TESES THESIS

 

 

SENA, M. C. F., 1997. Prevalência do Aleitamento Materno Exclusivo no Distrito Federal e sua Associação com o Trabalho Materno Fora do Lar (Maurício Gomes Pereira, orientador). Dissertação de Mestrado, Brasília: Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. 141 pp.

 

Introdução: Há muitas evidências científicas sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo para a saúde infantil. Reconhece-se essa forma de alimentação como ideal para suprir as necessidades específicas da criança, do nascimento até quatro a seis meses de idade. Entretanto, para determinados grupos populacionais, é baixa a prevalência dessa prática alimentar. Fatores relacionados, principalmente, ao ambiente e ao estilo de vida contribuem para esse quadro. Objetivos: Estimar a prevalência e a duração do aleitamento exclusivo e investigar a associação dessa forma de alimentação com o trabalho materno fora do lar. Material e métodos: Estudo transversal, de base populacional, com realização de entrevistas em um grupo de 3.305 mães, selecionadas por amostragem sistemática, presentes à campanha de vacinação, em 11 de junho de 1994, cujos filhos tinham idade igual ou menor que 180 dias. Das 3.305 entrevistas realizadas, 3.104 foram consideradas válidas para a análise de prevalência, e 2.983 dessas, para o estudo da associação entre o trabalho materno fora do lar e a amamentação exclusiva. Estimou-se, com o uso do modelo logito, a prevalência do aleitamento exclusivo (a criança ingere somente o leite materno), assim como a prevalência do aleitamento predominante (além do leite materno, a criança ingere água, chás e sucos, isoladamente ou associados) e parcial (a criança ingere o leite materno e outro tipo de leite). Na estimativa de prevalência para o aleitamento materno (a criança ingere o leite materno isoladamente ou associado com água, chás, sucos e outro leite), empregou-se o modelo probito. Para o estudo da associação entre trabalho materno fora do lar e amamentação exclusiva, fez-se uma análise multivariada, estimando-se o odds ratio com a técnica de regressão logística, controlando-se as seguintes variáveis confundidoras: idade da criança, idade e escolaridade materna e local de moradia. Todas as estimativas foram feitas por intervalo, e o nível de confiança estabelecido em 95% (IC 95%). Os cálculos foram feitos com o programa SAS. Resultados: A prevalência estimada do aleitamento materno exclusivo, na faixa etária de zero-15 dias, foi de 62% (58,5-65,3), e de 12,8% (11,0-14,7), na de 151-180 dias. A duração mediana da amamentação exclusiva, na população investigada, correspondeu a 39,4 dias. Para o aleitamento materno, estimou-se uma prevalência de 70,9% (67,7-73,9) no grupo de 151-180 dias. A relação entre o odds ratio da exposição e não-exposição ao fator de risco trabalhar fora do lar, nos intervalos etários de zero-44 dias e 151-180 dias, ajustada para as variáveis confundidoras, foi respectivamente de 0,91 (0,61-1,35) e 1,61 (0,99-2,60), para as regiões mais desenvolvidas, e de 1,38 (1,00-1,91) e 2,43 (1,53-3,84), para as regiões menos desenvolvidos. Conclusão: A prevalência do aleitamento natural mostra um nível intermediário entre, de um lado, as baixas freqüências encontradas em alguns países desenvolvidos e a elite urbana de alguns países em desenvolvimento e, de outro, a alta prevalência do aleitamento natural de populações urbanas pobres e rurais de alguns países em desenvolvimento. A duração mediana da amamentação exclusiva, no Distrito Federal, é muito curta. No tocante à correlação entre o trabalho materno e a amamentação, observou-se que, nas regiões menos desenvolvidas do Distrito Federal, não trabalhar fora favorece o aleitamento materno exclusivo.

 

 

SOUZA, E. M., 1997. A Satisfação dos Idosos com os Serviços de Saúde: Um Estudo de Prevalência e de Fatores Associados em Taguatinga, Distrito Federal (Maurício Gomes Pereira, orientador). Dissertação de Mestrado, Brasília: Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. 180 pp.

 

Introdução: Este estudo é parte de uma pesquisa multidimensional e representa uma investida adicional nesse campo de investigação, com a finalidade de obter mais informações sobre a população idosa do Distrito Federal. Foi motivado pela constatação do crescente interesse pelas investigações que abordam a satisfação do usuário como indicador de qualidade dos serviços de saúde, pela carência de dados relativos à população idosa no Brasil e pela escassez de estudos que avaliam outros profissionais, além do médico, sob a óptica do usuário idoso. Objetivo: Avaliar o nível de satisfação do idoso com serviços oferecidos por centros de saúde de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, Distrito Federal. Investigar a hipótese de que a satisfação dos idosos com os serviços de saúde é influenciada pelos seguintes fatores: a) o tempo de espera que antecede a consulta; b) a cortesia dos profissionais médicos e enfermeiros; c) a referência ou não de algum tipo de problema, quando os idosos necessitam dos serviços dos centros de saúde; d) a percepção que eles têm do seu próprio estado de saúde; e) a satisfação com a vida em geral. Investigar, também, a influência das variáveis sócio-demográficas relativas ao sexo, à idade, à escolaridade, ao estado conjugal e à suficiência de renda para cobrir as despesas do cotidiano. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal de base populacional entre pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos de idade. Utilizando-se o processo de amostragem probabilística em estágios múltiplos, foram entrevistados 564 idosos da comunidade. Desses, 419 eram usuários dos centros de saúde, os quais constituíram a amostra do estudo. Para a coleta de dados, foi usada uma versão do questionário BOAS (Brazil Old Age Schedule), instrumento multidimensional, introduzindo-se ainda as questões referentes à satisfação do usuário com serviços de saúde, que não constavam na versão original. Para a análise dos dados, foi empregado o pacote estatístico SAS. Resultados: Foi encontrada uma alta porcentagem de satisfação com os serviços de saúde entre os entrevistados e uma associação positiva, estatisticamente significativa, entre a satisfação do idoso com os serviços de saúde e os seguintes fatores: a cortesia dos profissionais médicos e enfermeiros, a satisfação com a vida em geral e a percepção que os idosos têm do seu estado de saúde. Encontrou-se associação negativa entre a satisfação com os serviços de saúde e o tempo de espera que antecede à consulta, com o fato de os idosos manifestarem algum tipo de problema, quando necessitam de atendimento, e com o problema relativo ao atendimento dos profissionais dos centros de saúde. Entre as variáveis sócio-demográficas investigadas, apenas a suficiência de renda para cobrir as despesas diárias mostrou associação positiva significativa, limítrofe com a satisfação com os serviços de saúde, não se evidenciando qualquer associação em relação à idade, ao sexo, à escolaridade e ao estado conjugal. Conclusão: Os idosos que tendem a estar mais satisfeitos com os serviços de saúde são aqueles que esperam pouco tempo antes da consulta, consideram os profissionais médicos e enfermeiros atenciosos, não relatam qualquer problema quando demandam os serviços de saúde, percebem seu estado de saúde como bom ou muito bom e estão satisfeitos com a vida em geral. Esses achados poderão ser úteis para subsidiar a planificação e a provisão de cuidados destinados à população idosa do Distrito Federal, e mesmo para subsidiar novas investigações.

 

 

SILVA, S.A., 1997. Tendências da Morbi-Mortalidade por Tuberculose em Goiânia, Goiás. (Ana Lúcia S. S. Andrade, orientadora). Dissertação de Mestrado, Goiânia: Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás. 88pp.

 

Um estudo descritivo foi conduzido para avaliar a morbi-mortalidade da tuberculose (TB) no período de 1985 a 1994, na cidade de Goiânia, Goiás. Dados de morbidade foram coletados das fichas de notificação do Programa de Controle de Tuberculose da Secretaria Estadual de Saúde, e os dados de mortalidade foram obtidos do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM ­ Ministério da Saúde). Para a análise de morbidade, foram avaliados 3.338 casos novos de TB notificados na cidade no período de estudo. Observou-se que 58% eram do sexo masculino e 73% estavam na faixa etária de 15 a 49 anos. Aproximadamente 80% dos casos apresentavam TB de localização pulmonar. Foram submetidos a exame baciloscópico direto 77% dos casos, e, destes, 71% eram positivos. Alta por cura ocorreu em 63% (IC 95% 60,9-64,2), proporção esta menor, estatisticamente, do que a relatada para o País. O percentual de abandono de tratamento encontrado foi de 28%, (IC 95% 26,1-29,2), duas vezes maior do que a média observada para o Brasil na última década, refletindo pouca aderência ao tratamento da TB na capital. A avaliação da série histórica permitiu identificar dois períodos distintos. O primeiro, de 1985 a 1988, com característica decrescente, e o segundo, de 1989 a 1994, com padrão de acréscimo no que se refere ao número de casos notificados. Valendo-se da tendência observada, estimou-se que, para Goiânia, foram notificados 561 casos em excesso de TB, sendo a maioria destes do sexo masculino, na faixa etária de 15 a 49 anos. Os percentuais de abandono, na capital, apresentaram uma tendência crescente ao longo do período estudado, variando de 18% em 1985 a 33% em 1991 ( para tendência = 15,5 p<0,001). O sexo masculino apresentou os maiores percentuais de abandono do tratamento. Quanto às taxas de incidência, uma tendência crescente também foi observada (r = 0,31 p>0,05), e, após estratificação por sexo, o padrão ascendente persistiu entre os homens, enquanto, para as mulheres, observou-se uma tendência de declínio. No período de 1989 a 1994, os homens adultos apresentaram taxas de incidência estatisticamente maiores do que as mulheres. Para a avaliação da mortalidade, foram estudados 514 óbitos por TB que ocorreram no Estado entre 1985 a 1993. Aproximadamente 20% dos óbitos ocorreram em pacientes residentes na capital. A maior proporção de óbitos foi observada entre os homens, e naqueles com idade superior a 15 anos. Independente do sexo, indivíduos com mais de cinqüenta anos apresentaram risco sete vezes maior de morrer por TB do que os menores de 15 anos de idade (p<0,01). O Estado de Goiás apresentou uma tendência de declínio dos coeficientes de mortalidade, enquanto para a cidade de Goiânia observou-se um padrão de incremento dos coeficientes de mortalidade (r = 0,7 p<0,05). A utilização de dados secundários, coletados de rotina pelo Programa de Controle da TB, mostrou ser uma estratégia altamente eficaz, visto que permitiu uma avaliação da tendência da doença, gerando subsídios que podem ser utilizados na implementação de medidas de controle da TB em nosso meio.

 

 

TOMITA, E. N., 1997. Relação entre Determinantes Sócio-Econômicos e Hábitos Bucais: Influência na Oclusão de Pré-Escolares de Bauru ­ SP ­ Brasil. (Vitoriano Truvijo Bijella, orientador). Tese de Doutorado, São Paulo: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. 246 pp.

 

Tendo por objetivo avaliar como determinantes sócio-econômicos afetam a oclusão dentária em pré-escolares, este estudo transversal foi desenvolvido em três etapas: exame de oclusão, medidas antropométricas e questionário sócio-econômico. O inquérito epidemiológico foi realizado no período de outubro de 1994 a dezembro de 1995. A amostra probabilística foi constituída por 2.139 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de três a cinco anos, matriculadas em instituições públicas ou privadas do Município de Bauru ­ SP ­ Brasil. A avaliação de aspectos morfológicos da oclusão seguiu a classificação de ANGLE, observando-se também o trespasse horizontal, trespasse vertical, espaçamento/apinhamento, mordida aberta anterior, mordida cruzada total, mordida cruzada anterior e mordida cruzada posterior uni ou bilateral. Uma subamostra de 618 crianças apresentou resposta ao questionário sócio-econômico. Tendo por base as hipóteses de que: a) determinantes sócio-econômicos afetam o estado emocional da criança e isto se manifesta através de hábitos bucais, que por sua vez afetam a condição oclusal; b) alguns fatores sócio-econômicos influenciam padrões de alimentação infantil e educação, predispondo crianças que receberam aleitamento materno e crianças matriculadas em pré-escolas de tempo parcial a apresentarem menores taxas de má oclusão, foram realizadas análises bivariadas envolvendo a prevalência de má oclusão e algumas variáveis de exposição. A prevalência de má oclusão foi de 51,3% para o sexo masculino e 56,9% para o sexo feminino, sem variação quanto a grupo étnico, sexo ou tipo de escola. A maior prevalência de má oclusão foi verificada no grupo etário de três anos, decrescendo significantemente com a idade (p<0,05). Entre os fatores ambientais estudados, os hábitos de sucção de chupeta e sucção digital foram os mais importantes na associação com má oclusão. Alguns determinantes sócio-econômicos, como o trabalho materno e ocupação da pessoa de maior renda no domicílio, estão relacionados com a maior prevalência de hábitos bucais deletérios, que por sua vez estão positivamente associados com a má oclusão. Estes achados salientam a importância do desenvolvimento de um estudo longitudinal para confirmação de como os determinantes sociais atuam no processo de crescimento e desenvolvimento da criança.

 

 

FRAZÃO, P., 1995. A Participação do Pessoal Auxiliar Odontológico em Dez Sistemas Locais de Saúde de Cinco Municípios no Estado de São Paulo, 1994 (Antônio Galvão F. Rosa, orientador). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 92 pp.

 

No final da década de 70 e início da de 80, em diferentes regiões do Brasil, os serviços públicos ­ tanto aqueles existentes, quantos aqueles começando a se estruturar ­ passam a utilizar pessoal de nível elementar médio para auxiliar nas ações de atenção à saúde bucal. No Estado de São Paulo, embora inúmeros sistemas locais de saúde (Silos) venham empregando pessoal auxiliar odontológico (PAO), existe pouca informação disponível sobre a contribuição dada por estes trabalhadores a essas ações. O objetivo desta investigação foi de analisar a participação do PAO em dez Silos de cinco municípios do Estado de São Paulo, em 1994. Um questionário foi respondido por 248 (76,3%) dos 325 auxiliares e técnicos em higiene dental empregados nos Municípios de Itu, Embu, Penápolis, São José dos Campos e Campinas. Os resultados indicam que a maioria do PAO é jovem, do sexo feminino, possui segundo grau completo, curso de qualificação profissional, tem vínculo municipal e trabalha 40 horas/semana, recebendo entre US$ 119,00 e US$ 330,00 no exercício da função de ACD e entre US$ 162,00 e US$ 232,00 como THD. Sua participação em atividades de promoção em saúde bucal é relativa e varia conforme os Silos em estudo: naqueles do Embu e das regiões Norte e Leste de São José dos Campos, o PAO vem dedicando sua jornada de trabalho mais para ações coletivas do que para ações de assistência individual, contribuindo para a transformação das práticas da odontologia em saúde coletiva e para a mudança do modelo assistencial conforme diretrizes de saúde bucal e os princípios do SUS. A participação do PAO é mais freqüente em atividades de evidenciação de placa bacteriana seguida de escovação supervisionada (ES), bochechos fluorados e atividades educativas. A participação em ações coletivas é maior quando se trata da realização dessas atividades em escolas ou outros espaços sociais. Entretanto, em Itu, Embu e Penápolis, o pessoal auxiliar desenvolve de forma significativa atividades de ES em unidades básicas de saúde, atingindo com atividades de promoção da saúde bucal grupos populacionais que as freqüentam. Excetuando-se os três Silos de Campinas e o de Itu, é baixa a proporção do PAO que trabalha a quatro mãos rotineiramente. Os SILOS de Itu, Embu e Penápolis apresentam maior grau de delegação de função ao PAO na assistência individual que os Silos dos Municípios de São José dos Campos e Campinas. Segundo o pessoal auxiliar, a população usuária reage positivamente e aceita bem os seus serviços. Além disso, os cirurgiões-dentistas têm um relacionamento profissional bom ou muito bom com eles, prestam-lhes orientações sempre que necessário e, na opinião deles, devem manter o grau de orientação corrente.

 

 

VASCONCELLOS, M. M., 1997. Modelos de Localização e Sistemas de Informações Geográficas na Assistência Materna e Perinatal: Uma Aplicação no Município do Rio de Janeiro (Flávio Fonseca Nobre e Roberto Dieguez Galvão, orientadores). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 163pp. Anexos.

 

Este trabalho discute o uso de modelos matemáticos de localização, articulados a sistemas de informações geográficas (SIG), como suporte ao processo decisório relacionado à distribuição espacial de serviços de saúde, no sentido do aperfeiçoamento de sua organização de forma regionalizada e hierarquizada. Com base na caracterização dos serviços de saúde e da estrutura da mortalidade no Município do Rio de Janeiro, optou-se por trabalhar com serviços maternos e perinatais, em virtude da importante participação do setor público em seu financiamento e da sua distribuição espacial desigual, além da alta taxa da mortalidade neonatal, também distribuída espacialmente de forma desigual. Os modelos de localização utilizados foram o problema das p medianas e um modelo minissoma hierárquico. Foram localizados serviços em quatro níveis de hierarquia e comparados dois métodos de solução, um exato e outro heurístico. O software de SIG utilizado foi ArcInfo. Os resultados mostraram pequena diferença (sempre inferior a 1%) entre as soluções fornecidas pelos métodos heurístico (de Teitz & Bart, 1968) e exato (de Galvão & Raggi, 1989) para o problema das p medianas. A utilização de pacote comercial de programação matemática (Cplex) não se mostrou muito eficiente na solução do modelo hierárquico. O tempo de CPU gasto variou em torno de 28.000 segundos para uma rede de 69 vértices. A comparação das distâncias percorridas pelas mães, entre seu bairro de residência e o hospital onde ocorreu o parto, considerando a situação atual versus as localizações sugeridas pelo modelo, mostrou uma substancial redução. Essa forma de modelagem também permite simulações de alocações de tecnologias de saúde, proporcionando uma metodologia para reduzir a atual ineqüidade no acesso aos serviços de saúde. As conclusões sugerem que os modelos de localização constituem-se em poderosas ferramentas de apoio à decisão na distribuição espacial de tecnologias de saúde. As vantagens de sua utilização em ambiente SIG referem-se às facilidades na definição de áreas de demanda, à incorporação de sua população específica, à possibilidade do uso de rotinas para calcular distâncias e à comparação visual das localizações sugeridas com aquelas existentes.

 

 

BRANDÃO, M. D. S. N., 1996. Epidemiologia da Leishmaniose Visceral na Ilha de São Luís, Maranhão ­ Brasil: Análise da Dinâmica de Transmissão e dos Fatores de Risco Relacionados ao Desenvolvimento da Doença (Marcelo Nascimento Burattini, orientador). Tese de Doutorado, São Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, 127pp. Anexos. Ilustrações.

 

Uma população de menores de 15 anos foi estudada, visando conhecer a dinâmica de transmissão da Leishmania (L.) chagasi no período de janeiro de 1994 a janeiro de 1995, em uma localidade denominada Vila São José, Município Paço do Lumiar da Ilha de São Luís, Maranhão, área suburbana de baixa renda e endêmica para leishmaniose visceral (LV). Foram estudadas a prevalência da infecção por meio dos testes cutâneo de leishmanina e ELISA, bem como a presença de fatores de risco na população. O ensaio imunoenzimático foi feito utilizando os antígenos crude e rK-39. Em análise univariada foram constatadas as características sócio-demográficas e habitacionais da população relacionadas com a infecção por L.(L.) chagasi, além dos fatores associados à progressão para formas sintomáticas da LV. As variáveis como: idade (um a nove anos), tempo de permanência na localidade (um a três anos), habitação inadequada, o deslocamento na localidade para recolher água em poço comunitário, foram os fatores de risco mais fortemente associados à infecção. Entretanto, nesta análise não se verificou associação entre presença do cão e o risco de infecção por Leishmania. Na análise multivariada a opção foi por três modelos hierarquizados. Permaneceram como variáveis independentemente associadas aquelas relacionadas na análise univariada, além da presença de LV na família, a presença de galinheiro e a aspersão irregular no domicílio com inseticida nos últimos seis meses como fator protetor. A soropositividade ao antígeno rK-39 (p = 0,00001) e a ausência de reação à leishmanina (p = 0,0301) foram variáveis independentemente associadas à progressão para formas sintomáticas da doença. O modelo matemático empregado comprova a sua utilidade prática na análise da transmissão da LV na Ilha de São Luís. Nesta análise ficou demonstrado que a interface homem-vetor é a principal responsável pela ocorrência da infecção na Ilha.

 

 

MAURO, M. L. F., 1996. Saúde Mental do Adolescente Trabalhador: Um Estudo Sobre Estudantes de Escolas Noturnas do Distrito de Barão Geraldo-Campinas, SP (Joel Sales Giglio, orientador). Tese de Mestrado, São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. São Paulo. 287 pp. Anexos

 

O presente estudo visa à inter-relação entre saúde mental e trabalho em população de adolescentes trabalhadores. Para tanto, buscou-se a prevalência de transtornos mentais na amostra estudada, bem como uma investigação do perfil psicossocial deste trabalhadores. A morbidade psiquiátrica foi obtida por meio de instrumento de screening QMPA (Questionário de Morbidade Psiquiátrica de Adultos), visando ao levantamento de suspeição de transtornos mentais. O perfil psicossocial foi obtido por entrevista individual, mediante roteiro semi-estruturado, elaborado para a presente pesquisa. Utilizou-se o método epidemiológico, de corte transversal, em uma amostra de 104 adolescentes trabalhadores, de ambos os sexos, com idades entre 12 e 18 anos incompletos, estudantes de período noturno de cinco escolas públicas do Distrito de Barão Geraldo ­ Campinas, SP. Obteve-se uma prevalência de 58,7% de suspeitos de transtornos mentais na população estudada. No estudo de correlação entre suspeitos e não suspeitos de transtornos mentais e a variável qualidade do sono dos entrevistados, encontraram-se diferenças estatísticas significativas. Se pudéssemos traçar um perfil psicossocial destes adolescentes trabalhadores, este seria composto de: sujeitos predominantemente brancos, nascidos em Campinas, sem registro em carteira profissional, que executam serviços não qualificados ou de pouca responsabilidade, tais como braçais e balconistas. Relatam, em sua maioria, sentir desgastes físico e/ou mental provocados pelo trabalho; paradoxalmente, qualificam o trabalho como tranqüilo. Pretendem exercer profissão de nível universitário e têm planos para a realização da opção profissional; no entanto, estes planos não encontram sustentação para sua realização no contexto sócio-econômico dos mesmos. Realizou-se também um estudo comparativo entre o QMPA e o QMPI (Questionário de Morbidade Psiquiátrica Infantil), com uma subamostra dos adolescentes selecionados (n = 51), com o objetivo de verificar o comportamento destes dois instrumentos no que diz respeito a esta população. Tendo por base estes resultados, propõem-se as bases para um Questionário de Morbidade Psiquiátrica Alternativo para Adolescentes, que será completado em estudo posterior. Mediante os resultados apresentados neste estudo, não podemos afirmar se o trabalho é, ou não, fator de proteção da saúde mental de adolescentes trabalhadores; entretanto, os dados, os relatos e o contexto social desta amostra apontam para a afirmação de que: para que o trabalho favoreça a saúde mental, os jovens devem manter, concomitantemente ao trabalho, as atividades fundamentais para seu desenvolvimento (lazer, esporte, convívio familiar e social e atividades que desenvolvam seu potencial profissional).

 

 

PFUETZENREITER, M. R., 1997. Aspectos Sócio-Culturais e Econômicos de Pacientes com Diagnóstico Preliminar de Cisticercose Cerebral em Lages, Santa Catarina, Brasil (Fernando Dias de Ávila-Pires, orientador). Dissertação de Mestrado, Florianópolis: Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina. 131 pp.

 

Em moradores da zona urbana de Lages, situada em área endêmica de cisticercose, e examinados com tomografia computadorizada, dos quais 42 receberam diagnóstico preliminar de cisticercose cerebral e 57 foram negativos, um inquérito feito de março a dezembro de 1996, com entrevistas semi-estruturadas, mostrou que entre os positivos predominavam indivíduos com idades entre vinte e sessenta anos, do sexo feminino e com atividades domésticas ou aposentados. Comparados com os casos negativos, os positivos mostraram-se maiores consumidores de frutas, legumes, embutidos e carnes, sendo estas freqüentemente procedentes de frigoríficos não fiscalizados. Alguns referiram convivência com portadores de teníase ou consumo de carne com cisticercos. Os casos foram atribuídos ao maior contato atual ou antigo desses pacientes com a zona rural. As entrevistas não registraram diferenças entre pacientes positivos e negativos quanto aos hábitos higiênicos, ao grau de escolaridade ou nível econômico, assim como quanto às condições de saneamento ambiental. Este estudo revela a necessidade de investigações mais detalhadas sobre a transmissão da cisticercose na região, bem como de um programa de esclarecimento da população e dos criadores sobre o problema, recomendando-se a conservação da carne em baixa temperatura durante vários dias e sua cocção adequada.

 

 

FERREIRA, M. U., 1997. A Proteína Principal da Superfície de Merozoítos (MSP-1) de Plasmodium falciparum: Diversidade Alélica e Reconhecimento Imune (Alejandro Miguel Katzin, orientador). Tese de Doutorado, São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo. 87pp. Anexos.

 

Considera-se atualmente a proteína principal de merozoítos (merozoíte surface protein-1 ou MSP-1) de Plasmodium falciparum um dos principais antígenos de fase assexuada sangüínea, mas seu extenso polimorfismo pode comprometer seu uso em vacinas antimaláricas. Este trabalho examina os padrões de diversidade alélica do gene que codifica a MSP-1 em isolados de pacientes sintomáticos provenientes de três regiões malarígenas: uma área hipoendêmica no Sudoeste da Amazônia brasileira (n = 54), uma área mesoendêmica no Sul do Vietnam (n = 238) e uma área holoendêmica no Norte da Tanzânia (n = 79). Amplificaram-se fragmentos dos blocos variáveis 2, 4a, 4b e 6 ou 10 desse gene de cópia única mediante reação de polimerase em cadeia (PCR). Vinte e quatro tipos principais de MSP-1 foram definidos como combinações únicas de formas alélicas em cada bloco variável. Desses, dez diferentes tipos de MSP-1 foram identificados no Brasil, 23 no Vietnam e 13 na Tanzânia. A proporção de infecções geneticamente mistas (ou seja, pacientes infectados com populações de parasitas que expressam mais de um tipo de MSP-1) variou de 39% no Brasil, 44% no Vietnam a 60% na Tanzânia. A vasta maioria (90%) dos parasitas no Brasil e na Tanzânia pertenciam a um dos sete tipos de MSP-1 mais comuns. Em contraste, esses mesmos tipos de MSP-1 foram encontrados em apenas 61% dos isolados do Vietnam. A recombinação intragênica entre os blocos 4a e 6 em isolados do Vietnam, mas não entre os isolados no Brasil e na Tanzânia, foi significantemente menos freqüente que o esperado de associação aleatória entre as formas alélicas nesses blocos variáveis. Observou-se o mesmo padrão em dois estudos independentes em 1994 e 1996. Esses dados, em conjunto com outros relatórios prévios, sugerem que alguns tipos de MSP-1 possam estar sob pressão seletiva em populações naturais de parasitas. A freqüência dos tipos de MSP-1, todavia, foi semelhante em isolados collhidos no Vietnam entre os anos de 1994 e 1996. Além disso, a prevalência dos tipos mais comuns e o número médio de tipos de MSP-1 por paciente não diminuiu com a idade nessa região. Tomados em conjunto, esses dados sugerem que a seleção dependente de freqüência não é o mecanismo seletivo predominante e indicam a presença de mecanismos seletivos nessa população do Vietnam, como, por exemplo, seleção dependente de melhor adaptação funcional dos parasitas às hemácias dos hospedeiros. A distribuição de tipos de MSP-1 por hospedeiro na Tanzânia, mas não no Brasil e no Vietnam, desvia-se de modo significante da esperada segundo a hipótese de transmissão independente de cada tipo. Esses achados sugerem que pelo menos algumas da infecções geneticamente mistas na Tanzânia possam ter-se originado de inoculações únicas de mosquitos que albergavam parasitas geneticamente heterogêneos, em vez de duas ou mais inoculações independentes de populações geneticamente homogêneas de P. falciparum. Propôs-se recentemente que os anticorpos citofílicos de subclasses lgG1, e lgG3 de alta avidez sejam essenciais em mecanismos de proteção naturalmente adquirida contra estágios assexuados sangüíneos de P. falciparum dependentes de monócitos e macrófagos. Comparam-se neste estudo perfis de subclasses de lgG em anticorpos naturalmente adquiridos contra domínios amino-terminais conservados (M3) e variáveis (M6 e F4) da MSP-1 em adultos senegaleses assintomáticos clinicamente imunes e em pacientes amazônicos semi-imunes. Os pacientes amazônicos foram estudados durante um episódio malárico agudo e sintomático por P. falciparum, e alguns deles forneceram uma aguda amostra sérica dois meses depois de receberem tratamento eficaz, na ausência de recrudescência ou reinfecção. Os resultados resumem-se do seguinte modo: (a) as subclasses citofílicas predominam na maior parte dos indivíduos, mas a magnitude de respostas lgG3 é a maior entre os africanos, e entre os pacientes amazônicos associa-se com os níveis prévios de exposição à malária; (b) as respostas de anticorpos citofílicos, e especialmente de lgG3, têm curta duração entre os pacientes amazônicos na ausência de reexposição ao parasita; (c) as respostas de anticorpos predominam contra regiões variáveis e são específicas para cada forma alélica. Discutem-se esses resultados em relação ao possível uso de peptídios derivados da MSP-1 em vacinas antimaláricas.

 

 

TAVARES, E. L., 1997. Antropometria Nutricional em Idosos: Considerações Metodológicas e Situação da População Brasileira em 1989 (Luis Antonio dos Anjos, orientador). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 104 pp.

 

Apesar do rápido processo de envelhecimento populacional no Brasil, é muito recente a discussão sobre avaliação nutricional em idosos no País. Deste modo, a presente dissertação objetivou discutir a antropometria nutricional em idosos sob a forma de dois artigos: um de revisão acerca das considerações metodológicas sobre o uso da antropometria neste grupo e outro com a análise do perfil antropométrico da população idosa brasileira, por intermédio dos dados obtidos na Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) realizada em 1989. O método antropométrico é ainda um instrumento novo para a avaliação nutricional de idosos, cujas dificuldades de interpretação são conseqüentes da carência de dados e de sua complexa relação com os fatores biológicos e ambientais, bastante heterogêneos neste segmento. Com o envelhecimento ocorrem mudanças nas dimensões e composição do corpo, como redução da massa magra, aumento da massa de gordura e modificação no padrão de distribuição de gordura corporal, que significam riscos a agravos nutricionais/de saúde e limitações de validade/poder preditivo de medidas antropométricas tradicionais. Necessita-se, portanto, validar tais medidas/classificações e estabelecer referências apropriadas para este grupo. No segundo artigo, analisou-se o banco de dados da PNSN, estudo probabilístico sobre as condições nutricionais, de saúde e de vida da população brasileira. Foram trabalhados os dados antropométricos e sócio-demográficos de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, amostra de 4.277 indivíduos, 2.028 (47,4%) homens e 2.249 (52,6%) mulheres. Para tal análise, utilizou-se o IMC como indicador do estado nutricional; a classificação nutricional recomendada pela Organização Mundial de Saúde em 1995 e as variáveis idade, gênero, região, situação (urbana/rural), renda, escolaridade e qualidade de moradia. Observaram-se prevalências gerais de magreza (IMC<18,5) e sobrepeso (IMC25,0) elevadas em idosos no País: 7,8% e 30,4% em homens e 8,4% e 50,2% em mulheres, respectivamente. Estas alterações apresentaram forte influência do gênero e das variáveis sócio-demográficas, predominando a magreza em mulheres, em faixas etárias avançadas, nas áreas rurais e nos grupos classificados em categorias sociais desfavoráveis, ao passo que o sobrepeso foi mais prevalente no grupo feminino, nas áreas urbanas (principalmente do Sul e Sudeste) e nos grupos de melhor nível social.

 

 

MOSEGUI, G. B. G., 1997. Avaliação da Qualidade do Uso de Medicamentos em Idosos. (Cid Morso de Mello Vianna, orientador; Suely Rozenfeld, co-orientadora). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 152 pp. Anexos.

 

Este estudo pretende avaliar a qualidade do uso de medicamentos, pela análise do padrão do uso, do grau de concordância com listas de medicamentos essenciais, do valor terapêutico e das interações medicamentosas encontradas entre mulheres, com mais de sessenta anos, que freqüentam a Universidade Aberta da Terceira Idade ­ UnATI/Uerj. A população-fonte foi formada por 1.041 alunos matriculados na UnATI, no período de 1992 a 1995. Trata-se de um estudo transversal, que utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário padronizado. As variáveis utilizadas foram de dois tipos: as relativas aos medicamentos e as relativas ao modo de utilização dos mesmos. As unidades de análise foram, em essencial, duas: o medicamento e o indivíduo. Das 634 mulheres que participaram do estudo, 9,1% não tomavam qualquer tipo de medicamento. O número de medicamentos consumidos variou de um a 17, sendo a média de 4,4 medicamentos/mulher. Entre as 2.510 especialidades farmacêuticas citadas, encontramos 538 princípios ativos diferentes, distribuídos entre monodrogas (55,9%) e associações em doses fixas (44,1%). Cerca de 26% dos fármacos estavam concordantes com as recomendações das OMS, e 17%, com as recomendações da Rename. Os complexos vitamínicos, os analgésicos, os psicolépticos e os medicamentos para terapia cardiovascular figuraram entre as classes terapêuticas mais consumidas. Em relação ao valor terapêutico, 3,3% dos fármacos eram impróprios para o uso em idosos e 16,0% não têm valor terapêutico comprovado. Quanto às interações medicamentosas, 15,5% das entrevistadas estão expostas às principais interações descritas no British National Formulary/BNF. Das classes terapêuticas envolvidas, o maior número de eventos ocorreu entre as mulheres que utilizavam bloqueadores, anti-histamínicos, inibidores das enzimas conversoras de angiotensina, bloqueadores dos canais de cálcio, diuréticos, antidepresivos e antiinflamatórios não esteroidais. Os dados sugerem ser o padrão do uso dos medicamentos entre as idosas consideravelmente influenciado pela prescrição médica, sendo sua qualidade prejudicada pela baixa seletividade do mercado farmacêutico.

 

 

PIZARRO, A. P. B, 1997. Aproveitamento do Resíduo da Indústria do Sisal no Controle de Larvas de Mosquito (Paulo Rodrigues Lima, orientador). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), Universidade Federal do Rio de Janeiro. 128pp.

 

Descreve-se o aproveitamento do resíduo do desfibramento das folhas de Agave sisalana como um larvicida para o combate a mosquitos transmissores de doenças tropicais. Durante 24 horas, larvas de Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus foram expostas a concentrações diferentes do extrato da planta para determinar as concentrações letais. Para A. aegypti foi constatada a CL50 em 322 ppm e para C. quinquefasciatus, em 183 ppm. Foi investigada a ação de saponinas existentes na planta, ficando evidenciado que o resíduo de A. sisalana é ativo pela interação de vários dos seus componentes. Este extrato poderá ser utilizado em campo na concentração de 100 ppm para C. quinquefasciatus com um aumento do tempo de exposição para três dias, obtendo-se uma mortalidade de 100% das larvas. Este produto, porém, não é recomendado para controle de A. aegypti devido à necessidade de uma alta concentração para obtenção de 100% de mortalidade das larvas e por estas se desenvolverem preferencialmente em água potável. A desidratação do extrato é condição importante para evitar os problemas de fermentação que o resíduo líquido apresenta. O extrato bruto desidratado é uma excelente formulação para aplicação em meio aquático, com manuseio prático e uma vida de prateleira de cerca de dois anos. Neste trabalho também são feitas algumas indicações sobre a possibilidade de produzir o extrato em localidade próxima à do desfibramento das folhas e, assim, propiciar outras oportunidades econômicas a esses agricultores.

 

 

SILVA, E. S., 1998. Leishmaniose Visceral Canina na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais ­ Brasil. Diagnóstico, Aspectos Clínicos e Caracterização Molecular de Amostras de Leishmania Isoladas de Animais e Humanos (Reginaldo P. Brazil, orientador). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. 153 pp. Anexos.

 

Nos últimos anos, o número de casos humanos de leishmaniose visceral (LV) na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) aumentou, indicando uma elevação da taxa de transmissão da doença. No período de 1996 ­ 1997, foi feita uma análise da população canina com relação à distribuição da LV, realizando exames clínicos e laboratoriais. O teste de imunofluorescência foi realizado em 164 animais, encaminhados para exame de rotina em clínicas; destes, 106 (64,4%) apresentaram título superior a 1:40. Daqueles que apresentaram sorologia positiva, foram detectados sinais clínicos sugestivos de LV em 34 cães (31%); em 72 (69%) não foram observados sintomas. Os sinais mais freqüentes foram emagrecimento, perda de pelo, dermatite, unhas grandes e feridas no corpo. O exame parasitológico (aspirado de medula óssea) foi positivo. Treze amostras de Leishmania (nove de cães e quatro de humanos) foram analisados por zimodema, equizodema e hibridização molecular. Os perfis isoenzimáticos e padrões genotípicos foram compatíveis com L. chagasi, mostrando pela primeira vez essa espécie como responsável pelo calazar canino e humano na RMBH. Em Belo Horizonte, percebe-se, por meio dos inquéritos caninos realizados, que o estabelecimento da endemia se deu a partir de áreas periféricas. A prevalência da infecção canina nesta cidade é altamente superior à da infecção humana, fato observado em outras áreas endêmicas do Brasil. Os aspectos clínicos do calazar canino na RMBH nos animais estudados são similares aos observados em outras regiões do Brasil. Foi observado que pelo menos dois esquizodemas circulam entre a população humana e canina. Apesar desse polimorfismo genético, nossa investigação mostrou que uma mesma cepa do parasita foi encontrada em casos humanos e caninos, confirmando mais uma vez o papel do cão como fonte de infecção para o homem.

 

 

RODRIGUES, C. D., 1997. Patologias e Processos Dentomaxilares em Remanescentes Esqueletais de Dois Sítios Pré-Históricos no Brasil: O Cemitério da Furna do Estrago (Pernambuco) e o Sambaqui de Cabeçuda (Santa Catarina) (Sheila Mendonça de Souza, orientadora). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 126 pp. Anexos.

 

 

O estudo de processos dentopatológicos com uma perspectiva biocultural vem se tornando mais importante na paleopatologia brasileira nos últimos anos. O objetivo deste trabalho foi detalhar perfis dentopatológicos para duas séries esqueletais, remanescentes de grupos distintos quanto a suas estratégias de subsistência e pertencentes a contextos geográficos e ambientais diferentes. As séries pertencem ao cemitério da Furna do Estrago, utilizado por um grupo que habitou uma região do agreste do Estado de Pernambuco, e ao Sambaqui de Cabeçuda, utilizado por um grupo que viveu em ambiente lagunar, no Estado de Santa Catarina. As análises efetuadas procuraram inventariar e interpretar as evidências de lesões cariosas, desgaste dentário, abscessos, cálculos, reações periodontais e perda dentária em vida. Foi constatada a existência de maior severidade de patologias dentárias e complicações orais na série esqueletal pertencente ao cemitério da Furna do Estrago, cuja distribuição das freqüências de patologias e processos observados sugere impactos diferenciados entre os sexos, embora com efeitos pouco distintos no comprometimento da saúde oral. Apesar da baixa representatividade dos indivíduos em alguns níveis estratigráficos, sugere-se a ocorrência de variações nos padrões dentopatológicos entre os mesmos. O Sambaqui de Cabeçuda, por outro lado, exibe baixos índices de patologias, completa ausência de cáries e diferenças inexpressivas entre os níveis estratigráficos, porém com maior comprometimento da saúde oral entre os homens, relacionado, entre outros fatores, à perda significativa dos incisivos mandibulares, o que sugere a possibilidade do uso de adornos labiais. Estes resultados permitem propor modelos bioculturais coerentes para as estratégias de subsistência de cada grupo, passíveis de ser testados em outras populações pré-históricas brasileiras.

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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