Resposta à Carta às Editoras de Rotava et al.

Reply to the Letter to the Editors by Rotava et al.

Respuesta a la Carta a los Editoras de Rotava et al.

Gulnar Azevedo e Silva Itamar Bento Claro Jeane Glaucia Tomazelli Caroline Madalena Ribeiro Vania Reis Girianelli Patty Fidelis de Almeida Luciana Dias de Lima Sobre os autores

Agradecemos à Rotava et al. 11. Rotava G, Constantino NM, Machado MA, Marcon CEM. Carta às Editoras sobre o artigo de Azevedo e Silva et al. Cad Saúde Pública 2022; 38:e00202122. pelos comentários sobre o artigo Avaliação das Ações de Controle do Câncer de Colo do Útero no Brasil e Regiões a partir dos Dados Registrados no Sistema Único de Saúde, publicado em CSP 22. Azevedo e Silva G, Alcantara LLM, Tomazelli JG, Ribeiro CM, Girianelli VR, Santos EC, et al. Avaliação das ações de controle do câncer de colo do útero no Brasil e regiões a partir dos dados registrados no Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública 2022; 38:e00041722.. Gostaríamos de tecer alguns esclarecimentos sobre esses comentários. Nosso estudo teve como objetivo analisar a realização de exames de rastreamento e diagnóstico para o câncer de colo do útero entre mulheres de 25 a 64 anos, bem como investigar o atraso para o início do rastreamento no Brasil e grandes regiões no período de 2013 a 2020.

Na análise realizada, destacamos que a queda na cobertura do rastreamento e o seguimento inadequado de mulheres com resultados alterados indicam a necessidade de aprimorar as estratégias de detecção precoce da doença e estabelecer mecanismos de avaliação e monitoramento constante das ações.

O artigo considera que o rastreamento para o câncer de colo do útero, iniciado no final da década de 1990 no Brasil, com base no teste de Papanicolau, ainda não atingiu o impacto verificado em outros países da América Latina, como é o caso do Chile. Ainda existe grande desigualdade no acesso ao exame e ao tratamento das lesões precursoras ou confirmadas de câncer do colo do útero.

O estudo se baseou em dados dos sistemas de informações do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes ao rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer do colo do útero e, por esse motivo, não abordamos a prevenção primária, que está relacionada à diminuição do risco de infecção pelo HPV, feita por meio da vacina.

Destacamos no artigo que, para a eliminação do câncer do colo do útero até o ano de 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como uma de suas metas que 90% das meninas de até 15 anos sejam vacinadas contra o HPV 33. World Health Organization. Global strategy to accelerate the elimination of cervical cancer as a public health problem. Genebra: World Health Organization; 2020.. Reconhecemos, assim, que a vacinação, em conjunto com o exame preventivo ginecológico, se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Contudo, é preciso deixar claro que a vacina terá impacto no futuro para a coorte de meninas vacinadas. Para mulheres já infectadas, a eficácia da vacina é baixa, e não se pode abrir mão ao rastreamento conforme preconizado para a faixa etária de 25 a 64 anos.

Além disso, mesmo para as que foram vacinadas na idade indicada no programa, o rastreamento na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde deve ser realizado, dado que as vacinas disponíveis no momento não protegem contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.

No Brasil, a primeira dose da vacina foi aplicada nas escolas, em 2014, e alcançou uma cobertura de 93,4% da população feminina de 11 a 13 anos. Ao fim desse mesmo ano, a cobertura nacional com duas doses em meninas da mesma faixa etária foi de 49% 44. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. PNI - Programa Nacional de Imunizações. Boletim Informativo do PNI-02/2016 - Vacinação contra HPV. https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2016/10/images_Boletim_informativo__HPV002-2016.pdf (acessado em 06/Out/2022).
https://www.conasems.org.br/wp-content/u...
. Apesar de tratar-se de vacina disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI), grande dificuldade tem sido encontrada para assegurar a cobertura vacinal adequada no país 55. Moura LL, Codeço CT, Luz PM. Cobertura da vacina papilomavírus humano (HPV) no Brasil: heterogeneidade espacial e entre coortes etárias. Rev Bras Epidemiol 2021; 24:e210001., o que diminui o impacto da vacinação.

Portanto, cabe ao PNI aprimorar estratégias que aumentem a cobertura vacinal, como observado nos países que adotaram o modelo de vacina nas escolas. Para isso, é necessário investir na integração entre unidades de saúde e escolas, com ações de esclarecimento e sensibilização dos adolescentes e familiares para o cuidado com a saúde.

Ao mesmo tempo, deve ser incentivada a realização do exame preventivo, não somente de forma oportunística, mas de maneira organizada, com convocação de toda a população-alvo.

Reiteramos a importância da atenção primária em saúde e do trabalho das equipes da Estratégia Saúde da Família na prevenção desse câncer, que pode ser considerado uma doença evitável.

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  • 1
    Rotava G, Constantino NM, Machado MA, Marcon CEM. Carta às Editoras sobre o artigo de Azevedo e Silva et al. Cad Saúde Pública 2022; 38:e00202122.
  • 2
    Azevedo e Silva G, Alcantara LLM, Tomazelli JG, Ribeiro CM, Girianelli VR, Santos EC, et al. Avaliação das ações de controle do câncer de colo do útero no Brasil e regiões a partir dos dados registrados no Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública 2022; 38:e00041722.
  • 3
    World Health Organization. Global strategy to accelerate the elimination of cervical cancer as a public health problem. Genebra: World Health Organization; 2020.
  • 4
    Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. PNI - Programa Nacional de Imunizações. Boletim Informativo do PNI-02/2016 - Vacinação contra HPV. https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2016/10/images_Boletim_informativo__HPV002-2016.pdf (acessado em 06/Out/2022).
    » https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2016/10/images_Boletim_informativo__HPV002-2016.pdf
  • 5
    Moura LL, Codeço CT, Luz PM. Cobertura da vacina papilomavírus humano (HPV) no Brasil: heterogeneidade espacial e entre coortes etárias. Rev Bras Epidemiol 2021; 24:e210001.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    12 Nov 2022
  • Aceito
    17 Nov 2022
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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