COMUNICAÇÕES BREVES
A competição biológica como método alternativo para o controle dos transmissores da esquistossomose
Frederico Simões Barbosa
Escola Nacional de Saúde Pública FIOCRUZ, Rio de Janeiro e Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães FIOCRUZ, Recife-PE
Trabalhos que vêm sendo desenvolvidos nos estados de Pernambuco e da Paraíba, há alguns anos, sobre o controle biológico dos moluscos transmissores da esquistossomose, revelaram que Biomphalaria straminea tem comprovada capacidade competitiva sobre B. glabrata.
Trabalhando com uma cepa de B. straminea resistente à infecção por Schistosoma mansoni os pesquisadores do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, em Recife, demonstraram que, em ambiente seminatural criado no laboratório, B. straminea tem a capacidade de deslocar totalmente a população-alvo de B. glabrata dentro do período de cerca de dois anos. O mesmo fenômeno ocorre com outra cepa de B. straminea semi-resistente a infecção por S. mansoni, nas mesmas condições acima.
Outros aspectos da competição foram estudados em laboratório, ficando demonstrada a superioridade do competidor contra a população-alvo. Assim, B. straminea tem maior capacidade de dispersão, vagilidade e resistência à dessecação que B. glabrata1.
O experimento de campo vem revelando que o fenômeno ocorre com as mesmas características de deslocamento competitivo entre duas populações. No momento, dois anos depois da introdução do competidor em um pequeno vale do município de Alhandra, estado da Paraíba, o competidor ocupa cerca de 2/3 do território antes habitado exclusivamente pela população natural de B. glabrata.
Os resultados obtidos abrem uma nova via de investigação sobre métodos alternativos de controle de uma infecção como a esquistossomose, considerada importante problema de saúde pública em algumas regiões do país como o nordeste úmido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BARBOSA, E.S. et alii. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 79 : 163-167, 1984.