Resumos
Objetivou-se verificar a associação entre o diagnóstico de perda auditiva autorrelatado por trabalhadores do transporte urbano da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, e fatores individuais e ocupacionais. O tamanho da amostra foi calculado por quotas e estratificado por ocupação (motoristas e cobradores) nas empresas de Belo Horizonte, Betim e Contagem. A coleta de dados foi realizada face a face com o auxílio de netbooks pelos entrevistadores. A variável resposta foi definida pela resposta positiva à pergunta sobre a vigência de diagnóstico médico de perda auditiva. As variáveis independentes foram organizadas em 3 blocos: características sociodemográficas, estilo de vida e aspectos do trabalho. O diagnóstico de perda auditiva foi mencionado por 213 dos 1.527 trabalhadores e esteve associado à idade e ao diagnóstico de zumbido. Na esfera ocupacional, destacaram-se o absenteísmo-doença, antiguidade no cargo e dois riscos ambientais: ruído insuportável e vibração de corpo inteiro. Medidas de prevenção da perda auditiva para os trabalhadores do transporte urbano são necessárias.
Perda Auditiva; Saúde do Trabalhador; Transportes
This study analyzed the association between self-reported diagnosis of hearing loss and individual and occupational factors among urban transportation workers in Greater Metropolitan Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. The sample size was calculated by quotas and stratified by occupation (drivers and fare collectors) in the urban transportation companies in Belo Horizonte, Betim, and Contagem. Data were collected with face-to-face interviews and recorded by the interviewers on netbooks. The dependent variable was defined as an affirmative response to the question on prevailing medical diagnosis of hearing loss. The independent variables were organized in three blocks: social and demographic characteristics, lifestyle, and work aspects. Diagnosis of hearing loss was reported by 213 of the 1,527 workers and was associated with age and diagnosis of tinnitus. At the occupational level, hearing loss was associated with history of sick leave, time-on-the-job, and two environmental risks, unbearable noise and whole-body vibration. Measures to prevent hearing loss are needed for urban transportation workers.
Hearing Loss; Occupational Health; Transportation
El objetivo del presente trabajo es verificar la asociación entre el diagnóstico de la pérdida auditiva autoinformado por trabajadores del transporte urbano de la Región Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, y factores individuales y ocupacionales. El tamaño de la muestra fue calculado por cuotas y estratificación por ocupación (conductores y cobradores) en las empresas de Belo Horizonte, Betim y Contagem. La variable respuesta fue definida por la respuesta positiva a la pregunta sobre la vigencia de diagnóstico médico de pérdida auditiva. Se organizaron las variables independientes en tres bloques: características sociodemográficas, estilo de vida y aspectos del trabajo. De los 1527 trabajadores, 213 mencionaron el diagnóstico de pérdida auditiva, que se mostró asociado a la edad y al diagnóstico del zumbido. En la esfera ocupacional, se destacaron el absentismo-enfermedad, antigüedad en el cargo y dos riesgos ambientales: ruido excesivo y vibración del cuerpo entero. Es necesario que se tomen medidas para prevenir la pérdida auditiva de los trabajadores del transporte urbano.
Pérdida Auditiva; Salud Laboral; Transportes
Introdução
A perda auditiva é a condição na qual o limiar da audição de um indivíduo está reduzido, ou seja, o indivíduo não ouve bem. Tal condição é classificada como leve, moderada, severa ou profunda, podendo afetar uma ou ambas as orelhas. De origem congênita ou adquirida, afeta 9,7 milhões de brasileiros 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Pessoas com deficiência. http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rj&tema=censodemog2010_defic (acessado em 29/Jul/2014).
http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.p... . Provavelmente, no mundo, 360 milhões de pessoas22. World Health Organization. Deafness and hearing loss. Fact sheet. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs300/en/ (acessado em 25/Jul/2014).
http://www.who.int/mediacentre/factsheet... estejam atingidas por tal problema de saúde.
O diagnóstico de perda auditiva depende do exame clínico e da avaliação audiométrica, abrangendo as frequências usualmente utilizadas de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz. A critério do especialista, exames mais complexos (testes de emissões otoacústicas, por exemplo) são solicitados, caso seja necessário 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).,44. Coelho MSB, Ferraz JRS, Almeida EOC, Almeida FN. As emissões otoacústicas no diagnóstico diferencial das perdas auditivas induzidas por ruído. Rev CEFAC 2010; 12:1050-8..
Inúmeras são as causas da perda auditiva. Em adultos, a lesão das células sensoriais resultante dos efeitos da exposição a elevados níveis de ruído se superpõe aos efeitos degenerativos do processo de senescência. Os sintomas expressam as alterações mecânicas ou degenerativas das células ciliadas do órgão de Corti que caracterizam cada um dos processos mencionados. Como consequência, a perda auditiva pode gerar distúrbios na esfera da comunicação, resultando em incapacidade e prejuízos na sociabilidade do indivíduo, pois enseja sentimentos de solidão, isolamento e frustração. Além dos prejuízos para a qualidade de vida, as incapacidades auditivas acarretam prejuízos para o desenvolvimento social e econômico das comunidades e de seus países 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Pessoas com deficiência. http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rj&tema=censodemog2010_defic (acessado em 29/Jul/2014).
http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.p... .
Fatores ocupacionais, como a exposição a metais pesados, e individuais, como o uso de medicamentos ou hábitos nocivos (tabagismo e uso problemático de álcool, por exemplo), interagem com os efeitos da exposição ao ruído ambiental de maneira a potencializar os sintomas auditivos 55. Metidieri MM, Rodrigues HFS, Oliveira Filho FJMB, Ferraz DP, Almeida Neto AF, Torres S. Noise-Induced Hearing Loss (NIHL): literature review with a focus on occupational medicine. Int Arch Otorhinolaryngol 2013; 17:208-12..Não há dúvidas quanto aos efeitos negativos da idade, condição denominada de presbiacusia, a qual pode ser agravada pelo tabagismo, hiperglicemia e consumo de álcool 66. Basner M, Babisch W, Davis A, Brink M, Clark C, Janssen S, et al. Auditory and non-auditory effects of noise on health. Lancet 2014; 383:1325-32.. A presbiacusia afeta um terço da população mundial acima de 65 anos 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Pessoas com deficiência. http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rj&tema=censodemog2010_defic (acessado em 29/Jul/2014).
http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.p... .
Estima-se que 16% das perdas auditivas no mundo sejam de origem ocupacional 77. World Health Organization. The world health report 2002 – reducing risks, promoting health life. 2002. http://www.who.int/whr/2002/en/whr02_ch4.pdf?ua=1 (acessado em 25/Jul/2014).
http://www.who.int/whr/2002/en/whr02_ch4... . Nesses casos, a nomeada perda auditiva de origem ocupacional é o agravo mais frequente à saúde dos trabalhadores33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).. O ruído é a principal causa de perda auditiva em sujeitos na faixa etária de 20-59 anos 88. Cruz MS, Oliveira LR, Carandina L, Lima MCP, César CLG, Barros MBA, et al. Prevalence of self-reported hearing loss and attributed causes: a population-based study. Cad Saúde Pública 2009; 25:1123-31.. Trata-se de uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva, ou seja, tem relação com o tempo de exposição 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).. Siderurgia, metalurgia, indústria têxtil, setor gráfico e de transporte são os ramos com maior incidência de casos 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).,99. Almeida SIC, Albernaz PLM, Zaia PA, Xavier OG, Karazawa EHI. História natural da perda auditiva ocupacional provocada por ruído. AMB Rev Assoc Med Bras 2000; 46:143-58..
Geralmente, queixas de zumbidos acompanham os casos de perda auditiva de origem ocupacional 66. Basner M, Babisch W, Davis A, Brink M, Clark C, Janssen S, et al. Auditory and non-auditory effects of noise on health. Lancet 2014; 383:1325-32.. Zumbido é a expressão clínica da percepção consciente de uma sensação auditiva, ainda que em ausência de um estímulo externo equivalente à referida sensação. Geralmente, são descritos como assobio, chiado ou, em alguns casos, são percebidos como vozes ou sons musicais 1010. Baguley D, McFerran D, Hall D. Tinnitus. Lancet 2013; 382:1600-7..
O objetivo do presente estudo foi verificar a associação entre o diagnóstico de perda auditiva autorrelatado por trabalhadores do transporte urbano e fatores no âmbito individual e ocupacional.
Metodologia
Delineamento e população do estudo
O estudo epidemiológico ocupacional de caráter transversal foi realizado em uma amostra de trabalhadores do transporte coletivo urbano.
O cálculo amostral foi por quotas e estratificado por ocupação (motoristas e cobradores) nas empresas de Belo Horizonte, Betim e Contagem (Minas Gerais, Brasil). Selecionou-se uma quota proporcional ao total dos profissionais em cada uma das três cidades investigadas. Estimaram-se os tamanhos amostrais tendo em vista estudos de prevalência e associação entre desfecho e variáveis independentes.
A amostra foi calculada considerando 4% de erro amostral, intervalo de 95% de confiança (IC95%) e 50% de prevalência, levando-se em conta o desfecho dor nas costas 1111. Magnusson ML, Pope MH, Wilder DG, Areskoug B. Are occupational drivers at an increased risk for developing musculoskeletal disorders? Spine 1996; 21:710-7.. Considerando o universo de motoristas e cobradores nas três cidades, a distribuição foi a seguinte: 72% dos motoristas e 80% dos cobradores estão em Belo Horizonte; 8% e 6%, em Betim; 20% e 14%, em Contagem. A amostra estimada foi de 565 motoristas e 561 cobradores.
As entrevistas foram realizadas em quatro estações ônibus-metrô de Belo Horizonte (total = 5) e em 45 estações de descanso (total = 244), também chamadas de pontos de conforto porque são o local de parada de ônibus onde os profissionais fazem a devida pausa depois de uma viagem de 60 a 90 minutos, em média. Nas quatro estações selecionadas, circulam, em média, 80% dos passageiros que utilizam o serviço em Belo Horizonte 1212. Assunção AA. Condições de saúde e trabalho dos motoristas e cobradores do transporte coletivo das cidades de Belo Horizonte, Betim, e Contagem, MG, Brasil. http://site.medicina.ufmg.br/nest/wpcontent/uploads/sites/33/2015/04/Rodoviarios_li vro.pdf (acessado em 12/Jul/2014).
http://site.medicina.ufmg.br/nest/wpcont... . As estações de descanso foram selecionadas porque concentram a maioria dos ônibus, das viagens e dos trabalhadores registrados.
A coleta de dados face a face com o auxílio de netbooks ocorreu entre abril e junho de 2012, nos turnos manhã e tarde. Elaborou-se um software exclusivo para os fins da pesquisa, tendo em vista os objetivos de preenchimento (pelo entrevistador) do questionário digital e o processamentoonline dos dados. Os instrumentos e procedimentos da pesquisa foram previamente testados na etapa piloto (n = 30) e 22 entrevistadores foram devidamente treinados em oficinas específicas dirigidas pelos coordenadores da pesquisa. A confiabilidade da entrevista foi aferida por meio da reaplicação de algumas perguntas selecionadas do questionário original para o mesmo respondente (12% do total dos participantes). Todos os participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (CAAE – 02705012.4.0000.5149).
Variáveis de interesse
A variável dependente foi definida pela resposta positiva à pergunta sobre a presença de diagnóstico médico de perda auditiva.
As variáveis independentes foram organizadas em blocos, respeitando o modelo hierárquico de relações entre as variáveis: (a) características sociodemográficas: sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda familiar mensal; (b) estilo de vida: atividades sociais, prática de atividade física, tabagismo e uso problemático de álcool; (c) aspectos do trabalho: cargo, tempo no cargo atual, alternância do horário de trabalho, realização de dobras ou horas extras, percepção de vibração do corpo, temperatura interna do ônibus, ruído dentro e fora do ônibus, utilização de fone de ouvido, percepção do trânsito, pausas durante o trabalho.
A detecção do uso problemático de álcool foi mensurada por meio do instrumento CAGE (acrônimo referente às suas quatro perguntas – Cutdown, Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener), questionário utilizado com esta finalidade e validado no Brasil por Masur & Monteiro1313. Masur J, Monteiro MG. Validation of the “CAGE” alcoholism screening test in a Brazilian psychiatric inpatient hospital setting. Braz J Med Biol Res 1983; 16:215-8..
Procedimentos de análise
Inicialmente, conduziu-se a análise descritiva das variáveis investigadas. Procedeu-se então à análise dos fatores associados à perda auditiva de acordo com cada bloco. Na primeira etapa, realizou-se a análise univariável considerando-se as variáveis explicativas de cada bloco. Posteriormente, todas as variáveis associadas à perda auditiva no nível de p ≤ 0,20 foram testadas, levando-se em conta apenas as variáveis pertencentes ao mesmo bloco. Foram retidas, no modelo final, as variáveis que permaneceram estatisticamente associadas à perda auditiva no nível de p ≤ 0,05. Essa análise foi realizada em duas etapas, utilizando-se a regressão de Poisson. A magnitude da associação foi aferida pelas razões de prevalência com intervalos de confiança robustos, e a significância estatística considerada foi o IC95%. O programa Stata 11.0 (StataCorp LP, College Station, Estados Unidos) foi utilizado para a análise estatística.
Resultados
O diagnóstico de perda auditiva foi mencionado por 213 (13,8%) dos 1.527 trabalhadores do transporte urbano que participaram do estudo. A média de idade foi de 36,15 anos (DP = 10,21), variando de 18-75 anos.
A amostra foi majoritariamente masculina (87,4%), com idades entre 18 e 40 anos (67,6%), casados ou com união estável (60,2%) e escolaridade superior a 8 anos (81,7%), sendo que 49,8% relataram renda familiar entre 2 e 4 salários mínimos. Na análise univariável, considerando-se o nível de p ≤ 0,05, verificou-se associação estatisticamente significante entre o diagnóstico de perda auditiva e as seguintes variáveis: idade superior a 41 anos, escolaridade inferior a 8 anos, sendo encontrada associação negativa com a condição de celibatário (Tabela 1).
Quanto ao estilo de vida e à situação de saúde, mais de dois terços informaram participar de atividades sociais (71,5%), não fumar (69,5%) e não fazer uso problemático de álcool (86,6%). Mais da metade dos trabalhadores afirmaram não praticar atividade física (51,8%). Alguns trabalhadores relataram ter recebido diagnóstico médico de hipertensão (13,9%) e zumbido (13,3%). Verificou-se que aproximadamente um terço se afastou do trabalho por problema de saúde nos últimos 12 meses (34,8%). Quanto à doença ocupacional diagnosticada pelo médico, foi mencionada por 8,7% dos entrevistados. Houve associação positiva do diagnóstico de perda auditiva, na análise univariável, com o uso problemático de álcool, relato de diagnóstico de hipertensão e zumbido, afastamento do trabalho e diagnóstico de doença ocupacional (Tabela 2).
Quanto ao trabalho, 53,1% ocupavam o cargo de motorista/monocondutor, e os demais (46,9%) de cobrador, sendo que a antiguidade da maioria (56,2%) foi inferior ou igual a 5 anos. A maior parte dos respondentes nunca ou raramente alternava o horário de trabalho (44,5%); com frequência realizava dobras e/ou horas extras (44,4%) e, às vezes, usufruía de pausa durante o trabalho (39,7%). A percepção de vibração do corpo foi referida como esporádica por 21,1% e como frequente por 39,1% dos trabalhadores. Sobre as condições do ônibus, a temperatura interna foi percebida como muito incômoda ou insuportável por 45,2% da amostra; o ruído elevado ou insuportável interno, por 51,3%; e o ruído elevado ou insuportável externo, por 36,9%. Quase todos os trabalhadores consideraram o trânsito como ruim ou muito ruim (84,3%). As variáveis com associação estatisticamente significante na análise univariável foram: cargo de motorista/monocondutor, antiguidade superior a 2 anos, nunca ou raramente usufruir de pausa durante o trabalho, perceber às vezes ou com frequência a vibração do corpo inteiro, perceber a temperatura interna do ônibus como muito incômoda ou insuportável, considerar o ruído dentro do ônibus como elevado ou insuportável e o trânsito como ruim ou muito ruim (Tabela 3).
Nos modelos intermediários, foram mantidas as associações encontradas nas análises iniciais para idade acima de 41 anos (sociodemográfico), uso problemático de álcool, diagnóstico de hipertensão e zumbido, ausência ao trabalho por problema de saúde e doença ocupacional com diagnóstico (estilo de vida e saúde), antiguidade superior a 5 anos, percepção com frequência de vibração do corpo, considerar muito incômoda ou insuportável a temperatura interna do ônibus e perceber como insuportável o ruído dentro do ônibus (trabalho). Perderam a significância estatística no modelo multivariado final as seguintes variáveis: uso problemático de álcool, diagnóstico de hipertensão e doença ocupacional, bem como a percepção de temperatura desconfortável dentro do ônibus (Tabela 4).
No modelo final, trabalhadores do transporte coletivo urbano com idade superior a 41 anos, diagnóstico de zumbido, ausência do trabalho por problema de saúde, antiguidade no cargo atual entre 5 e 10 anos e superior a 20 anos tiveram maior probabilidade de relatar diagnóstico de perda auditiva. Quanto às características do trabalho, o grupo que relatou vibração com frequência do corpo inteiro e ruído insuportável dentro do ônibus apresentou maior probabilidade de relatar diagnóstico de perda auditiva quando comparado àqueles sem queixa ou com queixas esporádicas relacionadas às condições de trabalho, no caso, o ônibus (Tabela 4).
Discussão
O presente estudo abordou a população de rodoviários da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a fim de compreender a relação entre a situação de saúde dos sujeitos, com destaque para a perda auditiva, e suas condições de trabalho. Para isso, utilizou-se um questionário que colheu os relatos desses sujeitos no próprio ambiente de trabalho. Insere-se, portanto, no cenário dos debates sobre os serviços de transporte urbano, uma vez focalizados os seus protagonistas. Os resultados indicam a relevância dos fatores ocupacionais na manifestação da referida morbidade auditiva.
O diagnóstico médico de perda auditiva relatado pelos participantes deste estudo esteve associado à idade e ao diagnóstico de zumbido. Na esfera ocupacional, destacaram-se o absenteísmo-doença, antiguidade no cargo e dois riscos ambientais: ruído insuportável e vibração do corpo inteiro. Chamam a atenção as características gerais da população investigada: em sua maioria masculina, jovem e com baixa antiguidade no cargo.
Além das consequências diretas da perda auditiva associada ao zumbido sobre a qualidade de vida, são fortes as evidências quanto ao maior risco de acidentes com prejuízos tanto para o futuro desses trabalhadores quanto para os cidadãos a quem eles servem no exercício de suas profissões 66. Basner M, Babisch W, Davis A, Brink M, Clark C, Janssen S, et al. Auditory and non-auditory effects of noise on health. Lancet 2014; 383:1325-32.,1414. Girard SA, Picard M, Davis AC, Simard M, Larocque R, Leroux T, et al. Multiple work-related accidents: tracing the role of hearing status and noise exposure. Occup Environ Med 2009; 66:319-24..
A prevalência de perda auditiva diagnosticada foi de 13,8%, superior à encontrada (12,5%) entre os caminhoneiros do Irã 1515. Karimi A, Kazerooni F, Nasiri S, Oliaei M. Noise induced hearing loss risk assessment in truck drivers. Noise Health 2010; 12:49-52.; mas inferior às descritas (22,3% e 32,7%) nas amostras dos motoristas urbanos em São Paulo, Brasil 1616. Lopes AC, Otowiz VG, Lopes PMB, Lauris JRP, Santos CC. Prevalence of noise-induced hearing loss in drivers. Int Arch Otorhinolaryngol 2012; 16: 509-14.,1717. Corrêa-Filho HR, Costa LS, Hoehne EL, Perez MAG, Nascimento LCR, de Moura EC. Noise-induced hearing loss and high blood pressure among city bus drivers. Rev Saúde Pública 2002; 36:693-701.. Em outros grupos ocupacionais, encontraram-se prevalências de perda auditiva de origem ocupacional superiores: 18%, 23,7%, 38,6% e 66,4%, respectivamente, em trabalhadores das indústrias norte-americanas 1818. Masterson EA, Tak S, Themann CL, Wall DK, Groenewold MR, Deddens JA, et al. Prevalence of hearing loss in the United States by industry. Am J Ind Med 2013; 56:670-81.; restauração coletiva em Hong Kong, na China, entretenimento também naquela cidade 1919. Lao XQ, Yu ITS, Au DKK, Chiu YL, Wong CCY, Wong TW. Noise exposure and hearing impairment among chinese restaurant workers and entertainment employees in Hong Kong. PLoS One 2013; 8:e70674.; policiais de trânsito em Kathmandu, Nepal 2020. Shrestha I, Shrestha BL, Pokharel M, Amatya RCM, Karki DR. Prevalence of noise induced hearing loss among traffic police personnel of Kathmandu metropolitan city. Kathmandu Univ Med J (KUMJ) 2011; 9:274-8..
É fundamental esclarecer que o inquérito não permite afirmar sobre perda auditiva de origem ocupacional quando analisa os resultados relacionados à perda auditiva dos trabalhadores dos ônibus da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda assim, vale a pena mencionar resultados sobre perda auditiva de origem ocupacional obtidos pelos autores que focalizaram motoristas de ônibus. Em motoristas do Irã 2121. Janghorbani M, Sheikhi A, Pourabdian S. The prevalence and correlates of hearing loss in drivers in Isfahan, Iran. Arch Iran Med 2009; 12:128-34., de Maringá, Paraná, Brasil 2222. Siviero AB, Fernandes MJ, Lima JAC, Santoni CB, Bernadi APA. Prevalência de perda auditiva em motoristas de ônibus de transporte coletivo da cidade de Maringá, PR. Rev CEFAC 2005; 7:376-81. e de São Paulo, no Brasil 2323. Silva LF, Mendes R. Exposição combinada entre ruído e vibração e seus efeitos sobre a audição de trabalhadores. Rev Saúde Pública 2005; 39:9-17., foram descritos, respectivamente, 18,1% 2121. Janghorbani M, Sheikhi A, Pourabdian S. The prevalence and correlates of hearing loss in drivers in Isfahan, Iran. Arch Iran Med 2009; 12:128-34., 28% e, em São Paulo, 46% para o grupo exposto à vibração do corpo inteiro e 24% para o grupo não exposto. Vale destacar que a definição e os métodos para a identificação do desfecho não são homogêneos entre os estudos.
Independentemente da disparidade de resultados e da dificuldade em fazer comparações devido à raridade de estudos no ramo do transporte coletivo urbano pelo modal ônibus, os resultados do estudo aqui descritos são preocupantes. Sabe-se que a perda auditiva interfere na vida do indivíduo acometido, sendo irreversível, na maioria dos casos. Se desencadeada ou agravada pelo ruído, é possível que o trabalhador esteja sofrendo dos sintomas que interferem nos seus pensamentos e na sua qualidade de vida 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).. Estresse e exaustão, sentimento de raiva e desprazer são comuns em adultos com perda auditiva 66. Basner M, Babisch W, Davis A, Brink M, Clark C, Janssen S, et al. Auditory and non-auditory effects of noise on health. Lancet 2014; 383:1325-32..
Viu-se, conforme se esperava, a associação, com gradiente positivo, entre o desfecho e a idade 99. Almeida SIC, Albernaz PLM, Zaia PA, Xavier OG, Karazawa EHI. História natural da perda auditiva ocupacional provocada por ruído. AMB Rev Assoc Med Bras 2000; 46:143-58.,1616. Lopes AC, Otowiz VG, Lopes PMB, Lauris JRP, Santos CC. Prevalence of noise-induced hearing loss in drivers. Int Arch Otorhinolaryngol 2012; 16: 509-14.,1919. Lao XQ, Yu ITS, Au DKK, Chiu YL, Wong CCY, Wong TW. Noise exposure and hearing impairment among chinese restaurant workers and entertainment employees in Hong Kong. PLoS One 2013; 8:e70674.. A significância estatística com a antiguidade no cargo ocupado nas faixas de 5-10 anos e a idade entre 20 e 47 anos não foi surpreendente 2424. Lopes AC, Nelli MP, Lauris JRP, Amorin RB, Melo ADP. Terms of hearing health at work: investigation of auditory effects in workers exposed to occupational noise. Arq Int Otorrinolaringol 2009; 13:49-54..
Sexo masculino, faixa etária menos jovem, antiguidade no cargo e consumo diário de álcool foram associados à perda auditiva de origem ocupacional na amostra de 1.670 trabalhadores do setor de entretenimento e restaurante 1919. Lao XQ, Yu ITS, Au DKK, Chiu YL, Wong CCY, Wong TW. Noise exposure and hearing impairment among chinese restaurant workers and entertainment employees in Hong Kong. PLoS One 2013; 8:e70674.. A relação entre o aumento da perda auditiva de acordo com a idade e o tempo de serviço também foi confirmada em outros estudos1616. Lopes AC, Otowiz VG, Lopes PMB, Lauris JRP, Santos CC. Prevalence of noise-induced hearing loss in drivers. Int Arch Otorhinolaryngol 2012; 16: 509-14.,2020. Shrestha I, Shrestha BL, Pokharel M, Amatya RCM, Karki DR. Prevalence of noise induced hearing loss among traffic police personnel of Kathmandu metropolitan city. Kathmandu Univ Med J (KUMJ) 2011; 9:274-8.. Na nossa amostra, não houve associação estatisticamente significante nem com sexo nem com o uso problemático de álcool. Não é possível cotejar tal resultado diante da maciça presença de homens ou da exclusão das mulheres nos estudos. Quando estão presentes, a maioria das mulheres ocupa o posto de cobrador.
A prevalência de diagnóstico de zumbido na população estudada foi de 13,3%, com forte significância estatística, sendo superior à encontrada (7,2%) no grupo da indústria alimentícia 2525. Weber SR, Périco E. Zumbido no trabalhador exposto ao ruído. Rev Soc Bras Fonoaudiol 2011; 16:459-65., e inferior à encontrada (23,6%) no grupo de policiais do trânsito rodoviário 2020. Shrestha I, Shrestha BL, Pokharel M, Amatya RCM, Karki DR. Prevalence of noise induced hearing loss among traffic police personnel of Kathmandu metropolitan city. Kathmandu Univ Med J (KUMJ) 2011; 9:274-8.. A exposição constante ao ruído aumenta o risco de desenvolvimento de zumbido 1010. Baguley D, McFerran D, Hall D. Tinnitus. Lancet 2013; 382:1600-7.. Ainda que a variável desfecho não permita esclarecer nem o tipo nem a causa da perda auditiva, em se tratando da população de rodoviários, não seria excessivo supor o agravamento do quadro mórbido diante das condições ambientais a que o grupo dos trabalhadores dos ônibus está exposto na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Aproximadamente um terço dos trabalhadores faltou ao trabalho por problemas de saúde nos últimos 12 meses. Nesse grupo, o relato de diagnóstico de perda auditiva aumentou em 42% quando comparado ao grupo dos que não relataram problema de saúde. Não foram encontrados na literatura estudos relacionando perda auditiva a absenteísmo, no entanto, é possível supor que os efeitos auditivos e não auditivos do ruído estejam provocando prejuízos para a saúde global dos sujeitos 2626. Centers for Disease Control and Prevention. Stress at work. 2010. http://www.cdc.gov/niosh/docs/99-101/ (acessado em 02/Ago/2014).
http://www.cdc.gov/niosh/docs/99-101/... e o consequente absenteísmo.
Os diagnósticos de doença ocupacional e hipertensão perderam a significância estatística no modelo final. Quanto à doença ocupacional, seria esperada a associação positiva porque a doença ocupacional auditiva é frequente em adultos jovens expostos a ruído. Dentro de outra perspectiva, a pergunta que deu origem ao desfecho não é clara quanto à origem do problema. Dessa feita, a ausência de associação pode ser explicada. Contudo, não podemos trazer mais elementos para resolver o impasse.
Quanto à hipertensão, a literatura não é convergente. Em vigência de exposição ao ruído, verificou-se aumento da pressão arterial sistólica em trabalhadores de uma empresa siderúrgica em Fars, Irã. Contudo, não se confirmou resultado significativo (p > 0,05) quando os índices pressóricos foram comparados com a situação anterior à exposição 2727. Zamanian Z, Rostami R, Hasanzadeh J, Hashemi H. Investigation of the effect of occupational noise exposure on blood pressure and heart rate of steel industry workers. J Environ Public Health 2013; 2013:256060.. Em um estudo transversal que focalizou amostra probabilística de 4.300 motoristas rodoviários da cidade de Isfahan, Irã, a pressão arterial não apresentou significância estatística com a perda auditiva induzida por ruído 2121. Janghorbani M, Sheikhi A, Pourabdian S. The prevalence and correlates of hearing loss in drivers in Isfahan, Iran. Arch Iran Med 2009; 12:128-34.. Considerando as características de frequência do ruído, no grupo de habitantes de domicílios de uma área circulada por rodovias de tráfego e ruído intensos da cidade de Taichung, Taiwan, evidenciou-se associação positiva entre hipertensão arterial e baixos níveis de frequência quando comparado à população exposta a maiores níveis de frequência do ruído 2828. Chang TY, Beelen R, Li SF, Chen TI, Lin YJ, Bao BY, et al. Road traffic noise frequency and prevalent hypertension in Taichung, Taiwan: a cross-sectional study. Environ Health 2014; 13:37..
Ruído excessivo, desconforto térmico e condições ergonômicas inadequadas explicam a intensa sobrecarga física e mental a que se expõem os rodoviários das metrópoles1616. Lopes AC, Otowiz VG, Lopes PMB, Lauris JRP, Santos CC. Prevalence of noise-induced hearing loss in drivers. Int Arch Otorhinolaryngol 2012; 16: 509-14.. Os relatos de vibração do corpo inteiro e de ruído insuportável dentro do ônibus aumentaram 36% e 47%, respectivamente, a probabilidade de diagnóstico de perda auditiva. Esse mesmo efeito não foi registrado para o caso do relato de desconforto térmico (temperatura interna do ônibus incômoda e insuportável).
A exposição isolada ao ruído ou a combinação com a vibração do corpo inteiro provocam diferentes percepções de desconforto nos sujeitos. O desconforto da exposição a ambos os agentes em diferentes combinações de ruído e vibração pôde ser prevista em um modelo de regressão linear 2929. Huang Y, Griffin MJ. The discomfort produced by noise and whole-body vertical vibration present sepatately and in combinations. Ergonomics 2014; 57:1724-38.. De cunho experimental, tais resultados indicam a necessidade de estudos em situação real.
A vibração do corpo inteiro pode provocar cansaço, dor na coluna e desatenção. O nível de pressão sonora elevado pode gerar zumbido, sensação de plenitude auricular, sensação de piora da audição, cansaço, irritação, nervosismo, ansiedade e desatenção. Vibração do corpo inteiro foi relevante, mas não foi observada associação desta com a perda auditiva de origem ocupacional, nem interação com a exposição ao ruído na amostra de rodoviários de São Paulo 2323. Silva LF, Mendes R. Exposição combinada entre ruído e vibração e seus efeitos sobre a audição de trabalhadores. Rev Saúde Pública 2005; 39:9-17..
Os resultados apresentados devem ser interpretados com cautela, pois o desfecho pode ser atribuído ao trabalho apenas no plano das hipóteses. Essas seriam calcadas nas associações com o microambiente do ônibus que se revelou poluído (vibração, ruído e temperatura desconfortáveis). A relação entre perda auditiva de origem ocupacional e as demais variáveis foi realizada por meio de autorrelato sem inclusão dos dados do exame audiométrico tonal. A confirmação do diagnóstico de perda auditiva dependeria do traçado típico dessa condição nos audiogramas e da comprovação da exposição ao ruído no ambiente de trabalho. Quanto a essa, é fundamental caracterizar tanto a intensidade quanto a característica do ruído 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).. Sendo assim, é necessário assumir a redução da sensibilidade e especificidadedo método.
O estudo não foi delineado com o único propósito de se avaliar a prevalência de perda auditiva de origem ocupacional, mas a frequência ou proporção de tal morbidade descrita nos estudos é igualmente elevada (acima de 25%). Sendo assim, os indicadores de poder do teste utilizado coincidem com aqueles admitidos para dor lombar (desfecho principal para o cálculo amostral da pesquisa).
Uma vez declarado os seus principais limites, é desejável considerar a raridade de estudos que interrogaram diretamente os trabalhadores do transporte urbano no tema que abarcou, em nosso estudo, tanto a morbidade quanto a exposição. Vale mencionar que todas as associações encontradas são plausíveis, indicando a necessidade de intervir nas condições evidenciadas, a fim de transformá-las, conforme conclama a categoria dos rodoviários no cenário brasileiro atual.
Diante da impossibilidade de uso do protetor auricular, é crucial expandir a formação da categoria quanto aos riscos ocupacionais e aos efeitos na esfera física e social dos sujeitos com tal perda. No âmbito da prevenção, apoiar as negociações sociais seria uma maneira de alcançar melhorias das engrenagens e dispositivos dos veículos, cuja fabricação nem sempre incorpora avanços tecnológicos protetores do microambiente quanto à produção de ruído e vibração 2222. Siviero AB, Fernandes MJ, Lima JAC, Santoni CB, Bernadi APA. Prevalência de perda auditiva em motoristas de ônibus de transporte coletivo da cidade de Maringá, PR. Rev CEFAC 2005; 7:376-81., ambos potentes fatores de risco para perda auditiva.
Está indicado articular as políticas locais de promoção da saúde às ações lideradas pela Rede de Atenção à Saúde Auditiva. Entre elas estão as medidas de rastreamento precoce e o tratamento nos níveis de média e de alta complexidade 33. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).,3030. Ministério da Saúde. Portaria no 587, de 07 de outubro de 2004. Determina que as Secretarias de Estado da Saúde dos estados adotem as providências necessárias à organização e implantação das Redes Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva e da outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil 2004; 11 out.,3131. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde).. Ampliar o acesso aos locais de assistência – Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) que formam a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) – seria um facilitador rumo à melhoria da assistência à saúde auditiva.
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Set 2015
Histórico
- Recebido
01 Set 2014 - Revisado
04 Mar 2015 - Aceito
24 Mar 2015