EDITORIAL
Internacionalização de Cadernos de Saúde Pública
O Programa SciELO (Scientific Electronic Library Online, http://www.scielo.org) comemorou dez anos de atividade. Patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME/OPAS/OMS) ele visa à indexação de revistas científicas brasileiras com artigos em texto completo e acesso aberto universal. Sua meta, mais do que ser um repositório de artigos de revistas, pode ser considerada como a de um publisher, sem porém ter finalidade comercial e sim exercendo controle sobre a qualidade dos periódicos de sua coleção. O empenho em avaliar os atributos das revistas é feito sem ingerência nas gestões das mesmas. Utilizam-se assessorias de pares, indicadores cienciométricos e técnicos de cujos resultados os editores tomam conhecimento e se dispõem a adotar as medidas que julgam necessárias para se adequar aos padrões exigidos: corpo editorial qualificado, assessoria ad hoc apta, baixo grau de endogenia institucional ou regional, busca de sustentação de pontualidade, regularidade e demais atributos bibliométricos.
Abrangendo hoje 12 países ibero-americanos e 1 caribenho, o SciELO abriga 473 periódicos. É a primeira base de coleções em acesso aberto do mundo, registrada pelo DOAJ (17%) sendo seguida pelo J-Stage do Japão (8,9%).
Muito importante, a metodologia SciELO permite a construção de uma base de dados de indicadores cienciométricos que possibilita estudos de ciência nos países que as operam, antes impossíveis de serem realizados. O fluxo de citações nesta base não é, em sua maior parte, disponível na base ISI-Thomson. As duas bases assim se complementam, permitindo estudos de grande relevância (http://www.eventos.bvsalud.org/scielo10/?lang=pt).
Cadernos de Saúde Pública (CSP) ingressou na base SciELO nos primeiros anos de seu funcionamento, em julho de 1999. Uma importante iniciativa de CSP foi disponibilizar números anteriores ao seu ingresso na SciELO. Sua coleção alcança o ano de 1985. Esse fato, somado à sua atual freqüência mensal, faz com que CSP disponibilize cerca de 2.700 artigos, perfazendo 2,1% dos artigos da base SciELO multinacional. O índice de impacto no SciELO (considerando citações concedidas por todas as revistas SciELO) de CSP, que era de 0,137 em 1999, subiu a 0,632 em 2006, um aumento de quase cinco vezes. É plausível assumir que tal incremento se deva a uma sinergia entre o aumento da qualidade dos artigos de CSP e a visibilidade concedida pelo SciELO.
Uma outra vitória de CSP é a sua indexação recente na base ISI-Thomson. CSP é agora parte de um seleto grupo de 26 revistas brasileiras que estão nesta coleção de cerca de 7 mil títulos. Também importante é que CSP faz parte da base Scopus-Elsevier, que compõe cerca de 17 mil revistas. Essa indexação decorre da decisão bem recente da Scopus em aderir ao processo de avaliação do SciELO, incorporando automaticamente suas revistas à sua base. A visibilidade universal daí decorrente é de valor inestimável para CSP e para as demais revistas da coleção de saúde pública do SciELO. De fato, a freqüência de citações deverá dar um salto significativo, pois os 11 periódicos da coleção SciELO/saúde pública estarão todos incorporados no Scopus e suas citações serão automaticamente incorporadas à base. Para se ter uma idéia da dimensão disso é bom lembrar que as citações de todas as revistas SciELO a CSP somaram 1.438 em 2006. Todas elas estarão na base de citações do Scopus concedendo grande visibilidade internacional, mormente levando em conta que CSP disponibiliza um número crescente de artigos em inglês, além dos resumos.
Rogerio Meneghini
Coordenação científica do SciELO, São Paulo, Brasil.
rogmeneg@bireme.br