%CI: 1.13-7.26]) were more likely to adhere to the quintiles with the lowest consumption of the Western standard, compared to those satisfied with their body image. No associations were identified in the other two dietary patterns. Adolescents dissatisfied with their bodies tend to adhere less to unhealthy dietary patterns.

Key words:
Western dietary standard; Body dissatisfaction; Body image; Cross-sectional study

Introdução

A adolescência, período de vida marcado por mudanças biológicas e psicossociais intensas, ao mesmo tempo em que oportuniza o desenvolvimento e consolidação de hábitos saudáveis11 Enes CC, Slater B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(1):163-171.,22 World Health Organization (WHO). Global strategy on diet, physical activity and health. Geneva: WHO; 2003. e construção estrutural da visão da imagem corporal33 Conti MA. Os aspectos que compõem o conceito de imagem corporal pela ótica do adolescente. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum 2008; 18(3):240-253. também oferece ao jovem maior exposição a múltiplos riscos à saúde44 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: Uma Fase de Oportunidades. Situação Mundial da Infância 2011. Nova Iorque: UNICEF; 2011.. Assim, tem-se essa fase como essencial no estabelecimento da saúde, nutrição e bem-estar do indivíduo, com expressão na vida adulta11 Enes CC, Slater B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(1):163-171.,22 World Health Organization (WHO). Global strategy on diet, physical activity and health. Geneva: WHO; 2003..

O rápido desenvolvimento físico e dos caracteres sexuais na adolescência imprimem aumento das necessidades nutricionais, que tem como importantes alicerces adoção de práticas alimentares saudáveis55 Roy PG, Stretch T. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Child and Adolescent Federally Funded Nutrition Assistance Programs. J Acad Nutr Diet 2018; 118(8):1490-1497.,66 Das JK, Salam RA, Thornburg KL, Prentice AM, Campisi S, Lassi ZS, Koletzko B, Bhutta ZA. Nutrition in adolescents: physiology, metabolism, and nutritional needs. Ann N Y Acad Sci 2017; 1393(1):21-33.. No entanto, a compreensão do significado e ressignificado dessas práticas adotadas pelos adolescentes ainda representa grande desafio para os pesquisadores e trabalhadores no campo da saúde. Nesse contexto, o estudo dos padrões alimentares (PA) tem sido valorizado devido a sua importância ao refletir não somente a dieta total77 Willett WC, editor. Nutritional Epidemiology. New York: Oxford University Press; 1998.,88 Tucker KL. Dietary patterns, approaches, and multicultural perspective. Appl Physiol Nutr Metab 2010; 35(2):211-218., mas também o significado das escolhas de consumo. Embora muitos estudos busquem investigar a influência dos PA sobre o desenvolvimento de doenças99 Silva DFO, Lyra CO, Lima SCVC. Padrões alimentares de adolescentes e associação com fatores de risco cardiovascular: uma revisão sistemática. Cien Saude Colet 2016; 21(4):1181-1196.

10 Borges CA. Padrões alimentares praticados por adolescentes: influência de fatores socioeconômicos e relação com o estado nutricional [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2016.
-1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692., ressalva-se a necessidade de ampliar o conhecimento dos fatores determinantes do consumo alimentar na adolescência. Por exemplo, o padrão alimentar tradicional (caracterizado por alimentos tipicamente brasileiros, como arroz e feijão), pode ser associado positivamente pelo sexo masculino1212 Alves MA, Souza AM, Barufaldi LA, Tavares BM, Bloch KV, Vasconcelos FAG. Padrões alimentares de adolescentes brasileiros por regiões geográficas: análise do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Cad Saude Publica 2019; 35(6):3-15.. Já padrões “não saudáveis” podem ser positivamente influenciados por maior nível socioeconômico1212 Alves MA, Souza AM, Barufaldi LA, Tavares BM, Bloch KV, Vasconcelos FAG. Padrões alimentares de adolescentes brasileiros por regiões geográficas: análise do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Cad Saude Publica 2019; 35(6):3-15. e, em meninas, por excesso de peso1313 Fonseca RR. Estudos sobre padrões alimentares na adolescência: contribuições teórico-metodológicas [tese]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2017.. Padrões “saudáveis”, por sua vez, podem ser negativamente associados ao sexo feminino1414 Mascarenhas JMO, Silva RDCR, Assis AMOD, Santana MLP, Moraes LTLP, Barreto ML. Identification of food intake patterns and associated factors in teenagers. Rev Nutr 2014; 27(1):45-54. e à pior classe econômica1414 Mascarenhas JMO, Silva RDCR, Assis AMOD, Santana MLP, Moraes LTLP, Barreto ML. Identification of food intake patterns and associated factors in teenagers. Rev Nutr 2014; 27(1):45-54.. Contudo, variáveis comportamentais do adolescente foram pouco estudadas em sua associação com padrões alimentares, a exemplo da satisfação com a aparência corporal1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274.,1616 Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161..

A satisfação com o próprio corpo tem sido estudada sob a ótica da imagem corporal, construto multifacetado que envolve autopercepção, atitudes, crenças, comportamentos, pensamentos e sentimentos relacionados ao corpo1717 Cash TF. Body image: past, present and future [editorial]. Norfolk: Department of Psychology - Old Dominion University; 2004., seja em relação à forma ou ao tamanho corporal. Adolescentes com autopercepção negativa da imagem do corpo tem maior risco de ter baixa autoestima1818 Duchesne AP, Dion J, Lalande D, Bégin C, Émond C, Lalande G, McDuff P. Body dissatisfaction and psychological distress in adolescents: Is self-esteem a mediator? J Health Psychol 2017; 22(12):1563-1569., baixa qualidade de vida1919 Griffiths S, Murray SB, Bentley C, Gratwick-Sarll K, Harisson C, Mond JM. Sex Differences in Quality of Life Impairment Associated With Body Dissatisfaction in Adolescents. J Adolesc Health 2017; 61(1):77-82., ansiedade2020 Vannucci A, Ohannessian CM. Body Image Dissatisfaction and Anxiety Trajectories During Adolescence. J Clin Child Adolesc Psychol 2018; 47(5):785-795., depressão2121 Blashill AJ, Wilhelm S. Body Image Distortions, Weight, and Depression in Adolescent Boys: Longitudinal Trajectories into Adulthood. Psychol Men Masc 2014; 15(4):445-451. e transtornos alimentares2222 Amaral ACS, Ferreira MEC. Body dissatisfaction and associated factors among Brazilian adolescents: A longitudinal study. Body Image 2017; 22:32-38.. Nesse contexto, destaca-se o paradoxo produzido pelo mundo contemporâneo que desenvolve nos jovens um comportamento alimentar, que de forma antagônica promove a adoção de práticas e comportamentos alimentares (por exemplo, omissão de refeições, dieta restritiva, jejum) relacionados a padrões de beleza inatingíveis2323 Alvarenga MS, Koritar P. Atitude e comportamento alimentar - determinantes de escolhas e consumo. In: Alvarenga MS, Figueiredo M, Timermam F, Antonaccio C, organizadoras. Nutrição comportamental. 1ª ed. Barueri: Manole; 2015. p. 23-50.

24 Dunkley TL, Wertheim EH, Paxton SJ. Examination of a model of multiple sociocultural influences on adolescent girls' body dissatisfaction and dietary restraint. Adolescence 2001; 36(142):265-279.
-2525 Stice E, Shaw HE. Role of body dissatisfaction in the onset and maintenance of eating pathology: A synthesis of research findings. J Psychosom Res 2002; 53(5):985-993. e, ao mesmo tempo, estimula o sedentarismo e o acesso fácil a alimentos de baixo custo, altamente calóricos e palatáveis preditores e mantenedores da obesidade2626 Corsica JA, Hood MM. Eating disorders in an obesogenic environment. J Am Diet Assoc 2011; 111(7):996-1000.,2727 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2015 [Internet]. 2016 [acessado 2018 jul 19]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97870.pdf.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
. E por sua vez, o sobrepeso e a obesidade aumentam as chances da ocorrência de insatisfação corporal2828 Glaner MF, Pelegrini A, Cordoba CO, Pozzobon ME. Associação entre insatisfação com a imagem corporal e indicadores antropométricos em adolescentes. Rev Bras Educ Fís Esporte 2013; 27(1):129-136..

Contudo, até o momento, estudos têm descrito de forma limitada a relação entre o construto da imagem corporal e PA em adolescentes1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274.,1616 Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161.,2929 Woodruff SJ, Hanning RM, Lambraki I, Storey KE, McCargar L. Healthy Eating Index-C is compromised among adolescents with body weight concerns, weight loss dieting, and meal skipping. Body Image 2008; 5(4):404-408.. De maneira geral, esses estudos registraram que adolescentes insatisfeitos com o próprio corpo tem menor aderência aos PA ocidentais e não saudáveis1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1616 Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161. ou adotam PA restritivos1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274. ou dietas com menor qualidade2929 Woodruff SJ, Hanning RM, Lambraki I, Storey KE, McCargar L. Healthy Eating Index-C is compromised among adolescents with body weight concerns, weight loss dieting, and meal skipping. Body Image 2008; 5(4):404-408..

Assim, considerando o aumento na ocorrência de problemas alimentares em adolescentes, seja com reflexo no excesso de peso ou na magreza, decorrentes do desejo de atingir o corpo idealizado, este estudo pretende identificar os padrões alimentares de adolescentes escolares e avaliar a associação entre insatisfação com a imagem corporal e esses padrões alimentares.

Métodos

Desenho e amostra do estudo

Estudo transversal integrante da coorte intitulada “Ambiente escolar e familiar e risco cardiovascular: uma abordagem prospectiva”, investigação conduzida na cidade de Salvador, uma das mais importantes cidades da região do Nordeste brasileiro, com população total de 2.676.606 habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,8053030 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010 [Internet]. 2010 [acessado 2016 jan 20]. Disponível em: https://www.censo2010.ibge.gov.br.
https://www.censo2010.ibge.gov.br...
.

A amostra foi composta de escolares com idade entre 10 e 17 anos, de ambos os sexos, matriculados no 6º ao 9º ano em escolas estaduais de Salvador. Gestantes, nutrizes, portadores de deficiências físicas que impossibilitassem a avaliação antropométrica, bem como aqueles com diagnóstico de diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, doença hepática e hipotireoidismo não foram incluídos nesta investigação.

Uma amostra mínima foi calculada e estimada em 375 escolares, considerando o poder (1-β) de 90% e nível de significância (α) de 0,05. Para tanto, adotou-se prevalência de 42,4% de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes que aderiram a PA “ocidental”, constituído de alimentos com elevada densidade calórica, alto teor de açúcar, gordura e sal1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692..

Para a captação da amostra, primeiramente foram selecionadas por conveniência quatro escolas, duas integrantes das Coordenações Regionais de Educação (CRE) da Cidade Baixa, e as outras duas pertencentes às CRE do Centro e Orla registradas no ano de 2015. Escolheu-se as escolas dessas CRE porque se assemelham com aquelas avaliadas no estudo multipaíses. Assim, de posse das listas de matrícula de 2015 procedeu-se à seleção dos participantes. No total, 397 estudantes foram avaliados. Três participantes com dados ausentes do consumo alimentar, dois com ausência ou erro na informação da escala de silhuetas, dois com dados antropométricos incompletos e dois com outras informações incompletas foram excluídos. Ao final, a amostra foi composta por 388 escolares, superando ligeiramente o mínimo necessário para investigar as associações de interesse.

O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (Parecer nº 1.139.343 CEP/Nutrição). Os pais ou responsáveis pelo escolar que concordaram com a participação do seu filho assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o escolar assinou o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido. Escolares que apresentaram problemas de saúde durante a realização do estudo foram encaminhados para serviço de saúde.

Procedimentos de coleta de dados

Os dados foram coletados no período de março de 2016 a novembro de 2017, no ambiente escolar por equipe devidamente treinada constituída por nutricionistas, psicóloga e estudantes de nutrição. Os dados antropométricos foram mensurados e as informações demográficas, de tempo de tela, da imagem corporal e do consumo alimentar foram autorreferidas pelos estudantes, e as condições socioeconômicas pelos pais ou responsáveis.

Avaliação dietética

Os dados do consumo alimentar foram coletados em dois dias não consecutivos, a partir de dois Recordatórios de 24 horas (R24h)3131 Biró G, Hulshof KF, Ovesen L, Cruz JAA, EFCOSUM Group. Selection of methodology to assess food intake. Eur J Clin Nutr 2002; 56(Supl. 2):25-32.. Para efeito de análises as medidas caseiras dos alimentos foram transformadas em unidades de peso (em gramas) segundo padronizações recomendadas por Pinheiro et al.3232 Pinheiro ABV, Lacerda EMA, Benzecry EH, Gomes MCS, Costa VM. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 5ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2009., Fisberg e Villar3333 Fisberg RM, Villar BS. Manual de Receitas e Medidas Caseiras para Cálculo de Inquéritos Alimentares. 1ª ed. São Paulo: Signus; 2002., pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística3434 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Tabela de Medidas Referidas para os Alimentos Consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011. e por Magalhães et al.3535 Magalhães LP, Oliveira VA, Santos NS, Araújo CS, Santos NS. Guia prático para estimativa de consumo alimentar. Salvador: UFBA; 2000. [Não publicado].. Para este estudo, a lista dos alimentos e os conteúdos energéticos identificados foram obtidos pelo software Virtual Nutri Plus®3636 Phillippi ST. Virtual Nutri Plus São Paulo [Internet]. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2008 [acessado 2016 jan 20]. Disponível em: https://virtualnutriplus.com.br.
https://virtualnutriplus.com.br...
, disponível em plataforma on-line. Preparações culinárias ausentes nas tabelas de referência e na base de dados do software foram adaptadas de receitas identificadas em sítios eletrônicos, e em seguida integraram a lista de padronização. Avaliação de consistência dos dados foi conduzida para identificar possíveis erros e, então, corrigi-los.

Foram identificados 546 alimentos obtidos dos dois R24h, os quais foram agrupados em 160 itens alimentares com base na similaridade nutricional entre eles, bem como nos hábitos alimentares da população do Nordeste brasileiro. Alimentos e grupos de alimentos consumidos por menos de 1% dos adolescentes3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409. foram excluídos das análises, resultando em uma lista final de 125 itens que foram reunidos em 28 grupos de alimentos (Quadro 1). Foram calculados os totais do consumo dos alimentos em grama e de energia dietética diária de cada indivíduo. Os adolescentes cujas dietas tinham valor total de energia menor que 400 kcal, ou maior que 5000 kcal foram excluídos deste estudo3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409.. E, assim, determinou-se a média da contribuição calórica (em percentagem) de cada grupo de alimentos3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409..

Quadro 1
Composição dos 28 grupos de alimentos selecionados para Análise Fatorial Exploratória. Salvador, Bahia, Brasil, 2016-2017.

Avaliação da percepção da imagem corporal

Para a avaliação da imagem corporal, utilizou-se a Escala de Silhuetas para brasileiros3838 Kakeshita IS, Silva AIP, Zanatta DP, Almeida SS. Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psic Teor Pesq 2009; 25(2):263-270.,3939 Laus MF, Almeida SS, Murarole MB, Braga-Costa TM. Estudo de Validação e Fidedignidade de Escalas de Silhuetas Brasileiras em Adolescentes. Psic Teor Pesq 2013; 29(4):403-409., na qual cada figura tem correspondência com intervalos de IMC reais. Esta escala foi construída em duas versões. Uma versão da escala é composta por 11 cartões do corpo para crianças (7 a 12 anos de idade) e a outra por 15 cartões de imagens de adultos3838 Kakeshita IS, Silva AIP, Zanatta DP, Almeida SS. Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psic Teor Pesq 2009; 25(2):263-270., adaptada para adolescentes3939 Laus MF, Almeida SS, Murarole MB, Braga-Costa TM. Estudo de Validação e Fidedignidade de Escalas de Silhuetas Brasileiras em Adolescentes. Psic Teor Pesq 2013; 29(4):403-409., com coeficiente de Spearman para meninos r=0,62 (p<0,001) e para meninas r=0,46 (p<0,001)3939 Laus MF, Almeida SS, Murarole MB, Braga-Costa TM. Estudo de Validação e Fidedignidade de Escalas de Silhuetas Brasileiras em Adolescentes. Psic Teor Pesq 2013; 29(4):403-409.. Os cartões com as figuras das silhuetas foram mostrados em ordem ascendente, do corpo magro ao corpo com obesidade. A seguir o adolescente indicou a figura que correspondia àquela que: 1) “melhor mostra o seu corpo hoje?” (IMC atual) e 2) “melhor mostra o corpo que você gostaria de ter?” (IMC desejado).

A satisfação/insatisfação da imagem corporal foi construída pela diferença entre o IMC desejado e o IMC atual. Assim, a satisfação com o corpo foi representada pela semelhança entre as silhuetas escolhidas (pontuação zero). Quando o valor da diferença entre as figuras desejada e atual foi positivo refletiu o desejo por silhueta maior e se o resultado foi negativo o adolescente foi classificado com desejo por silhueta menor3838 Kakeshita IS, Silva AIP, Zanatta DP, Almeida SS. Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psic Teor Pesq 2009; 25(2):263-270..

Covariáveis

O peso foi aferido utilizando balança digital portátil Marte® (LC 200 PP) com precisão de 100 g e a altura foi medida usando estadiômetro AlturaExata®, com precisão de 0,1 cm. Os procedimentos adotados para coleta dos dados antropométricos atenderam às recomendações de Lohman et al.4040 Lohman T, Roche A, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human Kinetics Books; 1988.. Os percentis de IMC por idade e sexo preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram adotados e o adolescente foi considerado com magreza (<percentil 3), eutrofia (>percentil 3 e <percentil 85), sobrepeso (>percentil 85 e <percentil 97) e obesidade (>percentil 97)4141 De Onis M, Onyango AW, Borghi, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescentes. Bull World Health Organ 2007; 85(9):660-667..

A idade do escolar foi calculada pela subtração entre a data da entrevista e a data de nascimento, obtida do registro de matrícula. O sexo foi autorreferido em feminino ou masculino. O estrato socioeconômico das famílias foi identificado utilizando o Critério de Classificação Econômica Brasil e agrupadas nas classes A-B, C e D-E4242 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério de Classificação Econômica Brasil: Critério Brasil 2015 e atualização da distribuição de classes para 2016 [Internet]. 2016 [acesso 2017 jan 13]. Disponível em: http://www.abep.org.
http://www.abep.org...
. O tempo de tela foi determinado pela soma do tempo em horas/dia destinado ao uso da televisão e do computador, celular e/ou videogame.

Definição das variáveis

Este estudo estabeleceu PA como variável desfecho. Para a categorização dos padrões, cada padrão teve cinco categorias (quintil) como descrito a seguir e adotou-se a distribuição de quintis para análise no modelo de regressão, comparando a categoria de referência [5º quintil (muito alta aderência = 0)] com as demais categorias [4º quintil (alta aderência = 1), 3º quintil (moderada aderência = 2), 2º quintil (baixa aderência = 3), 1º quintil (muito baixa aderência = 4)]. Os intervalos dos quintis foram: quintil 1 ≤-0.8742; quintil 2 >-0.08742 e ≤-0.2960; quintil 3 >-0.2960 e ≤0.2077; quintil 4 <0.2077 e ≤0.7957; quintil 5 >0.7957 (referência).

A satisfação/insatisfação da imagem corporal foi adotada como variável de exposição principal. E foi classificada em “satisfação com o corpo” (0), desejo silhueta maior (1) e desejo silhueta menor (2). As seguintes covariáveis foram incluídas para as análises: 1) estado antropométrico [magreza/eutrofia (0) e sobrepeso/obesidade (1)], 2) sexo [masculino (0) e feminino (1)], 3) idade [<13 anos (0); ≥13 anos (1)], 4) estrato socioeconômico [A, B1 e B2 (0); C1, C2, D-E (1)] e 5) tempo de tela [curto <3 horas/dia (0), longo ≥3 horas/dia (1)].

Análise estatística

Os dados coletados foram digitados no programa EpiData. Para a obtenção dos PA, os grupos de alimentos foram submetidos à Análise Fatorial Exploratória (AFE)4343 Hair JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL, Sant'Anna MAGAS. Análise multivariada de dados. 6ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2009., após a correção da variabilidade intrapessoal da ingestão (em gramas) realizada pela técnica estatística Multiple Source Method (MSM)4444 Harttig U, Haubrock J, Knüppel S, Boeing H. The MSM program: Web-based statistics package for estimating usual dietary intake using the multiple source method. Eur J Clin Nutr 2011; 65:S87-S91.. Após submeter os 28 grupos à AFE preliminar, foi necessário excluir os grupos “outras farinhas”, “castanhas”, “adoçantes”, “infusões”, além de reagrupar “frutas” e “sucos naturais e polpa” em um mesmo grupo para se ajustar à análise estatística, o que resultou em 23 grupos para a Análise de Componentes Principais4545 Olinto MTA. Padrões alimentares: análise de componentes principais. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organizadores. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Atheneu; 2007. p. 213-225.. A aplicabilidade ao conjunto de dados foi testada pelas estatísticas de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) (>0,50) e de Esfericidade de Bartlett (p<0,05)4343 Hair JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL, Sant'Anna MAGAS. Análise multivariada de dados. 6ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2009.,4545 Olinto MTA. Padrões alimentares: análise de componentes principais. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organizadores. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Atheneu; 2007. p. 213-225.. Para determinar o número de padrões alimentares, adotou-se autovalores >1,54646 Sichieri R, Castro JFG, Moura AS. Factors associated with dietary patterns in the urban Brazilian population. Cad Saude Publica 2003; 19(Supl. 1):47-53.,4747 Selem SSAC, Castro MA, César CLG, Marchioni DML, Fisberg RM. Associations between dietary patterns and self-reported hypertension among brazilian adults: A cross-sectional population-based study. J Acad Nutr Diet 2014; 114(8):1216-1222., teste Scree plot4343 Hair JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL, Sant'Anna MAGAS. Análise multivariada de dados. 6ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2009. e a interpretabilidade do PA4545 Olinto MTA. Padrões alimentares: análise de componentes principais. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organizadores. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Atheneu; 2007. p. 213-225.. A matriz fatorial foi submetida à rotação ortogonal Varimax4343 Hair JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL, Sant'Anna MAGAS. Análise multivariada de dados. 6ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2009.,4848 Laros JA. O uso da Análise Fatorial: Algumas diretrizes para pesquisadores. In: Pasquali L, editor. Análise fatorial para pesquisadores. Brasília: LabPAM Saber e Tecnologia; 2012. p. 141-160., e grupos de alimentos com cargas iguais ou maiores a 0,20 foram mantidos na matriz3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409.. Cada padrão alimentar foi formado considerando as maiores cargas fatoriais dos grupos alimentares. Para cada adolescente, escores fatoriais de cada PA foram estimados.

A análise descritiva dos dados foi realizada para caracterização da população de estudo, utilizando-se frequência (para as variáveis categóricas) e média e desvio padrão (para variáveis contínuas). Variáveis com mais de duas categorias foram transformadas em variáveis dummy, assumindo valores de 0 ou 1, para, a seguir, serem inseridas no modelo de análise de regressão. Para avaliar as associações entre a variável de exposição principal (satisfação/insatisfação com a imagem corporal) e o desfecho (padrões alimentares) utilizou-se modelos de regressão politômica, adequado para desfechos com mais de duas categorias, utilizando como estimador a odds ratio (OR) e seu respectivo intervalo de confiança de 95%4949 Biesheuvel CJ, Vergouwe Y, Steyerberg EW, Grobbee DE, Moons KGM. Polytomous logistic regression analysis could be applied more often in diagnostic research. J Clin Epidemiol 2008; 61(2):125-134.. Foram construídos três modelos, um para cada PA retido. O ajuste foi feito por variáveis potencialmente confundidoras (estado antropométrico, sexo, idade, estrato socioeconômico e tempo de tela), identificadas na literatura5050 Romieu I, Escamilla-Nuñez MC, Sánchez-Zamorano LM, Lopez-Ridaura R, Torres-Mejía G, Yunes EM, Lajous M, Rivera-Dommarco JA, Lazcano-Ponce E. The association between body shape silhouette and dietary pattern among Mexican women. Public Health Nutr 2012; 15(1):116-125. e no critério estatístico. Para avaliar o ajuste dos modelos foi utilizado o Critério de Informação de Akaike (AIC), que é uma medida da qualidade do ajuste de um modelo estatístico estimado baseado na medida relativa da informação perdida, na adoção de um determinado modelo. Quanto menor o número de informação perdida, melhor o ajuste do modelo (ou seja, quanto menor o AIC, melhor o ajuste)5151 Akaike H. Information theory and an extension of the likelihood ratio principle. In: Petrov B, Csaki F, editors. Proceedings of the second international symposium of information theory. Budapest: Akademiai Kiado; 1973.. Nível de significância de 5% resultantes de testes estatísticos bicaudais indicam a aceitação da associação de interesse. As análises dos dados foram realizadas por meio do software estatístico Stata for Mac versão 12.0.

Resultados

A amostra final do estudo foi composta por 385 participantes, registrando-se a exclusão de três escolares por valores outliers em calorias da dieta. As características demográficas, econômica, antropométrica, do estilo de vida e da percepção da imagem corporal dos estudantes estão descritas na Tabela 1. De acordo com a escala de silhuetas, 50,4% dos jovens relataram desejo por silhueta menor e 27,5% desejo por silhueta maior, o que representa uma prevalência total de 77,9% de insatisfação com a imagem corporal.

Tabela 1
Características demográficas, econômica, antropométrica, do estilo de vida e da percepção da imagem corporal de estudantes de escolas públicas de Salvador, Bahia, Brasil, 2016-2017.

A média do consumo calórico diário dos estudantes foi de 1954.2 kcal (DP±566.44). Na Tabela 2 estão descritas as porcentagens de contribuição calórica de cada grupo de alimento e os resultados da AFE. Os grupos de alimentos de contribuição mais elevada para o total de calorias consumidas foram: pão (14,29%), biscoitos (8,38%), carne vermelha (6,72%), óleos e gorduras (6,58%), massas (5,9%) e salgadinhos e frituras (5,77%). Os valores dos testes de KMO (0,55) e de Bartlett (p<0,05) foram suficientes e adequados para a extração dos fatores por ACP: Autovalor >1,5, o teste scree, bem como a interpretabilidade de cada fator determinaram a retenção dos fatores. Dessa forma, foram retidos três principais PA, a saber, “ocidental”, “saudável” e “comida típica/junk food” que juntos explicaram 25,2% da variância total do consumo alimentar (Tabela 2).

Tabela 2
Contribuição calórica dos grupos de alimentos e cargas fatoriais, variância explicada e autovalores dos três principais padrões alimentares de estudantes de escolas públicas de Salvador, Bahia, Brasil, 2016-2017.

O padrão alimentar “ocidental” explicou 8,8% da variância total do consumo de alimentos e foi composto por biscoitos/cereais açucarados, chocolates, embutidos, iogurtes/queijos, leites, massas/salgados assados, molhos industrializados e pães. Os itens açúcar, carnes brancas, carnes vermelhas, cereais, feijões, frutas/sucos de fruta e de polpa, óleos/gorduras e verduras/legumes integraram o PA “saudável” (explicou 8,7% da variância total do consumo alimentar). O padrão alimentar “comida típica/junk food” explicou 7,7% da variância total do consumo e foi formado por comidas típicas baiana e alimentos ultraprocessados (bebidas açucaradas, doces, salgadinhos/lanches fritos e sobremesas lácteas). Dois grupos (batatas/tubérculos e ovos) foram excluídos da análise porque registraram carga fatorial menor que 0,2 (Tabela 2).

Os resultados da análise de regressão logística politômica estão registrados nas Tabelas 3 e 4. Observou-se que desejar ter uma silhueta menor se associou positivamente com o padrão alimentar “ocidental”, tanto na análise bruta quanto na análise ajustada. Assim, independentemente de idade, sexo, estado antropométrico e tempo de tela, adolescentes que tinham insatisfação devido ao excesso de peso tiveram 2,48 [IC95%: 1,04-6,11 (primeiro quintil)], 3,49 [IC95%: 1,35-9,05 (terceiro quintil)] e 2,87 [IC95%: 1,13-7,26 (quarto quintil)] vezes mais chances de aderirem ao PA “ocidental” nos quintis um, três e quatro do que no quintil cinco (quintil de maior consumo), quando comparados àqueles indivíduos satisfeitos com o próprio corpo (Tabela 4). Não houve associação significante entre desejo por silhueta maior e os quintis do padrão alimentar “ocidental”. Também essa associação não foi observada entre a insatisfação com a imagem corporal (desejo por silhueta menor e desejo por silhueta maior) e os quintis de consumo dos padrões alimentares “saudável” e “comida típica/junk food” (resultados não mostrados).

Tabela 3
Análise de regressão logística politômica bivariada da associação entre insatisfação com a imagem corporal e quintis de padrões de consumo alimentar em escolares de Salvador, Bahia, Brasil, 2016-2017.
Tabela 4
Análise de regressão logística politômica ajustada da associação entre insatisfação com a imagem corporal e quintis do padrão de consumo alimentar Ocidental em escolares de Salvador, Bahia, Brasil, 2016-2017.

Discussão

Neste estudo foram identificados padrões alimentares derivados da ingestão alimentar usual de escolares (10 a 17 anos) residentes em Salvador, capital de um estado do Nordeste do Brasil. Além disso, foi investigada a associação entre insatisfação com o tamanho corporal e os PA. Os resultados indicam três padrões de consumo alimentar: “ocidental”, “saudável” e “comida típica/junk food”. Os resultados do modelo final mostraram que desejo por silhueta menor foi positivamente associado com menor aderência ao PA “ocidental” (primeiro, terceiro e quarto quintis vs. quinto quintil), quando comparado ao desejo de manter a silhueta. Ainda, os resultados mostraram que não existiu influência de desejar silhueta menor sobre os PA “saudável” e “comida típica/junk food”, bem como entre desejar silhueta maior e os três padrões alimentares.

O padrão alimentar “ocidental” registrou elevadas cargas fatoriais para molhos industrializados (0,71), massas/salgados assados (0,66) e embutidos (0,54) e explicou a maior parte da variância do consumo (8,8%). Os demais grupos (biscoitos/cereais açucarados, chocolates, iogurtes/queijos, leites e pães) registraram cargas fatoriais menores, mas também relacionados positivamente ao PA “ocidental”. Esse PA evidencia a presença marcante de alimentos de alta densidade calórica e de elevada concentração de açúcares e gorduras na dieta dos adolescentes, como tem sido identificado em outros estudos1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1414 Mascarenhas JMO, Silva RDCR, Assis AMOD, Santana MLP, Moraes LTLP, Barreto ML. Identification of food intake patterns and associated factors in teenagers. Rev Nutr 2014; 27(1):45-54..

A explicação da variância total do consumo do PA “saudável” (8,7%) foi discretamente menor do que o observado para o padrão “ocidental”. Os grupos alimentares que apresentaram as maiores cargas fatoriais no padrão “saudável” foram açúcar (0,57), feijões (0,56), frutas/sucos de fruta e de polpa (0,52) e verduras/legumes (0,46), com cargas menores, mas também positivas para cereais, carnes brancas, carnes vermelhas, óleos/gorduras. Com esses grupos em sua composição, o PA “saudável” assemelha-se aos padrões rotulados como “saudáveis” ou “tradicionais” em outros estudos com adolescentes1313 Fonseca RR. Estudos sobre padrões alimentares na adolescência: contribuições teórico-metodológicas [tese]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2017.,1414 Mascarenhas JMO, Silva RDCR, Assis AMOD, Santana MLP, Moraes LTLP, Barreto ML. Identification of food intake patterns and associated factors in teenagers. Rev Nutr 2014; 27(1):45-54.,3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409.. Vale ressaltar que esse padrão aproxima-se dos hábitos alimentares da população brasileira5252 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil [Internet]. 2011 [acessado 2018 jul 18). Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/pofanalise_2008_2009.pdf.
www.ibge.gov.br/home/estatistica/populac...
e inclui alimentos in natura e minimamente processados, atendendo às recomendações do novo Guia Alimentar para População Brasileira5353 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014..

O terceiro PA (“comida típica/junk food”), registrou o menor percentual explicativo (7,7%) da variância total do consumo e as maiores cargas fatoriais estavam presentes nos grupos de bebidas açucaradas (0,67), doces (0,43) e comida típica baiana (0,40). Com cargas fatoriais menores, porém positivas, salgadinhos/salgados fritos e sobremesas lácteas também representaram esse PA. Esse padrão é um sinal das manutenções na tradição alimentar local, porém já influenciada pela presença de alimentos ultraprocessados, em especial as bebidas açucaradas.

Os grupos de alimentos que mais contribuíram com a ingestão calórica dos estudantes foram similares aos descritos em outros estudos com adolescentes, como Borges et al.3737 Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409. e Aburto et al.5454 Aburto TC, Pedraza LS, Sánchez-Pimienta TG, Batis C, Rivera JA. Discretionary foods have a high contribution and fruit, vegetables, and legumes have a low contribution to the total energy intake of the mexican population. J Nutr 2016; 146(9):1881S-1887S.. Esses autores encontraram maiores porcentagens de contribuição calórica em grupos de cereais, pães, massas, carnes/ovos/peixe/aves, carnes processadas, salgados, frituras, doces e biscoitos. Assim, os resultados sugerem que adolescentes tendem a apresentar padrões que, apesar de incluírem alimentos da alimentação brasileira (como cereais, carnes/ovos/peixe/aves), tem notável presença de alimentos com alta densidade energética, maior grau de processamento e baixo teor de nutrientes.

O segundo objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre a imagem corporal e a determinação de padrões de consumo alimentar. Estar insatisfeito com o tamanho ou a forma do corpo ou ter percepção negativa da imagem corporal têm repercussões adversas sobre a saúde e nutrição1818 Duchesne AP, Dion J, Lalande D, Bégin C, Émond C, Lalande G, McDuff P. Body dissatisfaction and psychological distress in adolescents: Is self-esteem a mediator? J Health Psychol 2017; 22(12):1563-1569.,2929 Woodruff SJ, Hanning RM, Lambraki I, Storey KE, McCargar L. Healthy Eating Index-C is compromised among adolescents with body weight concerns, weight loss dieting, and meal skipping. Body Image 2008; 5(4):404-408.,5555 Bibiloni MDM, Pich J, Pons A, Tur JA. Body image and eating patterns among adolescents. BMC Public Health 2013; 13:1104.. Por exemplo, insatisfação com a imagem corporal tem sido associada a omissão de café da manhã, menor consumo de cereais matinais, alimentos com alto teor de gorduras, refrigerantes, massas, arroz, produtos lácteos, chocolate, óleos e gorduras em adolescentes5555 Bibiloni MDM, Pich J, Pons A, Tur JA. Body image and eating patterns among adolescents. BMC Public Health 2013; 13:1104. e menor qualidade da dieta2929 Woodruff SJ, Hanning RM, Lambraki I, Storey KE, McCargar L. Healthy Eating Index-C is compromised among adolescents with body weight concerns, weight loss dieting, and meal skipping. Body Image 2008; 5(4):404-408..

Os resultados deste estudo revelaram que os adolescentes com preferência por um tamanho corporal menor que o atual tinham menor probabilidade de aderirem ao PA caracterizado por alimentos que compõem a “dieta ocidental”, o que reforça os registros de outros estudos1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274.,1616 Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161.. Bibiloni et al.1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692., em estudo realizado com adolescentes espanhois, identificaram os PA “ocidental” e “mediterrâneo”. Após ajuste, o modelo final mostrou que adolescentes de ambos os sexos que desejavam ter corpos mais magros (OR: 0,18; IC95%: 0,04-0,86 para meninos e OR: 0,13; IC95%: 0,03-0,63 para meninas), bem como as garotas que desejavam manter o peso (OR: 0,17; IC95%: 0,03-0,82) tinham menor chance de aderir ao PA “ocidental”1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.. Ainda, outro estudo mostrou que a baixa satisfação com a aparência direcionou as meninas a seguirem o padrão composto por alimentos de baixo teor de gordura e de açúcar (“dieting”) e restringir o padrão caracterizado por bebidas e lanches com elevada concentração de açúcar e baixa frequência de hortaliças e pão integral1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274..

Esse cenário mostra que adolescentes insatisfeitas com o tamanho corporal e que desejam silhueta menor que a atual preferem aderir a padrões alimentares que frequentemente estão associados ao controle de peso, o que pode representar a prática de dietas restritivas para o alcance do corpo desejado5656 Neumark-Sztainer D, Wall M, Guo J, Story M, Haines J, Eisenberg M. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: How do dieters fare 5 years later? J Am Diet Assoc 2006; 106(4):559-568.. No entanto, a adoção dessa estratégia restritiva pode resultar na oferta desequilibrada qualitativa e/ou quantitativa de nutrientes, assim como imprimir e reforçar a ocorrência de comportamentos não saudáveis (a exemplo de jejum, uso de substitutos de refeições, omissão de refeições, fumar mais cigarros e uso de métodos extremos para controle de peso)5656 Neumark-Sztainer D, Wall M, Guo J, Story M, Haines J, Eisenberg M. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: How do dieters fare 5 years later? J Am Diet Assoc 2006; 106(4):559-568.

57 Santana MLP, Assis AMO, Silva RCR, Raich RM, Machado MEPC, Pinto EJ, Moraes LTLP, Ribeiro HC. Risk Factors for Adopting Extreme Weight-Control Behaviors among Public School Adolescents in Salvador, Brazil: A Case-Control Study. J Am Coll Nutr 2016; 35(2):113-117.
-5858 Neumark-Sztainer D, Paxton SJ, Hannan PJ, Haines J, Story M. Does Body Satisfaction Matter? Five-year Longitudinal Associations between Body Satisfaction and Health Behaviors in Adolescent Females and Males. J Adolesc Health 2006; 39(2):244-251. de compulsão alimentar, “comer transtornado” e sobrepeso/obesidade5656 Neumark-Sztainer D, Wall M, Guo J, Story M, Haines J, Eisenberg M. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: How do dieters fare 5 years later? J Am Diet Assoc 2006; 106(4):559-568.. Além disso, o sobrepeso e a obesidade aumentam as chances de o adolescente ter insatisfação corporal5959 Santana MLP, Silva RCR, Assis AMO, Raich RM, Machado MEPC, Pinto EJ, Moraes LTLP, Júnior HCR. Factors associated with body image dissatisfaction among adolescents in public schools students in Salvador, Brazil. Nutr Hosp 2013; 28(3):747-755. e adotar práticas alimentares pouco saudáveis5757 Santana MLP, Assis AMO, Silva RCR, Raich RM, Machado MEPC, Pinto EJ, Moraes LTLP, Ribeiro HC. Risk Factors for Adopting Extreme Weight-Control Behaviors among Public School Adolescents in Salvador, Brazil: A Case-Control Study. J Am Coll Nutr 2016; 35(2):113-117., levando o indivíduo a um ciclo perigoso para a saúde física e mental. Por outro lado, é preciso considerar a possibilidade de que alguns desses estudantes poderiam estar realizando tratamento nutricional para controle de peso e melhora da saúde, e que isso pode não estar associado a insatisfação corporal.

Assim, os resultados reforçam aqueles encontrados na literatura de que adolescentes insatisfeitos com seus corpos e que desejam diminuir o peso, apesar de aderirem em menor escala ao PA “ocidental”, não aumentam o consumo de alimentos considerados mais saudáveis, a exemplo de frutas e hortaliças5555 Bibiloni MDM, Pich J, Pons A, Tur JA. Body image and eating patterns among adolescents. BMC Public Health 2013; 13:1104.,5858 Neumark-Sztainer D, Paxton SJ, Hannan PJ, Haines J, Story M. Does Body Satisfaction Matter? Five-year Longitudinal Associations between Body Satisfaction and Health Behaviors in Adolescent Females and Males. J Adolesc Health 2006; 39(2):244-251..

Esse estudo possui algumas limitações. Os dados de consumo alimentar foram obtidos por método de curto prazo, R24h, sem combinação com um método de avaliação de consumo habitual (por exemplo, Questionário de Frequência Alimentar). No entanto, considerou as frequências individuais do consumo de cada grupo alimentar, quando se corrigiu a variabilidade intrapessoal pela técnica estatística MSM. Além disso, nesta pesquisa, avaliou-se apenas a dimensão perceptiva da IC, o que exige moderação na interpretação dos resultados relacionados à insatisfação corporal, visto que se trata de um construto multidimensional. Destaca-se que os dados não podem ser extrapolados para estudantes de escolas particulares e outras escolas do município, nem para todos os adolescentes brasileiros, visto que a amostra correspondeu a adolescentes de escolas públicas de uma cidade nordestina. Finalmente, o delineamento transversal desse estudo impossibilita qualquer inferência do tipo causal.

A despeito das limitações, convém ressaltar que investigações que identificaram associação entre insatisfação corporal e PA em adolescentes obtiveram resultados similares aos encontrados neste estudo, embora diferentes métodos de coleta e tratamento de dados tenham sido adotados pelos estudos1111 Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.,1515 Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274.,1616 Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161.. Além disso, o método estatístico robusto permitiu adequada análise dos dados e suas conclusões.

Este estudo com escolares identificou três principais PA, a saber, padrão de alimentação “ocidental”, “saudável” e “comida típica/junk food”. O desejo de ter menor silhueta aumentou a chance dos adolescentes aderirem menos ao PA “ocidental”, enquanto que não foi observada associação deste PA com desejo de silhueta maior. Os padrões alimentares “saudável” e “comida típica/junk food” não foram associados com as duas categorias de insatisfação com a imagem corporal. Em perspectiva futura, são necessários mais estudos que contemplem as diversas dimensões da imagem corporal e a complexidade do PA de adolescentes, de modo a possibilitar compreensão mais profunda da relação entre essas variáveis. Assim, espera-se contribuir para elaboração de estratégias de educação e promoção em saúde voltadas à construção de imagem corporal positiva na adolescência, de modo a minimizar a adoção de PA prejudiciais à saúde de adolescentes.

Agradecimentos

As autoras são gratas aos Colégios Estaduais Úrsula Catharino e João das Botas, aos Colégios da Polícia Militar (Dendezeiros e Ribeira), aos adolescentes e pais que permitiram a realização desse estudo. Agradecemos à bolsista Taíne Hermida de França, pela participação na coleta de dados.

Referências

  • 1
    Enes CC, Slater B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Rev Bras Epidemiol 2010; 13(1):163-171.
  • 2
    World Health Organization (WHO). Global strategy on diet, physical activity and health. Geneva: WHO; 2003.
  • 3
    Conti MA. Os aspectos que compõem o conceito de imagem corporal pela ótica do adolescente. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum 2008; 18(3):240-253.
  • 4
    Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência: Uma Fase de Oportunidades. Situação Mundial da Infância 2011. Nova Iorque: UNICEF; 2011.
  • 5
    Roy PG, Stretch T. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Child and Adolescent Federally Funded Nutrition Assistance Programs. J Acad Nutr Diet 2018; 118(8):1490-1497.
  • 6
    Das JK, Salam RA, Thornburg KL, Prentice AM, Campisi S, Lassi ZS, Koletzko B, Bhutta ZA. Nutrition in adolescents: physiology, metabolism, and nutritional needs. Ann N Y Acad Sci 2017; 1393(1):21-33.
  • 7
    Willett WC, editor. Nutritional Epidemiology. New York: Oxford University Press; 1998.
  • 8
    Tucker KL. Dietary patterns, approaches, and multicultural perspective. Appl Physiol Nutr Metab 2010; 35(2):211-218.
  • 9
    Silva DFO, Lyra CO, Lima SCVC. Padrões alimentares de adolescentes e associação com fatores de risco cardiovascular: uma revisão sistemática. Cien Saude Colet 2016; 21(4):1181-1196.
  • 10
    Borges CA. Padrões alimentares praticados por adolescentes: influência de fatores socioeconômicos e relação com o estado nutricional [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2016.
  • 11
    Bibiloni MDM, Martilnez E, Llull R, Pons A, Tur JA. Western and Mediterranean dietary patterns among Balearic Islands' adolescents: Socio-economic and lifestyle determinants. Public Health Nutr 2012; 15(4):683-692.
  • 12
    Alves MA, Souza AM, Barufaldi LA, Tavares BM, Bloch KV, Vasconcelos FAG. Padrões alimentares de adolescentes brasileiros por regiões geográficas: análise do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Cad Saude Publica 2019; 35(6):3-15.
  • 13
    Fonseca RR. Estudos sobre padrões alimentares na adolescência: contribuições teórico-metodológicas [tese]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2017.
  • 14
    Mascarenhas JMO, Silva RDCR, Assis AMOD, Santana MLP, Moraes LTLP, Barreto ML. Identification of food intake patterns and associated factors in teenagers. Rev Nutr 2014; 27(1):45-54.
  • 15
    Oellingrath IM, Hestetun I, Svendsen MV. Gender-specific association of weight perception and appearance satisfaction with slimming attempts and eating patterns in a sample of young Norwegian adolescents. Public Health Nutr 2016; 19(2):265-274.
  • 16
    Ribeiro-Silva RC, Fiaccone RL, Conceição-Machado MEPD, Ruiz AS, Barreto ML, Santana MLP. Body image dissatisfaction and dietary patterns according to nutritional status in adolescents. J Pediatr 2018; 94(2):155-161.
  • 17
    Cash TF. Body image: past, present and future [editorial]. Norfolk: Department of Psychology - Old Dominion University; 2004.
  • 18
    Duchesne AP, Dion J, Lalande D, Bégin C, Émond C, Lalande G, McDuff P. Body dissatisfaction and psychological distress in adolescents: Is self-esteem a mediator? J Health Psychol 2017; 22(12):1563-1569.
  • 19
    Griffiths S, Murray SB, Bentley C, Gratwick-Sarll K, Harisson C, Mond JM. Sex Differences in Quality of Life Impairment Associated With Body Dissatisfaction in Adolescents. J Adolesc Health 2017; 61(1):77-82.
  • 20
    Vannucci A, Ohannessian CM. Body Image Dissatisfaction and Anxiety Trajectories During Adolescence. J Clin Child Adolesc Psychol 2018; 47(5):785-795.
  • 21
    Blashill AJ, Wilhelm S. Body Image Distortions, Weight, and Depression in Adolescent Boys: Longitudinal Trajectories into Adulthood. Psychol Men Masc 2014; 15(4):445-451.
  • 22
    Amaral ACS, Ferreira MEC. Body dissatisfaction and associated factors among Brazilian adolescents: A longitudinal study. Body Image 2017; 22:32-38.
  • 23
    Alvarenga MS, Koritar P. Atitude e comportamento alimentar - determinantes de escolhas e consumo. In: Alvarenga MS, Figueiredo M, Timermam F, Antonaccio C, organizadoras. Nutrição comportamental. 1ª ed. Barueri: Manole; 2015. p. 23-50.
  • 24
    Dunkley TL, Wertheim EH, Paxton SJ. Examination of a model of multiple sociocultural influences on adolescent girls' body dissatisfaction and dietary restraint. Adolescence 2001; 36(142):265-279.
  • 25
    Stice E, Shaw HE. Role of body dissatisfaction in the onset and maintenance of eating pathology: A synthesis of research findings. J Psychosom Res 2002; 53(5):985-993.
  • 26
    Corsica JA, Hood MM. Eating disorders in an obesogenic environment. J Am Diet Assoc 2011; 111(7):996-1000.
  • 27
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2015 [Internet]. 2016 [acessado 2018 jul 19]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97870.pdf
    » https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97870.pdf
  • 28
    Glaner MF, Pelegrini A, Cordoba CO, Pozzobon ME. Associação entre insatisfação com a imagem corporal e indicadores antropométricos em adolescentes. Rev Bras Educ Fís Esporte 2013; 27(1):129-136.
  • 29
    Woodruff SJ, Hanning RM, Lambraki I, Storey KE, McCargar L. Healthy Eating Index-C is compromised among adolescents with body weight concerns, weight loss dieting, and meal skipping. Body Image 2008; 5(4):404-408.
  • 30
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010 [Internet]. 2010 [acessado 2016 jan 20]. Disponível em: https://www.censo2010.ibge.gov.br
    » https://www.censo2010.ibge.gov.br
  • 31
    Biró G, Hulshof KF, Ovesen L, Cruz JAA, EFCOSUM Group. Selection of methodology to assess food intake. Eur J Clin Nutr 2002; 56(Supl. 2):25-32.
  • 32
    Pinheiro ABV, Lacerda EMA, Benzecry EH, Gomes MCS, Costa VM. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 5ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2009.
  • 33
    Fisberg RM, Villar BS. Manual de Receitas e Medidas Caseiras para Cálculo de Inquéritos Alimentares. 1ª ed. São Paulo: Signus; 2002.
  • 34
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Tabela de Medidas Referidas para os Alimentos Consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.
  • 35
    Magalhães LP, Oliveira VA, Santos NS, Araújo CS, Santos NS. Guia prático para estimativa de consumo alimentar. Salvador: UFBA; 2000. [Não publicado].
  • 36
    Phillippi ST. Virtual Nutri Plus São Paulo [Internet]. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2008 [acessado 2016 jan 20]. Disponível em: https://virtualnutriplus.com.br
    » https://virtualnutriplus.com.br
  • 37
    Borges CA, Marchioni DML, Levy RB, Slater B. Dietary patterns associated with overweight among Brazilian adolescents. Appetite 2018; 123:402-409.
  • 38
    Kakeshita IS, Silva AIP, Zanatta DP, Almeida SS. Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psic Teor Pesq 2009; 25(2):263-270.
  • 39
    Laus MF, Almeida SS, Murarole MB, Braga-Costa TM. Estudo de Validação e Fidedignidade de Escalas de Silhuetas Brasileiras em Adolescentes. Psic Teor Pesq 2013; 29(4):403-409.
  • 40
    Lohman T, Roche A, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human Kinetics Books; 1988.
  • 41
    De Onis M, Onyango AW, Borghi, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescentes. Bull World Health Organ 2007; 85(9):660-667.
  • 42
    Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério de Classificação Econômica Brasil: Critério Brasil 2015 e atualização da distribuição de classes para 2016 [Internet]. 2016 [acesso 2017 jan 13]. Disponível em: http://www.abep.org
    » http://www.abep.org
  • 43
    Hair JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham RL, Sant'Anna MAGAS. Análise multivariada de dados. 6ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2009.
  • 44
    Harttig U, Haubrock J, Knüppel S, Boeing H. The MSM program: Web-based statistics package for estimating usual dietary intake using the multiple source method. Eur J Clin Nutr 2011; 65:S87-S91.
  • 45
    Olinto MTA. Padrões alimentares: análise de componentes principais. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organizadores. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz, Atheneu; 2007. p. 213-225.
  • 46
    Sichieri R, Castro JFG, Moura AS. Factors associated with dietary patterns in the urban Brazilian population. Cad Saude Publica 2003; 19(Supl. 1):47-53.
  • 47
    Selem SSAC, Castro MA, César CLG, Marchioni DML, Fisberg RM. Associations between dietary patterns and self-reported hypertension among brazilian adults: A cross-sectional population-based study. J Acad Nutr Diet 2014; 114(8):1216-1222.
  • 48
    Laros JA. O uso da Análise Fatorial: Algumas diretrizes para pesquisadores. In: Pasquali L, editor. Análise fatorial para pesquisadores. Brasília: LabPAM Saber e Tecnologia; 2012. p. 141-160.
  • 49
    Biesheuvel CJ, Vergouwe Y, Steyerberg EW, Grobbee DE, Moons KGM. Polytomous logistic regression analysis could be applied more often in diagnostic research. J Clin Epidemiol 2008; 61(2):125-134.
  • 50
    Romieu I, Escamilla-Nuñez MC, Sánchez-Zamorano LM, Lopez-Ridaura R, Torres-Mejía G, Yunes EM, Lajous M, Rivera-Dommarco JA, Lazcano-Ponce E. The association between body shape silhouette and dietary pattern among Mexican women. Public Health Nutr 2012; 15(1):116-125.
  • 51
    Akaike H. Information theory and an extension of the likelihood ratio principle. In: Petrov B, Csaki F, editors. Proceedings of the second international symposium of information theory. Budapest: Akademiai Kiado; 1973.
  • 52
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil [Internet]. 2011 [acessado 2018 jul 18). Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/pofanalise_2008_2009.pdf.
    » www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/pofanalise_2008_2009.pdf
  • 53
    Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014.
  • 54
    Aburto TC, Pedraza LS, Sánchez-Pimienta TG, Batis C, Rivera JA. Discretionary foods have a high contribution and fruit, vegetables, and legumes have a low contribution to the total energy intake of the mexican population. J Nutr 2016; 146(9):1881S-1887S.
  • 55
    Bibiloni MDM, Pich J, Pons A, Tur JA. Body image and eating patterns among adolescents. BMC Public Health 2013; 13:1104.
  • 56
    Neumark-Sztainer D, Wall M, Guo J, Story M, Haines J, Eisenberg M. Obesity, disordered eating, and eating disorders in a longitudinal study of adolescents: How do dieters fare 5 years later? J Am Diet Assoc 2006; 106(4):559-568.
  • 57
    Santana MLP, Assis AMO, Silva RCR, Raich RM, Machado MEPC, Pinto EJ, Moraes LTLP, Ribeiro HC. Risk Factors for Adopting Extreme Weight-Control Behaviors among Public School Adolescents in Salvador, Brazil: A Case-Control Study. J Am Coll Nutr 2016; 35(2):113-117.
  • 58
    Neumark-Sztainer D, Paxton SJ, Hannan PJ, Haines J, Story M. Does Body Satisfaction Matter? Five-year Longitudinal Associations between Body Satisfaction and Health Behaviors in Adolescent Females and Males. J Adolesc Health 2006; 39(2):244-251.
  • 59
    Santana MLP, Silva RCR, Assis AMO, Raich RM, Machado MEPC, Pinto EJ, Moraes LTLP, Júnior HCR. Factors associated with body image dissatisfaction among adolescents in public schools students in Salvador, Brazil. Nutr Hosp 2013; 28(3):747-755.

  • Financiamento

    Este estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através da chamada de Projetos MEC/MCTI/CAPES/CNPQ/FAPS - Bolsa de Pesquisador Visitante Especial - PVE 2014. Processo número 400341/2014-0.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    Fev 2024

Histórico

  • Recebido
    03 Jan 2023
  • Aceito
    02 Maio 2023
  • Publicado
    04 Maio 2023
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br