Carta do leitor

 

 

Prezado Leitor,

O artigo de Jairnilson Silva Paim "Ações Integradas de Saúde (AIS): por que não dois passos atrás" é um documento que deve ser, cuidadosamente, preservado para a futura análise do que se passou no setor saúde, nessa etapa da transição democrática e do papel representado pela academia partidarizada.

Por isso mesmo, julgo necessário registrar uma omissão que leva a um desvio de interpretação no corpo do artigo. A página 170 (Cadernos de Saúde Pública, RJ., 2 (2): 167-183, 1986), no quarto parágrafo 5.5. Paim afirma que "estranhamente" os Secretários de Saúde, reunidos em Belo Horizonte em 1984, ignoravam as AIS que os beneficiavam, propondo a transferência do INAMPS para o Ministério da Saúde.

Acredito que falte aos documentos do autor a "Carta de Brasília" que os Secretários de Saúde aprovaram (e da qual fui redator, antes relator), em 12 de julho de 1983, anterior, portanto, a qualquer convênio de AIS, ou seu precursor o PAIS, em que a unificação era pedida. A essa carta corresponde uma evidente irritação das autoridades máximas do MPAS, abrindo caminho para a proposta alternativa das IAS que, aliás, sempre aceitamos como um estágio necessário, em função dos desejos de espaço e poder político dos ocupantes das estruturas administrativas de ambos os Ministérios da Velha e da Nova República. Portanto, nunca houve dilema falso ou real; o que houve foi um recuo da Nova República. Tancredo Neves encaminhava a unificação, chegando a, em reunião conosco, pedir esclarecimentos: — "Todos os Secretários, então, apoiam essa fusão?" Apoiamos. O que veio depois é por conta do glorificado Presidente Sarney, e das manobras e conflitos de seus Ministérios que resultam na estagnada, mas necessária, AIS.

 

 

Eduardo Costa

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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