TESES THESIS
HOEHNE, E. L., 2001. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em Trabalhadores de uma Universidade: Estudo de Fatores de Risco para seu Controle - HIPERTRAB (Heleno Rodrigues Corrêa Filho, orientador). Dissertação de Mestrado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas. 165 pp.
Objetivou-se estudar a prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a proporção de indivíduos hipertensos que controlam seus níveis de pressão arterial (PA), entre os trabalhadores de uma universidade, separados em duas categorias profissionais (professores e funcionários), assim como os possíveis fatores associados à doença e ao seu controle. O tipo de estudo adotado foi o transversal, buscando-se encontrar uma diferença entre prevalências de controle de hipertensão nas duas categorias. O critério de classificação de hipertensão arterial adotado foi o da Organização Mundial da Saúde (OMS): valores de PA iguais ou superiores a 160/95mmHg, incluindo-se os indivíduos controlados por tratamento. A população de trabalhadores da universidade era composta por 9.813 adultos (18 anos ou mais), sendo 1.881 professores e 7.932 funcionários. Fez-se amostragem aleatória sistemática, dentro de cada categoria, com partilha proporcional para a faixa etária e para a unidade de trabalho das pessoas, resultando em 644 convites (215 professores e 429 funcionários). Foram entrevistados 288 trabalhadores (96 professores e 192 funcionários), onde se encontrou 22,2% de hipertensos não-controlados e 4,2% de controlados por tratamento, totalizando 26,4% de hipertensos. Entre os professores, foram encontrados 34,4% de hipertensos, sendo 6,1% destes controlados por tratamento; entre os funcionários, havia 22,4% de hipertensos, onde 23,3% destes eram controlados. A categoria profissional, na análise bivariada, apresentou associação com a hipertensão e ficou nos limites de associação com o controle da doença, mas perdeu a significância ao se fazer a análise multivariada, em ambas as situações. Na regressão logística, encontrou-se os fatores associados à hipertensão: a obesidade, a idade avançada, o sexo masculino e o histórico familiar de HAS. Com exceção da variável sexo, onde há divergências entre os estudos, a significância das demais variáveis concordou com a bibliografia. Quanto ao controle da hipertensão arterial, na análise multivariada, somente o sexo apareceu como fator associado, apontando para um maior controle por parte das mulheres.
SOUSA, M. H., 2001. Estimação para Dados Provenientes de Planos Complexos de Amostragem (Nilza Nunes da Silva, orientadora). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 63 pp. Anexos.
Objetivo: levantamentos realizados na área da saúde pública, em geral adotam amostragem por conglomerados. Entretanto, muitos pesquisadores ainda utilizam amostragem aleatória simples para obter as estimativas e respectivos intervalos de confiança. Este estudo avaliou o impacto do plano da amostragem da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS-1996). Método: análise de dados secundários, realizada para a amostra do Estado de São Paulo, com 1.355 mulheres entrevistadas. Tomou-se como referência o plano de amostragem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), com o município como unidade primária de amostragem. O estimador razão e a aproximação de Taylor para sua variância, foram calculados segundo os procedimentos sob amostragem aleatória simples, considerando o plano de amostragem: sem ponderação, com ponderação devida ao plano, ausência de resposta e global. Efeitos do desenho (Deff), intervalos de confiança e vícios estimados foram os indicadores utilizados para avaliar precisão e vício. Resultados: a maior diferença nas estimativas pontuais entre os cinco procedimentos não ultrapassou 10%. Entretanto, considerando-se a precisão, três das nove variáveis tiveram Deffs superiores a 1,5. Quanto à população, duas variáveis tiveram acréscimo de mais de 35% no Deff, comparando-se a ponderação global com o procedimento sem ponderação. Quanto aos vícios, valores superiores a 0,20 foram verificados para duas variáveis. Conclusões: interpretações enganosas podem ocorrer se os erros padrão forem subestimados e vícios não desprezíveis forem desconsiderados. Em relação à ponderação, apontou-se em algumas situações a importância de seu uso para não se ter erros padrão subestimados.
MELO, M. B., 2002. Saúde Coletiva e Mestrado em Odontologia: Um Estudo de Representação Social (Helena Heloísa Paixão, orientadora). Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte: Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Belo Horizonte. 180 pp.
A Saúde Coletiva é um campo que tem se constituído através de uma abordagem ampla e complexa na perspectiva do contexto social. Para compreender as relações de alguns atores sociais da saúde com o campo da Saúde Coletiva, investigou-se a representação social da Saúde Coletiva no Mestrado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais. O percurso metodológico situado no domínio das pesquisas qualitativas, fez-se através de entrevistas semi-estruturadas, individuais, gravadas, com 14 professores e 16 mestrandos inseridos nas oito áreas de concentração do mestrado. A análise do conteúdo das entrevistas reconheceu três categorias: modelo biomédico, situação do cirurgião-dentista e Saúde Coletiva. As concepções do modelo biomédico pareceram enraizadas no Mestrado. Quanto ao tripé interdisciplinar da Saúde Coletiva: ciências sociais, epidemiologia e planejamento/gestão, observou-se que, com exceção da área de concentração em Saúde Coletiva, o mestrado tem reconhecido apenas a vertente quantitativa da epidemiologia. À Saúde Coletiva associaram-se ações apenas no âmbito da assistência. O estágio supervisionado demonstrou constituir-se um importante elemento para a intersetorialidade. Fazem-se necessárias transformações profundas na formação dos docentes, de maneira a possibilitar a constituição de sujeitos sociais, comprometidos com uma nova práxis em saúde.
SILVA, L. R., 2002. Conhecimentos e Atitudes dos Farmacêuticos sobre a Regulamentação da Profissão e Funcionamento de Drogarias - Uma Abordagem Sanitária (Elisabeth Meloni Vieira, orientadora). Dissertação de Mestrado, Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. 156 pp.
Este estudo caracterizou o perfil dos farmacêuticos, responsáveis técnicos nas drogarias de Ribeirão Preto, e avaliou seu conhecimento e atitudes sobre a legislação de funcionamento de drogarias e da profissão. Também estudou as características das drogarias através dos processos na Vigilância Sanitária local. Cem farmacêuticos selecionados através de sorteio aleatório foram entrevistados. Constatou-se a presença do farmacêutico em 41% das drogarias, e a maioria das infrações são relacionadas ao comércio irregular de medicamentos controlados (39%) e falta de assistência de farmacêutico (35%). A maioria dos farmacêuticos é de mulheres (64%), entre 22 e 29 anos (47%), formadas pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) (44%) há cerca de três anos, com formação voltada para área industrial (36%) ou análises clínicas (29%). O conhecimento dos farmacêuticos sobre a legislação sanitária, foi avaliado como insuficiente para 28% deles, regular para 50% e bom para 22%. O conhecimento não foi encontrado associado a nenhuma variável independente estudada. Na avaliação das atitudes, a maioria (64%) apresentou atitudes positivas, enquanto 20% negativas e 16% atitudes neutras em relação à legislação e à regulamentação da profissão. Constatou-se a necessidade de divulgação de informações sobre a legislação sanitária para pleno exercício da profissão sem ameaças penais ou prejuízo da população.
TEIXEIRA, M. B., 2002. Empoderamento de Idosos em Grupos Direcionados à Promoção da Saúde (Selma de Souza Leão, orientadora). Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. 133 pp.
O objeto da dissertação é o empoderamento de pessoas idosas em grupos direcionados à Promoção da Saúde. Parte-se do pressuposto que o aumento da longevidade provoca o desempoderamento, compreendido como perda da autonomia positiva das pessoas idosas devido à imagem negativa da velhice. Utilizou-se a Metodologia Qualitativa com as técnicas das entrevistas e do grupo focal. Utilizou-se como campo de investigação o grupo de encontro de idosos do Projeto de Valorização do Envelhecer da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a partir de sua proposta de construção positiva da velhice. Foram selecionadas sete categorias de análise (apoio social, rede social, autonomia positiva, integridade, realização de projetos pessoais, aprendizagem e cuidado). Os resultados demonstraram que a participação dos idosos em grupos voltados para o envelhecimento, favorece o empoderamento, expressa em autonomia positiva, na medida em que os grupos atuam como apoio social aumentando a rede social dos idosos, proporcionando a diminuição da alienação através de uma reflexão crítica acerca dos valores negativos associados à velhice. Desse modo, este trabalho tem como pretensão, problematizar a possibilidade de abordagem e soluções de questões da Promoção da Saúde no campo do envelhecimento e a busca de novos espaços para a promoção da construção da autonomia das pessoas avançadas no tempo.
BAKIRTZIEF, Z., 2001. Conhecimento Científico e Controle Social: A Institucionalização do Campo da Hanseníase (1897-2000) (Mary Jane Spink, orientadora). Tese de Doutorado, São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 125 pp. Anexos.
Este trabalho analisa as concepções e práticas de controle social da hanseníase, mediante estudo das fontes documentais de domínio público na perspectiva socioconstrucionista da Psicologia Social. O processo de institucionalização da hanseníase é analisado a partir da noção de campo científico de Bourdieu, e dos conceitos e definições cristalizadas em livros, revistas e índices bibliográficos. A perspectiva diacrônica aponta as transformações ocorridas ao longo dos anos: do paradigma da hereditariedade ao bacteriano e à imunogenética atual. A série histórica analisada (1879-2000), mostra que o discurso hegemônico, rejeitando os discursos marginais, tratou a doença, não o doente, ao qual não deu voz. A institucionalização do campo da hanseníase ocorreu por movimento mais amplo da Medicina Social, que objetivava a promoção da saúde mediante o controle dos doentes por meio de estratégias de governamentalidade. A especialização progressiva no campo da hanseníase reduziu as possibilidades de reflexão sobre a doença pela hegemonia discursiva.
TEIXEIRA, M. O., 2001. Produzindo em um Laboratório - Uma Análise Sociotécnica de suas Práticas de Produção de Ordem (José Manoel Carvalho de Mello, orientador). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 294 pp. Anexos.
Nas últimas décadas, a sociologia tem se concentrado nas conexões entre as ciências, as tecnologias e as sociedades. Entre os programas de estudo resultantes, destacam-se aqueles voltados para a discussão das práticas científicas, considerando-as como práticas sociais. Este estudo partilha essa discussão, inscrevendo-se no campo de análise da produção de conhecimentos científicos no interior de instituições de pesquisa em saúde.
Ocupou-se, assim, de um laboratório dedicado à P&D de tecnologias aplicadas a vacinas, vinculado a uma Instituição pública de produção de imunobiológicos, localizada no município do Rio de Janeiro. Essa discussão compreendeu o entendimento de sua organização inicial no interior da Instituição, e deteve-se no repertório de práticas ligadas à produção da sociabilidade entre pesquisadores do laboratório e desses com outros grupos de pesquisa. A discussão apoiou-se na proposição de tomar o conjunto de práticas como sendo de ordem sociotécnica. Práticas que possuem efeitos sociais ao assegurarem a produção do grupo de pesquisa; práticas que produzem resultados (artigos científicos, protótipos), a operacionalização das técnicas e o uso padronizado de equipamentos.
O trabalho reuniu, dessa forma, elementos para a discussão da organização do trabalho em instituições de pesquisa em saúde, bem como para a formação de RH para pesquisa.
FALCÃO, A. A. P., 2002. Filariose Bancroftiana: Conhecimentos e Práticas (Zulma Medeiros & Constança Simões Barbosa, orientadoras). Dissertação de Mestrado, Recife: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz. 82 pp.
A filariose bancroftiana atinge populações desfavorecidas e com estrutura de saneamento básico precário, seus programas de controle nem sempre se adaptam à realidade, adotando estratégias inapropriadas às tradições locais. O estudo em pauta teve como objetivos conhecer o perfil epidemiológico, e resgatar a representação social da endemia entre os indivíduos residentes no distrito de Cavaleiro, Município de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, considerada área endêmica para filariose bancroftiana. Para isso, integrou-se dois tipos de metodologias: a quantitativa com estudo epidemiológico descritivo e a qualitativa, abordando as representações sociais.
O estudo quantitativo foi realizado com base em dados secundários, extraídos do banco de dados gerado por recente inquérito de prevalência realizado no distrito, quando foram examinados 9.521 indivíduos com prevalência de 2,2% de microfilaremia. O estudo qualitativo foi realizado a partir de entrevistas aplicadas na comunidade, com vistas a resgatar o conhecimento da população sobre a filariose bancroftiana. A maioria da população associou a filariose à fase crônica ou desfigurante da infecção, demonstrando um desconhecimento sobre formas de prevenção, mas acreditando que essa parasitose tem cura quando tratada no início, apenas com procedimentos quimioterápicos. Esses resultados reforçam a compreensão de que as campanhas de controle de doenças endêmicas deveriam contemplar as características socioculturais locais, para que os programas de controle sejam mais eficazes e tenham ações duradouras.
COSER, L. M. S. A., 2001. Reconstruindo Crianças: Estudo Etnográfico em um Departamento de Cirurgia Pediátrica para Bebês e Crianças com Anomalias Congênitas (Romeu Gomes & Eliana Schueler Reis, orientadores). Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz. 159 pp.
Este trabalho trata do olhar, de corpos, de crianças e sensibilidades. Num espaço de alta complexidade médica, tecnológica e de interações fui buscar os sentidos e afetos dirigidos a bebês e crianças que nascem "com defeito". Em busca das sensibilidades que circulam entre, dos e para esses corpos com anomalia congênita e que precisam de uma ou mais intervenções cirúrgicas para viver, meu olhar e minha escuta puderam capturar pequenas manifestações, sutilezas de um cotidiano bastante incomum a um bebê que acabou de nascer ou a uma criança que ali passa boa parte de sua vida "sendo reconstruída". A observação realizada se referiu tanto a um espaço representado por ambientes físicos, os diversos lugares do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Instituto Fernandes Figueira, quanto a um espaço de representações entre diversos corpos, que pôde ser mostrado e evidenciado na análise.
Defino o trabalho como um estudo de caso na perspectiva etnográfica, onde busco estabelecer relações entre três olhares possíveis dirigidos aos bebês e crianças com anomalias congênitas, criando-se um olhar híbrido a partir do olhar da etnografia, da psicanálise e da cirurgia pediátrica. Percebi que na Cirurgia Pediátrica, os corpos são reconstruídos e as histórias vão sendo construídas em mais de um espaço, incluído aí, para além da materialidade propriamente cirúrgica das práticas médicas realizadas, o espaço simbólico-imaginário que, atribuindo sentidos vários aos corpos, desperta os mais diversos sentimentos, subvertendo o normal, e configurando-se num lugar onde a exceção pode ser a regra.
O olhar acompanhou todo o desenvolvimento do estudo. Pude observar, descobrir, vivenciar pequenas modificações que podem representar valiosos ganhos; pequenas possibilidades, pequenos gestos que se transformam em grandes possibilidades de existência. Histórias sendo tecidas por mãos hábeis, por falas e gestos que acreditam em algo mais do que um problema. Olhares de antecipação de quem pode ver uma criança num lugar onde para muitos não existe nada. Olhares ao mesmo tempo técnicos e incisivos, decididos e penetrantes, marcados por outras histórias e outros corpos. Olhar que também pode ser percebido na sua imensa leveza e ternura de quem acredita na vida. Reconstruções, como um imenso caleidoscópio, transformando, criando, inventando formas através, muitas vezes, de um simples e suave movimento