TESES THESIS
ALBUQUERQUE, M. I. N., 2001. A Gestão da Vigilância Epidemiológica na Identificação de Situações Epidêmicas em Municípios de Pernambuco (Eduardo M. Freese de Carvalho, orientador; Luci Praciano Lima, co-orientadora). Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Federal de Pernambuco. 146 pp.
A municipalização da Vigilância Epidemiológica traz à tona inúmeras questões a cerca da Gestão da Vigilância Epidemiológica Municipal (GVEM). Considerando-se as lacunas de conhecimento sobre a GVEM, o estudo tem como objetivo analisar como a gestão utiliza as informações de doenças de notificação compulsória, para a identificação de situações epidêmicas nos municípios de Pernambuco, em gestão plena do sistema de saúde. Utilizou-se, metodologicamente, técnicas quantitativas e qualitativas. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, com análise de conteúdo realizada pela técnica de "Análise Avaliativa ou Representacional". Procedeu-se um levantamento epidemiológico das doenças de notificação compulsória no período de 1989 a 1999, através do comportamento dos eventos para a identificação de situações epidêmicas. Os resultados evidenciaram seis situações: sarampo, meningites, hepatites, dengue, cólera e febre tifóide. A entrevista semi-estruturada, foi aplicada aos gestores da vigilância epidemiológica, para verificar atitudes e conhecimentos na detecção de epidemias. As entrevistas revelaram fatores que interferem na capacidade de condução de demandas específicas da gestão. Inúmeros problemas de ordem estrutural e operacional produzem o desconhecimento das características epidemiológicas municipais e, consequentemente, interferem na tomada de decisão em situações contingentes. Não obstante, durante o estudo, foi possível demonstrar aspectos positivos no processo de descentralização da gestão.
FRANCO, S. C., 2001. A Qualidade Possível: O Pediatra e o Processo de Decisão Médica nos Serviços Públicos de Saúde (Carlos Roberto Soares Freire de Rivorêdo, orientador). Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 251 pp.
A avaliação da prática médica institucionalizada constitui tema teoricamente pouco explorado e questão pouco enfrentada pelo planejamento e supervisão dos serviços públicos.
No âmbito teórico, as maiores dificuldades decorrem da abordagem interdisciplinar e suas implicações metodológicas. Na prática dos serviços, as mais contundentes são os conflitos que emergem das tentativas de controlar o trabalho médico, tradicionalmente autônomo, sob a racionalidade institucional.
Este estudo objetiva conhecer a concepção do pediatra a respeito da qualidade de seu trabalho na rede pública de saúde, como um elemento a ser incorporado e negociado nos processos avaliativos. Sua preocupação central é compreender como se articulam as práticas, a decisão e a qualidade no processo de trabalho do pediatra.
Utilizando abordagens metodológicas qualitativas, foram realizadas treze entrevistas semi-estruturadas com pediatras de uma rede municipal de saúde. A análise temática do material empírico possibilitou a construção de três temas: o conceito de qualidade, a flexibilização do processo decisório e a reconstrução da qualidade possível nos serviços, e a centralidade estratégica dos pediatras.
Apontam-se a autonomia médica com responsabilidade e articulada ao trabalho em equipe, bem como o aprimoramento de instrumental clínico específico para a criança, como elementos que possibilitam uma prática pediátrica de boa qualidade.
MAKUCH, M. Y., 2001. Vivências de Mulheres e Homens do Programa de Fertilização In Vitro da UNICAMP (Mauricio Knobel, orientador). Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 266pp.
A fertilização in vitro (FIV) é um procedimento que exige das mulheres e homens um investimento emocional, de tempo e esforço, que leva freqüentemente à postergação de outras necessidades, gerando vivências, às vezes, contraditórias. Este estudo teve por objetivo contribuir ao conhecimento sobre as vivências de homens e mulheres que participaram do programa de FIV, do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Universidade Estadual de Campinas. Foi um estudo descritivo, com um componente quantitativo e outro qualitativo. Para o componente quantitativo foi aplicada a escala Hospital Anxiety and Depression (HAD) a 55 mulheres e 31 homens. Para o componente qualitativo foram realizadas 33 entrevistas com mulheres e 20 com homens, selecionados conforme os critérios de uma amostra proposital. Segundo o escore obtido na escala HAD, em geral, homens e mulheres não estavam ansiosos nem deprimidos ao início do ciclo de FIV. As entrevistas mostraram que os casais que participaram do FIV eram, em geral, bem estruturados e tinham uma vida sexual satisfatória. A decisão de participar dos procedimentos do FIV fazia parte da seqüência dos tratamentos de infertilidade, e mulheres e homens os iniciaram com muita esperança, sem considerar, na etapa inicial dos procedimentos, o fracasso como uma possibilidade. Os homens sentiam que o seu papel era apoiar as mulheres, e mostraram-se preocupados pela qualidade e quantidade de sêmen para a FIV. As mulheres declararam estar dispostas a fazer qualquer intento por obter uma gravidez, entretanto, algumas manifestaram preocupação com a estimulação hormonal. Os resultados aportaram conhecimentos sobre vivências de homens e mulheres no inicio de um ciclo de FIV no nosso meio.
ARCE, X. E., 2001. Variáveis Associadas ao Conhecimento em Relação a Métodos Anticoncepcionais entre Mulheres (Maria Alice Tsunechiro, orientador). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. 142 pp.
Foi realizada uma análise de dados secundários para avaliar o conhecimento sobre métodos anticoncepcionais e sua associação com características sócio-econômicas e demográficas, em uma amostra de mulheres da cidade de Campinas. Constituiu-se um banco de dados, com informações das 472 mulheres entrevistadas para a pesquisa "Estudo Comparativo sobre as Conseqüências da Laqueadura na Vida das Mulheres", desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Materno-Infantis de Campinas (CEMICAMP), em 1996. Para o processamento e análise dos dados, utilizou-se o pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), aplicando-se o teste qui-quadrado para avaliar diferenças entre grupos, e realizou-se análise múltipla por regressão logística para identificar as variáveis independentes, associadas ao maior número de métodos anticoncepcionais conhecidos e à adequação do conhecimento, medida através de um escore. Quase todas as mulheres referiram espontaneamente conhecer os métodos hormonais, e a proporção de referência espontânea diminuiu em relação aos métodos de barreira, ao DIU, aos comportamentais e aos definitivos. Mais da metade das mulheres não alcançaram um escore adequado de conhecimento dos métodos anticoncepcionais. A maior escolaridade e a melhor classificação de estrato sócio-econômico das mulheres, associaram-se tanto à maior referência espontânea a cada uma das diversas classes de métodos, quanto ao escore de conhecimento adequado dos contraceptivos.
DUARTE, M. C. M. B., 2001. Doença Meningocócica em Crianças Internadas no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Melania Ramos Amorim & Jailson de Barros Correia, orientadores). Dissertação de Mestrado, Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco. 132 pp.
Objetivos: Determinar letalidade e os fatores prognósticos, associados ao óbito nas diversas formas clínicas da Doença Meningocócica (DM), em crianças internadas no Instituto Materno Infantil de Pernambuco, no período de janeiro/1996 a dezembro/1999. Métodos: Realizou-se um estudo de coorte histórico, identificando-se os fatores prognósticos associados ao óbito em 163 crianças com DM, de acordo com as suas formas clínicas. Calculou-se a razão de risco para os diversos fatores prognósticos, seguindo-se de análise multivariada para determinação do risco ajustado de óbito. Resultados: Verificou-se uma letalidade global de 32,5%, da qual 41,2%, corresponderam às formas septicêmicas. As variáveis identificadas na análise bivariada foram colocadas em um modelo de regressão logística múltipla, após o que as seguintes variáveis permaneceram associadas ao óbito: tempo de duração da doença abaixo de 24 horas, número de plaquetas abaixo de 100.000/mm3 e acidose metabólica. Esse modelo predisse corretamente 75% dos óbitos e 81% dos sobreviventes. Conclusões: A letalidade por DM revelou-se elevada, especialmente nas formas septicêmicas. Os fatores prognósticos encontrados podem subsidiar a identificação de pacientes com maior risco de óbito, contribuindo, desta forma, para a elaboração de protocolos de atendimento como o proposto no estudo.
PEZZATO, L. M., 2001. O Processo de Formação do Técnico em Higiene Dental e do Atendente de Consultório Dentário no Brasil: Uma História Silenciada (Maria Inês Monteiro Cocco, orientadora; Maria Helena Salgado Bagnato, co-orientadora). Dissertação de Mestrado, Campinas: Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. 187 pp.
Esta pesquisa tem por objetivo recuperar alguns acontecimentos da história dos processos em formação do Técnico em Higiene Dental (THD) e do Atendente de Consultório Dentário (ACD), em instituições públicas, a partir da década de setenta no Brasil. Foi realizado um levantamento histórico através do estudo das publicações, da documentação pertinente ao tema e do registro da memória dos profissionais envolvidos nos processos de formação desses profissionais de saúde. Como referência, foram utilizadas as áreas de Educação, Saúde e Trabalho. A contribuição deste estudo foi "despertar" acontecimentos adormecidos dessa história e propor diferentes possibilidades de leitura a partir de outras vozes, como propõe Walter Benjamin. Nesta perspectiva, buscou-se compreender o presente e questionar o saber hierarquizado existente na Odontologia, para avançar nos estudos em relação à formação do THD e do ACD no campo da Saúde Bucal e da Saúde. É fundamental oferecer não somente uma formação certificada, legalizada para esses profissionais, mas também, um saber qualificado, que o identifique profissionalmente como integrante da equipe de saúde, com importante função no processo de trabalho em saúde bucal coletiva.
SANTOS, C. D., 2001. Anemia, Retardo do Crescimento e Enteroparasitoses em Escolares da Rede Pública de Maceió, Alagoas (Leonor Maria Pacheco Santos & José Natal Figueiroa, orientadores). Dissertação de Mestrado, Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco. 105 pp.
Realizou-se um estudo transversal com uma amostra probabilística de 454 alunos da 1a série, do 1o grau, de 6 a 10 anos, selecionados aleatoriamente, em 22 escolas públicas de Maceió, Alagoas, para avaliar as prevalências da anemia, do retardo pondo-estatural e das enteroparasitoses e a associação entre essas variáveis. A anemia foi diagnosticada pela cianomatahemoglobina, através de dois pontos de corte para a hemoglobina (Hb): < 11,5g/dL e < 12,0g/dL. O retardo pondo-estatural foi avaliado pelos indicadores A/I, P/I e P/A, com o critério de < -2,0DP da referência do NCHS e as enteroparasitoses pelo coprotest. A anemia foi encontrada em 9,9% das crianças com Hb < 11,5g/dL e 25,4% com Hb < 12,0g/dL, o retardo pondo-estatural surgiu em 6,2% (A/I), 4,0% (P/I) e 3,0% (P/A) dos escolares, enquanto 38,5% destes estavam parasitados, sendo os parasitos mais freqüentes: Ascaris (22%), Giárdia (9,9%), Trichuris (6,7%) e ancilostomídeos (1,5%). Não houve associação entre as variáveis do estudo. Cerca de 80% dos pais eram analfabetos ou não concluíram o 1o grau, tinham ocupações de baixa remuneração e 86% das famílias auferiam uma renda familiar inferior a três salários mínimos. Os resultados confirmam os achados de outras pesquisas. As prevalências encontradas justificam a aplicação de medidas efetivas para o enfrentamento dos problemas.
SILVEIRA, S. M. M., 2001. Hipotermia na Admissão: Fator de Risco para Mortalidade em Recém-nascidos Transferidos para o IMIP (Adriano Cattaneo & Maria Júlia Gonçalves de Mello, orientadores). Dissertação de Mestrado, Recife: Instituo Materno Infantil de Pernambuco. 100 pp.
O estudo teve como objetivo determinar o risco de óbito relacionado à hipotermia na admissão e outros fatores de risco, no Instituto Materno Infantil de Pernambuco, de 8 de março a 11 de junho de 2000. Realizou-se coorte prospectivo, envolvendo 320 recém-nascidos provenientes dos domicílios ou unidades de saúde. Foram excluídas crianças que chegaram mortas ou transferidas para outras unidades. Determinou-se risco relativo de óbito, de acordo com a exposição à hipotermia e outras exposições, e realizou-se regressão logística.
O risco relativo de óbito foi maior (RR = 3,09; IC: 2,15-4,43) no grupo exposto à hipotermia moderada (temperatura entre 32,50oC e 35,99oC) que no grupo não exposto (temperatura igual ou maior que 36,00oC), como também para recém-nascidos com peso menor que 2.500g, nas primeiras 24 horas de vida, com doença de membrana hialina, prematuridade ou malformações congênitas, que utilizaram oxigênio e/ou venóclise durante transporte, que vieram do interior e percorreram mais de 150km. No resultado final da análise multivariável, persistiram: septicemia (OR "ajustado" = 6,23; IC 95%: 5,66-6,80), doença de membrana hialina (OR "ajustado" = 5,28; IC 95%: 5,03-5,59), hipotermia moderada (OR "ajustado" = 3,49; IC 95%: 3,18-3,81), distância maior que 50km (OR "ajustado" = 2,39; IC 95%: 2,14-2,63). A hipotermia na admissão demonstrou ser fator de risco importante e independente para óbito neonatal.
OLIVEIRA, M. A., 2001. Tecnociência, Ativismo e a Política do Tratamento da AIDS (José Manoel Carvalho de Mello & Elizabeth Moreira dos Santos, orientadores). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Instituto Alberto Luiz de Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 299 pp.
Esta tese examina a política e a prática da produção e regulação do conhecimento científico e tecnológico, que orientou a formulação das abordagens terapêuticas da AIDS nos Estados Unidos e no Brasil. Busca-se identificar a influência exercida pela sociedade civil organizada, na construção do conhecimento biomédico e das políticas de tratamento da AIDS, no período compreendido entre 1981, quando foram detectados os primeiros casos da doença nos Estados Unidos, e 1997, quando se consolidou no Brasil o ativismo baseado na expertise, tecnocientífica de indivíduos considerados não-especialistas ou estranhos aos domínios da pesquisa biomédica. Parte-se do pressuposto de que a trama tecida para a construção do conhecimento tecnocientífico e da política do tratamento da AIDS nos dois países foi gerada por complexas interações estabelecidas entre uma legião de elementos heterogêneos, humanos e não-humanos, cognitivos e materiais, sociais e biológicos, locais e globais, que foram mobilizados e processados em redes sócio-técnicas interconectadas.