EDITORIAL
Saúde na transição da infância para a adolescência: a visita de 11 anos da coorte de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, 1993
Ana M. B. MenezesI; Cora Luiza AraújoII; Pedro C. HallalIII
IPrograma de Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil. anamene@terra.com.br
IIFaculdade de Nutrição, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil. Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil. cora.araujo@terra.com.br
IIIPrograma de Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil. Programa de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil. prchallal@gmail.com
Este fascículo temático pretende contar-lhes uma história de um período de 11 anos. Em 1993, na cidade de Pelotas, nasceram 4.452 bebês que passaram a constituir a coorte dos nascidos vivos de Pelotas daquele ano. Era um grupo de recém-nascidos e de suas mães que foram avaliados, entrevistados, pesados, medidos, dentre outros procedimentos. A partir daquele momento, estabeleceu-se um elo entre nós - pesquisadores - e esta legião de famílias.
Passamos, então, a acompanhá-los visitando alguns deles, escolhidos ao acaso, em diferentes idades. A cada acompanhamento, perguntavam-nos como tinham sido localizados; por que eles; o que faríamos com todas aquelas informações. Explicávamos a importância das visitas, o quanto aquelas informações poderiam ajudar-nos a entender o que se passava na infância e de que forma aquilo poderia refletir-se em idades posteriores.
Como em toda história, houve diferentes momentos e, quase "de repente", nossas "crianças" tornaram-se adolescentes; estavam então com 11 anos de idade. Sempre tivemos vontade de acompanhar todos eles e naquele momento tínhamos recursos para isto; mas, como já não eram mais crianças, nossa abordagem tinha de ser diferente. Sabíamos que os questionamentos partiriam muitas vezes deles e não mais das mães, e a equipe tinha de estar preparada para essa nova realidade.
Sabíamos também que uma fase havia terminado e tínhamos grande curiosidade sobre o que iríamos enfrentar naquela idade de transição. Elaboramos questionários confidenciais para o adolescente (era claro para nós que nem tudo poderia ser contado na frente das mães) e, ao mesmo tempo, questionários para as mães, pois adolescentes não saberiam responder algumas questões que só os adultos conheciam.
E assim seguiu nossa história... Como "detetives", mediante mil estratégias e malabarismos contados no artigo de métodos deste fascículo temático, conseguimos encontrar 87,5% daqueles nascidos há 11 anos, o que nos deixou muito satisfeitos, dada a grande mobilidade das famílias.
Frente à realidade do perfil do adolescente no cenário nacional, investigamos não apenas o estado nutricional e seus hábitos alimentares, mas também o consumo de gorduras e de fibras, regime para emagrecer e também a atividade física, já que o padrão estético vigente dos adolescentes, sobretudo do sexo feminino, parecia caracterizar-se pela magreza. Dentro desse contexto da idade das experiências e das transformações, perguntamos sobre o uso de álcool, consumo de medicamentos, bem-estar e problemas de atenção e hiperatividade. Na tentativa de identificarmos possíveis marcadores de risco para doenças crônicas no futuro, investigamos a pressão arterial, pulso e hospitalizações. Também avaliamos, em uma subamostra, a saúde bucal desses adolescentes.
Os resultados da história estão relatados nos diferentes artigos deste fascículo temático e não vamos revelá-los aqui no Editorial.
Como dissemos previamente, esta é uma das etapas da história da nossa coorte de nascidos em 1993 na cidade de Pelotas; outras histórias poderão ser contadas sobre os próximos acompanhamentos desta "grande família", que vem sendo seguida desde o nascimento!