EDITORIAL

 

Avaliação da pós-graduação em saúde coletiva no Brasil

 

 

A pós-graduação em saúde coletiva no Brasil atravessa uma fase, ao mesmo tempo, de consolidação e expansão. Segundo dados relativos a 2005, recentemente sistematizados pela CAPES e analisados pela Comissão de Avaliação da Área da Saúde Coletiva, são 34 programas que oferecem ao todo 7 cursos de mestrado profissional, 27 de mestrado acadêmico e 11 de doutorado. Ao final do ano havia 1.880 alunos matriculados (1.137 de mestrado acadêmico e 743 de doutorado) e 554 mestres e 192 doutores titulados. Ao longo de 2006 passaram a operar 3 novos programas e outros 6 foram aprovados.

Há importantes tendências na pós-graduação em saúde coletiva. Observa-se a criação de um crescente número de cursos em faculdades e universidades privadas. São cenários que fazem parte da expansão do ensino superior no Brasil, que também vêm ganhando momentum na saúde coletiva. A Comissão de Avaliação vem acompanhando esses desdobramentos, de forma a garantir que novos cursos aprovados tenham qualidade e capacidade de progredir e se consolidar. As novas propostas de mestrado profissional têm sido avaliadas com cuidado especial em vista da freqüente falta de entendimento de seu papel – propiciar formação de alto nível para profissionais não acadêmicos no âmbito de um grupo que tem atuação técnica na área do curso e produção científica compatível com o exigido para um mestrado acadêmico.

Um outro desafio fundamental que continua corrente para a pós-graduação em saúde coletiva é a oferta de treinamento pós-graduado em regiões do país ainda carentes neste sentido. A expansão da pós-graduação nessas áreas é um desafio não somente para a saúde coletiva, como também para muitas outras áreas do sistema de ciência e tecnologia brasileiro, como se evidencia a partir do Plano Nacional de Pós-Graduação 2005-2010.

O binômio relevância social e excelência científica tem pautado as reflexões sobre a produção em saúde coletiva. A avaliação revela não somente que a produção científica da área apresenta uma tendência ascendente, como é nítido o esforço de internacionalização por parte de vários programas. Ainda há muito a avançar, mas o fato é que a questão ocupa lugar central nas preocupações dos docentes e na vida institucional.

Ainda sobre a produção científica, ao longo dos últimos anos foi amadurecido o chamado Qualis-Periódicos. Na área da saúde coletiva em particular, há a premência de avançar na discussão sobre parâmetros para avaliar a produção na forma de livros e capítulos. Em parceria com o Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, a representação de área vem buscando estabelecer critérios de avaliação para esse tipo de produção. Esse esforço também está ocorrendo em outras áreas no âmbito da CAPES, sendo que uma discussão do assunto pelas áreas interessadas deve ocorrer em breve, de forma que se possa chegar a definições ainda para a próxima avaliação trienal.

O ano que se inicia, 2007, é especial para o sistema de avaliação da pós-graduação promovido pela CAPES. Isso porque as centenas de programas de pós-graduação serão avaliados quanto ao seu desempenho no triênio 2004-2006, sendo-lhes atribuído conceitos. Nossa expectativa é que a avaliação venha a confirmar a bem-sucedida trajetória do treinamento pós-graduado em saúde coletiva no Brasil.

 

 

Aluísio J. D. Barros
Representante da Área da Saúde Coletiva, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/ Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil.
abarros.epi@gmail.com

Ricardo Ventura Santos
Representante adjunto da Área da Saúde Coletiva, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/ Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.
santos@ensp.fiocruz.br

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br