RESENHA
A DOENÇA DA SAÚDE. José Aristodemo Pinotti Almad Editora e Livraria Ltda. São Paulo SP, 1984.
O livro do Dr. J. Pinotti, professor de Ginecologia e Obstetrícia e Reitor da Universidade Estadual de Campinas, apresenta as seguintes conclusões:
"Em suma, parece haver amplo consenso em que tanto a crise da saúde que é histórica quanto a crise previdenciária estão a indicar a necessidade urgente de reformulação do sistema de oferta dos serviços de saúde. Também parece claro que tal reformulação se deve processar em vários níveis, ou seja, do ponto de vista da medicina assistencial, do ponto de vista médico-sanitario e, finalmente, sob o ângulo de uma política capaz de superar e eliminar as muitas formas de reducionismo da saúde.
A realidade anda a exigir, e os fatos sociais certamente indicam uma situação vestibular de grandes transformações no setor social. Se isso é verdade, não há nenhuma razão para a universidade se omitir. Deve a universidade corresponder prontamente à exigência de reflexão e ação imediatas, impostas pela conjuntura nacional e pela própria ética universitária. Ao mesmo tempo, deve deixar de responder, de modo simplista e com uma pontualidade servil, àquelas demandas puramente ocasionais, assumindo, de uma vez por todas, o papel de agente crítico e inovador de políticas socialmente relevantes.
A história tem mostrado que, muito mais que um estado de equilíbrio físico, psíquico, social e ambiental, a saúde resultado de lutas, sacrifícios, avanços e recuos ao longo do tempo deve constituir-se em jus, ou seja, em "algo que justa e legitimamente pertence a alguém", e portanto a todos. É nesta acepção que se revela a verdadeira e maior face política da universidade, que deve necessariamente atuar como "advogada renhida e incorruptível" na causa da extensão do direito à saúde. E, nesse contexto, jamais esquecer as razões de sua existência".