ARTIGO ARTICLE
Gustavo Marins de Aguiar2 | Ecologia dos flebotomíneos da Serra do Mar, Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. I - A fauna flebotomínica e prevalência pelo local e tipo de captura (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae)1 Ecology of sandflies in Serra do Mar, Itaguaí, state of Rio de Janeiro, Brazil. I - Sandfly fauna and prevalence of the species in collections sites and method of capture (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae)1 |
1 Trabalho realizado com auxílio do CNPq 2 Departamento de Entomologia, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro, RJ, 21045-900, Brasil. | Abstract A two-year investigation was conducted in Itaguai, State of Rio de Janeiro, an area with cases of cutaneous leishmaniasis, in order to study the ecology of sandflies and their habits and role as parasitic vector for men and animals. Capturing took place at three sites: domiciliary (human bait, walls, and light traps); peridomiciliary (walls, from baits used simultaneously: humans, dogs, and chickens; and light traps); and sylvatic (human bait and light traps). A total of 10,172 sandflies were captured, belonging to 17 species of genuses Brumptomyia França & Parrot, 1921 and Lutzomyia França, 1924. L. intermedia was predominant, 100 m above sea level, as compared to L. migonei and L. fischeri. In a drier area 300 m above sea level L. migonei was prevalent, followed by L. longipalpis and L. fischeri. The species which presented the greatest endophily was L. fischeri, showing a certain degree of eclecticism regarding the biting site. L. intermedia and L. migonei proved to be more exophilic. L. intermedia was considered to be potentially the main transmitter of the disease because of its prevalence, anthropophily, and the fact it is known to be a vector of Leishmania (V.) braziliensis in other areas of the Southeastern region of Brazil. L. fischeri, because of its anthropophily, might also be involved. Key words Lutzomyia; Sandflies; Epidemiology; Ecology; Cutaneous Leishmaniasis Resumo Durante dois anos foi feito um estudo ecológico sobre os flebotomíneos em foco de leishmaniose cutânea em Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro. As capturas (isca humana, paredes e armadilha luminosa) foram efetuadas, simultaneamente, em três sítios de coleta: domicílio, peridomicílio e floresta. Foram capturados 10.172 flebotomíneos, de 17 espécies, sendo 3 do gênero Brumptomyia e 14 do gênero Lutzomyia. A espécie mais prevalente a 100m do nível do mar é L. intermedia, seguida de longe por L. migonei e L. fischeri. A espécie mais endófila e que apresenta um certo ecletismo quanto ao local de hematofagia é L. fischeri, enquanto L. intermedia e L. migonei provaram ser mais exofílicas. L. intermedia pode ser incriminada como o principal vetor potencial do agente de leishmaniose tegumentar, pela sua prevalência, antropofilia e por ser comprovada a veiculação da Leishmania (Viannia) braziliensis em outras áreas do Estado do Rio de Janeiro. L. fischeri, pela avidez com que pica o homem, pode ser um coadjuvante na transmissão do parasita. Sua predominância na floresta sugere participação da transmissão em seu ciclo enzoótico natural. A presença de L. longipalpis é um risco potencial de veiculação do agente etiológico da leishmaniose visceral nessa região, particularmente pela baixa imunidade da população local. |
Introdução
O estudo da ecologia dos flebotomíneos no Estado do Rio de Janeiro foi iniciado quando da ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar na antiga capital da República. Desde então, a parasitose vem ocorrendo de forma endêmica, epidêmica ou de casos esporádicos. No entanto, os pesquisadores centralizavam suas investigações, principalmente, nos aspectos clínicos e terapêuticos da doença. A partir da década de 1940, o uso de inseticidas como medida profilática, nas casas e nos anexos de animais domésticos, dificultou o estudo dos hábitos dos vetores e sua relação na transmissão do parasita ao homem e animais. Mesmo assim, foi notório o progresso nas investigações de campo e laboratório. As informações disponíveis são, no entanto, ainda insuficientes para se conhecer melhor a relação dos vetores com a doença. Atualmente se considera a Leishmania (Viannia) braziliensis o principal agente etiológico da leishmaniose tegumentar no Rio de Janeiro, sendo a infecção de animais domésticos, como cães e eqüídeos, associada a flebotomíneos que se adaptam bem aos ambientes modificados, os quais propiciam aos insetos abrigo e alimento em maior abundância que nos ambientes naturais (Marzochi & Marzochi, 1994). A ocorrência recente de inúmeros casos de leishmaniose tegumentar no Município de Itaguaí e, principalmente, a constatação da ocorrência de casos da doença no sítio Porangaba, além da escassez de estudos sobre o assunto na área, ensejou a realização de um estudo prolongado e sistematizado sobre a ecologia dos flebotomíneos e o papel desses na transmissão do parasita ao homem e outros mamíferos.
Área de estudo
O Município de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, está localizado entre as coordenadas de 22° 42' de latitude Sul e de 43° 41' de longitude Oeste, na zona fisiográfica da baixada do rio Guandu, limitando-se com os Municípios de Rio Claro, Piraí, Paracambi, Nova Iguaçu, Mangaratiba e Rio de Janeiro. A região destaca-se como a principal produtora de banana do Estado, já que o clima quente e úmido lhe é favorável. A cultura é feita preferencialmente nos grotões das encostas da Serra do Mar, alongando-se até os Municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, RJ (FUNDREN, 1976).
O fracionamento das propriedades por empresas de loteamento extravasa as áreas que lhe são periféricas, valorizando as terras ao longo ou próximas das vias de comunicação. Em contrapartida, imensas glebas permanecem desocupadas aguardando maior valorização.
Com todo este processo de ocupação, houve uma diminuição acentuada da fauna e da flora regionais, que, se antes eram abundantes e diversificadas, agora estão restritas às matas residuais remanescentes da Floresta Pereniforme Higrófila Costeira (Alonso, 1977) e limitadas às raras áreas de preservação como o Horto Florestal Municipal e outras propriedades particulares, onde se inclui o sítio Porangaba.
A área estudada situa-se nas proximidades da Fazenda São Sebastião, Raiz da Serra, Estado do Rio de Janeiro, com acesso pela rodovia municipal IG-06 a partir do centro do Município, que é interligado à rodovia Rio-Santos, BR 101. A sede do sítio fica a 100 m do nível do mar (Figura 1).
Materiais e métodos
Para o presente estudo era necessário que a área não sofresse ação de inseticida usado pela Fundação Nacional de Saúde durante o desenvolvimento do trabalho. Neste aspecto, foi decisiva a compreensão do proprietário do sítio que, interessando-se pela pesquisa, não só estabeleceu contato permanente com o Laboratório de Diptera, setor Phlebotominae, na Fundação Oswaldo Cruz, como também cedeu algumas instalações, facilitando, assim, a rotina da equipe durante a permanência na área.
Durante 24 meses, realizaram-se capturas mensais de flebotomíneos, com permanência de dois dias consecutivos na área. Em todas as capturas utilizou-se o tubo de sucção manual. As armadilhas usadas foram a luminosa, modelo Falcão (Falcão, 1981), modificada por Aguiar et al. (1985 a); a de Disney (Disney, 1966) e a de Damasceno (Damasceno, 1955).
A primeira estação de captura, situada a 100 m do nível do mar (Estação A), foi instalada na casa que serve de moradia aos caseiros do sítio. O local é circundado por plantação de banana, que se extende por um raio de 300 m até a floresta. A segunda estação foi fixada a 300 m do nível do mar (Estação B), ainda nos limites da propriedade. No local, prevalecem as plantações de milho e de mandioca em área mais seca e sem a presença do bananal. A floresta dista, aproximadamente, 450 m da estação.
A escolha das casas como pontos referenciais para as capturas de flebotomíneos deveu-se à constatação de casos de leishmaniose tegumentar em indivíduos do mesmo domicílio e a nítida diferença entre as duas áreas, que, embora relativamente próximas, apresentam características diferentes, como mencionado anteriormente.
Programação das capturas
De março de 1984 a fevereiro de 1985, na Estação A, e de março de 1985 a fevereiro de 1986, na Estação B, realizaram-se capturas mensais de flebotomíneos. Elas foram efetuadas, simultaneamente, em três sítios de coleta: domicílio (isca humana e paredes internas), peridomicílio (isca humana e paredes externas) e floresta (isca humana), nos seguintes períodos - matutino, das 6h às 8h; vespertino, das 17h às 19h e noturno, das 20h às 22h e de 0h às 2h.
As armadilhas luminosas, em número de três, foram utilizadas nos dois anos, nas estações A e B, no interior da casa, no peridomicílio (próximo aos anexos de animais domésticos) e na floresta, sempre no mesmo local e hora, ou seja, eram ligadas às 18h e desligadas às 6h da manhã seguinte.
Como o objetivo era capturar flebotomíneos de vôo baixo e especialmente aqueles atraídos pelo sangue de roedores, foram utilizados dois desses animais - Akodon sp. e Oxymycterus sp. - nas armadilhas Disney. O primeiro foi capturado e usado como isca no peridomicílio, o mesmo ocorrendo com o segundo no interior do bananal. As armadilhas foram instaladas a 20cm do solo, em locais previamente selecionados do peridomicílio e do bananal, das 18h às 10h da manhã seguinte.
A armadilha Damasceno foi empregada apenas onde os flebotomíneos ficam confinados, como as tocas de tatu, buracos no solo e ocos de árvores.
A maioria dos flebotomíneos capturados em isca humana foi levada viva, em pequenas caixas de polietileno, com fina camada de gesso, para ser dissecada. As caixas eram colocadas dentro de um isopor que, forrado com uma toalha umidecida, permitia a sobrevivência desses insetos. No laboratório, eram mergulhados em soro fisiológico e transferidos, individualmente, para uma lâmina com uma gota de soro, onde a cabeça era removida e o tubo digestivo levemente retirado pela parte posterior do abdômen. Após este procedimento, a lâmina era transferida ao microscópio para diagnóstico da espécie, procura de flagelados e sua localização no tubo digestivo. A identificação das espécies foi feita pelas espermatecas no momento da dissecção. Os exemplares machos e as fêmeas não destinadas à procura de flagelados foram transportados em pequenos tubos contendo álcool a 70°, com os respectivos rótulos da captura.
Resultados
Foram capturados 10.172 flebotomíneos, pertencentes às dezessete espécies listadas a seguir, com a designação de Martins et al. (1978):
Brumptomyia avellari (Costa Lima, 1932)
Brumptomyia cunhai (Mangabeira, 1942)
Brumptomyia guimaraesi (Coutinho & Barretto, 1941)
Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis (Lutz & Neiva, 1912)
Lutzomyia (Pintomyia ) fischeri (Pinto, 1926)
Lutzomyia (Pintomyia) pessoai (Coutinho & Barretto, 1940)
Lutzomyia (Pintomyia) sp.
Lutzomyia (Micropygomyia) schreiberi (Martins, Falcão & Silva, 1975)
Lutzomyia (Helcocyrtomyia) quinquefer (Dyar, 1929)
Lutzomyia (Nyssomyia) intermedia (Lutz & Neiva, 1912)
Lutzomyia (Nyssomyia) whitmani (Antunes & Coutinho, 1939)
Lutzomyia edwardsi (Mangabeira, 1941)
Lutzomyia migonei (França ,1920)
Lutzomyia barrettoi (Mangabeira, 1941)
Lutzomyia lanei (Barretto & Coutinho, 1941)
Lutzomyia firmatoi (Barretto, Martins & Pellegrino, 1956)
Lutzomyia monticola (Costa Lima, 1932)
Do gênero Brumptomyia (França & Parrot, 1921), foram capturados 82 exemplares de três espécies; de Lutzomyia (França, 1924), 10.091 exemplares pertencentes a catorze espécies. Lutzomyia (Pintomyia) sp. não teve a sua identificação confirmada até o momento. As demais já haviam sido assinaladas no Estado do Rio de Janeiro.
Os flebotomíneos identificados pertencem a cinco subgêneros: Lutzomyia, Helcocyrtomyia, Pintomyia, Micropygomyia e Nyssomyia, três grupos de espécies - migonei, brasiliensis e lanei - e duas espécies isoladas, L. firmatoi e L. monticola.
Na Tabela 1, representam-se o número e a média, por 10h, de flebotomíneos capturados em isca humana (domicílio, peridomicílio e floresta) e pousados nas paredes (interna e externa) do domicílio, a 100 e 300m do nível do mar. Tanto no primeiro como no segundo nível foram gastas 288h de captura, somando-se os três sítios de coleta. As médias obtidas a 100m foram sempre superiores às de 300m, em decorrência da ampla prevalência de L. intermedia sobre L. migonei e L. fischeri. Entre as menos numerosas, destacam-se L. schreiberi, L. firmatoi e L. monticola. A 300m, o predomínio é de L. migonei, com ampla vantagem sobre L. fischeri e L. longipalpis. Das espécies menos comuns, registram-se as presenças de L. whitmani, única capturada somente neste nível, e L. intermedia.
Nas Figuras 2 e 3, comparam-se o total e a freqüência das espécies mais numerosas a 100 e 300m do nível do mar. Com relação ao total, em ambos os níveis, nota-se que a maioria dos flebotomíneos ocorre nas paredes externas e internas do domicílio. No primeiro nível, o homem é mais picado no peridomicílio, ao passo que, no segundo, no domicílio. Em relação às espécies capturadas em isca humana, demonstra-se que L. intermedia tem grande prevalência no peridomicílio e em menor proporção no domicílio; na floresta não foi encontrada. L. migonei mostra a mesma tendência, no entanto, aparece com maior equilíbrio; na floresta sua presença é insignificante. L. fischeri, ao contrário das anteriores, é mais freqüente no domicílio, evidenciando-se também números expressivos no peridomicílio e na floresta, sendo neste local a espécie predominante. No segundo nível, L. migonei e L. fischeri ocorrem em maior número no domicílio, enquanto L. longipalpis prevalece no peridomicílio, não ocorrendo na floresta. Em isca humana, observa-se um pequeno predomínio de L. fischeri sobre L. migonei no domicílio; contudo, no peridomicílio ocorre o inverso. L. longipalpis demonstra baixa antropofilia, picando o homem, na mesma proporção, dentro e fora da casa.
A Tabela 2 indica o número e a média, por 10h, de flebotomíneos capturados em armadilhas luminosas instaladas no domicílio, peridomicílio e na floresta, a 100 e 300m do nível do mar. Em ambos os níveis, foram gastas 432h; tal como as capturas realizadas em isca humana e paredes, as armadilhas luminosas tenderam a apresentar médias mais elevadas no peridomicílio e no domicílio, ocorrendo maior número de espécies na floresta. L. fischeri, a 100m, foi numericamente dominante sobre L. edwardsi e L. firmatoi, porém, a 300m do nível do mar, a situação se inverte. Com relação ao sexo, analisando-se os dois níveis, observa-se um certo equilíbrio. L. intermedia, L. migonei e L. longipalpis tiveram um predomínio de machos no domicílio e no peridomicílio, enquanto L. fischeri foi capturada com supremacia quase absoluta de fêmeas, nos três locais onde foram expostas as armadilhas.
Na Tabela 3, demonstram-se o número e as médias, por 10h, de flebotomíneos, fêmeas e machos, capturados no peridomicílio e no bananal, utilizando-se armadilha Disney, com isca roedor, a 100m do nível do mar. Em 384h foram obtidos apenas 88 exemplares, sendo 26 no peridomicílio e 62 no bananal. Cinco espécies foram atraídas pelos roedores: L. firmatoi, L. intermedia e L. schreiberi, mais freqüentes no bananal, enquanto L. migonei e L. fischeri, no peridomicílio, sendo a última capturada somente neste local. Com relação ao sexo, o número total de fêmeas supera o de machos e apenas L. migonei tem número de machos pouco mais elevado no peridomicílio.
Na Tabela 4, representa-se o número de flebotomíneos capturados em abrigos naturais, utilizando-se armadilha Damasceno, a 100m do nível do mar. Em 72h, foram obtidos 144 exemplares, pertencentes a oito espécies. A maioria dos flebotomíneos ocorreu em toca de tatu, sendo B. guimaraesi a mais numerosa, seguida por L. barrettoi, L. edwardsi e B. avellari. Em tronco de bananeira, foram capturadas L. firmatoi e L. intermedia. Em oco de árvore, L. fischeri foi mais freqüente que L. monticola; entretanto, em tronco de árvore, essa espécie foi a única capturada. Excetuando-se L. fischeri e L. monticola, evidencia-se um predomínio de machos.
Para a observação de infecção natural, foram dissecadas 1.232 fêmeas. Todas apresentaram resultados negativos. De L. intermedia, foram 582 exemplares; de L. migonei, 362; de L. fischeri, 234 e de L. longipalpis, 54.
Discussão
Durante o processo de colonização das regiões Sudeste e Sul, nas décadas de 30 e 40, a veiculação do agente etiológico da leishmaniose tegumentar esteve associada a L. whitmani, L. pessoai e L. migonei, espécies de comportamento silvestre. Atualmente, naquelas mesmas regiões, L. intermedia prevalece nas áreas endêmicas litorâneas e serranas dos Estados do Espírito Santo (Falqueto et al., 1986), Rio de Janeiro, no litoral, capital e interior (Aguiar et al., 1987, 1993; Souza et al., 1981) e São Paulo, onde o flebotomíneo é encontrado nos vales dos grandes rios (Gomes & Galati, 1989; Tolezano et al., 1980). Nos Estados de Minas Gerais e Bahia, em áreas do interior (Três Braços), o flebotomíneo incriminado é L. whitmani (Mayrink et al., 1979; Vexenat & Barreto, 1986a). No Estado do Ceará (Serra do Baturité), em ambiente florestal, o vetor é L. wellcomei (Ready et al., 1983), embora a principal forma de transmissão seja a periurbana e esteja associada a L. whitmani e L. migonei. No norte do Estado do Paraná, L. intermedia predomina no peridomicílio, L. whitmani, na margem da floresta e L. fischeri, no interior da mesma (Aguiar et al., 1989).
Nos primeiros estudos sobre a leishmaniose tegumentar no Brasil já se evidenciava a presença de L. intermedia em ambiente modificado, porém, somente a partir das pesquisas realizadas por Forattini & Santos (1952) é que foi constatada uma alta densidade desse flebotomíneo dividindo a fauna alternadamente com L. whitmani no Estado de São Paulo. Posteriormente, veio a hipótese de sua participação como transmissor principal da Leishmania braziliensis (Forattini & Oliveira, 1957).
A capacidade adaptativa de L. intermedia aos ecótopos artificiais, observada por Gomes et al. (1980), fortaleceu a hipótese levantada por Forattini et al. (1976) de incriminar a espécie como principal vetor do parasita em áreas periurbanas.
Ao longo dos anos, em Itaguaí, a crescente devastação da floresta e a expansão cafeeira, posteriormente substituída pela cultura de banana, onde os habitantes freqüentemente constroem suas casas, hábito iniciado pelos loteamentos irregulares na década de 50, ocasionou a diminuição da fauna flebotomínica e a de animais silvestres, porém elevou a densidade de L. intermedia no ambiente peridomiciliar e domiciliar, onde a espécie encontrou sua sobrevivência garantida graças à estreita relação alimentar com o homem, animais domésticos e sinantrópicos.
Analisando-se a fauna flebotomínica de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, verifica-se que L. intermedia é a espécie predominante nas capturas a 100m do nível do mar, enquanto L. migonei prevalece a 300m, em área mais seca e sem a presença do bananal. L. longipalpis neste nível, foi a segunda em ordem de freqüência. Tal constatação já havia sido feita por Souza et al. (1981), no subúrbio de Bangu, na cidade do Rio de Janeiro. Por falta de investigações anteriores na área estudada, não foi possível determinar se a colonização de L. longipalpis é recente. Quanto a L. fischeri, em ambos os níveis, esteve bem representada, sendo a terceira pela ordem de freqüência, o que indica um certo grau de adaptação ao ambiente peridomiciliar e, especialmente, domiciliar. Estas observações são contrastantes com as de Barretto (1943) em São Paulo e Araújo Filho (1978) na Ilha Grande, Estado do Rio de Janeiro; entretanto, são concordantes com as investigações de Mattos (1981) em Perobas, no Estado do Espírito Santo e de Aguiar et al. (1991, 1993) em Picinguaba e Paraty, respectivamente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Relacionando-se os dois níveis estudados, observa-se que 94% dos flebotomíneos foram capturados no peridomicílio e domicílio. Entre as quatro espécies mais numerosas - L. intermedia, L. migonei, L. fischeri e L. longipalpis - representando 96% do total, evidencia-se que, tanto no domicílio como no peridomicílio, somando-se todos os tipos de captura, L. intermedia foi predominante, seguida pelas outras três espécies. Entretanto, nas capturas em isca humana, no interior da casa, L. fischeri prevalece sobre L. intermedia e L. migonei, enquanto L. longipalpis apresenta número reduzido de exemplares. No peridomicílio, L. intermedia foi mais ávida pelo sangue humano, seguida por L. fischeri e L. migonei. Excetuando-se L. fischeri, com números expressivos na floresta, L. migonei foi capturada em número reduzido, enquanto L. intermedia e L. longipalpis estiveram ausentes neste local. Assim sendo, na área estudada, L. intermedia, L. migonei e L. longipalpis estão adaptadas ao ambiente humano, enquanto L. fischeri, apesar de ter sido capturada em número expressivo no interior da casa, mostrando ser a espécie mais endófila, apresenta-se eclética quanto ao local de hematofagia, pois, também na floresta, mostra-se dominante com uma população significativa. Considerando-se que a espécie tem número, de certo modo, equilibrado nos três locais e observando-se a distância da floresta para o domicílio humano, aproximadamente 300m na estação A e 450m na estação B, pode-se sugerir que esta espécie seja a de maior dispersão.
Constatou-se que L. pessoai, tida como de hábitos silvestres, não foi encontrada na floresta e, no peridomicílio, foi capturada em número reduzido. L. whitmani, L. firmatoi, L. edwardsi e L. schreiberi mostraram tendência a adaptação no peridomicílio.
Observa-se que, dos exemplares obtidos nas paredes internas e externas, a 100m do nível do mar, L. fischeri está representada apenas por fêmeas. L. intermedia e L. migonei ocorrem com número maior de machos. O número total de indivíduos do sexo masculino é bem amplo nas paredes externas, todavia, nas paredes internas, é mais equilibrada a proporção entre os sexos, indicando uma ligeira predominância de fêmeas. A 300m verifica-se uma supremacia de machos, tanto nas paredes internas como nas externas. L. fischeri, no entanto, ao contrário de L. migonei e L. longipalpis aparece com grande maioria de fêmeas. A relação macho/fêmea varia com o ambiente e com a espécie. Algumas vezes, há considerável desproporção entre os sexos, como é o caso de L. fischeri. Em contrapartida, com L. migonei, em todos os ambientes, os machos são maioria. Tais situações indicam que os criadouros e abrigos naturais de L. fischeri estejam mais difundidos do que os de L. migonei e L. intermedia.
Em armadilhas luminosas, a 100m do nível do mar, evidencia-se a mesma tendência observada nas capturas em isca humana e paredes, ou seja, a grande maioria dos exemplares é atraída pela armadilha instalada no peridomicílio. Dentro da casa só ocorrem as espécies mais freqüentes, com ampla vantagem de L. intermedia sobre L. migonei e L. fischeri, que indicam números aproximados. No peridomicílio, ocorreram sete espécies, sendo L. intermedia e L. migonei bem mais numerosas que L. fischeri. Na floresta, foram doze espécies e a predominância é de L. fischeri. A 300m do nível do mar, comprova-se um equilíbrio entre o peridomicílio e a floresta. L. migonei é superior a L. longipalpis e L fischeri, seguindo-se L. whitmani, L. firmatoi, L. edwardsi, L. barrettoi, B. avellari e B. cunhai.
Relacionando-se os dois níveis estudados, demonstra-se que, entre as espécies mais numerosas, o peridomicílio foi o local onde mais se capturou flebotomíneos, enquanto que entre as menos numerosas, este local foi a floresta. Levando-se em consideração a ocorrência de L. intermedia, L. migonei, L. fischeri e L. longipalpis, verifica-se que a primeira e a quarta não ocorrem na floresta, como já havia sido constatado em isca humana; a segunda aparece, neste local, com número reduzido e a terceira mostra um certo equilíbrio entre a floresta e o domicílio. As outras doze espécies estão mais representadas na floresta.
Apenas cinco espécies são atraídas para as armadilhas modelo Disney com isca de roedor: L. firmatoi, L. migonei, L. intermedia, L. schreiberi e L. fischeri. L. firmatoi é a mais freqüente e o bananal, o local onde ocorre maior número de exemplares da espécie.
Na área de estudo, foram examinados 109 abrigos potenciais de flebotomíneos, procurando-se dividi-los em domiciliares e silvestres, como o fizera Barretto (1943). Os resultados foram negativos para os abrigos domiciliares e peridomiciliares, contrastando com outras investigações de Barretto (1943), Forattini (1954, 1960), Gomes (1986 a e b), Deane & Deane (1957) e Sherlock (1962), quando capturaram vários exemplares de flebotomíneos nos anexos de animais domésticos durante as horas luminosas do dia, algumas vezes, em pleno exercício hematofágico. As tocas de tatu são os locais onde mais se captura flebotomíneos e as espécies que ocorrem são: B. guimaraesi, L. barrettoi, L. edwardsi e B. avellari. Tais resultados confirmam as pesquisas realizadas por Aguiar & Vilela (1987) no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. L. firmatoi e L. intermedia são apanhadas no interior do bananal, pousadas nos troncos. Quanto à primeira, supõe-se que esteja se adaptando ao ambiente modificado pelo homem e sendo atraída por roedores, como é comprovado nas capturas com armadilha Disney, acredita-se que seja este o seu local de repouso. Quanto à segunda, embora o número de exemplares não seja tão significativo, deve ser levado em consideração que, em focos de leishmaniose tegumentar, especialmente na região Sudeste, a presença desse flebotomíneo está ligada à cultura da banana. L. fischeri foi capturada em oco de árvore, a aproximadamente 5m de altura; Aguiar et al. (1985 b), no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Estado do Rio de Janeiro, e Aguiar et al. (1989), no norte do Estado do Paraná, constataram a presença da espécie em ocos de árvores, além de evidenciar seus hábitos acrodendrófilos. Tais resultados levam a acreditar que a espécie procure estes locais para se abrigar durante as horas luminosas do dia.
Pelos resultados encontrados em Itaguaí, pode-se incriminar L. intermedia como o principal vetor potencial da Leishmania (V.) braziliensis, pois, mesmo sem a constatação de infecção natural nos exemplares dissecados, a espécie demonstra ser antropofílica e totalmente adaptada ao ambiente modificado pelo homem, além da constatação de sua prevalência em domicílios onde ocorreram casos de leishmaniose tegumentar. Sua ausência do ambiente florestal reforça a hipótese de que a transmissão ocorra no ambiente domiciliar. Quanto a L. migonei, embora não seja tão antropofílica quanto L. intermedia, pode atingir o homem e os animais domésticos pela sua adaptação ao ambiente domiciliar; assim sendo, pode estar transmitindo a Le. braziliensis como vetor secundário. L. fischeri, pela sua antropofilia e certo grau de ecletismo quanto a hora e local de hematofagia, pode ser um coadjuvante na transmissão do agente morbígeno de leishmaniose tegumentar na área estudada. Embora tenha sido a espécie mais endófila, tem uma população significativa na floresta e é nesse local a mais prevalente, podendo estar participando da transmissão em seu ciclo enzoótico natural. A presença de L. longipalpis em área mais seca é de grande interesse epidemiológico, pois, mesmo sem a constatação de casos de calazar durante o período da pesquisa, pode haver risco para a população local, especialmente pela proximidade da região estudada com outras onde ocorreram casos da doença, particularmente os bairros de Campo Grande e Guaratiba, subúrbios da cidade do Rio de Janeiro (Marzochi & Marzochi, 1994). As migrações humanas para a área, com a implantação do pólo petroquímico e do complexo portuário de Sepetiba, trarão um risco potencial de veiculação da leishmaniose visceral nessa região, principalmente considerando-se a provável baixa imunidade da população.
Agradecimentos
Ao Dr. Jürgen Doberainer e à Dra. Joana Doberainer, ilustres pesquisadores da Embrapa e proprietários do sítio Porangaba, pelas instalações e facilidades concedidas ao longo do trabalho. Aos biólogos Anna de Fátima Lima Klein, Denise Barone, Karla Silva Bezerra, Pedro Schuback e Thais Soucasaux Mendes Pires, pela participação eficiente nos trabalhos de campo e laboratório. Aos empregados e caseiros do sítio Porangaba, Gilberto Maria Inácio, Irene Fernandes Inácio, Josias José Inácio e Maura dos Reis Inácio, pela cordialidade.
Referências
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