Parasitoses Intestinais nos Índios Xavánte de Parabubure, Mato Grosso, Brasil [1]
Em agosto de 1993, foram analisadas 82 amostras de fezes coletadas entre as populações Xavante das aldeias Estrêla a Etepo'ori (n=209), da Área Indígena Parabubure (53oW, 14oS), Estado de Mato Grosso. Seis meses antes da realização deste inquérito, a população dessas aldeias havia sido tratada em massa com mebendazole. No campo, as amostras foram preservadas em MIF e posteriormente processadas pelo método de sedimentação (Lutz, 1919). Os resultados obtidos foram: Ascaris lumbricoides (28,4%), Ancilostomideos (13,6%), Strongyloides stercoralis (9,9%), Giardia lamblia (8,6%), Entamoeba histolytica (3,7%), Entamoeba coli (54,3%), Endolimax nana (4,9%) e lodamoeba bütschllii (23,5%). Não foram detectadas associações estatisticamente significantes entre sexo e positividade para helmintos e protozoários. No caso das helmintoses, as prevalências mais elevadas foram observadas no grupo de 0 a 10 anos de idade, que respondem por 57% da prevalência total. Em relação ao poliparasitismo por helmintos, 37,8% dos indivíduos apresentaram-se parasitados apenas por uma espécie e 7,3% por duas. Os resultados obtidos estão próximos aos encontrados por Santos et al. (1995) entre os Xavánte da Area Indígena de Pimentel Barbosa. Em ambas as áreas a população Xavánte tende a sedentarizar-se mantendo suas aldeias no mesmo local por mais de duas décadas. A ausência de uma infraestrutura sanitária mínima tanto nas aldeias como nos postos indígenas e a sedentarização, favorecem a contaminação do solo e dos córregos próximos às aldeias por formas infectantes de helmintos e protozoários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LUTZ, A., 1919. O Schistosoma mansoni e a schistosomatose segundo observações feitas no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 11: 121-155.
SANTOS, R. V.; COIMBRA Jr. & SILVA, J. P., 1995. Intestinal parasitism in the Xavánte Indians, Central Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 37: 145-148. São Paulo.
Rubens V. lanelli
Joaquim P. Silva
Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz
Rua Leopoldo Bulhões, 1480
Rio de Janeiro, RJ, 21041-210, Brasil
Sandra M Agostini
Fundação Nacional do Índio
Rua Ministro João Alberto, 179
Barra do Garças, MT, 78600-000, Brasil.
[1] Estudo realizado como parte do projeto: Medicina Tradicional e Saúde da Comunidade: Pesquisa Ação com Mulheres Xavánte, financiado pelo Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.