Parentalidade homoafetiva masculina e seus desafios: uma revisão integrativa da literatura

Gabriel Bloedow da Silveira Giovanna Brucker Roggia Joselaine Rigue Cristina Saling Kruel Sobre os autores

Resumo

Este estudo visa elucidar os desafios enfrentados no exercício da parentalidade homoafetiva masculina por meio de uma revisão integrativa da literatura. Seguindo as recomendações PRISMA, foram analisados estudos empíricos dos últimos 22 anos, extraídos das bases de dados PubMed e APA PsychNet. Os descritores “Homosexuality, Male” e “Father” foram empregados para a seleção de artigos relevantes, processo realizado independentemente por dois pesquisadores. Os resultados indicam uma complexidade nas experiências parentais de homens homossexuais, variando entre desafios significativos, como estigmas e preconceitos sociais, e situações sem dificuldades notáveis. A decisão de assumir a paternidade nesse grupo é fortemente influenciada por fatores específicos à realidade homoafetiva, inserida em um contexto social frequentemente não acolhedor. Os achados destacam a importância de compreender as interações entre aspectos individuais, sociais e culturais na formação da homoparentalidade masculina. Este estudo sublinha a necessidade de políticas e práticas inclusivas e sensíveis à diversidade, visando o apoio ao bem-estar familiar em contextos homoafetivos.

Palavras-chave:
Homosexuality; Male; Child; Father

Introdução

A parentalidade homoafetiva, conhecida como homoparentalidade, emerge como um fenômeno recente e ainda em pleno processo de legitimação social. Por séculos, estruturas sociais profundamente enraizadas na heteronormatividade restringiram a parentalidade homoafetiva, negando-lhe um lugar legítimo na esfera social. No entanto, mudanças socioculturais significativas vêm reconfigurando a concepção tradicional de família, transcendendo a normatividade heterocentrada e criando espaço para novas formas de identidade e relacionamento na sociedade11 Leal D, Gato J, Tasker F. Prospective parenting: sexual identity and intercultural trajectories. Cult Health Sex 2019; 21(7):757-773.,22 Gato J. Homoparentalidades: perspectivas psicológicas. Coimbra: Almedina; 2014..

O final do século XIX marcou o início de um processo de individualização que perdura até os dias atuais, gradualmente abrindo espaço para novas formas de posicionamento dos indivíduos na sociedade, incluindo vivências homossexuais. Esse processo ganhou força na década de 1960, quando movimentos sociais associados à revolução sexual desafiaram estruturas sociais anteriormente incontestáveis. O século XXI viu avanços significativos em tecnologias de reprodução medicamente assistida e conquistas em direitos das minorias sexuais, ampliando as opções para a formação de famílias e elevando a importância das relações afetivas, afastando-se do discurso heteronormativo de procriação. A ciência pós-moderna tem desafiado os preceitos tradicionais relacionados à formação de famílias, destacando a não necessidade de um casal heterossexual e enfatizando a capacidade de desempenho de papéis parentais independentes do gênero na criação de filhos22 Gato J. Homoparentalidades: perspectivas psicológicas. Coimbra: Almedina; 2014..

No entanto, a literatura científica sugere uma menor tendência à parentalidade entre indivíduos homossexuais em comparação com seus pares heterossexuais11 Leal D, Gato J, Tasker F. Prospective parenting: sexual identity and intercultural trajectories. Cult Health Sex 2019; 21(7):757-773.,33 Riskind RG, Tornello SL. Sexual identity and future parenthood in a 2011- 2013 nationally representative United States Sample. J Fam Psychol 2017; 31(6):792-798.,44 Gates GJ, Badgett MVL, Macomber JE, Chambers K. Adoption and foster care by gay and lesbian parents in the United States [Internet]. 2007. [cited 2023 ago 3]. Available from: https://escholarship.org/uc/item/2v4528cx#main
https://escholarship.org/uc/item/2v4528c...
. Notavelmente, entre os homens gays, os estigmas associados ao lugar social masculino parecem influenciar essas tendências22 Gato J. Homoparentalidades: perspectivas psicológicas. Coimbra: Almedina; 2014..

Apesar do crescente corpo de literatura sobre a parentalidade em contextos homoafetivos, existem lacunas significativas no que se refere especificamente aos desafios enfrentados por homens gays no exercício da parentalidade. Este estudo busca contribuir, oferecendo uma análise abrangente e atualizada dos desafios, experiências e dinâmicas familiares únicas na parentalidade homoafetiva masculina. De forma inovadora, a pesquisa se concentra na intersecção de gênero, sexualidade e parentalidade, explorando como esses fatores influenciam as experiências de pais gays e os impactos psicossociais em suas famílias.

Compreender os fatores subjacentes aos desafios enfrentados na parentalidade homoafetiva masculina é fundamental para um entendimento preciso da realidade atual e pode fornecer uma base sólida para possíveis intervenções em níveis psicológicos, legislativos, sociais e de saúde. Essas iniciativas são alinhadas com demandas sociais e políticas emergentes preconizadas por organismos internacionais em diversas áreas de atuação, particularmente na saúde mental. Portanto, este estudo visa elucidar as principais dificuldades encontradas no exercício da parentalidade homoafetiva masculina.

Metodologia

O artigo adota uma abordagem qualitativa e realiza uma revisão integrativa da literatura baseada em domínio, seguindo a recomendação Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)55 Paul J, Criado AR. The art of writing literature review: what do we know and what do we need to know? Int Business Rev 2020; 29(4):101717.. A escolha por uma revisão integrativa atende aos objetivos do estudo, que visa identificar, na literatura científica, os desafios enfrentados por casais de homens gays no exercício da parentalidade. A utilização das recomendações PRISMA como guia metodológico segue as diretrizes preconizadas pela plataforma Enhancing the Quality and Transparency of Health Research (EQUATOR).

A definição da questão de pesquisa foi orientada a partir de protocolos internacionais para revisões sistemáticas e integrativas da literatura, norteadas a partir da estratégia PICo (P = população; I = interesse; Co = contexto). Essa recomendação visa recuperar mais pesquisas com foco qualitativo voltadas às experiências humanas e fenômenos sociais66 Araújo WCO. Recuperação da informação em saúde: construção, modelos e estratégias. ConCI 2020; 3(2):100-134.,77 Dantas HLL, Costa CRB, Costa LMC, Lúcio IML, Comassetto I. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Rev Recien 2021; 12(37):334-345.. Desse modo, a pergunta norteadora se configurou como: quais são os desafios enfrentados (I) por homens gays (P) no exercício da parentalidade homoafetiva (Co)?”

A produção dos dados ocorreu no período entre os meses de janeiro e julho de 2022. A busca inicial das publicações on-line se deu nas seguintes bases de dados: PubMed (recurso gratuito desenvolvido e mantido pela National Library of Medicine, dos Estados Unidos) e APA PsychNet (PsychArticles). Realizou-se cruzamentos dos descritores, em português e espanhol, padronizados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e seus respectivos, em inglês, Medical Subject Heading (MESH), com utilização dos operadores booleanos AND, AND NOT e OR. Homosexuality, Male; Father. Para a estratégia de busca, foi adotada a seguinte configuração de descritores, palavras-chave e operadores booleanos: (1) Homosexuality, Male AND Father AND Child OR Homosexuality, Male AND Father.

Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: estudos disponíveis eletronicamente e de forma gratuita, contendo pesquisas empíricas, escritos em português, inglês ou espanhol, relacionados à área temática do estudo e publicados a partir do ano 2000. O recorte temporal até o presente ano se justifica pela intenção de realizar uma análise abrangente da evolução do campo da homoparentalidade homoafetiva ao longo do tempo.

A avaliação dos títulos dos artigos foi efetuada por dois pesquisadores independentes, seguindo critérios de exclusão que incluem a eliminação de documentos duplicados, trabalhos publicados fora do período especificado (2000-2022), aqueles que não respondem à pergunta norteadora e materiais considerados “literatura cinza,” como capítulos de livros, dissertações, teses, notícias, documentos técnicos, comentários e editoriais. Para medir a concordância entre os pesquisadores, foi utilizado o coeficiente estatístico índice Kappa, que fornece uma medida de concordância ajustada para o acaso. Os resultados indicaram que os pesquisadores alcançaram uma concordância substancial, com índice Kappa de 0,8. A resolução de quaisquer discrepâncias foi alcançada por meio de discussões adicionais, garantindo um consenso final na escolha dos artigos para inclusão na revisão.

A coleta de dados consistiu na leitura na íntegra dos artigos selecionados pelos pesquisadores, garantindo uma análise completa e criteriosa do conteúdo relevante.

Extração dos dados

Após a aplicação dos critérios de exclusão, os dados dos artigos selecionados para compor a revisão foram organizados a partir de um instrumento em forma de tabela, com a finalidade de minimizar erros na transcrição e garantir o registro da totalidade dos dados relevantes77 Dantas HLL, Costa CRB, Costa LMC, Lúcio IML, Comassetto I. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Rev Recien 2021; 12(37):334-345.. Os dados da amostra foram sumarizados em dois grupos de informações, sendo o primeiro referente à identificação dos artigos (título, autores, ano, periódico, idioma e local de realização do estudo), e o segundo referente às características do artigo (abordagem metodológica, objetivos, amostra, resultados, nível de evidência, conclusões e limitações).

Análise dos dados

Para apresentar o desfecho da pesquisa, optou-se por organizar os resultados por meio da análise de conteúdo, incluindo as fases de pré-análise, análise e tratamento de resultados, inferências e interpretação88 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições70; 2011.. A pré-análise diz respeito ao contato inicial e à realização da leitura do material. Nessa etapa os dados foram organizados, agrupando-os por similaridade. Já na fase de análise, as temáticas foram destacadas e seus respectivos núcleos identificados, conforme a seguir.

  1. - Impacto dos estigmas e preconceitos sociais na experiência das crianças: analisa como as crianças filhas de casais homoafetivos são afetadas por estigmas e preconceitos sociais.

  2. - Processo reflexivo na decisão da parentalidade por homens gays: destaca a reflexão aprofundada dos homens gays sobre a decisão de se tornarem pais, contrastando com padrões observados em casais heterossexuais.

  3. - Desenvolvimento infantil em contextos de parentalidade homoafetiva masculina: aborda a ausência de danos específicos ao desenvolvimento infantil em famílias homoafetivas, enfatizando a importância de um ambiente salutar e de cuidado adequado.

  4. - Influência do contexto cultural e social na parentalidade homoafetiva: explora como diferentes realidades sociais, culturais e geográficas influenciam as experiências e os desafios da homoparentalidade, sugerindo a necessidade de uma leitura contextualizada dessas questões.

Resultados

A pesquisa bibliográfica inicial identificou um conjunto de 98 estudos, dos quais 86 foram recuperados da base de dados PubMed e os 12 restantes da base APAPsychNet. No desfecho do processo de seleção, a partir dos critérios de inclusão e exclusão, dez artigos foram mantidos para análise em sua versão completa, constituindo assim a amostra final deste estudo.

A Figura 1 ilustra de forma detalhada o processo de seleção dos artigos ao longo desta revisão integrativa, destacando a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão que conduziram à formação da amostra final.

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção dos estudos por meio da recomendação PRISMA.

O Quadro 1 apresenta os títulos, autores e anos de publicação dos dez artigos selecionados para compor a amostra. Esses artigos foram publicados no período entre 2011 e 2019, com um predomínio notável de publicações no ano de 2018. Quanto ao idioma, todos foram publicados em língua inglesa.

Quadro 1
Artigos analisados na revisão.

Observa-se variedade metodológica entre os dez estudos revisados. Quatro conduziram suas pesquisas com casais que adotaram seus filhos99 Golombok S, Mellish L, Jennings S, Casey P, Tasker F, Lamb ME. Adoptive gay father families: parent-child relationships and children's psychological adjustment. Child Dev 2014; 85(2):456-468.

10 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.

11 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.
-1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.. Outros quatro analisaram casais que recorreram à gestação por substituição, comumente referida como “barriga de aluguel”1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76.

14 Carone N, Baiocco R, Lingiardi V. Italian gay fathers' experiences of transnational surrogacy and their relationship with the surrogate pre- and post-birth. Reprod Biomed Online 2017; 34(2):181-190.

15 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.
-1616 Golombok S, Blake L, Slutsky J, Raffanello E, Roman GD, Ehrhardt A. Parenting and the adjustment of children born to gay fathers through surrogacy. Child Dev 2018; 89(4):1223-1233.. Um dos estudos não especificou a modalidade pela qual a parentalidade foi alcançada1717 Burke EE, Bribiescas, RG. A comparison of testosterone and cortisol levels between gay fathers and non-fathers: a preliminary investigation. Physiolol Behav 2018 193:69-81., enquanto um estudo abrangente investigou diferentes vias de parentalidade, incluindo adoção, gestação por substituição e coparentalidade com mulheres, sejam elas heterossexuais ou lésbicas1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Essa diversidade nos estudos reflete as múltiplas formas de parentalidade dentro da comunidade homossexual, proporcionando uma análise abrangente das experiências parentais nesse contexto.

A revisão dos estudos revela divergências quanto à identificação de desafios na parentalidade homoafetiva. Entre os dez trabalhos analisados, seis reportaram a existência de desafios específicos associados à parentalidade em homens gays1010 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.

11 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.

12 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.

13 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76.

14 Carone N, Baiocco R, Lingiardi V. Italian gay fathers' experiences of transnational surrogacy and their relationship with the surrogate pre- and post-birth. Reprod Biomed Online 2017; 34(2):181-190.

15 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.
-1616 Golombok S, Blake L, Slutsky J, Raffanello E, Roman GD, Ehrhardt A. Parenting and the adjustment of children born to gay fathers through surrogacy. Child Dev 2018; 89(4):1223-1233.. Em contraste, os quatro estudos restantes não constataram dificuldades significativas nessa questão99 Golombok S, Mellish L, Jennings S, Casey P, Tasker F, Lamb ME. Adoptive gay father families: parent-child relationships and children's psychological adjustment. Child Dev 2014; 85(2):456-468.,1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76.,1717 Burke EE, Bribiescas, RG. A comparison of testosterone and cortisol levels between gay fathers and non-fathers: a preliminary investigation. Physiolol Behav 2018 193:69-81.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561..

Entre os desafios destacados, sobressaem-se as experiências de preconceito e estigma social enfrentados por pais gays1010 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.,1111 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.,1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.,1515 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.. Além disso, questões vinculadas às vias de obtenção da parentalidade, especialmente em casos de reprodução assistida com a intervenção de terceiros, como na prática de gestação por substituição1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76., foram relatadas como desafiadoras.

Por outro lado, os estudos que não identificaram dificuldades no exercício da homoparentalidade masculina destacaram aspectos positivos dessa experiência. Entre eles, destacam-se a redução nos níveis de depressão e estresse relacionados à parentalidade entre os homens gays99 Golombok S, Mellish L, Jennings S, Casey P, Tasker F, Lamb ME. Adoptive gay father families: parent-child relationships and children's psychological adjustment. Child Dev 2014; 85(2):456-468., níveis inferiores de cortisol, hormônio associado ao estresse1717 Burke EE, Bribiescas, RG. A comparison of testosterone and cortisol levels between gay fathers and non-fathers: a preliminary investigation. Physiolol Behav 2018 193:69-81., e uma forte associação da parentalidade com a realização pessoal1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Esses estudos também apontaram motivações particularmente fortes que levam os homens gays a optarem pela paternidade, sugerindo uma perspectiva equilibrada e multifacetada sobre o tema.

Discussão

Os estudos analisados na presente pesquisa oferecem uma visão do perfil singular experienciado pela parentalidade entre casais homoafetivos masculinos. Evidenciou-se que esse fenômeno está intrinsecamente ligado a uma multiplicidade de fatores, com a dimensão social se destacando como um dos aspectos mais proeminentes1111 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.,1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.,1414 Carone N, Baiocco R, Lingiardi V. Italian gay fathers' experiences of transnational surrogacy and their relationship with the surrogate pre- and post-birth. Reprod Biomed Online 2017; 34(2):181-190.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Entre os estudos examinados, aqueles que identificaram desafios na vivência da homoparentalidade masculina foram consistentes ao destacar que tais desafios estão fortemente relacionados à experiência de preconceitos e estigmas sociais1010 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.

11 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.
-1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.,1414 Carone N, Baiocco R, Lingiardi V. Italian gay fathers' experiences of transnational surrogacy and their relationship with the surrogate pre- and post-birth. Reprod Biomed Online 2017; 34(2):181-190.

15 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.
-1616 Golombok S, Blake L, Slutsky J, Raffanello E, Roman GD, Ehrhardt A. Parenting and the adjustment of children born to gay fathers through surrogacy. Child Dev 2018; 89(4):1223-1233.. Nesse contexto, as evidências refutam a noção de que a homoparentalidade, por si só, seja um fator gerador de sofrimento psicológico. O sofrimento, quando presente, está intrincado com as adversidades enfrentadas, incluindo agressões, julgamentos e exclusões no ambiente social.

Desse modo, os estudos compreendem a vivência do chamado “estresse de minoria”, que é uma modalidade de sofrimento psíquico que acomete pessoas estigmatizadas. Essas pessoas se veem na necessidade de se adaptar em maior nível às situações cotidianas em relação às não-estigmatizadas, devido aos fatores estressores específicos ao grupo minoritário ao qual pertencem, que se somam aos estressores comuns a todas as pessoas1919 Pachankis JE, McConocha EM, Clark KA, Wang K, Behari K, Fetzner BK, Brisbin CD, Scheer JR, Lehavot K. A transdiagnostic minority stress intervention for gender diverse sexual minority women's depression, anxiety, and unhealthy alcohol use: a randomized controlled trial. J Consult Clin Psychol 2020; 88(7):613-630.. O estresse de minoria funciona como um estresse adicional aos estressores cotidianos, ou seja, todas as pessoas podem casar, se divorciar, ser admitidas ou demitidas de empregos, mas apenas as que pertencem a um grupo, mais especificamente aquelas que têm sua orientação sexual fora dos padrões heteronormativos, vivenciam esses eventos a partir de seu status de minoria2020 Paveltchuk FO, Borsa JC. A teoria do estresse de minoria em lésbicas, gays e bissexuais. Rev SPAGESP 2020; 21(2):41-54..

A compreensão do estresse de minoria deve ampliar-se para além da dimensão psicológica individual, abrangendo também as manifestações de desequilíbrios sociais e de poder. Esse estresse, característico de grupos marginalizados, ressalta a importância de implementar políticas inclusivas e fomentar a conscientização social para enfrentar preconceitos. A persistência desse estresse sugere a necessidade de um suporte social e psicológico vigoroso para os indivíduos que pertencem a esses grupos, enfatizando a importância de se adotar uma perspectiva integral em saúde mental, que considere tanto as dinâmicas sociais quanto as individuais.

Além disso, os estudos analisados não identificaram quaisquer sinais de danos ao processo de desenvolvimento infantil em relação a crianças filhas de casais homoafetivos masculinos apenas pelo fato de terem dois pais homens. No entanto, foram observados sinais de sofrimento psíquico entre crianças filhas de casais gays1515 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.,1616 Golombok S, Blake L, Slutsky J, Raffanello E, Roman GD, Ehrhardt A. Parenting and the adjustment of children born to gay fathers through surrogacy. Child Dev 2018; 89(4):1223-1233.. A totalidade dos estudos afirma que esse sofrimento está relacionado à vivência de estigmas e preconceitos sociais. Nesse sentido, quanto menor for a capacidade de resiliência psíquica e defesa emocional dos pais, maior será o risco de eles não conseguirem proteger adequadamente a criança, permitindo que tais violências sejam apreendidas pelo filho1515 Carone N, Lingiardi V, Chirumbolo A, Baiocco R Italian gay father families formed by surrogacy: parenting, stigmatization, and children's psychological adjustment. Dev Psychol 2018; 54(10):1904-1916.,1616 Golombok S, Blake L, Slutsky J, Raffanello E, Roman GD, Ehrhardt A. Parenting and the adjustment of children born to gay fathers through surrogacy. Child Dev 2018; 89(4):1223-1233..

O impacto dos estigmas e preconceitos sociais sobre as crianças filhas de casais gays ilustra a intrincada relação entre o ambiente social e o desenvolvimento psicológico infantil. Esse achado desafia a compreensão tradicional de que a estrutura familiar é fator determinante do bem-estar da criança. Ao contrário, ressalta a significativa influência do contexto externo, abarcando tanto a aceitação social quanto à exposição a preconceitos. Essa abordagem ampliada sugere que intervenções destinadas a promover o bem-estar de crianças em famílias homoafetivas devem transcender a esfera familiar e engajar a sociedade como um todo.

Adicionalmente, alguns estudos analisados afirmam que, em comparação com indivíduos heterossexuais, homens gays parecem refletir de maneira mais elaborada sobre a decisão de ter ou não filhos99 Golombok S, Mellish L, Jennings S, Casey P, Tasker F, Lamb ME. Adoptive gay father families: parent-child relationships and children's psychological adjustment. Child Dev 2014; 85(2):456-468.,1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76.,1414 Carone N, Baiocco R, Lingiardi V. Italian gay fathers' experiences of transnational surrogacy and their relationship with the surrogate pre- and post-birth. Reprod Biomed Online 2017; 34(2):181-190.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Essa reflexão mais aprofundada tende a resultar em motivos mais fortes e concisos que justificam a escolha pela parentalidade. Esse comportamento é possivelmente influenciado pela realidade vivida pela população gay, cuja transição para a parentalidade não é socialmente autorizada nem naturalmente esperada. Além disso, há o desgaste de um processo de adoção ou reprodução assistida, bem como o conhecimento dos inúmeros desafios, principalmente sociais, que os homens gays enfrentam quando optam pela parentalidade1010 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.

11 Tornello SL, Farr RH, Patterson CJ. Predictors of Parenting Stress Among Gay Adoptive Fathers in the United States. J Fam Psychol 2011; 25(4):591-600.
-1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.. Esse conjunto de dificuldades pode estar potencializando as reflexões sobre a tomada de decisão, resultando em uma maior clareza e solidez em relação aos motivos para serem pais por parte dos homens gays.

A ponderação cuidadosa dos homens gays sobre a parentalidade reflete a consciência quanto aos desafios e responsabilidades inerentes à paternidade, particularmente em um contexto social que com frequência os marginaliza. Isso também pode indicar uma maturidade emocional e uma preparação mais sólida para a parentalidade, potencialmente levando a práticas parentais mais reflexivas e conscientes. Essa análise enfatiza a importância de considerar as motivações e os processos de decisão no contexto da homoparentalidade, realçando a necessidade de suporte e recursos adequados para esses pais, a fim de facilitar uma transição positiva para a parentalidade.

Nesse sentido, é interessante notar que os estudos analisados apontam para uma maior tendência a práticas parentais positivas por parte de casais homoparentais masculinos, refletida tanto em uma maior escolha por atitudes de cuidado pautadas em respeito e afetuosidade como na busca por conhecimentos educativos para a criação dos filhos1010 Feugé ÉA, Cyr C, Cossette L, Julien D. Adoptive gay fathers' sensitivity and child attachment and behavior problems. Attach Human Dev 2020; 22(3):247-268.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Além disso, os estudos identificaram, em casais que optaram pela reprodução assistida, uma maior abertura em relação à elaboração da via de nascimento do filho com a rede familiar e social, em comparação com casais heterossexuais, que parecem enfrentar maiores estigmas ao optarem por uma via reprodutiva semelhante1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76..

A tendência dos casais homoparentais masculinos a adotar práticas parentais positivas, como o cuidado afetuoso e a busca por conhecimentos educativos, contradiz a narrativa estigmatizada frequentemente associada à homoparentalidade. Esses achados desafiam estereótipos e enfatizam a capacidade dos casais homoafetivos de proporcionar um ambiente de criação enriquecedor e amoroso. Concomitantemente, ressalta a necessidade de uma compreensão mais ampla e inclusiva das diversas formas de parentalidade, reconhecendo que a competência parental não está atrelada à orientação sexual, mas à qualidade do cuidado e do afeto fornecidos aos filhos.

Embora haja muitos estudos categorizando as dificuldades na homoparentalidade masculina, é importante destacar que alguns não identificaram quaisquer dificuldades nesse sentido99 Golombok S, Mellish L, Jennings S, Casey P, Tasker F, Lamb ME. Adoptive gay father families: parent-child relationships and children's psychological adjustment. Child Dev 2014; 85(2):456-468.,1313 Sydsjö G, Skoog Svanberg A, Lampic C. Cross-border surrogacy: experiences of heterosexual and gay parents in Sweden. Acta Obstet Gynecol Scand 2019; 98(1):68-76.,1717 Burke EE, Bribiescas, RG. A comparison of testosterone and cortisol levels between gay fathers and non-fathers: a preliminary investigation. Physiolol Behav 2018 193:69-81.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Portanto, a análise dessas pesquisas deve levar em consideração a diferença de realidade social onde foram conduzidos, considerando as nuances culturais e sociais presentes em diferentes contextos, a fim de obter uma leitura apropriada dessas questões complexas.

A literatura analisada também ressalta aspectos positivos e a resiliência das famílias homoafetivas. Estudos como os de Green e colaboradores1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283. e Shenkman e Shmotkin1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561. observaram que pais homossexuais frequentemente apresentam altos níveis de satisfação e realização na paternidade, apesar dos desafios sociais1212 Green RJ, Rubio RJ, Rothblum ED, Bergman K, Katuzny KE. Gay fathers by surrogacy: prejudice, parenting, and well-being of female and male children. Psychol Sex Orientation Gender Diversity 2019; 6(3):269-283.,1818 Shenkman G, Shmotkin D. The association between self-perceived parental role and meaning in life among gay and heterosexual fathers. J Fam Psychol 2016; 30(5):552-561.. Eles reiteram a capacidade dessas famílias para fornecer ambientes amorosos e estáveis para o desenvolvimento infantil, desafiando as narrativas estigmatizadas. A inclusão dessas perspectivas na discussão amplia o entendimento sobre as experiências complexas e multifacetadas da parentalidade homoafetiva masculina.

Ao evidenciar as experiências complexas e os desafios enfrentados por pais homoafetivos, este estudo reforça a necessidade urgente de políticas públicas de saúde que promovam a inclusão e o respeito à diversidade. A adoção de práticas inclusivas no sistema de saúde, aliadas a estratégias de educação e sensibilização, pode mitigar os efeitos adversos do preconceito social, contribuindo para o bem-estar psicológico de famílias homoafetivas e, por extensão, da sociedade como um todo.

Considerações finais

Ao elucidar os desafios enfrentados no exercício da parentalidade homoafetiva masculina, o presente estudo revela uma realidade complexa e multifacetada. Os casais homoafetivos, ao lidarem com estigmas e preconceitos sociais, enfrentam desafios únicos relacionados à construção de uma família. É importante destacar que, embora não tenham sido encontrados danos ao desenvolvimento infantil decorrentes da presença de dois pais do mesmo sexo, os estudos ressaltam o impacto dos estigmas e preconceitos sociais no sofrimento psicológico das crianças. A capacidade dos pais em atuar como barreiras de proteção para seus filhos desempenha papel fundamental, influenciando na exposição das crianças a tais violências.

A reflexão profunda sobre a parentalidade por homens gays, mais acentuada em comparação com indivíduos heterossexuais, é outro aspecto relevante destacado pelos estudos. Tal ponderação é influenciada pela realidade social da população gay, em que a parentalidade muitas vezes não é esperada ou amplamente aceita. O processo de adoção ou reprodução assistida, juntamente com a consciência dos desafios sociais, contribui para essa reflexão aprofundada e para a formação de motivações sólidas para a parentalidade.

A diversidade de experiências e realidades observadas nos estudos analisados sugere que os desafios da homoparentalidade masculina são influenciados por fatores socioculturais e contextuais variáveis. A pesquisa evidencia uma lacuna significativa na literatura científica sobre o tema, com predominância de estudos ocidentalizados e eurocentrados. Nesse sentido, recomenda-se o desenvolvimento de pesquisas futuras no contexto brasileiro e latino-americano, visando uma compreensão mais abrangente e contextualizada das realidades da homoparentalidade masculina em diferentes culturas e sociedades.

Em conclusão, ao elucidar as principais dificuldades encontradas no exercício da parentalidade homoafetiva masculina, este estudo revela uma compreensão integrada e abrangente de fatores individuais, sociais e culturais que incidem nesse contexto. Ao mesmo tempo, destaca a necessidade de políticas e práticas inclusivas e sensíveis à diversidade, que promovam o bem-estar de todas as famílias, independentemente de sua configuração.

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  • Financiamento

    Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Franciscana (PROBIC - UFN).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    Abr 2024

Histórico

  • Recebido
    21 Nov 2023
  • Aceito
    15 Dez 2023
  • Publicado
    18 Dez 2023
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br