ARTIGO ARTICLE

 

Associação entre estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física e estado nutricional em universitários

 

Association between stages of behavior change related to physical activity and nutritional status in university students

 

 

Alberto Saturno MadureiraI; Herton Xavier CorseuilI; Andreia PelegriniII; Edio Luiz PetroskiII

ICentro de Ciências Humanas, Educação e Letras, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, Brasil
IICentro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo objetivou verificar a associação entre os estágios de mudança de comportamento e o estado nutricional junto a 862 universitários. Para a classificação do estado nutricional, utilizaram-se pontos de corte para o índice de massa corporal, segundo padronização internacional. Os estágios de mudança de comportamento foram analisados individualmente e agrupados em ativos (ação, manutenção) e inativos (pré-contemplação, contemplação, preparação). Proporção mais elevada de universitários foi encontrada nos estágios contemplação (32%) e preparação (29,5%). Observou-se que 68,4% dos universitários eram inativos. As prevalências de baixo peso, sobrepeso e obesidade foram, respectivamente, de 9,5%, 12,4% e 1,7%. Os universitários do estágio Pré-contemplação apresentaram, respectivamente, 5,99 (IC95%: 2,29-15,68) e 7,98 (IC95%: 1,41-45,32) vezes mais chance de terem baixo peso e sobrepeso. Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que a universidade tem papel fundamental na adoção de planos e ações voltados para o meio acadêmico, promovendo modificação no estilo de vida mediante programas de atividade física.

Atividade Motora; Estado Nutricional; Estilo de Vida; Estudantes; Promoção da Saúde


ABSTRACT

This study aimed to verify the association between stages of behavior change related to physical activity and nutritional status among 862 university students. Body mass index cut-off values were used to classify nutritional status. Stages of behavior change were analyzed individually and classified into active (action, maintenance) and inactive (pre-contemplation, contemplation, preparation). The most prevalent stages of behavior change were contemplation (32%) and preparation (29.5%). Among the entire sample of students, 68.4% were inactive. Prevalence rates for underweight, overweight, and obesity were 9.5%, 12.4%, and 1.7%, respectively. Students classified in the pre-contemplation stage were 5.99 times (CI95%: 2.29-15.68) and 7.98 times (CI95%: 1.41-45.32) more likely to be underweight and overweight, respectively. The university plays a fundamental role in adopting plans and actions targeting the academic community, promoting lifestyle changes through physical activity programs.

Motor Activity; Nutritional Status; Life Style; Students; Health Promotion


 

 

Introdução

Nos últimos anos, algumas transformações na sociedade contemporânea têm sido observadas. A combinação de mudanças dos hábitos alimentares saudáveis para outros pouco recomendados, bem como de estilo de vida ativo para uma vida mais sedentária têm contribuído significativamente para o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade 1.

O incremento do excesso de peso tem sido observado nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, especialmente entre os adolescentes e adultos jovens 2. Este fenômeno gera bastante preocupação para os órgãos de saúde pública, particularmente pela estreita relação com os fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares e metabólicas 3.

Alguns estudos 4,5 têm demonstrado que o estilo de vida adotado pelas pessoas pode ser fator codeterminante tanto no agravamento de enfermidades quanto na prevenção e no tratamento das mesmas. Portanto, um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividade física, é um fator importante na prevenção e no controle de algumas doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, dislipidemias 4,5,6,7, diabetes, mortalidade prematura 8 e problemas renais, hepáticos e ortopédicos.

O modelo dos estágios de mudança de comportamento, conhecido também como modelo transteorético, vem sendo amplamente empregado na investigação de comportamentos saudáveis e começou a ser utilizado, na década de 80, no combate ao tabagismo. Após duas décadas, esse modelo ganhou um amplo rol de aplicações, sendo usado para diversos tipos de comportamentos relacionados à saúde 9,10: consumo de álcool, uso de drogas psicotrópicas, exame de mamografia, uso de cinto de segurança, uso de preservativos, consumo de gorduras e fibras, perda de peso, uso de protetor solar, exposição ao sol, redução do estresse, além da prática de atividade física.

Atrelados a esse contexto, é de suma importância ter conhecimento sobre os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física em indivíduos jovens, para possivelmente intervir no estilo de vida das diferentes populações 11,12, sobretudo pela vantagem do modelo que reside no fato de que, ao se determinar a intenção de mudança do sujeito, há indícios de qual poderia ser a intervenção mais adequada para cada tipo de comportamento identificado 13.

Considerando as situações próprias da adolescência e do adulto jovem, com significativas instabilidades biopsicossociais, o ingresso no meio universitário proporciona novas relações sociais e adoção de novos comportamentos, tornando os indivíduos vulneráveis às circunstâncias de risco à saúde 14. Isso corrobora os resultados de Marcondelli et al. 15, nos quais os alunos ingressantes na universidade, em sua maioria, ainda não possuem um conhecimento científico relevante a respeito de hábitos alimentares saudáveis e práticas adequadas de atividade física.

Evidências apontam que o perfil de indivíduos fisicamente inativos, mas com intenção de iniciar a prática regular de atividade física, assemelha-se mais ao perfil daqueles regularmente ativos que àqueles que não fazem e não pretendem fazer atividade física 16. Dessa forma, a classificação dos estágios de mudança de comportamento permite distinguir os indivíduos que estão dispostos a fazer mudanças no estilo de vida daqueles que não pretendem. Ademais, a simples progressão de um estágio de mudança de comportamento para outro mais adiantado pode conduzir a um perfil mais favorável de atividade física, diminuindo o risco para a saúde. Logo, os objetivos do presente estudo foram: (a) identificar os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física de universitários; (b) verificar a prevalência de baixo peso, sobrepeso e obesidade; (c) verificar a associação entre os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física e o estado nutricional.

 

Métodos

O presente estudo com delineamento transversal, de caráter descritivo correlacional 17, é parte do projeto Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde de Universitários da Universidade Federal de Santa Catarina, realizado com universitários ingressantes no primeiro semestre de 2008, da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (parecer nº. 096/2007).

O processo de seleção da amostra foi determinado em dois estágios: (1) estratificado por centro acadêmico e (2) conglomerado por turmas. Foram sorteadas as turmas de 29 cursos, para alcançar a representatividade de cada centro.

Para o cálculo do tamanho amostral, utilizou-se a metodologia recomendada por Thomas et al. 17, considerando um nível de 95% de confiança e um erro máximo de 3 pontos percentuais. Para o sorteio das turmas dentro de cada centro de ensino, considerando o período de estudo (diurno e noturno), utilizou-se o procedimento randomizado. Com base no cálculo amostral, estimou-se que seria necessário avaliar 728 universitários. Entretanto, em virtude das características do processo de amostragem que envolveu todos os indivíduos pertencentes aos conglomerados, participaram da amostra 862 universitários (501 do sexo masculino e 361 do sexo feminino), com média de idade de 20,52 anos (DP = 5,19). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram coletadas informações demográficas (sexo, idade), antropométricas (massa corporal e estatura) e estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física. A massa corporal (kg) e a estatura (cm) foram utilizadas para o cálculo do índice de massa corporal - IMC (kg/m2), sendo estas medidas obtidas por meio de auto-relato 18,19,20. Para a classificação do IMC, foram utilizados os pontos de corte estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde 21, em que os universitários foram classificados em quatro categorias: baixo peso, eutrófico, sobrepeso e obesidade.

Os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física foram verificados por intermédio de questionário 13, validado para uso em amostra de adultos jovens 22,23 que obedecem a uma seqüência: pré-contemplação (o sujeito não pretende modificar seu comportamento num futuro próximo), contemplação (existe a intenção de mudar, mas não imediatamente), preparação (existe a intenção de mudar nos próximos seis meses), ação (mudanças recentes no comportamento) e manutenção (as mudanças no comportamento já são mantidas por mais de seis meses). Buscou-se agrupar os estágios de mudança de comportamento em duas categorias: ativos (ação e manutenção) e inativos (pré-contemplação, contemplação e preparação).

Inicialmente, os dados foram tratados pela estatística descritiva (média, desvio-padrão - DP, distribuição de freqüência). O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar associação entre as proporções. Como a variável dependente (estágios de mudança de comportamento) foi composta de cinco categorias, empregou-se a técnica de regressão logística multinomial para estimar a associação dos estágios de mudança de comportamento com a variável independente (estado nutricional - IMC: peso baixo, eutrofia, sobrepeso e obesidade). A categoria "Manutenção" foi adotada como o grupo referência. Em todas as análises adotou-se nível de significância de 5%, utilizando o programa estatístico SPSS, versão 13.0 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos).

 

Resultados

Os valores médios da massa corporal para o sexo masculino e feminino foram 71,67kg (DP = 11,64) e 57,11kg (DP = 8,93), respectivamente, tendo-se verificado diferença significativa (p < 0,001). A estatura apresentou os seguintes valores para o sexo masculino e feminino, respectivamente: 1,73m (DP = 0,08) e 1,60m (DP = 0,07; p < 0,001). O IMC médio foi 22,75kg/m² (DP = 3,10) e 21,18kg/m2 (DP = 2,88), respectivamente (p = 0,192) (dados não apresentados).

A Figura 1 ilustra a proporção de universitários para cada estágio e permite identificar os dois estágios com maior ocorrência de casos: o estágio contemplação com 276 casos (32%) e o estágio preparação, com 254 casos (29,5%).

A Tabela 1 apresenta a proporção de universitários de acordo com os estágios de mudança de comportamento e estado nutricional, segundo o sexo. Enquanto a prevalência de baixo peso (15%) foi superior no sexo feminino, o sobrepeso (16,9%) foi mais elevado no masculino. Considerando os estágios de mudança de comportamento, observou-se maior proporção de universitários do sexo feminino no estágio contemplação (44%), e do masculino no estágio preparação (31,3%). A prevalência de inatividade física foi superior no sexo feminino (76,5%) quando comparado ao sexo masculino (62,7%; p < 0,001).

A Tabela 2 apresenta a proporção de universitários por estágios de mudança de comportamento de acordo com o estado nutricional. Encontrou-se maior proporção de universitários com baixo peso e obesidade no estágio pré-contemplação e aqueles com sobrepeso, no estágio manutenção.

A Tabela 3 apresenta os resultados da análise de regressão multinomial dos estágios de mudança de comportamento em relação ao estado nutricional em universitários, ajustado por sexo. O estágio pré-contemplação foi significativamente associado ao baixo peso e sobrepeso. Essas estimativas indicam que a odds ratio para o estágio pré-contemplação são maiores nos universitários com baixo peso e sobrepeso (tendo como referência a eutrofia).

 

Discussão

O presente estudo identificou os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física, verificou a prevalência de baixo peso, sobrepeso e obesidade, e analisou a associação entre os estágios de mudança de comportamento e o estado nutricional em universitários ingressantes no primeiro semestre da UFSC. Buscou-se contribuir no entendimento do comportamento atual em face da atividade física, para possível intervenção quer seja mantendo padrões, quer proporcionando atividades que possam levar à adoção de um estilo mais ativo de vida ou menos sedentário no ambiente acadêmico.

Maior proporção de calouros do sexo feminino concentra-se no estágio contemplação, enquanto, no sexo masculino, proporção mais elevada foi encontrada no estágio preparação. A maior semelhança entre os sexos foi observada no estágio ação. Em estudo envolvendo acadêmicos do curso de Educação Física 24, foi verificado que em ambos os sexos, a maioria dos casos estava no estágio manutenção, seguidos dos de preparação e ação. Resultados opostos foram encontrados por Petroski & Martins 25, ao estudar estágios de mudança de comportamento em professores universitários, na qual foi encontrada maior concentração de mulheres no estágio manutenção, enquanto maior concentração de homens estava no estágio contemplação.

A proporção elevada de universitárias que relataram estar nos estágios de comportamento de pré-adoção (pré-contemplação + contemplação + preparação) corrobora os estudos internacionais 26,27. Embora o ambiente universitário possa oferecer um amplo espectro de informações e de oportunidades para a prática de atividade física, proporção significativa de acadêmicos não apresentava comportamento regularmente ativo. Nesse sentido, iniciativas mais eficazes devem ser elaboradas dentro da universidade, voltadas para a orientação e promoção de atividade física regular.

Quando os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física foram dicotomizados em ativo e inativo, 68,4% dos universitários eram inativos fisicamente. Apesar dos instrumentos para verificar nível de atividade física ser diferente entre os estudos, verifica-se prevalência elevada de sedentarismo em universitários brasileiros 15,28. Em universitários de Brasília, Distrito Federal, 65,5% dos estudantes eram sedentários 15. Por outro lado, em Gurupi, Tocantins, constatou-se baixa prevalência de sedentarismo em universitários (29,9%) 29. Essa menor prevalência de sedentarismo encontrada em Gurupi, quando comparada aos resultados dos demais estudos, pode estar associada à atuação de programas nacionais, pela aplicação de medidas preventivas e educativas contínuas.

A prevalência de baixo peso encontrada nos universitários foi de 9,5%, a qual se apresenta superior à encontrada na literatura pesquisada 30. Em relação ao sexo, a prevalência de baixo peso foi superior no sexo feminino (15%) quando comparada ao masculino (5,6%). Tais resultados corroboram a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 31 (feminino = 12,2%; masculino = 4,4%) e as pesquisas realizadas em cidades isoladas 15,30,32. Os resultados encontrados no presente estudo referentes à maior proporção de baixo peso nas mulheres podem ser atribuídos à preocupação com a aparência corporal e ao "culto à magreza" como atual padrão de beleza imposta pela mídia 33. Ademais, mulheres universitárias desejam reduzir o tamanho da silhueta corporal, independentemente do seu estado nutricional 18.

Apesar de o Brasil estar passando por uma fase denominada transição nutricional, com diminuição da desnutrição e aumento do excesso de peso, nas formas de sobrepeso e obesidade 34, a desnutrição encontrada nos universitários da UFSC merece atenção por causa da maior incidência e gravidade de doenças infecciosas, diminuição da capacidade reprodutiva na idade adulta 35, perda muscular, alterações psíquicas e psicológicas, alterações sangüíneas (anemia), aumento da morbidade e mortalidade.

A prevalência de sobrepeso e obesidade encontrada nos universitários do presente estudo foi de 12,4% e 1,7%, respectivamente. Essas prevalências foram superiores às verificadas em pesquisas realizadas em amostras locais 30,32, e inferiores às prevalências nacionais (POF) 31. Em recente relatório publicado pelo Ministério da Saúde, em que foram estudadas amostras probabilísticas da população com 18 ou mais anos de idade residente em domicílios conectados à rede de telefonia fixa de cada uma das capitais dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal 36, os resultados revelaram prevalências de 43% de sobrepeso e 13% de obesidade. Prevalências elevadas de sobrepeso e obesidade na população são preocupantes, sobretudo pela forte associação desses desfechos com as doenças cardiovasculares e metabólicas que ocorrem na idade adulta 37.

Os estágios de mudança de comportamento relacionados à atividade física estiveram associados ao estado nutricional em universitários. As estimativas indicaram que universitários no estágio pré-contemplação possuem maiores chances de baixo peso e sobrepeso. Portanto, o status do peso corporal parece ser um indicativo que pode afetar o desejo e a motivação para participar de atividade física, uma vez que os alunos tanto com baixo peso quanto aqueles com sobrepeso possuem uma tendência para comportamentos sedentários.

Ainda que os resultados aqui apresentados possam oferecer novos conhecimentos para a área de estudo, chama-se a atenção para as seguintes limitações: (1) delineamento transversal, não possibilitando a relação de causalidade entre as variáveis (estágios de mudança de comportamento e estado nutricional); (2) disposição temporal quanto às modificações nos estágios de mudanças de comportamento que não puderam ser acompanhadas. Apesar das limitações inerentes ao estudo transversal, os dados coletados foram extraídos de uma amostra representativa de universitários, ingressantes no primeiro semestre de 2008.

De acordo com os achados do presente estudo, pode-se inferir que: (a) proporção mais elevada de universitários foi encontrada nos estágios contemplação (32%) e preparação (29,5%). Observou-se que 68,4% dos universitários eram inativos; (b) maior prevalência de baixo peso foi verificada no sexo feminino, e sobrepeso, no masculino; (c) houve associação entre estágios de mudanças de comportamento e estado nutricional, sendo encontrada maior chance de os universitários do estágio pré-contemplação apresentarem baixo peso e sobrepeso.

Os resultados encontrados demonstram a importância da adoção de práticas regulares de atividade física e de hábitos alimentares saudáveis. É imprescindível identificar as intenções e motivações para adoção e manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo. Por conseguinte, a divulgação de mensagens sobre os benefícios da atividade física e as desvantagens do estilo de vida sedentário no meio acadêmico é fortemente recomendável. Além disso, as intervenções devem considerar os estágios de mudança de comportamento do estudante, haja vista que o foco do modelo transteórico é sobre a estrutura da mudança intencional 38. O conhecimento e a compreensão dos estágios de mudança de comportamento, no meio universitário, são subsídios para professores e gestores da educação para a elaboração de programas preventivos de sedentarismo.

 

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Correspondência:
A. Pelegrini
Núcleo de Pesquisa em Cineantropometria e Desempenho Humano
Centro de Desportos
Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário Trindade
Florianópolis, SC 88040-900, Brasil.
a.pelegrini@yahoo.com.br

Recebido em 17/Jan/2009
Versão final reapresentada em 21/Mai/2009
Aprovado em 03/Jul/2009

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br