Narrativas oníricas e a partilha de experiências (extra)ordinárias

Narrativas oníricas y la compartición de experiencias (extra)ordinarias

Jaquelina Maria Imbrizi Adriana Rodrigues Domingues Sobre os autores

Resumos

As narrativas oníricas são fragmentos de experiências extra(ordinárias) que podem produzir interpelações sobre o lugar social ocupado pelo sonhante e por aquelas pessoas que exercitam a escuta, construindo espaços de partilha sobre imaginários, impressões e afetos. Neste artigo refletimos sobre as diferentes funções que a experiência de narrar e escutar o conteúdo onírico exerce em uma comunidade, e abordamos a relação entre os sonhos e os períodos de crise política e sanitária no contexto das universidades públicas brasileiras, como a imposta pela pandemia do Covid-19. Como objeto de análise, destacamos um sonho apresentado em projeto de extensão universitária e apontamos dimensões de tratamento do material onírico que podem nos ajudar a encontrar pistas para outras formas de habitarmos a sociedade.

Palavras-chave
Sonho; Narrativa; Pandemia; Extensão universitária


Las narrativas oníricas son fragmentos de experiencias extra(ordinarias) que pueden producir interpelaciones sobre el lugar social ocupado por la persona que sueña y por las personas que ejercitan el escuchar, construyendo espacios de compartición sobre imaginarios, impresiones y afectos. En este artículo reflexionamos sobre las diferentes funciones que la experiencia de narrar y escuchar el contenido onírico ejerce para una comunidad y abordamos la relación entre los sueños y los períodos de crisis política y sanitaria en el contexto de las universidades públicas brasileñas, como la impuesta por la pandemia de Covid-19. Como objeto de análisis, destacamos un sueño presentado en proyecto de extensión universitaria y señalamos dimensiones de tratamiento del material onírico que pueden ayudarnos a encontrar pistas para otras formas de habitar la sociedad.

Palabras clave
Sueño; Narrativa; Pandemia; Extensión universitaria


Introdução

Para Conrado Federici

Uma geração que ainda fora à escola num bonde puxado por cavalos viu-se sem teto, numa paisagem diferente em tudo, exceto nas nuvens, e em cujo centro, num campo de forças de correntes e explosões destruidoras, estava o frágil e minúsculo corpo humano11 Benjamin W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense; 1994.. (p. 115)

O lançamento do livro "O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho", de Sidarta Ribeiro22 Ribeiro S. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras; 2019., tem contribuído para a valorização do sonho como aspecto fundamental de crítica a um processo civilizatório que caminha em direção à destruição do planeta terra. Olhar para o sonho como produtor de sentidos, disparados pelas experiências ordinárias que têm como protagonista o sonhante, é uma das contribuições de Freud33 Freud S. A interpretação dos sonhos. Porto Alegre: L± 2017.. Perceber a produção onírica como sismógrafo que detecta os impactos de contextos políticos autoritários na subjetividade é o objetivo da obra de Beradt44 Beradt C. Sonhos no Terceiro Reich: com o que sonhavam os alemães depois da ascensão de Hitler. São Paulo: Três Estrelas; 2017.. Detectar o extraordinário na produção onírica que nos convida para a construção de outros horizontes políticos possíveis é o alerta feito por Krenak e Ribeiro55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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. Essas produções têm despertado o interesse pelo trabalho do sonho em tempos de pandemia e serão as pistas que seguiremos para a discussão sobre os impactos das narrativas oníricas para uma comunidade de destino.

Entendemos que o sonho é resultado de um jogo de forças psíquicas que envolve a percepção do sujeito sobre os dados da realidade e do seu próprio imaginário. Ele é um campo fecundo de observação, exame e análise dos acontecimentos que nos tocam e que precisam de certo trabalho de elaboração psíquica para que possam encontrar lugar em nossa subjetividade. Nesse sentido, o sonho é um campo potencial para a manifestação subjetiva das vivências que surgem no encontro com o outro, com a realidade, com as relações de poder e com o mundo que nos cerca. Por meio dele, narramos nossos sofrimentos, paixões, angústias, desejos, confusões e toda sorte de sentimentos que, muitas vezes, não puderam ser percebidos e compreendidos no estado consciente. O fenômeno onírico seria, então, uma forma de possibilitar a narrativa do sofrimento, do desejo e da experiência, ampliando os espaços imagéticos próprios da lógica inconsciente inerente à vida psíquica e alargando a capacidade de nos apropriarmos do momento social e político que nos acomete.

Neste artigo, propusemo-nos a refletir sobre a importância da narrativa onírica, partindo da constatação de que essa experiência exerce diferentes funções em uma comunidade. Como objeto de análise, abordamos a relação entre os sonhos e os períodos de crise política e sanitária, como a imposta pela pandemia do Covid-19, momento em que este artigo é escrito. Por fim, destacamos um sonho compartilhado em um projeto de extensão e apontamos dimensões de tratamento do material onírico que podem nos ajudar a conviver com o estranho que habita os nossos sonhos e a encontrar pistas para outras formas de viver em sociedade.

O sonho e as suas funções

A função do sonho como bússola que pode pautar a direção da vida já despontava nas sociedades tradicionais como sabedoria ancestral. Na Grécia, na segunda metade do século 2 d.C, temos Artemidoro, conhecido como oniromante e adivinho profissional por ter escrito uma obra intitulada “Oneirocritica”. Oniromancia66 Artemidoro. Sobre a interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Zahar; 2019. (ou Brizomancia) refere-se à adivinhação do futuro por meio da interpretação dos sonhos. Tarefa extremamente complexa se reconhecermos que o sonho está sujeito a uma série de interpretações e depende de considerações secundárias, tais como a idade, o sexo e a posição social do sonhador. Em uma passagem particularmente memorável do livro, reis e governadores consultam leitores de sonho para tomadas de decisões.

Para Freud33 Freud S. A interpretação dos sonhos. Porto Alegre: L± 2017., o sonho é o guardião do sono e o meio pelo qual realizamos nossos desejos sexuais inconscientes infantis, com exceção dos sonhos traumáticos que acordam o sujeito que dorme e parecem ter outra função: a elaboração de acontecimentos que produziram excesso de angústia no sujeito. Em 1920, Freud77 Freud S. Além do princípio do prazer. São Paulo: Companhia das Letras; 2010. aborda os sonhos que repetem a cena do acontecimento traumático, principalmente os sonhos produzidos pelos soldados que sobreviveram à Primeira Guerra Mundial em que a situação que provocou o excesso de angústia era repetida à exaustão. Para o autor, o que dispara o sonho, muitas vezes, são restos diurnos que se referem aos acontecimentos que estabelecem liames com os desejos e os excessos de afetos pedindo por trabalho de elaboração psíquica.

Os restos diurnos estão carregados de elementos do contexto social e histórico; há continuidades e descontinuidades entre a lógica do inconsciente e o pensamento consciente nas subjetividades que sofrem as agruras da história do presente. Ou seja, situações ordinárias e cotidianas que nos afetam disparam as cenas, as impressões e o cenário extraordinário criados pelo trabalho onírico.

Na década de 1930, durante a ascensão de Hitler ao poder, Beradt coletou mais de 300 sonhos e reafirmou as conexões entre a experiência de vida e as transformações de uma época determinada historicamente. Sonhos que, por um lado,

[...] pareciam registrar minuciosamente, como sismógrafos, o efeito, no interior da pessoa, de acontecimentos políticos externos; por outro, derivavam de uma atividade psíquica involuntária. Dessa forma, sonhos poderiam ajudar a interpretar a estrutura de uma realidade prestes a se tornar um pesadelo44 Beradt C. Sonhos no Terceiro Reich: com o que sonhavam os alemães depois da ascensão de Hitler. São Paulo: Três Estrelas; 2017.. (p. 33)

Contudo, podemos nos questionar: o que nos interessa no sonho é a sua interpretação? É sua relação com o contexto político? São os aspectos comuns a todos os viventes em determinado momento histórico? Neste artigo, interessa-nos também o modo como é construída a narrativa do sonho e as interpelações que ela direciona ao sonhante e àquele que a escuta ou a lê.

Entendemos, também, que a função do sonho é exercer um papel restaurador de processos psíquicos como a imaginação, a criatividade e a flexibilidade diante das agruras da vida. Ab'Saber88 Ab'Saber T. O sonhar restaurado, formas do sonhar em Bion, Winnicott e Freud. São Paulo: Editora 34; 2005. convida-nos a exercitar nossa capacidade de sonhar, pois a elaboração psíquica presente na produção onírica amplia nossas dimensões criativas e estéticas. Apoiando-se em Winnicott, localiza no sonho a capacidade criativa da criança, considera-o como espaço "entre" sujeitos e produzido na interface sujeitos, objetos e ambiente; um espaço transicional e potencial da criatividade, como descreve na proposta do jogo do rabisco.

Com base nessas ideias, compreendemos que é possível construir espaços de partilha de sonhos por meio da narrativa oral e/ou escrita endereçada a pessoas reais ou imaginárias e que fizeram parte das experiências e da trajetória de vida de quem conta um sonho. Parte-se do pressuposto, neste artigo, de que, ao compartilhar a narrativa da experiência onírica, é possível transmitir ideias e valores que questionam o sonhante e aquele que escuta ou lê a narrativa.

A experiência narrativa dos sonhos

Narrar a experiência onírica é uma forma de entrar em contato e aprender a conviver com o estranho que habita em nós - a nossa humanidade presente nos sonhos transmutados em um embaralhar de tempos históricos, na presença de pessoas estranhamente familiares99 Freud S. O "estranho". In: Salomão J, organizador. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago; 1976. p. 273-314., objetos inanimados que falam e vestimentas formais daqueles que ocupam funções de poder que deixam transparecer sua ceroula listrada de palhaço. Para narrar e escutar a narrativa onírica seria necessário construir uma atitude longe dos ditames produtivistas que exigem histórias lineares e estanques. Podemos comparar essa atitude à do flâneur, ao qual,

vagueando sem rumo por entre a multidão das grandes cidades, em oposição deliberada à sua atividade febril e utilitária, que as coisas revelam o sentido íntimo [...], e só o flâneur, na sua errância descuidada, consegue captar a mensagem1010 Arendt H. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras; 1997.. (p. 142)

Gurski1111 Gurski R. A escuta-flânerie como efeito ético-metodológico do encontro entre Psicanálise e socioeducação. Tempo Psicanal. 2019; 51(2):166-94. apresenta a escuta-flânerie como modo de articular a possibilidade de escuta e fala livre implicadas com o tempo de cada um.

Narrar, falar, escrever ou gravar os sonhos é uma forma de deixar rastros dos fragmentos oníricos em outras pessoas e em uma comunidade. Toda narrativa onírica é um modo de endereçamento para outro imaginário ou real e, quando há escuta-flânerie, há partilha e transmissão de interpelações sobre os lugares do sujeito no mundo diante das relações de poder.

Para Larrosa, narrare significa "arrastar para frente", e deriva também de gnarus, que é, ao mesmo tempo, "o que sabe" e "o que viu"; assim, podemos, então, designar o narrador como aquele "que leva para frente, apresentando-o de novo, o que viu e do qual conserva um rastro em sua memória"1212 Larrosa J. Tecnologias do eu e educação. In: Silva TT, organizador. O sujeito da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis, RJ: Vozes; 1994. p. 35-86. (p. 68). Requer, assim, certa interiorização e exteriorização da imagem que permite ao sujeito ver a si mesmo e se revelar para outro.

Dessa forma, a experiência narrativa também se configura como uma prática de cuidado de si, pois, ao prestar atenção a si mesmo e aos próprios sonhos, pode-se revelar as agruras e belezas da existência para si mesmo e para outro. Esse exercício possibilita que os narradores possam se ver como personagens centrais de suas histórias e problematizá-las como vidas que se desdobram em inúmeras faces e personas. Constitui, dessa forma, um processo que leva a conhecer, construir e reconstruir a subjetividade à medida que a história pessoal ganha visibilidade em constantes operações de narração que se fazem diante de outrem e podem ser transformadas em matéria comum e partilhada. É, portanto, um modo de tornar inteligível o mundo social e os fenômenos psicossociais que escapam de certa lógica e racionalidade científicas, para assumirem saberes e práticas do senso comum por meio da elaboração de enredos sobre os episódios testemunhados e protagonizados pelos sujeitos. A narrativa de uma experiência depende do conhecimento construído sobre si mesmo e do contexto em que as interações sociais se dão; e não de uma concepção essencialista, individualista, estável e profunda de si mesmo1313 Brandão TO, Germando IMP. Experiência, memória e sofrimento em narrativas autobiográficas de mulheres. Psicol Soc. 2009; 21(1):5-15..

Benjamin11 Benjamin W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense; 1994. apresenta três condições para que uma narrativa aconteça e propicie a propagação de uma experiência em seu sentido pleno: 1) a experiência transmitida deve ser comum ao narrador e ao ouvinte, constituídos em uma mesma comunidade de vida e de discurso; 2) deve-se garantir o tempo e o ritmo necessários para que voz, gesto e palavra do narrador se encontrem e se transformem mutuamente, assim como os movimentos precisos de um artesão; e 3) o fluxo narrativo que ocorre entre narrador e ouvinte deve permanecer aberto a novas propostas, possibilitando que a história seja recontada pelo ouvinte.

Ao narrar os sonhos conseguimos processar a matéria-prima bruta que surge das relações cotidianas e dos eventos extraordinários que precisam encontrar lugar de construção e desconstrução. Nesse processo, a experiência narrativa, ao mesmo tempo, carrega e transcende a existência singular; carrega a transmissibilidade das experiências históricas e culturais de uma dada época, das possibilidades e dificuldades compartilhadas entre aqueles que vivem um mesmo momento histórico.

Para algumas etnias indígenas, a narração dos sonhos é uma prática compartilhada na qual os ouvintes se tornam testemunhas e mantêm vivas as experiências da comunidade. Para Krenak1414 Krenak A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras; 2019., os sonhos portam informações e orientações necessárias para a vida, como a busca por cantos, curas, inspirações e resolução de questões práticas e escolhas, os quais aparecem no material onírico como possibilidades. O sonho é, assim, uma experiência de pessoas iniciadas em uma ancestralidade, como quem aprende um conteúdo escolar ou uma dança; é considerado uma instituição na qual todos podem participar sonhando e produzindo imaginários. O ambientalista fala do costume das rodas de sonhos nas comunidades nas quais são admitidos diversos sonhadores que podem aprender com as mensagens subliminares oníricas, que potencializam a responsabilidade de cada ser em participar da proteção de seu entorno, além de prepará-los para se relacionarem com o cotidiano. Afirma, ainda, que o sonho é lugar de veiculação de afetos que podem nos ajudar a desenvolver uma postura proativa perante o tempo que virá55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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. O problema foi que, no avanço do sistema capitalista, a humanidade abandonou essa capacidade de perscrutar o futuro em prol de um modo de vida ocidental, imediatista, industrial, capitalista que valoriza a técnica e abandona o sonho como espaço do imaginário, da criatividade e da obtenção, do aprofundamento e do compartilhamento de ideias. Se, por um lado, assistimos como espectadores passivos à muita destruição e aos períodos de crise gerados pelo uso predatório dos bens da natureza; por outro, nunca tivemos tanto saber acumulado – o saber ancestral que nos convoca a voltar a sonhar o futuro55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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Sonhos, política e pandemia – as experiências (extra)ordinárias

Benjamin11 Benjamin W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense; 1994. nos alerta que tanto a experiência quanto a arte de narrar estão em vias de extinção e o perigo que corremos é o de perder a capacidade de compartilhar experiências. Isso pode ser facilmente compreendido nas experiências que produzem excessos de angústias nos sujeitos como a guerra, a recessão econômica ou a destruição imposta por um governante. Em situações inusitadas, como a que experimentamos em tempos de pandemia, é como se o frágil e minúsculo corpo humano sucumbisse aos choques do cotidiano que obstam o tempo necessário para que a experiência possa ser transmitida. Em situações ordinárias, o que explica nossa incapacidade de narrar são as transformações decorrentes das notícias, informações e opiniões que nos chegam prontas todos os dias pelos jornais e pelas redes sociais. É como se o excesso de informações substituísse aquilo que nos atravessa diariamente e sobrepujasse o tempo necessário para a reflexão, a paciência inerente à escuta dedicada a uma fala claudicante.

A narrativa onírica trabalha com fragmentos de memórias, com impressões e com afetos, por isso é uma forma de não se entregar a explicações prontas e rápidas; pelo contrário, é um processo de assimilação que acontece em camadas profundas da psique e exige um estado de distensão. O tédio e uma vida cotidiana sem sentido parecem impedir a experiência em tempo de pandemia, no qual os dias aparentam ser sempre os mesmos e os contatos físicos são impedidos para muitos que estão seguindo as regras do distanciamento social. Quando dormimos, encontramos um limiar, um portal próximo à sensação mortífera, entre o estado de vigília, o sono e o sonho; o sono depende, portanto, da confiança prévia conquistada em nossas experiências de vida com as pessoas e ideais que (re)atualizam laços cuidadores e acolhedores88 Ab'Saber T. O sonhar restaurado, formas do sonhar em Bion, Winnicott e Freud. São Paulo: Editora 34; 2005.. Assim, quanto mais se narram os sonhos, mais o sonhante se reconhece como sujeito, mais mantém viva a memória e mais se apropria de conhecimentos que o ajudem a projetar o futuro ainda nem sequer imaginado.

Em tempos pandêmicos, podemos afirmar que a função do trabalho do sonho é a literalização da experiência vivida; assim, ele pode atuar como sinal de alerta, vigilância, perigo – um tormento impossível de ser contido como percepção consciente e que (re)produz a experiência catastrófica em linguagem onírica. É na busca por energias para lidar com as angústias de uma experiência inusitada que o trabalho do sonho é o de restituir a memória de situações passadas, nas quais os sujeitos exerciam, minimamente, a capacidade de se defender. Em um cotidiano no qual o sujeito está obrigado a conviver com um vírus desconhecido, ao mesmo tempo em que vivencia formas ineficazes de gestão da pandemia no Brasil, quais aparições estariam povoando os sonhos dos brasileiros? No caso dos professores e estudantes há uma narrativa onírica recorrente que se refere ao risco de extinção das universidades públicas federais diante do assombroso retrocesso nas políticas educacionais desde 20161515 Lusa MG, Martinelli T, Moraes SA, Almeida TP. A Universidade pública em tempos de ajustes neoliberais e desmonte de direitos. Rev Katálysis. 2019; 22(3):536-47..

Nos sonhos coletados por Beradt44 Beradt C. Sonhos no Terceiro Reich: com o que sonhavam os alemães depois da ascensão de Hitler. São Paulo: Três Estrelas; 2017., a figura ditatorial de Hitler aparece ridicularizada, vestido como um palhaço ou em situações cômicas. Em outro sonho é o líder da propaganda nazista, Goebbels, que aparece mancando. Nesse sentido, podemos afirmar que há sonhos cujos temas recuperam objetos, impressões e imagens que são comuns entre diversos sonhantes e exprimem um contexto político que não cessa de interpelar ideologicamente o sonhante e seus interlocutores, aprofundando, extrapolando e compartilhando os enigmas e os absurdos que aparecem como assombrações de nosso presente.

Seu livro inspirou e continua inspirando vários projetos de pesquisas e extensão no exterior e no Brasil. No exterior, podemos citar o trabalho da Crawford1616 Marche S. It's in dreams that Americans are making sense of Trump. The New Yorker [Internet]. 2020 [citado 29 Mar 2020]. Disponível em: https://www.newyorker.com/culture/cultural-comment/its-in-dreams-that-americans-are-making-sense-of-trump.
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na coleta de sonhos envolvendo a figura do presidente Donald Trump, o qual também é apresentado em situações ridículas. Para a autora, os sonhos com o presidente estadunidense falam do sonhante passivamente inserido em um contexto político que pouco pode se alterar.

No Brasil, citamos os projetos que foram originados durante a pandemia: "Inventário dos Sonhos"1717 Mamede D, Endo P, Sousa E. Inventário de sonhos 2: conte seu sonho. Psicanalistas pela Democracia [Internet]. 2020 [citado 27 Abr 2020]. Disponível em: https://psicanalisedemocracia.com.br/2020/04/inventario-de-sonhos-2-conte-seu-sonho/.
https://psicanalisedemocracia.com.br/202...
, "Oniropolítica em construção"1818 Portal Adverso. Oniropolítica: pesquisadores de universidades públicas recolhem sonhos durante a pandemia. Sul21 [Internet]. 2020 [citado 21 Mai 2020]. Disponível em: https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/coronavirus/2020/05/oniropolitica-pesquisadores-de-universidades-publicas-recolhem-sonhos-durante-a-pandemia/
https://www.sul21.com.br/ultimas-noticia...
, “Oniricopandemia”1919 Pereira AB. O que você está sonhando na pandemia? Jornal da PUC-SP [Internet]. 2020 [citado 28 Mai 2020]. Disponível em: https://j.pucsp.br/noticia/o-que-voce-esta-sonhando-na-pandemia.
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e “Sonhos em tempos de pandemia”2020 Dias M. Conheça a pesquisa sobre sonhos na pandemia realizada pela UFMG. Encontro BH [Internet]. 2020 [citado 17 Abr 2020]. Disponível em: https://www.revistaencontro.com.br/canal/revista/2020/07/conheca-a-pesquisa-sobre-sonhos-na-pandemia-realizada-pela-ufmg.html.
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. O que podemos extrair dessas pesquisas é que há um trabalho psíquico em curso nos sujeitos diante dos estranhamentos que os atravessam perante um vírus desconhecido e imprevisível. Há, certamente, um sofrimento psíquico e um risco à vida que submetem o sujeito ao medo e à ameaça de morte, capturando sua singularidade e sua vida cotidiana. O que há em comum nessas experiências é a função do sonho na compreensão das crises política, econômica e sanitária, especificamente brasileiras, e nas formas de evitação de um perigo maior, visando compreender de que forma o momento histórico impõe uma inscrição na própria subjetividade.

Neste artigo, vamos expor a narrativa onírica produzida por um professor em dois encontros das Rodas de Conversa sobre Sonhos2121 Imbrizi JM. Arte e sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das juventudes. Projeto de Extensão Universitária. Santos: Unifesp - Baixada Santista; 2020., um projeto de extensão cujo objetivo é a partilha de experiências oníricas entre estudantes universitários que tiveram as atividades presenciais acadêmicas suspensas em decorrência da pandemia. O espaço on-line transformou-se em encontros de sessenta minutos nos quais os participantes narram seus sonhos e produzem associações, funcionando como modo de cuidado mútuo, partilha do sensível e intervenção em tempos de negacionismo de um vírus mortal para o qual ainda não há vacinas (até a data em que o texto foi escrito).

A narrativa do sonho do professor diante da destruição da universidade pública

Reproduzimos, abaixo, o sonho compartilhado por um professor em uma roda on-line de partilha de sonhos2121 Imbrizi JM. Arte e sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das juventudes. Projeto de Extensão Universitária. Santos: Unifesp - Baixada Santista; 2020., assim como trechos da relatoria2222 Souza J, Cambi J, Vieira L. Relatoria de dois encontros da “Roda de Conversa Sobre Sonhos” (05/06/2020 e 15/06/2020). Projeto de Extensão Universitária. Santos: Unifesp - Baixada Santista; 2020. sobre as trocas de experiências que aconteceram em dois encontros, e exercitamos modos possíveis de tratamento do material onírico:

Nesta noite chorei como há muito não chorava. Em sonho. Foi um choro longo, difícil de ser terminado, bem chorado mesmo, daqueles que lava. Soluçava e lá pelas tantas, já sentado no chão, eu dizia como criança que não, não, não é possível, não é possível isso.

A noite também chora em chuva contínua enquanto escrevo. Miúda, quieta. Até quando?

Estávamos em muitos em um auditório: curiosamente, era o auditório de um hospital onde trabalhei como palhaço há anos. A cabine técnica, ao fundo, isolada parcialmente, fora adaptada como camarim e, dali, colocando ceroulas listradas, espiávamos em silêncio as aulas e discussões médicas sobre as situações graves.

Nosso diretor do campus tentou passar o microfone ao diretor administrativo.

Eu nunca o vira tão firme, performático e seguro. Esforçou-se para alcançar um outro microfone mais afastado e, com voz forte, começou sua apresentação com fotos antigas e memórias da construção da universidade, do Campus Baixada Santista. A fala chegou até os atuais calouros, de como poderão trancar as matrículas. Houve espaço para quase nenhuma pergunta, até que sentenciasse: pois então, acabou. O campus irá fechar.

Ainda explicou um pouco sobre como algumas atividades ganhariam mais tempo, fazendo com que outras conseguissem se manter, até tudo travar.

Todos chorávamos copiosamente. Até o diretor administrativo retirou os óculos que não usa para enxugar as lágrimas. Entretanto, eu estava sentado no chão em frente ao campus, com a cabeça entre os joelhos e chorando muito. Despertei no momento do gesto, um toque dele em meu ombro, um consolo.

A chuva apertou e fico em dúvida se consigo voltar a dormir bem, algum dia2121 Imbrizi JM. Arte e sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das juventudes. Projeto de Extensão Universitária. Santos: Unifesp - Baixada Santista; 2020.. (p. 2)

O sonho de angústia ocorreu no início da pandemia e na sequência da suspensão das aulas presenciais em uma universidade federal, cujas exigências de aulas remotas são muito mais desafiadoras para estudantes do primeiro ano. Podemos afirmar que o material produzido nele se refere a elementos comuns aos participantes de um mesmo grupo que atualizam as interpelações ideológicas direcionadas às suas subjetividades2323 Silveira P. A interpelação ideológica: a entrada em cena da outra cena. A Peste. Rev Psicol Soc Filos. 2010; 2(1):167-82.. Ou seja, o que está em jogo no cenário construído no sonho relatado acima é a posição subjetiva ocupada pelo sujeito ante as figuras de poder (o diretor, o governo federal, o vírus biológico) e aos laços sociais hierarquizados da sociedade capitalista.

Nesse sonho, o choro de todos, tão intenso quanto a chuva que caía, revela o sofrimento causado pela interrupção das atividades acadêmicas, a perda das identidades exercidas pelo sonhante e por todos ali presentes (diretor, professores e estudantes) e a possibilidade de fechamento da universidade ou sua transformação em ensino a distância. Trata-se da não realização de um desejo de continuidade do exercício das identidades de professor e estudantes e das funções que exercem na comunidade acadêmica. Funções tão vitais quanto respirar, alimentar, tocar, abraçar, e que ganham novas configurações quando essas ações podem levar ao contágio e à extinção do próprio local de trabalho. Sensação reforçada pelas políticas direcionadas para a destruição da universidade pública que vem sendo asfixiada pelo corte de investimento protagonizado pelo governo federal1515 Lusa MG, Martinelli T, Moraes SA, Almeida TP. A Universidade pública em tempos de ajustes neoliberais e desmonte de direitos. Rev Katálysis. 2019; 22(3):536-47..

No cenário do sonho é possível perceber que os objetos são carregados de sentidos e portam certa familiaridade com a vida ordinária. O microfone remete ao cotidiano universitário e se refere às atividades no saguão onde ocorrem as assembleias e as reuniões para um grupo maior de pessoas. Ele é o objeto que possibilita falar e ser escutado e passado de mão em mão como em um esquete de palhaços, quase produzindo risos entre os ouvintes. Há ambivalência de afetos: há possibilidades de rir da cena como chorar diante daquilo que ela revela do imponderável da não realização do sonho de frequentar a universidade pública pelos calouros de 2020. Portanto, na narrativa onírica apresentada, temos a familiaridade de um cenário que embaralha diferentes temporalidades relacionadas ao presente, passado e futuro da história singular e ao cotidiano do sonhante: é o auditório, o diretor, as fotos, a pandemia e a ameaça de fechamento da universidade; é o hospital em que o sonhante trabalhou há muitos anos, a cabine técnica e o camarim, as ceroulas listradas que remetem a outra profissão do referido professor que atuava como palhaço no "Doutores da Alegria", e que remetem a um passado recente. Elementos tão reais quanto as transformações impostas pela ameaça de um vírus que se propaga pelo contato com um corpo infectado e que levou à suspensão das aulas presenciais, e tão reais quanto as medidas tomadas pelo governo federal que ameaçam o acesso universal ao ensino superior e a continuidade da universidade pública1515 Lusa MG, Martinelli T, Moraes SA, Almeida TP. A Universidade pública em tempos de ajustes neoliberais e desmonte de direitos. Rev Katálysis. 2019; 22(3):536-47.. Ou seja, o sonho embaralha, então, cenários e temporalidades diferentes na vida do sonhante; ora é o saguão da universidade que é transformado em auditório, como acontece na vida real, ora é a cabine em que o professor faz as trocas das vestimentas de palhaço, com ambientes e objetos cotidianos, disparados por experiências recentes na vida do sonhante que se articulam com os momentos histórico e político.

Há um sentimento de angústia comum que iguala a todos ante a ameaça de que os estudantes aprovados no vestibular não possam se matricular, pois essa é parte das preocupações reais dos professores e nunca havia se realizado na prática, mas, em tempos pandêmicos, é transformada em ameaça que vira espectro e assombração.

Na roda de sonhos do projeto de extensão supracitado, uma das estudantes se emociona ao escutar a narrativa onírica e coloca sua angústia no que se refere à transferência de sua matrícula em uma universidade privada (que manteve o calendário acadêmico) para a universidade federal2222 Souza J, Cambi J, Vieira L. Relatoria de dois encontros da “Roda de Conversa Sobre Sonhos” (05/06/2020 e 15/06/2020). Projeto de Extensão Universitária. Santos: Unifesp - Baixada Santista; 2020.. Portanto, a narrativa onírica chora por todos nós e apresenta a impressão angustiante de estarmos às voltas com escolhas de vida que fizemos antes e durante a emergência de um vírus desconhecido e de uma gestão sanitária que agrava as intempéries de um governo que imprime retrocessos nas áreas da Saúde e da Educação.

Já nas cenas finais do sonho, no gesto do diretor que se aproxima do professor sentado no chão e o toca, podemos encontrar um afeto de solidariedade e resistência coletiva para a (re)construção da universidade pública; um alerta para que novas formas de resistência às crises política e sanitária que ameaçam nossas vidas em todos os âmbitos sejam retomadas ou reinventadas, a fim de que nossa existência sobreviva à destruição e ao genocídio em curso. Há um prenúncio de uma dimensão de tratamento do material onírico que – ao atravessar a dimensão singular do sonhante e a coletiva vinculada à partilha do comum – direciona para a prospecção de futuros. Como perscrutação de futuros, o conteúdo onírico pode nos ajudar a construir um outro imaginário político e um outro jeito, quiçá mais solidário, de estarmos partilhando o mundo. Ou seja, o trabalho onírico pode produzir imaginários outros que nos apoiem na construção de uma sociedade menos predatória, fazendo circular palavras e afetos que conectam o mundo sensível das pessoas e seu cotidiano ao mundo do sonho.

É possível pensar na dimensão prospectiva dos sonhos com vistas a novos horizontes poéticos, existenciais e políticos55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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, e dialogar, assim, com as impressões, imagens e representações carregadas de modos inventivos de estar no mundo. A elaboração propiciada pelo processo onírico pode superar a repetição mortífera das cenas traumáticas e se dirigir para a construção de outros modos de convivência entre seres humanos, animais e a natureza no planeta terra. Relaciona-se àquilo que Ribeiro22 Ribeiro S. O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho. São Paulo: Companhia das Letras; 2019. aponta como projeção de futuro, no sentido de que o sonho pode ser um momento importante de organização de nossas experiências do passado, suscitadas pelo momento presente, e que nos inspirem para um tempo outro no qual o desafio está em construir novos horizontes possíveis.

O professor sonha com o ambiente no qual as atividades acadêmicas e coletivas são desenvolvidas em seu trabalho e perscruta que se aproxima o fim da universidade pública nos moldes que até então a conhecemos. Há, no conteúdo onírico, um rearranjo dos objetos utilizados e do espaço ocupado no cotidiano, o qual tem a potência de remeter o sonhante e seus ouvintes para além da restrição da imediatez. Pode-se, dessa forma, sustentar a construção de um outro imaginário político possível, diferente e inovador no que diz respeito ao contexto atual marcado por desigualdade social e devastação da natureza1515 Lusa MG, Martinelli T, Moraes SA, Almeida TP. A Universidade pública em tempos de ajustes neoliberais e desmonte de direitos. Rev Katálysis. 2019; 22(3):536-47..

No sonho em questão é possível nos aproximarmos das discussões contemporâneas apontando que o surgimento do vírus está associado aos desequilíbrios climáticos consequentes de um sistema capitalista calcado na exploração do trabalho humano e na devastação do ambiente. Ribeiro e Krenak55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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afirmam, também, o conteúdo onírico como um tempo de despertar para os modos com os quais os homens e as mulheres ocuparam o planeta terra até os dias de hoje, de maneira a devastar e destruir a natureza como se não houvesse amanhã. O sonho criaria um espaço de reorganização, crítica e redimensionamento dos ideais e valores arraigados nos pilares que sustentam a sociedade capitalista. Para Krenak55 Krenak A, Ribeiro S. Sonhos para adiar o fim do mundo. Live em 24 de maio de 2020 [Internet]. 2020 [citado 24 Maio 2020]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=95tOtpk4Bnw
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, a questão que fica é a de repensarmos o lugar do nosso corpo e de suas relações com as necessidades consumistas. A pergunta a ser feita é: seremos capazes de construir um estilo de vida e "um novo corpo que caiba e respeite o planeta terra" e que seja capaz de preparar a terra para acolher as próximas gerações?

Agradecimentos

A Conrado Federici, também a quem dedicamos este trabalho.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    23 Nov 2020
  • Aceito
    09 Dez 2020
UNESP Botucatu - SP - Brazil
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