Resumos
Este trabalho apresenta um diagrama produzido na dissertação “Vibrações: a Arte/Educação nas Práticas e nos Discursos em Saúde Mental”, realizada junto ao programa de pós-graduação em Artes da Unesp. Valendo-se da perspectiva arqueológica proposta por Foucault, procurou-se escavar os estratos ou camadas sobrepostas dos saberes construídos em torno das concepções de loucura, subjetividade e arte, com a finalidade de ressaltar as transformações históricas que tais concepções sofreram ao longo dos tempos, por meio de palavras e imagens.
Perspectiva arqueológica; Foucault; Loucura; Subjetividade e arte
This paper presents a diagram that was produced in the dissertation “Vibrations: Art/Education in Practice and Discourse within Mental Health” which was developed within the Arts Graduate Program at Unesp. From the archaeological perspective proposed by Foucault, it was sought to excavate strata or layers of knowledge built around the concepts of madness, subjectivity and art, in order to emphasize the historical transformations that these conceptions have undergone over time, through words and images.
Archaeological perspective; Foucault; Madness; Subjectivity and art
Este trabajo presenta un diagrama producido en la disertación “Vibraciones: el Arte/Educación en las prácticas y en los discursos en la salud mental” realizada con el programa de post-grado en Artes de la Unesp. Valiéndose de la perspectiva arqueológica propuesta por Foucault, se buscó excavar en los estratos o capas sobrepuestos de los saberes construidos alrededor de las concepciones de locura, subjetividad y arte, con la finalidad de subrayar las transformaciones históricas su fricas por tales concepciones en el transcurso de los tiempos, por medio de palabras e imágenes.
Perspectiva arqueológica; Foucault; Locura; Subjetividad y arte
Introdução
A perspectiva arqueológica11 Foucault M. Arqueologia do saber [1969]. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 2009. que pretende “vasculhar os arquivos da humanidade para neles encontrar as origens complicadas e humildes de nossas convicções elevadas”22 Veyne P. Foucault: seu pensamento, sua pessoa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2011. (p. 97), compreende que os jogos de força “não têm primeiro motor: a economia não é causa suprema que comandaria todo o resto; nem a sociedade; tudo age sobre tudo, tudo reage contra tudo”22 Veyne P. Foucault: seu pensamento, sua pessoa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2011. (p. 98).
Estrato 1
“De um lado, haverá uma nau dos loucos cheia de rostos furiosos que aos poucos mergulha na noite, entre paisagens que falam da estranha alquimia dos saberes, das surdas ameaças da bestialidade e do fim dos tempos. Do outro, haverá uma nau dos loucos que constitui, para os prudentes, a Odisséia exemplar e didática dos defeitos humanos”.33 Foucault M. História da loucura na idade clássica [1961]. São Paulo: Perspectiva; 2004. (p. 27)
Estrato 2
“Não se esperou o século XVII para ‘fechar’ os loucos, mas foi nessa época que se começou a ‘interná-los, misturando-os a toda uma população com a qual se lhes reconhecia algum parentesco. Até a Renascença, a sensibilidade à loucura estava ligada à presença de transcendências imaginárias. A partir da era clássica e pela primeira vez, a loucura é percebida através da condenação ética da ociosidade e numa imanência social garantida pela comunidade de trabalho. Esta comunidade adquire um poder ético de divisão que lhe permite rejeitar, como num outro mundo, todas as formas da inutilidade social. É nesse outro mundo, delimitado pelos poderes sagrados do labor, que a loucura vai adquirir esse estatuto que lhe reconhecemos. Se existe na loucura clássica alguma coisa que fala de outro lugar e de outra coisa, o é porque o louco vem de um outro céu, o do insano, ostentando seus signos. É porque ele atravessa por conta própria as fronteiras da ordem burguesa, alienando-se fora dos limites sacros de sua ética”.33 Foucault M. História da loucura na idade clássica [1961]. São Paulo: Perspectiva; 2004. (p. 73)
Estrato 3
“É entre os muros do internamento que Pinel e a psiquiatria do século XIX encontrarão os loucos: é lá – não nos esqueçamos – que eles os deixarão, não sem antes se vangloriarem por terem-nos ‘libertado’”.33 Foucault M. História da loucura na idade clássica [1961]. São Paulo: Perspectiva; 2004. (p. 48)
Estrato 4
“Um lugar mítico no campo, o castelo de La Borde abriga uma clínica psiquiátrica singular, na qual se trata a loucura de maneira diferente. La Borde tornou-se ao longo do tempo uma utopia realizada [...]. Brecha na tradição do aprisionamento do mundo da loucura, [...], parece reatar com outras modalidades, pré-clínicas, da indistinção de loucos e de homens dotados de razão, da normalidade e da patologia”.44 Dosse F. Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada. Porto Alegre: Artmed; 2010. (p. 44)
Referências
- 1Foucault M. Arqueologia do saber [1969]. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 2009.
- 2Veyne P. Foucault: seu pensamento, sua pessoa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2011.
- 3Foucault M. História da loucura na idade clássica [1961]. São Paulo: Perspectiva; 2004.
- 4Dosse F. Gilles Deleuze & Félix Guattari: biografia cruzada. Porto Alegre: Artmed; 2010.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Jul-Sep 2015
Histórico
- Recebido
12 Maio 2015 - Aceito
28 Maio 2015