Resumo:
No contexto brasileiro, o índice de fragilidade ainda não foi avaliado em relação à sua capacidade de predizer mortalidade em idosos comunitários. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação entre o índice de fragilidade e mortalidade em idosos. Trata-se de um estudo prospectivo, composto por dados provenientes da Rede FIBRA-2008-2009 em Campinas, Estado de São Paulo, com informações de pessoas não institucionalizadas da área urbana e pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade. Comparações e associações estatísticas foram feitas mediante os testes: Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, qui-quadrado e regressão de Cox com intervalos de 95% de confiança. Participaram 689 idosos 72,1 ± 5,3 anos); 68,8% deles eram mulheres. A prevalência de idosos frágeis foi de 38,8%, de pré-frágeis 51,6% e robustos 9,6%; a média geral do índice de fragilidade foi maior nas mulheres. Não houve associação entre o índice de fragilidade e a idade cronológica. A regressão de Cox indicou que as variáveis idade HR: 1,10; IC95%: 1,05-1,15) e sexo HR: 0,57; IC95%: 0,33-0,99) foram significativamente associadas à mortalidade. Não foi observada associação entre o índice de fragilidade e mortalidade HR: 3,02; IC95%: 0,24-37,64). O índice de fragilidade não foi capaz de predizer mortalidade em idosos brasileiros residentes na comunidade.
Palavras-chave:
Idoso; Idoso Fragilizado; Saúde do Idoso; Mortalidade
Resumen:
En el contexto brasileño, el índice de fragilidad todavía no fue evaluado en relación a su capacidad de predecir mortalidad en ancianos residentes en comunidades de escasos recursos. El objetivo del presente trabajo fue evaluar la asociación entre el índice de fragilidad y mortalidad en ancianos. Se trata de un estudio prospectivo, compuesto por datos provenientes de la Red FIBRA-2008-2009 en Campinas, Estado de São Paulo, con información de personas no institucionalizadas del área urbana y por el Sistema de Información de Mortalidad. Comparaciones y asociaciones estadísticas se realizaron mediante los tests: Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, chi-cuadrado y regresión de Cox con intervalos de confianza de 95%. Participaron 689 ancianos 72,1 ± 5,3 años); un 68,8% de ellos eran mujeres. La prevalencia de ancianos frágiles fue de un 38,8%, de pre-frágiles 51,6% y fuertes 9,6%; la media general del índice de fragilidad fue mayor en las mujeres. No hubo asociación entre el índice de fragilidad y la edad cronológica. La regresión de Cox indicó que las variables edad HR: 1,10; IC95%: 1,05-1,15) y sexo HR: 0,57; IC95%: 0,33-0,99) fueron significativamente asociadas a la mortalidad. No se observó asociación entre el índice de fragilidad y mortalidad HR: 3,02; IC95%: 0,24-37,64). El índice de fragilidad no fue capaz de predecir mortalidad en ancianos brasileños residentes en comunidades sin recursos.
Palabras-clave:
Anciano; Anciano Frágil; Salud del Anciano; Mortalidad
Introdução
A fragilidade é definida como uma síndrome clínica de aumento da vulnerabilidade a estressores internos e externos de várias naturezas. Reflete o declínio das reservas de energia inerente ao envelhecimento fisiológico, que pode ser potencializado por variáveis biológicas e ambientais atuais e do curso de vida 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,22. Kulminski A, Yashin A, Ukraintseva S, Akushevich I, Arbeev K, Land K, et al. Accumulation of health disorders as a systemic measure of aging: findings from the NLTCS data. Mech Ageing Dev 2006; 127:840-8.,33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.,44. Walston J, Hadley EV, Ferrucci L, Guralnik JM, Newman AB, Studenski SA, et al. Research agenda for frailty in older adults: toward a better understanding of physiology and etiology: summary from the American Geriatrics Society/National Institute on Aging Research Conference on Frailty in older adults. J Am Geriatr Soc 2006; 54:991-1001.. Envolve um conjunto de características e de determinantes genéticos e ambientais que distinguem os indivíduos de uma coorte 44. Walston J, Hadley EV, Ferrucci L, Guralnik JM, Newman AB, Studenski SA, et al. Research agenda for frailty in older adults: toward a better understanding of physiology and etiology: summary from the American Geriatrics Society/National Institute on Aging Research Conference on Frailty in older adults. J Am Geriatr Soc 2006; 54:991-1001.,55. Karunananthan S, Wolfson C, Bergman H, Béland F, Hogan DB. A multidisciplinary systematic literature review on frailty: overview of the methodology used by the Canadian Initiative on Frailty and Aging. BMC Med Res Methodol 2009; 9:68.,66. Sternberg SA, Schwartz AW, Karunananthan S, Bergman H, Clarfield AM. The identification of frailty: a systematic literature review. J Am Geriatr Soc 2011; 59:2129-38.. Entre os estudiosos do tema, são consensuais as noções de vulnerabilidade aumentada, heterogeneidade e multidimensionalidade associadas à fragilidade 44. Walston J, Hadley EV, Ferrucci L, Guralnik JM, Newman AB, Studenski SA, et al. Research agenda for frailty in older adults: toward a better understanding of physiology and etiology: summary from the American Geriatrics Society/National Institute on Aging Research Conference on Frailty in older adults. J Am Geriatr Soc 2006; 54:991-1001.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.,88. Yang Y, Lee LC. Dynamics and heterogeneity in the process of human frailty and aging: evidence from the U.S. older adult population. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2010; 65:246-55.,99. Rodríguez-Mañas L, Féart C, Mann G, Viña J, Chatterji S, Chdozko-Zajko W, et al. Searching for a operational definition of frailty: a Delphi method based consensus statement. The Frailty Operative Definition-Consensus Conference Project. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2013; 68:62-7.,1010. Morley JE, Vellas B, van Kan GA, Anker SD, Bauer JM, Bernabei R, et al. Frailty consensus: a call for action. J Am Med Dir Assoc 2013; 14:392-7.. Em termos clínicos, admite-se que oferece riscos para eventos adversos, tais como quedas, redução da mobilidade, perda de independência, hospitalização, incapacidades e morte. Dentre esses desfechos, mortalidade, incapacidade funcional e institucionalização são os mais comumente encontrados na literatura 66. Sternberg SA, Schwartz AW, Karunananthan S, Bergman H, Clarfield AM. The identification of frailty: a systematic literature review. J Am Geriatr Soc 2011; 59:2129-38.,1111. Bouillon K, Kivimaki M, Hamer M, Sabia S, Fransson EI, Singh-Manoux A, et al. Measures of frailty in population based studies: an overview. BMC Geriatr 2013; 13:64..
Existem diferentes formas de operacionalização do fenômeno 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.,44. Walston J, Hadley EV, Ferrucci L, Guralnik JM, Newman AB, Studenski SA, et al. Research agenda for frailty in older adults: toward a better understanding of physiology and etiology: summary from the American Geriatrics Society/National Institute on Aging Research Conference on Frailty in older adults. J Am Geriatr Soc 2006; 54:991-1001.,55. Karunananthan S, Wolfson C, Bergman H, Béland F, Hogan DB. A multidisciplinary systematic literature review on frailty: overview of the methodology used by the Canadian Initiative on Frailty and Aging. BMC Med Res Methodol 2009; 9:68.,66. Sternberg SA, Schwartz AW, Karunananthan S, Bergman H, Clarfield AM. The identification of frailty: a systematic literature review. J Am Geriatr Soc 2011; 59:2129-38.,99. Rodríguez-Mañas L, Féart C, Mann G, Viña J, Chatterji S, Chdozko-Zajko W, et al. Searching for a operational definition of frailty: a Delphi method based consensus statement. The Frailty Operative Definition-Consensus Conference Project. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2013; 68:62-7.. Segundo a revisão da literatura realizada por Boiullon et al. 1111. Bouillon K, Kivimaki M, Hamer M, Sabia S, Fransson EI, Singh-Manoux A, et al. Measures of frailty in population based studies: an overview. BMC Geriatr 2013; 13:64., o modelo mais adotado é o do fenótipo de fragilidade proposto por Fried et al. 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56. e, em segundo lugar, o índice de fragilidade IF), conforme descrição de Mitnitski et al. 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36. e Rockwood & Mitnitski 7.
O IF é um modelo matemático derivado dos dados do estudo longitudinal Canadian Study of Health and Aging CSHA) 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24.. Não prevê um conjunto específico de marcadores clínicos presentes na velhice, como o modelo de Fried et al. 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56., mas contempla a somatória de déficits observados em diferentes sistemas no momento da medida sinais, sintomas, incapacidade funcional, morbidades, medidas laboratoriais) 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,22. Kulminski A, Yashin A, Ukraintseva S, Akushevich I, Arbeev K, Land K, et al. Accumulation of health disorders as a systemic measure of aging: findings from the NLTCS data. Mech Ageing Dev 2006; 127:840-8.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7., com base na noção de que as alterações associadas à idade têm um efeito acumulativo na saúde. Baseia-se na quantificação das alterações observadas em uma variedade de condições fisiológicas, psicológicas e funcionais, e na busca de relações entre elas e desfechos adversos em idosos 1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24.,1313. Drubbel I, Numans ME, Kranenburg G, Bleijenberg N, de Wit NJ, Schuurmans MJ. Screening for frailty in primary care: a systematic review of the psychometric properties of the frailty index in community-dwelling older people. BMC Geriatr 2014; 14:27.. De acordo com Rockwood & Mitnitski 77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7., a fragilidade é decorrente do acúmulo de déficits e expressa numa escala contínua que varia de 0 a 1, que reflete a relação entre o número de déficits que o indivíduo apresenta e o total de déficits possíveis integrantes do modelo correspondente à amostra investigada por exemplo, um indivíduo com 4 déficits presentes em 38 variáveis consideradas apresenta um IF de 0,10) 77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.,1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24..
O IF não requer a inclusão de um número específico de déficits. Estudos prévios utilizaram de 30 a 70 variáveis 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,22. Kulminski A, Yashin A, Ukraintseva S, Akushevich I, Arbeev K, Land K, et al. Accumulation of health disorders as a systemic measure of aging: findings from the NLTCS data. Mech Ageing Dev 2006; 127:840-8.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.,1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,1515. Fang X, Shi J, Song X, Mitnitski A, Tang Z, Wang C, et al. Frailty in relation to the risk of falls, fractures, and mortality in older Chinese adults: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Nutr Health Aging 2012; 16:903-7.. Entretanto, para integrar o índice a variável deve satisfazer os seguintes critérios: ser associada à idade e a desfechos negativos em saúde; estar presente em pelo menos 1% da população; abranger vários sistemas orgânicos; não conter mais de 5% de dados faltantes; e não ser saturada, ou seja, estar presente em menos de 80% das pessoas abaixo de 90 anos 1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24.,1616. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty defined by deficit accumulation and geriatric medicine defined by frailty. Clin Geriatr Med 2011; 27:17-26.,1717. Howlett SE, Rocwood K. New horizons in frailty: ageing and the deficits-scaling problems. Age Ageing 2013; 42:416-23.. Em idosos da comunidade, a prevalência de fragilidade medida pelo modelo do IF gira em torno de 24% 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,1818. Collard RM, Boter H, Schoevers RA, Voshaar RCO. Prevalence of frailty in community-dwelling older persons: a systematic review. J Am Geriatr Soc 2012; 60:1487-92.,1919. Shamlyian T, Talley KMC, Ramakrishnan R, Kane R. Association of frailty with survival: a systematic literature review. Ageing Res Rev 2013; 12:719-36.. É mais alto entre as mulheres do que entre os homens e aumenta em função da idade 1313. Drubbel I, Numans ME, Kranenburg G, Bleijenberg N, de Wit NJ, Schuurmans MJ. Screening for frailty in primary care: a systematic review of the psychometric properties of the frailty index in community-dwelling older people. BMC Geriatr 2014; 14:27.,1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,1515. Fang X, Shi J, Song X, Mitnitski A, Tang Z, Wang C, et al. Frailty in relation to the risk of falls, fractures, and mortality in older Chinese adults: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Nutr Health Aging 2012; 16:903-7.,1919. Shamlyian T, Talley KMC, Ramakrishnan R, Kane R. Association of frailty with survival: a systematic literature review. Ageing Res Rev 2013; 12:719-36.,2020. Kulminski AM, Ukraintseva SV, Kulminskaya IV, Arbeev KG, Land K, Yashin AI. Cumulative deficits better characterize susceptibility to death in elderly people than phenotypic frailty: lessons from the Cardiovascular Health Study. J Am Geriatr Soc 2008; 56:898-903..
No estudo de Song et al. 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7., o IF foi composto por 36 déficits que incluíram condições de saúde, sinais e sintomas, e incapacidade funcional. Foram considerados frágeis os indivíduos que pontuaram > 0,25. Os resultados obtidos mostraram que o IF médio foi maior nos idosos que morreram do que nos que sobreviveram durante o seguimento. Quanto maior o número de déficits maiores os riscos para eventos adversos. Os idosos frágeis apresentam risco de morte 15% maior do que os não frágeis, independentemente do sexo 1919. Shamlyian T, Talley KMC, Ramakrishnan R, Kane R. Association of frailty with survival: a systematic literature review. Ageing Res Rev 2013; 12:719-36.. O IF é uma medida mais robusta de predição de mortalidade do que a idade cronológica 22. Kulminski A, Yashin A, Ukraintseva S, Akushevich I, Arbeev K, Land K, et al. Accumulation of health disorders as a systemic measure of aging: findings from the NLTCS data. Mech Ageing Dev 2006; 127:840-8.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.,1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7..
No estudo de Kulminski et al. 2020. Kulminski AM, Ukraintseva SV, Kulminskaya IV, Arbeev KG, Land K, Yashin AI. Cumulative deficits better characterize susceptibility to death in elderly people than phenotypic frailty: lessons from the Cardiovascular Health Study. J Am Geriatr Soc 2008; 56:898-903., o IF mostrou maior acurácia na discriminação dos idosos com fragilidades moderada e grave do que o fenótipo de fragilidade 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56., uma vez que avalia a fragilidade como produto do efeito acumulado dos déficits em múltiplos sistemas fisiológicos numa escala contínua e não por meio de indicadores específicos presentes na velhice 1111. Bouillon K, Kivimaki M, Hamer M, Sabia S, Fransson EI, Singh-Manoux A, et al. Measures of frailty in population based studies: an overview. BMC Geriatr 2013; 13:64.,1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,1919. Shamlyian T, Talley KMC, Ramakrishnan R, Kane R. Association of frailty with survival: a systematic literature review. Ageing Res Rev 2013; 12:719-36.,2020. Kulminski AM, Ukraintseva SV, Kulminskaya IV, Arbeev KG, Land K, Yashin AI. Cumulative deficits better characterize susceptibility to death in elderly people than phenotypic frailty: lessons from the Cardiovascular Health Study. J Am Geriatr Soc 2008; 56:898-903.,2121. Blodgett J, Theou O, Kirkland S, Andreou P, Rockwood K. Frailty in NHANES: comparing the frailty index and phenotype. Arch Gerontol Geriatr 2015; 60:464-70.. Com base no conceito da heterogeneidade biológica, quanto maior o escore no IF maior o risco de morte independentemente da idade cronológica 1. Nesse contexto, a hipótese do presente estudo é que a medida do IF é capaz de predizer mortalidade independentemente da idade cronológica. Não há estudos brasileiros sobre fragilidade e mortalidade em idosos utilizando o modelo de déficits acumulados. O objetivo do trabalho foi investigar a prevalência de fragilidade com base no IF e a associação entre esta medida de fragilidade e a ocorrência de morte em idosos da comunidade.
Material e métodos
Esta investigação foi realizada com base em dois bancos de dados. Um foi o banco eletrônico do Estudo FIBRA acrônimo de Fragilidade em Idosos Brasileiros), conduzido em Campinas, São Paulo, Brasil, no contexto de uma pesquisa multicêntrica, populacional e de corte transversal, cuja finalidade foi investigar fragilidade e suas relações com as variáveis sociodemográficas, psicossociais, clínicas, cognitivas, antropométricas, de capacidade funcional e de saúde física e mental em idosos da comunidade. O segundo banco de dados utilizado foi o do Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM) da cidade de Campinas, anos 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, que foi acessado semestralmente.
O projeto do Estudo FIBRA foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, e aprovado mediante o parecer nº 208/2007. Este trabalho foi submetido como adendo ao projeto principal e aprovado sob o parecer nº 736.943/2010. Foram seguidos os princípios éticos da Declaração de Helsinki e todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Participantes
Os participantes do Estudo FIBRA foram recrutados em domicílios familiares ou individuais situados em 90 setores censitários urbanos de Campinas selecionados aleatoriamente, nos quais foram recrutadas cotas previamente especificadas de homens e de mulheres de 65 a 69, 70 a 74, 75 a 79 e 80 e mais anos, cotas estas proporcionais à sua presença na população idosa de cada setor censitário. Foram adotados os seguintes critérios de elegibilidade: ter idade igual ou superior a 65 anos, ser residente permanente no domicilio e no setor censitário, e ausência de comprometimentos graves de cognição, comunicação, sensoriais e mobilidade. Os critérios de exclusão foram: problemas de memória, atenção, orientação espacial e temporal e comunicação, sugestivos de demência; idosos acamados; idosos com sequelas graves de acidente vascular encefálico, com perda de força e/ou afasia; idosos com doença de Parkinson em estágio grave ou instável, com comprometimentos graves da mobilidade, fala ou afetividade; idosos com déficits graves de audição ou visão, dificultando a comunicação; e idosos em estágio terminal 2222. Ferrucci L, Guralnik JM, Studenski S, Fried LP, Cutler Jr. GB, Walston JD, et al. Designing randomized, controlled trials aimed at preventing or delaying functional decline and disability in frail, older persons: a consensus report. J Am Geriatr Soc 2004; 52:625-34.. Do total de idosos recrutados, 1.055 compareceram aos locais de coleta de dados e 900 compuseram a amostra. As 155 exclusões foram determinadas pelos seguintes fatores: idade inferior a 65 anos, não residente no setor censitário ou desistência.
Os 900 idosos selecionados participaram da primeira fase da coleta de dados composta por um bloco de medidas sociodemográficas, antropométricas, clínicas e de fragilidade 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.. Nessa fase, a pontuação obtida no Mini-Exame do Estado Mental MEEM) foi utilizada como critério para a participação na segunda fase de coleta de dados de autorrelato relativos à saúde física e mental, ao desempenho funcional e ao bem-estar subjetivo. Foram utilizadas as seguintes notas de corte para exclusão: 17 para os analfabetos; 22 para idosos com escolaridade entre 1 e 4 anos; 24 para os com escolaridade entre 5 e 8 anos; e 26 para os que tinham 9 anos 2323. Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. "Mini-mental state". A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res 1975; 12:189-98.,2424. Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci S, Juliano Y. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr 1994; 52:1-7.,2525. Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr 2003; 61:777-81.. Seiscentos e oitenta e nove idosos sem déficit cognitivo sugestivo de demência selecionados por esse critério constituíram a amostra do presente estudo. A idade média era 72,1 ± 5,3; 68,8% deles eram mulheres 2626. Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF, Eulálio MC, Cabral BE, Siqueira MEC, et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública 2013; 29:778-92. Figura 1).
Composição da amostra de idosos do Estudo FIBRA selecionados para a construção do índice de fragilidade IF). Campinas, São Paulo, Brasil.
Variáveis e medidas
As variáveis de interesse foram investigadas mediante as seguintes condições:
a) IF: para compor o índice foram utilizadas 40 variáveis de diferentes domínios avaliadas pelo Estudo FIBRA, seguindo-se os critérios de elegibilidade adotados por Searle et al. 1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24. e Song et al. 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.. Dentre as medidas antropométricas disponíveis foram selecionadas: índice de massa corporal IMC) e a relação cintura-quadril RCQ) 2727. Santos DM, Siquieri R. Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos. Rev Saúde Pública 2005; 39:163-8.. Dentre as de autorrelato sobre saúde foram escolhidas: doenças crônicas, sinais e sintomas, dificuldades para desempenho em atividades da vida diária, quedas, número de medicamentos, tabagismo, alcoolismo, percepção de saúde e exercícios físicos e esportes ativos em situação de lazer 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.,1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24.,2828. Lawton M, Brody E. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist 1969; 9:179-86.,2929. Strawbridge WJ, Wallhagen MI, Cohen RD. Successful aging and well-being: self-rated compared with Rowe and Kahn. Gerontologist 2002; 42:727-33.. Dentre as medidas de desempenho físico foram consideradas: a velocidade de marcha e a força de preensão palmar 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.. Entre as variáveis psicossociais foram selecionadas: sintomas depressivos e satisfação com a vida 3030. Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, Lum O, Huang V, Adey M, et al. Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary report. J Psychiatr Res 1983; 17:37-49.,3131. Almeida OP, Almeida SA. Short versions of the Geriatric Depression Scale: a study of their validity for the diagnosis of major depressive episode according to ICD-10 and DSM-IV. Int J Geriatr Psychiatry 1999; 14:858-65..
Foram calculados os IFs de todos os participantes, levando-se em conta as variáveis selecionadas para compô-los. Quando as variáveis eram dicotômicas p. ex.: hipertensão - sim x não), a presença do atributo era pontuada como 1 e sua ausência como 0. Quando eram politômicas, foram criados pontos intermediários p. ex.: autoavaliação de saúde como muito boa = 0; boa = 0,25; regular = 0,5; ruim = 0,75; e muito ruim = 1). No caso do status cognitivo, esses pontos corresponderam aos quintis obtidos pela amostra no teste de rastreio cognitivo 1º quintil = 1; 2º quintil = 0,75; 3º quintil = 0,5; 4º quintil = 0,25 e 5º quintil = 0). Foram respeitadas as regras recomendadas pela literatura para avaliação de parâmetros, tais como a RCQ homens > 1 = 1,0; mulheres > 0,85 = 1,0; homens < 0,99 = 0 e mulheres < 0,84 = 0) 2727. Santos DM, Siquieri R. Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos. Rev Saúde Pública 2005; 39:163-8., a baixa força de preensão 20% menores valores da distribuição das médias das três tentativas realizadas ajustadas por sexo e IMC = 1,0) 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56., a baixa velocidade da marcha valores localizados acima do percentil 80 da distribuição das médias do tempo em segundos que o idoso gastou para percorrer 4,6 metros por três vezes) 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56. e o baixo nível de atividade física 20% menores valores da distribuição da soma das kcal gastas em exercícios físicos ajustada por sexo = 1,0) 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56.. Para cada idoso, o IF foi calculado baseando-se na soma das pontuações indicativas de fragilidade dividida por 40, que foi o total de itens selecionados do protocolo. Itens não respondidos foram excluídos da pontuação do participante. O menor denominador considerado foi de 29 déficits. Conforme critério proposto por Rockwood et al. 3232. Rockwood K, Andrew M, Mitnitski A. Comparison of two approaches to measuring frailty in elderly people. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:738-43., numa escala que variava de 0 a 1, foram classificados como robustos os que pontuaram ≤ 0,11, como pré-frágeis os que pontuaram entre 0,12 e 0,24 e como frágeis os idosos que obtiveram pontuação ≥ 0,25 Tabela 1) 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7..
Distribuição das variáveis consideradas na composição do índice de fragilidade IF), das categorias de fragilidade conforme pontuação no IF e a frequência de óbitos. Estudo FIBRA, Campinas, São Paulo, Brasil, 2008-2009.
b) Sexo e idade: dois itens de autorrelato masculino x feminino; número de anos vividos; data de nascimento).
c) Mortalidade: no banco do SIM do município foram identificados e contados os idosos sobreviventes e não sobreviventes, no período de 2009 a 2013, em cada um dos momentos de consulta. Para a obtenção do banco de dados foi utilizado relacionamento probabilístico de registros com a estratégia de blocagem em múltiplos passos relacionados: primeiro nome, último nome, ano de nascimento e endereço residencial. Foi medida pela proporção de incidência de óbitos de idosos de Campinas e a variável foi categorizada em “sim” ou não”.
Análise estatística
Os formulários do Estudo FIBRA foram sucessivamente conferidos por dois supervisores, antes da digitação. A conferência da digitação em banco eletrônico foi realizada por dois avaliadores treinados, com exigência de 100% de acordo. Foram feitas medidas de frequência das pontuações obtidas pelos idosos em cada uma das variáveis de saúde e psicossociais que compuseram o IF e nas faixas de escores correspondentes aos três níveis de fragilidade. Comparações estatísticas entre os índices de fragilidade dos grupos formados por homens e mulheres foram feitas mediante o teste de Mann-Whitney, e entre os grupos correspondentes às faixas de idade mediante o teste de Kruskal-Wallis. O teste de Dunn foi utilizado para comparações post hoc dos resultados do teste de Kruskal-Wallis. As frequências de idosos não sobreviventes e sobreviventes conforme sexo, idade e níveis de fragilidade foram comparadas por meio do teste qui-quadrado. Para investigar como as associações entre as variáveis independentes sexo, idade e níveis de fragilidade se associaram com mortalidade foi realizada a análise de regressão de Cox. As análises foram feitas utilizando-se o programa computacional SAS, versão 9.2 SAS Inst., Cary, Estados Unidos). O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, p < 0,05.
Resultados
Dos 689 cujos dados foram analisados segundo o protocolo do IF, 86,6% 588) responderam a 40 itens; 9,75% responderam a 39; 2,81% responderam a 38; 0,15% respondeu a 37; 0,30% respondeu a 31 e 0,15% respondeu a 29. Foram excluídos 12 idosos que deixaram de responder a mais de 30% dos itens investigados. Na Tabela 1 podem ser observadas as frequências absolutas e percentuais das variáveis que compuseram o IF de acordo com a pontuação adotada. Os IFs encontrados foram geralmente baixos ou intermediários: o valor mínimo observado foi 0,03 e o valor máximo, 0,62, com pequena dispersão em torno da média 0,23 ± 0,10) e a mediana apresentou um valor de 0,22. A prevalência de idosos frágeis foi de 38,8%, a de pré-frágeis de 51,6% e a de robustos de 9,6%.
As mulheres apresentaram valores médios dos subcomponentes do IF significantemente mais altos do que os homens em IMC, RCQ, fadiga, hipertensão arterial, artrite, osteoporose, incontinência urinária, quedas, problemas do sono, ajudas para utilizar transportes e fazer compras. Os índices médios dos homens sobrepujaram os das mulheres nas variáveis câncer, tabagismo, alcoolismo e ajuda no preparo de alimentos. A média geral do IF foi maior nas mulheres 0,25 ± 0,10) do que nos homens 0,20 ± 0,10) Tabela 2).
Comparação entre homens e mulheres com relação aos escores nas variáveis selecionadas para compor o índice de fragilidade IF) e de acordo com a pontuação do índice. Estudo FIBRA, Campinas, São Paulo, Brasil, 2008-2009 n = 677).
Em relação às médias de cada componente do IF com o grupo etário, as variáveis que apresentaram diferenças significativas foram: status cognitivo, RCQ, nível de atividade física, fadiga, força de preensão, lentidão da marcha, queda, problemas com o sono, ajuda para utilizar transportes, fazer compras e atividades domésticas. As diferenças entre as faixas etárias foram verificadas pelo teste de comparações múltiplas e estão representadas por letras na Tabela 3. A média geral do IF não apresentou diferença estatisticamente significativa em relação à faixa etária p = 0,063).
Ao longo dos cinco anos do seguimento, 8,2% dos idosos morreram. Não houve diferença significativa entre mortalidade e as variáveis gênero e IF Tabela 4). Houve um percentual significativamente mais alto de mortalidade nos idosos de 75 anos e mais Tabela 4).
A análise de regressão múltipla de Cox ajustada por idade, sexo e IF indicou que as variáveis idade e sexo foram significativamente associadas à mortalidade. Os idosos com maior risco de óbito foram os com maior idade a cada ano de idade, risco aumentado em 10,2%) e os homens risco de morte 73% maior do que as mulheres). Não foi observada associação entre o IF e mortalidade na amostra como um todo Tabela 5).
Comparação dos grupos de idade quanto aos escores nas variáveis selecionadas para compor o índice de fragilidade IF) e de acordo com a pontuação do índice. Estudo FIBRA, Campinas, São Paulo, Brasil, 2008-2009 n = 677).
Sobreviventes e não sobreviventes conforme o sexo, a idade e o índice de fragilidade IF). Estudo FIBRA, Campinas, São Paulo, Brasil, 2008-2009 n = 677).
Resultados da análise de regressão múltipla de Cox em relação às variáveis sexo, idade e índice de fragilidade IF), de acordo com o tempo de sobrevida dos participantes da pesquisa. Estudo FIBRA, Campinas, São Paulo, Brasil, 2008-2009 n = 676 *).
Discussão
A prevalência de idosos frágeis foi de 38,8%, superior à média de uma revisão de 24 estudos populacionais com idosos de 65 anos e mais, que observaram prevalência do IF da ordem de 24% variação de 18 a 44%) 1919. Shamlyian T, Talley KMC, Ramakrishnan R, Kane R. Association of frailty with survival: a systematic literature review. Ageing Res Rev 2013; 12:719-36.. O levantamento conduzido por Collard et al. 1818. Collard RM, Boter H, Schoevers RA, Voshaar RCO. Prevalence of frailty in community-dwelling older persons: a systematic review. J Am Geriatr Soc 2012; 60:1487-92., envolvendo 21 estudos com idosos da comunidade 61.500 participantes) encontrou prevalências variando entre 4 e 59%. Para a amostra total do Estudo FIBRA em Campinas n = 900), que usou o modelo de Fried et al. 33. Fried LP, Tangen C, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56:M146-56., foram encontrados 7,7% de idosos frágeis, 52,3% de pré-frágeis e 40% de robustos ou não frágeis. As mulheres e os idosos com 80 anos e mais pontuaram em um número mais alto de critérios de fragilidade do que os homens e os idosos com menos de 80 anos 2626. Neri AL, Yassuda MS, Araújo LF, Eulálio MC, Cabral BE, Siqueira MEC, et al. Metodologia e perfil sociodemográfico, cognitivo e de fragilidade de idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA. Cad Saúde Pública 2013; 29:778-92.,3333. Borim FSA, Costa TB, Moraes ZV, Pinto JM, Guariento ME, Neri AL. Indicadores de fragilidade. In: Neri AL, Guariento ME, organizadoras. Fragilidade, saúde e bem-estar em idosos. Dados do Estudo FIBRA Campinas. Campinas: Alínea Editora; 2011. p. 205-24..
Essa grande variação pode ser explicada pela diferença no instrumento para a avaliação da síndrome e as diferenças na composição da amostra, principalmente as relativas à etnia e à nacionalidade. Embora o declínio dos mecanismos de adaptação e regulação biológica associados ao envelhecimento seja universal, diferentes trajetórias podem distinguir indivíduos de diferentes coortes e os provenientes de diferentes contextos 88. Yang Y, Lee LC. Dynamics and heterogeneity in the process of human frailty and aging: evidence from the U.S. older adult population. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci 2010; 65:246-55.,2020. Kulminski AM, Ukraintseva SV, Kulminskaya IV, Arbeev KG, Land K, Yashin AI. Cumulative deficits better characterize susceptibility to death in elderly people than phenotypic frailty: lessons from the Cardiovascular Health Study. J Am Geriatr Soc 2008; 56:898-903.,3434. Arbeev KG, Ukraintseva SV, Akushevich I, Kulminski AM, Arbeeva LS, Akushevich L, et al. Age trajectories of physiological indices in relation to healthy life course. Mech Ageing Dev 2011; 132:93-102.,3535. Mitnitski A, Song X, Rockwood K. Trajectories of changes of twelve years in the health status of Canadians from late middle age. Exp Gerontol 2012; 47:893-9.,3636. Wang C, Song X, Mitnitski A, Fang X, Tang Z, Yu P, et al. Effect of health deficit accumulation and mortality risk in older adults in the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Am Geriatr Soc 2014; 62:821-8.,3737. Harttgen K, Kowal P, Strulik H, Chatterji S, Vollmer S. Patterns of frailty in older adults: comparing results from higher and lower income countries using the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe SHARE) and the Study on global AGEing and adult health SAGE). PLoS One 2013; 8:e75847..
As mulheres apresentaram IFs mais altos do que os homens, dado similar ao encontrado na literatura, como por exemplo as pesquisas: National Population and Health Survey NPHS) 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7., Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe SHARE) 3838. Romero-Ortuno R, Kenny RA. The frailty index in Europeans: association with age and mortality. Age Ageing 2012; 41:684-9. e Beijing Longitudinal Study of Aging1515. Fang X, Shi J, Song X, Mitnitski A, Tang Z, Wang C, et al. Frailty in relation to the risk of falls, fractures, and mortality in older Chinese adults: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Nutr Health Aging 2012; 16:903-7.. Diferentemente desses estudos, que também encontraram IFs mais elevados e maiores prevalências de fragilidade entre idosos mais velhos, na investigação ora relatada não foram observadas diferenças entre estas variáveis IF e faixa etária). Indivíduos na mesma faixa etária podem apresentar diferentes perfis de saúde. Entretanto, nesta amostra não foram encontradas diferenças em relação aos grupos de idade conforme propõe a medida do IF.
Neste trabalho, o risco para morte nos homens foi 1,73 vez maior do que nas mulheres. Num estudo envolvendo idosos chineses, as mulheres apresentaram média mais alta do IF do que os homens, e a incidência de morte foi maior para eles do que para elas 3939. Shi J, Yang Z, Song X, Yu P, Fang X, Tang Z, et al. Sex differences in the limit to deficit accumulation in late middle-aged and older Chinese people: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2014; 69:702-9.. Com amostra de idosos brasileiros, o sexo masculino implica a possibilidade de morrer 2,7 vezes maior do que o feminino 4040. Maia FOM, Duarte YAO, Lebrão ML, Santos JLF. Fatores de risco para mortalidade em idosos. Rev Saúde Pública 2006; 40:1049-56.. A literatura aponta que geralmente os homens morrem mais de doenças agudas, e as mulheres vivem mais tempo, mas com mais incapacidades e mais comorbidades 4141. Theou O, Rockwood MRH, Mitnitski A, Rockwood K. Disability and comorbidity in relation to frailty: how much do they overlap? Arch Gerontol Geriatr 2012; 55:e1-e8.,4242. Banks J, Muriel A, Smith JP. Disease prevalence, disease incidence, and mortality in the United States and in England. Demography 2010; 47:S211-31.. Kulminski et al. 2020. Kulminski AM, Ukraintseva SV, Kulminskaya IV, Arbeev KG, Land K, Yashin AI. Cumulative deficits better characterize susceptibility to death in elderly people than phenotypic frailty: lessons from the Cardiovascular Health Study. J Am Geriatr Soc 2008; 56:898-903. avaliaram a prevalência de morbidade entre homens e mulheres em relação à mortalidade, utilizando o modelo de déficits acumulados. Observaram que a prevalência de morbidades e o risco de mortalidade conforme o gênero podem variar em decorrência do conjunto de déficits utilizados, da coorte e dos fatores ambientais. Esses resultados mostram o paradoxo de morbimortalidade: apesar de apresentarem piores condições de saúde, as mulheres têm melhores taxas de sobrevida do que os homens.
A associação entre idade cronológica e mortalidade é amplamente descrita na literatura 4040. Maia FOM, Duarte YAO, Lebrão ML, Santos JLF. Fatores de risco para mortalidade em idosos. Rev Saúde Pública 2006; 40:1049-56.,4141. Theou O, Rockwood MRH, Mitnitski A, Rockwood K. Disability and comorbidity in relation to frailty: how much do they overlap? Arch Gerontol Geriatr 2012; 55:e1-e8.,4242. Banks J, Muriel A, Smith JP. Disease prevalence, disease incidence, and mortality in the United States and in England. Demography 2010; 47:S211-31.. As alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento e a menor reserva funcional são fatores importantes que influenciam a relação entre idade e mortalidade, principalmente na velhice avançada 3636. Wang C, Song X, Mitnitski A, Fang X, Tang Z, Yu P, et al. Effect of health deficit accumulation and mortality risk in older adults in the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Am Geriatr Soc 2014; 62:821-8.,4141. Theou O, Rockwood MRH, Mitnitski A, Rockwood K. Disability and comorbidity in relation to frailty: how much do they overlap? Arch Gerontol Geriatr 2012; 55:e1-e8.,4242. Banks J, Muriel A, Smith JP. Disease prevalence, disease incidence, and mortality in the United States and in England. Demography 2010; 47:S211-31..
A formulação teórica do modelo do IF considera que tal índice representaria uma medida da idade biológica dos indivíduos e que, portanto, o IF deveria ser um preditor mais robusto de mortalidade do que a própria idade cronológica 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.. Diferentemente do observado em pesquisas internacionais, no presente estudo não houve associação entre o IF e mortalidade 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,3636. Wang C, Song X, Mitnitski A, Fang X, Tang Z, Yu P, et al. Effect of health deficit accumulation and mortality risk in older adults in the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Am Geriatr Soc 2014; 62:821-8.,3838. Romero-Ortuno R, Kenny RA. The frailty index in Europeans: association with age and mortality. Age Ageing 2012; 41:684-9.. Pelo nosso conhecimento, este é o primeiro trabalho em que o IF não prediz mortalidade em idosos da comunidade. O principal objetivo da medida do IF é avaliar a heterogeneidade biológica, de modo a discriminar os indivíduos mais vulneráveis a eventos adversos em saúde 11. Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. ScientificWorldJournal 2001; 1:323-36.,77. Rockwood K, Mitnitski A. Frailty in relation to the accumulation of deficits. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:722-7.. Entretanto, nesta amostra, esse resultado não foi observado. Isso pode estar relacionado à limitação do índice em relação à variabilidade em saúde presente na velhice e suas diferentes influências sobre a ocorrência de eventos negativos 3737. Harttgen K, Kowal P, Strulik H, Chatterji S, Vollmer S. Patterns of frailty in older adults: comparing results from higher and lower income countries using the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe SHARE) and the Study on global AGEing and adult health SAGE). PLoS One 2013; 8:e75847.,4343. Mitnitski A, Song X, Skoog I, Broe GA, Cox JL, Grunfeld E, et al. Relative fitness and frailty of elderly men and women in developed countries and their relationship with mortality. J Am Geriatr Soc 2005; 53:2184-9.. Ou seja, alguns déficits têm um efeito muito maior nas taxas de mortalidade do que outros 4040. Maia FOM, Duarte YAO, Lebrão ML, Santos JLF. Fatores de risco para mortalidade em idosos. Rev Saúde Pública 2006; 40:1049-56.. Por exemplo, idosos com doença cardíaca, diabetes e hipertensão apresentam menor escore no IF se comparados aos idosos com osteoporose, artrite, que precisam de ajuda para utilizar transporte e realizar tarefas domésticas. Todavia, as primeiras condições são mais letais do que as últimas. Além disso, até o presente momento não há consenso sobre o ponto de corte a ser adotado como critério classificatório para o IF e para caracterizar o idoso frágil em diferentes contextos ambientais 3434. Arbeev KG, Ukraintseva SV, Akushevich I, Kulminski AM, Arbeeva LS, Akushevich L, et al. Age trajectories of physiological indices in relation to healthy life course. Mech Ageing Dev 2011; 132:93-102.,3535. Mitnitski A, Song X, Rockwood K. Trajectories of changes of twelve years in the health status of Canadians from late middle age. Exp Gerontol 2012; 47:893-9.,3636. Wang C, Song X, Mitnitski A, Fang X, Tang Z, Yu P, et al. Effect of health deficit accumulation and mortality risk in older adults in the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Am Geriatr Soc 2014; 62:821-8.,3737. Harttgen K, Kowal P, Strulik H, Chatterji S, Vollmer S. Patterns of frailty in older adults: comparing results from higher and lower income countries using the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe SHARE) and the Study on global AGEing and adult health SAGE). PLoS One 2013; 8:e75847.,4242. Banks J, Muriel A, Smith JP. Disease prevalence, disease incidence, and mortality in the United States and in England. Demography 2010; 47:S211-31.,4343. Mitnitski A, Song X, Skoog I, Broe GA, Cox JL, Grunfeld E, et al. Relative fitness and frailty of elderly men and women in developed countries and their relationship with mortality. J Am Geriatr Soc 2005; 53:2184-9.. A despeito de não haver consenso na literatura, os pontos de corte utilizados no presente estudo seguiram as recomendações feitas pelos desenvolvedores do IF 1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24.,1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7.,3232. Rockwood K, Andrew M, Mitnitski A. Comparison of two approaches to measuring frailty in elderly people. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:738-43.. Para Martin & Brighton 4444. Martin FC, Brighton P. Frailty: diferente tools for diferente purposes? Age Ageing 2008; 37:129-31. e Walston & Bandeen-Roche 4545. Walston JD, Bandeen-Roche K. Frailty: a tale of two concepts. BMC Med 2015; 13:185., apesar dos desenvolvedores do IF sugerirem que os itens que compõem a medida são correlacionados, ainda não há evidências sobre a validade interna do conjunto de itens que compõem o IF, uma vez que o número e a natureza das variáveis diferem em relação aos estudos que utilizaram o modelo operacional. No trabalho original do IF foram utilizadas 70 variáveis para compor a medida incluindo doenças, sinais e sintomas, incapacidades funcionais em atividades básicas e instrumentais da vida diária, declínio cognitivo e transtornos psicológicos 3232. Rockwood K, Andrew M, Mitnitski A. Comparison of two approaches to measuring frailty in elderly people. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2007; 62:738-43.. O Estudo FIBRA utilizou 40 variáveis para compor o IF. De acordo com Rockwood & Mitnitski 7 e Searle et al. 1212. Searle SD, Mitnitski AB, Gahbauer EA, Gill TM, Rockwood K. A standard procedure for creating a frailty index. BMC Geriatr 2008; 8:24., um índice composto por pelo menos 30 variáveis é capaz de predizer resultados adversos em saúde. Ademais, é necessário entender os mecanismos subjacentes da interação dos déficits na fisiopatologia da fragilidade 4545. Walston JD, Bandeen-Roche K. Frailty: a tale of two concepts. BMC Med 2015; 13:185..
Por conveniência, a coleta de dados do Estudo FIBRA foi realizada em um ambiente de uso social na comunidade, que era bem conhecido e de fácil acesso para os participantes. É provável que essa decisão, em parte, tenha selecionado os idosos com maior competência física. Da mesma forma, na seleção dos idosos para a segunda fase da coleta de dados, por meio do MEEM, o Estudo FIBRA claramente fez uma opção pelos idosos com cognição mais preservada. O estudo de Song et al. 1414. Song X, Mitnitski A, Rockwood K. Prevalence and 10-year outcomes of frailty in older adults in relation to deficit accumulation. J Am Geriatr Soc 2010; 58:681-7. não utilizou instrumento de rastreio cognitivo na seleção da amostra. No Beijing Longitudinal Study of Aging, a pontuação no MEEM não foi utilizada como critério de exclusão dos participantes 1515. Fang X, Shi J, Song X, Mitnitski A, Tang Z, Wang C, et al. Frailty in relation to the risk of falls, fractures, and mortality in older Chinese adults: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Nutr Health Aging 2012; 16:903-7.,3939. Shi J, Yang Z, Song X, Yu P, Fang X, Tang Z, et al. Sex differences in the limit to deficit accumulation in late middle-aged and older Chinese people: results from the Beijing Longitudinal Study of Aging. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2014; 69:702-9.. Este é o primeiro estudo brasileiro que investiga a prevalência do IF e sua associação com variáveis sociodemográficas e com o desfecho mortalidade. Os dados identificaram que as mulheres apresentaram maior IF do que os homens. Para a população estudada, o IF não representou uma boa medida de fragilidade por não se associar nem com a mortalidade nem com a idade cronológica. Outras pesquisas poderão avaliar e comparar diferentes medidas de fragilidade com desfechos desfavoráveis, assim como identificar fatores de proteção para os eventos negativos relacionados à síndrome da fragilidade.
Agradecimentos
O projeto foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes) processo nº 5550822006-7). À Capes, pela bolsa de pós-doutorado de F. S. A. Borim.
Referências
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
12 Jun 2017
Histórico
- Recebido
24 Nov 2015 - Revisado
22 Jun 2016 - Aceito
08 Jul 2016