Resumos
Os processos educativos têm exigido e possibilitado delinear e vivenciar experiências de formação e cuidado em resposta aos efeitos da atual pandemia. Em consonância com essa afirmação, o presente trabalho tem por objetivo relatar uma experiência formativa com estudantes do curso de Terapia Ocupacional de uma universidade pública durante a pandemia de Covid-19. A experiência foi analisada em dois momentos, nomeados no relato como “Respiros”. No primeiro momento, em ambiente virtual, foram realizadas rodas de conversa-mosaico sem a presença obrigatória das estudantes; no segundo momento, como um módulo opcional no currículo, foram introduzidas práticas artísticas e corporais como dispositivos para o cuidado, expressão e conexão entre os corpos. As estudantes indicaram a importância de se criar um ambiente confiável e de sustentarmos uma proposta coletiva, dando ensejo à construção de corpos sensíveis, inventivos e críticos, fundamentais no exercício profissional.
Palavras-chave
Terapia Ocupacional; Educação; Pandemia; Ambiente virtual
Educational processes have demanded and enabled professors and students to design and live training and care experiences in response to the effects of the Covid-19 pandemic. This study documents a formative experience with occupational therapy students from a public university during the pandemic. The experience was analyzed in two moments that we call “breaths”. During the first moment, we held virtual voluntarily attended talking circles with students; in the second, through an optional module offered to students, artistic and bodily practices were taught as devices for care, expression and bodily connection. The students highlighted the importance of creating a trusted environment and supporting a collective proposal, enabling the construction of sensitive, inventive and critical bodies, which is essential for professional practice.
Keywords
Occupational Therapy; Education; Pandemic; Virtual Environment
Los procesos educativos han exigido y posibilitado delinear y vivir las experiencias de formación y cuidado como respuesta a los efectos de la pandemia actual. En consonancia con tal afirmación, este trabajo tiene el objetivo de relatar una experiencia formativa con estudiantes del curso de Terapia Ocupacional de una Universidad Pública durante la pandemia de Covid-19. La experiencia se analizó en dos momentos, denominados “Respiros” en el relato. En el primer momento, en ambiente virtual, se realizaron rondas de conversación-mosaico sin la presencia obligatoria de las alumnas; en el segundo momento, como un módulo opcional en el currículum, se introdujeron prácticas artísticas y corporales como dispositivos para el cuidado, expresión y conexión entre los cuerpos. Las alumnas señalan la importancia de crear un ambiente confiable y de sostener una propuesta colectiva, dando lugar a la construcción de cuerpos sensibles, inventivos y críticos, fundamentales en el ejercicio profesional.
Palabras clave
Terapia ocupacional; Educación; Pandemia; Ambiente virtual
Introdução
Só a alma atormentada pode trazer para a voz um formato de pássaro.
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.
(Manoel de Barros)
Na falsa ilusão de controle da vida, foi preciso uma pausa no agora. Para quem trabalha e ensina, foi necessário adaptar e transformar o cotidiano em meio às suas tensões, tessituras, interrupções e rupturas. Foi preciso pausar para olhar, transver o mundo, ver além, como nos fala Manoel de Barros11 Barros M. Livro sobre nada. 3a ed. São Paulo: Editora Record; 1996. (p. 75). O presente artigo trata do relato e análises preliminares da experiência formativa de um módulo teórico-prático “Atividades e Recursos Terapêuticos: Arte e Corpo”, construída com estudantes do curso de Terapia Ocupacional em uma universidade pública do estado de São Paulo nos momentos iniciais da pandemia de Covid-19.
O corpo, a virtualidade e a relação de presença nos encontros virtuais em experiências educativas são temas discutidos há tempos, mas que foram intensificados em decorrência da excepcionalidade provocada pelo cenário pandêmico. Nesse contexto, os processos educativos têm possibilitado delinear e vivenciar experiências de formação e cuidado em resposta aos efeitos produzidos por essa complexa situação. A experiência vivenciada, portanto, pareceu-nos se configurar como um lócus importante para análise e compartilhamento, tendo em vista sua potência e inquietações provocadas por ações expressivas, delicadas e pedagógicas.
Nesse módulo, usualmente, são discutidos os temas da arte, corpo e cultura por meio de propostas como dança, teatro, massagem, música, artesanato, atividades plásticas e dinâmicas de grupo, articulados à prática da Terapia Ocupacional e à problematização dos aspectos éticos, estéticos, técnicos e políticos dessas ações. As estratégias pedagógicas visam sensibilizar as estudantes(e(e)Optamos por privilegiar o uso de pronomes e adjetivos no gênero feminino, uma vez que as docentes e estudantes envolvidas na experiência eram, em sua maioria, mulheres.) para o aprendizado inventivo em um movimento no qual a fronteira entre professora e aprendiz se desfaz, isto é, a professora não é o centro do processo ensino-aprendizagem. Compreendemos que, além de uma emissora de signos, a professora é uma mobilizadora de afetos22 Kastrup V. Aprendizagem, arte e invenção. Psicol Estud. 2001; 6(1):17-27., por meio da experimentação e conhecimento de si no encontro com o outro.
O ano de 2020, no entanto, impôs a nós a experiência de cuidar dos corpos em “desacomodação” e de mobilizar os dispositivos virtuais para seguir formando futuros profissionais em meio a uma pandemia.
O cenário pandêmico provocou um movimento de questionamentos e delineamentos no plano de ensino da universidade e deu ensejo a uma fase de discussões intensas para se efetivar rapidamente uma nova proposição do coletivo de docentes em resposta a uma realidade que se impunha como incontornável. Iniciou-se uma série de reuniões dos docentes da Terapia Ocupacional e dos Eixos Comuns(f(f)O projeto pedagógico do campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo prevê um desenho curricular estruturado em quatro eixos de formação, sendo três deles comuns a todos os cursos, nos quais as turmas são mescladas, e um relacionado às práticas específicas de cada profissão. São eles: “O ser humano em sua dimensão biológica”, “O ser humano e sua inserção social”, “Trabalho em Saúde” e “Aproximação a uma prática específica em Saúde”3.) que compõem o projeto pedagógico do curso, com a participação de representantes discentes, para repensar a continuidade dos processos de formar e de ser formado como terapeuta ocupacional. Entre muitas questões, perguntávamo-nos: o que e como dar continuidade às atividades da graduação em meio à pandemia? Como sustentar o contato e o vínculo estudante-universidade no formato virtual, na vida entre-telas? Seria possível manter as relações e trabalhar no coletivo? Mesmo com muitas incertezas, traçou-se rapidamente uma série de proposições e agendas que nos guiaram ao longo dos meses para seguir com a nossa tarefa de acolher, cuidar e dar continuidade aos processos formativos; e de fomentar a permanência das estudantes na universidade pública, gratuita e democrática.
Para dar visibilidade aos movimentos trilhados pelas docentes e estudantes nesta experiência e considerando que os encaminhamentos foram delineados a partir de uma análise crítica permanente da situação, entre suas possibilidades e impossibilidades, tomaremos o aspecto cronológico como norteador de nossa discussão e traremos a construção da experiência dividida em dois momentos: “Primeiros respiros: a necessidade de pausar”; e “Segundo respiro: fortalecimento e ritmo na grupalidade virtual”.
Primeiros respiros: a necessidade de pausar
No ano de 2020, foram realizadas apenas duas aulas presenciais do módulo Atividades e Recursos Terapêuticos - Corpo e Arte antes da pausa provocada pela pandemia. O calendário acadêmico foi suspenso em 16 de março, a princípio sem nenhuma data estabelecida para seu retorno, cessando assim o contato docente-estudante nas salas de aulas da universidade.
Para as professoras, era fundamental estabelecer e sustentar vínculos, acolher e cuidar das estudantes que já viviam os efeitos da pandemia: a necessidade de um distanciamento físico, incertezas sobre rumos futuros, medos pelo adoecimento, volta para a casa das famílias e, consequente, perda da autonomia e liberdade da vida acadêmica. Observamos ainda dificuldades no acesso a um possível ajuste formativo pautado pelas ferramentas online, diferenças nas condições de vida e situação econômica, social, emocional das estudantes considerando suas diversidades.
Como estratégia inicial do curso, foram criadas formas de aproximação com intuito de traçar um espaço seguro de diálogo e acolhimento ao momento sensível e atípico que atravessava nossas vidas. Iniciaram-se assim encontros virtuais com as turmas, respeitando delicadamente cada movimento possível. Essa articulação inicial foi congruente às propostas relatadas por outros cursos de graduação em Terapia Ocupacional no território nacional em que, consensualmente, destacava-se uma preocupação em manter o vínculo e a conexão com estudantes por meio de ações de acolhimento, orientação e apoio44 Borba PLO, Bassi BGC, Pereira BP, Vasters GP, Correia RL, Barreiro RG. Desafios “práticos e reflexivos” para os cursos de graduação em terapia ocupacional em tempos de pandemia. Cad Bras Ter Ocup. 2020; 28(3):1103-15..
O primeiro momento, nomeado de “Primeiros respiros”, foi composto por rodas de conversas, realizadas por meio de uma plataforma virtual, abertas às estudantes que quisessem participar, sem obrigatoriedade, notas ou avaliações, unicamente pautadas pelo desejo e necessidade do encontro. Cada dupla ou grupo de docentes organizou estratégias de aproximação e cuidado em conjunto com as estudantes, como a realização de jogos virtuais ou conversas sobre filmes, com horários acordados previamente com as turmas. Foram realizados três encontros quinzenais, com uma média de 15 participantes.
Em geral, o movimento foi permeado pelo receio, busca e atenção às condições de acessibilidade virtual possíveis a cada estudante, sem perder de vista outros aspectos que favoreciam ou não a sua participação. Entre vários elementos, podemos destacar questões emocionais, sofrimentos e alegrias resultantes de movimentos adaptativos que o momento exigia, como o distanciamento social, as mudanças de cidade, a reorganização dos cotidianos, o lidar com novos (ou antigos) problemas presentes em cada vida em particular, além do medo do contágio e do adoecimento.
Além das diferentes situações, determinantes para a participação ou não das estudantes nesses “mosaicos de conversa-encontro”, inaugurou-se de forma intensa todo um aprendizado das ferramentas virtuais para que o cuidado e o acolhimento pudessem acontecer. Em consonância com o nosso saber e na continuidade daquilo que realizamos neste módulo, seguimos adaptando e inventando novas proposições mediadas pelas ferramentas virtuais, como grupo de Whatsapp, e-mail, Facebook e Instagram, com o objetivo principal de re(unir) nossas estudantes.
Neste momento – e pela compreensão da sua importância, beleza e complexidade –, foi instaurada uma pesquisa denominada “Delicadas experiências formativas: um estudo na interface arte, corpo e educação em tempos de pandemia”(g(g)A pesquisa é um subprojeto de uma pesquisa temática coordenada pela Profª Drª Flavia Liberman intitulada “Delicadas coreografias: práticas corporais e artística e produção de subjetividade”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp sob o CAAE n. 65961417.4.0000.5505 e Parecer n. 2.067.538.), idealizada por uma estudante, iniciando a elaboração de diários de campo a partir de sua participação nos encontros síncronos.
Os diários contêm notas descritivas, trazendo o que foi observado nos encontros; notas reflexivas, com conexões entre a experiência e as discussões teóricas; e notas intensivas, expressando as sensações e os sentimentos vivenciados no decorrer dos encontros55 Goulart PM, Pezzato LM, Junqueira V. Experiências narrativas: um relato de formação em saúde. Linhas Crit. 2018; 24(1):237-54.. Importante salientar que os diários de campo foram feitos a partir da instauração de um “estado de pesquisa”, quando a percepção da aluna-pesquisadora passou a ter uma nova dimensão acerca das experiências. Foram elaborados três diários no primeiro momento e sete diários no segundo momento da experiência.
Além disso, a aluna-pesquisadora utilizou as gravações dos encontros para afinar as observações, captação dos acontecimentos, expressões e falas das alunas, contribuindo para o registro elaborado nos diários de campo. Todo o material produzido nos diários de campo tem sido utilizado como fonte para a análise da experiência e já evidencia o esforço coletivo e a beleza poética expressa nas cenas e narrativas marcantes experimentadas ao longo da vivência. Sendo assim, para este relato foram utilizadas algumas narrativas dos diários de campo, buscando dar visibilidade e pontuar aspectos deste processo.
Como caminhos metodológicos, explicitam-se as diferentes experiências e linguagens mobilizadas nas estudantes, bem como os diversos caminhos para a sua expressão. Aqui, destacamos que as estratégias narradas eram elaboradas pelas professoras e repensadas com as estudantes em cada encontro, a partir da presença, do vivido e das possibilidades para responder às demandas, seja por meio da escuta, acolhida ou da percepção de grupo como continente afetivo. Nas falas, nos movimentos e na virtualidade sustentava-se o coletivo e a construção de corpos sensíveis, inventivos e críticos, habilidades fundamentais ao terapeuta ocupacional. O relato parte da beleza da experiência e das construções que nasciam em cada encontro, a partir da observação dos efeitos no grupo e da adesão e participação das alunas nas proposições que eram sugeridas.
A primeira proposta levada ao grupo de estudantes foi denominada de “Apreciação”. Ela tinha como intuito explorar as atividades artísticas e/ou banais realizadas no período de quarentena. A ideia era gravar e compartilhar com as colegas no grupo ou em mensagens privadas tanto a realização de atividades artísticas, como dança e música, quanto atividades simples do cotidiano, como assistir TV com a avó, participar de um jogo virtual com amigos, cozinhar e estudar. Nas mensagens, as participantes poderiam expressar o processo vivido, contando como se sentiam realizando-o, isto é, fazendo uma apreciação.
Havia e há uma preocupação ética no saber viver, viver com o outro e viver no mundo, acreditando que o laço social em meio à aprendizagem digital favorece competências que encorajam a aprendizagem pelas relações66 Dravet F, Castro G. Aprendizagem, meios digitais e afeto: propostas para um novo paradigma na educação superior. Interface (Botucatu). 2019; 23(1):e180321. Doi: https://doi.org/10.1590/Interface.180321.
https://doi.org/10.1590/Interface.180321... . Assim, buscou-se a presença dentro e fora desses encontros semanais, uma “presença inteiramente presente, uma companhia cotidiana que é capaz não apenas de ser vista, mas também de sentir em seu estar-no-mundo aqui e agora”66 Dravet F, Castro G. Aprendizagem, meios digitais e afeto: propostas para um novo paradigma na educação superior. Interface (Botucatu). 2019; 23(1):e180321. Doi: https://doi.org/10.1590/Interface.180321.
https://doi.org/10.1590/Interface.180321... (p. 12). Tínhamos como foco estabelecer um exercício de sensibilidade e sustentar os corpos ativos, em cena, tencionando e refletindo sobre a ideia de que a barbárie tecnológica produz “o apagamento da vida de toda experiência dos sentidos e a perda do olhar, permanentemente aprisionado numa tela fantasmagórica”77 Agamben G. Réquiem para os estudantes [Internet]. Freitas F, tradutor. São Paulo: N-1; 2020 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/45
https://www.n-1edicoes.org/textos/45... (s/p).
Além disso, o intuito da atividade também foi reconhecer e qualificar o pequeno88 Liberman F, Guzzo MSL, Lima EMFA. Pequenos deslocamentos: corpo, arte, saúde e educação. Rev Educ Artes Inclusão. 2020; 16(4):196-215., notando como ele também é imenso. Com a primeira proposta, muitas estudantes aderiram e tivemos diversificadas apreciações como danças, poesias, montagens de foto, desenhos, brincadeiras, músicas e receitas. Com o “bom contágio” grupal com a primeira atividade, o grupo foi compreendendo que este projeto deveria seguir a seu tempo e a seu modo.
Algumas alunas mostram coisas que estão fazendo, como desenhos, esculturas, músicas. Outras falam sobre o que estão sentindo, que varia muito entre o “estar bem” e o “estar mal”. Temos relatos nos quais as alunas retomam a ideia de enxergar o positivo e tirar proveito da situação vivenciada, mas também aquelas que dizem que estão se sentindo improdutivas por não estarem fazendo “nada”, uma vez que tenha acontecido uma ruptura no cotidiano. A partir dos relatos, é colocada a questão “O que é fazer nada?”. A professora nos traz a ideia de que o “fazer nada” nos leva muitas vezes a nos sentirmos improdutivas e que o mundo capitalista nos provoca o tempo todo a “ter de fazer algo com alguma utilidade”.
(Diário de campo, aluna pesquisadora)
No cenário atual, os diversos contextos de vida ligados à política, economia e campo social sofrem com a ditadura imposta pela maximização do lucro e da lógica do capital-produção. O ambiente universitário não é excluído dessa lógica e nas narrativas das estudantes há a presença dos impactos da sociedade capitalista. A ruptura no cotidiano e na ocupação ligada ao estudo parece trazer à tona conflitos voltados à lógica da produção e do lucro. O que é ser útil, ser produtivo? Como percebemos nossas produções de vida? Produção de que e para quem? Ordine e Gouveia99 Ordine N, Gouveia R. A utilidade dos saberes inúteis. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos; 2017. discorrem como o lucro pode ser compreendido como legítimo em uma sociedade, mas com a premissa de que deveria ser o meio, e não um fim. Há uma crítica quanto ao utilitarismo ter invadido espaços de vida que deveriam ter sido preservados, pois nem tudo pode ser ou é mercadoria – há instituições e valores que, segundo os autores, deveriam ser defendidos dessa deriva utilitarista.
A pausa e o não estar imerso no cotidiano frenético da lógica da produção mercantilista parecia soar como pejorativo nas falas das estudantes, como ser inútil. Toda trama e subjetividade produzidas no pequeno, no banal, no comum da vida cotidiana eram colocadas como menores e às sombras do que produz capital. Ordine e Gouveia99 Ordine N, Gouveia R. A utilidade dos saberes inúteis. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos; 2017. trazem a necessidade da defesa daquilo que é considerado inútil para aqueles que governam, dos saberes que não culminam em receitas.
Nos encontros, foram utilizadas estratégias que envolviam sensibilização e escuta a esta e outras tantas questões, exercício para provocar a presença dos corpos e experimentar o cuidado de si, mediados pelas práticas artísticas e corporais na relação com o próprio corpo e outros corpos (humanos ou não). Embora distantes fisicamente, os encontros telepresenciais proporcionaram o desenvolvimento de ações práticas que se mostraram muito importantes a partir das falas das próprias estudantes, evidenciadas pela presença implicada e constante.
De fato, encontramo-nos imersos em uma situação de catástrofe(h(h)Sobre a noção de catástrofe, Pelbart aponta diferentes sentidos e perguntas: será a pandemia? O sistema econômico que conduziu a ela? Ou a civilização tecno-capitalista? Ou o próprio Ocidente? Para ele, no entanto, talvez a catástrofe não se trate de um evento específico e a catástrofe maior não esteja na pandemia, mas na “constatação de que as coisas continuem como eram” (s/p)10.), pois o que vírus nos revela é o desastre de uma crise profunda em todo um sistema social, político, econômico e moral1010 Pelbart PP. Espectros da catástrofe [Internet]. São Paulo: N-1; 2020 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/129
https://www.n-1edicoes.org/textos/129... . Assim, as vivências telepresenciais tinham (e ainda têm) como objetivo principal o acolhimento das estudantes e de nós, docentes, em meio à catástrofe, por meio da sustentação de vínculos, do saber como e onde se encontravam e do viver com elas os processos adaptativos ao novo momento.
Buscamos reconhecer com as estudantes que o que estamos vivendo é muito próximo às situações de ruptura e da necessidade de se organizar novos ordenamentos para a vida experimentados pelas pessoas e grupos que acompanhamos em nossas práticas profissionais. Refletimos sobre as rupturas nos modos de pensar, agir e sentir a vida em pandemia; e sobre como ao experimentar e elaborar a situação também era possível tecer articulações com o exercício do “ser terapeuta ocupacional”.
Afinal, como então compreender toda essa catástrofe e elaborar as inúmeras questões que atravessavam cada uma, os grupos, o país e todo nosso planeta? Como compreender a singularidade do que vivemos no Brasil, como extremas desigualdades e o forte impacto da cibercultura no cotidiano? Como criar dispositivos para habitar e sustentar um presente tão complexo? Como a Terapia Ocupacional vem contribuindo para responder algumas e tantas outras questões que nos atravessam no momento presente? Questionamentos como esses foram disparadores para reflexões elaboradas em grupo no primeiro momento e incentivaram a continuidade e aprofundamento do processo em novas vivências e discussões.
Segundo respiro: fortalecimento e ritmo na grupalidade virtual
Novas possibilidades de encontros surgiram e, por decisão do coletivo, foi deliberado que teríamos encontros virtuais semanais, com duas horas de duração, em plataforma definida pelas estudantes. Os encontros aconteceram de maneira livre e aberta, sem caráter avaliativo e pautado no desejo e nas possibilidades de cada estudante. Nesse momento, foram realizados sete encontros e contamos com a participação de cerca de 15 estudantes.
O distanciamento físico e a ampliação da virtualização das relações foram apresentados como fontes de sofrimento nas falas das estudantes. A virtualização trouxe mudanças nos modos de produção de cultura e cotidiano, interferindo nas atividades humanas1111 Ferigato SH, Silva CR, Lourenço GF. Cibercultura e Terapia Ocupacional: ampliando conexões. In: Silva CR, organizador. Atividades humanas e Terapia Ocupacional: saber-fazer, cultura, política e outras resistências. São Paulo: Hucitec; 2019. p. 218-34.. Ferigato, Silva e Lourenço1111 Ferigato SH, Silva CR, Lourenço GF. Cibercultura e Terapia Ocupacional: ampliando conexões. In: Silva CR, organizador. Atividades humanas e Terapia Ocupacional: saber-fazer, cultura, política e outras resistências. São Paulo: Hucitec; 2019. p. 218-34., em diálogo com Lévy, destacam que o virtual não se opõe à realidade, mas sim a compõe e é responsável por profundos impactos no pensar, nas relações e na forma como produzimos conhecimento. Mas, ao mesmo tempo que produz novas e diferentes oportunidades, a era da cibercultura tem gerado uma nova modalidade de exclusão: as pessoas desconectadas. Como alcançar a todos?
Desde o primeiro encontro, frisamos às estudantes que buscassem contato com suas colegas para articularmos estratégias de participação aos que não tinham acesso à internet, não sabiam utilizar plataformas on-line ou que estavam com questões emocionais. Foi e ainda é uma busca constante para inclusão de todos. Este nos parece um dos desafios para o seguimento dos encontros ou para o planejamento de qualquer proposta remota.
Nesse momento da experiência, as articulações na universidade avançaram e se iniciou um processo de implantação de módulos optativos, com o intuito de aproximar estudantes e avaliar as possibilidades de retomada do calendário acadêmico. Dessa maneira, os encontros continuaram, porém com sua formalização e reconhecimento como uma atividade formativa.
O processo grupal se desenrolou na realização de atividades expressivas e criativas, as quais denominamos de “narrativas poéticas”. As ações, embora diversificadas, tinham em comum a capacidade de criação e de imaginação, uma vez que traziam dinâmicas que exploravam também o lúdico. A cada encontro lançamos mão da leitura de poemas ou roteiros para guiar e inspirar a elaboração de uma pequena narrativa, como o “Roteiro poético”(i(i)Roteiro Poético ou Experimento para um gesto poético de presença coletiva virtual. Disponível em: https://outraspalavras.net/descolonizacoes/como-reinventar-o-estar-presente-em-quarentena/ ), o poema “Quem sou eu?”, da escritora Martha Medeiros e o “Mapa da visitação da sua casa”(j(j)Mapa de visitação da sua casa. Criação artística/poética dos autores André Gravatá & Serena Labate, disponível em: https://www.sorverversos.com/ ). Estudantes e docentes produziam suas pequenas narrativas de forma livre, real ou inventiva, e as compartilhavam com outra participante de sua escolha, para que o texto pudesse ser lido ao final do encontro de forma anônima.
As narrativas abordaram temáticas como biografias de objetos, relatos sobre a vista da janela ou uma carta para si mesmo. A estratégia de condução visou ao compartilhamento e à experimentação coletiva. Por serem feitas livremente, as narrativas poéticas ilustravam e provocavam diferentes sentimentos e os momentos de leitura se tornaram um espaço de partilha de emoções, identificações e acolhimento mútuo. A possibilidade do anonimato possibilitou externar sentimentos confusos e contribuiu para que as participantes se sentissem à vontade para dividi-las.
A vivência em grupo acontecia da seguinte forma: 1) leitura do texto disparador em conjunto; 2) tempo para escrever as narrativas poéticas; 3) envio da narrativa para alguma participante do encontro por meio de mensagem privada; 4) leitura anônima da narrativa que recebeu.
Os encontros telepresenciais passaram a exaltar a complexidade dos conflitos vivenciados na busca por ajustes e adaptações para a tessitura de um cotidiano isolado e restrito. As propostas de criação livre nos encontros evocavam a criação de situações, objetos, leituras e outras formas de ser e estar. Permitir e transver as rupturas para novos modos de vida.
Para Tedesco e Maximino1212 Tedesco S, Maximino V. Rotina, hábitos, cotidiano: no banal e no sutil, a trama da vida. In: Matsukura TS, Salles MM, organizadores. Cotidiano, atividade humana e ocupação: perspectivas da Terapia Ocupacional no campo da saúde mental. São Carlos: EdUFSCar; 2016. p. 123-46., é na criação e recriação do cotidiano que surgem estratégias para romper com o automatismo das ações rotineiras. As autoras, baseadas em Kujawski, Certeau e Heller, discorrem sobre como no cotidiano ocorrem as manifestações ocasionadas pela desarticulação política, social e cultural que culmina na ruptura da unidade que integra sujeito e comunidade. Ademais, fazem menção às microrresistências cotidianas e à possibilidade de criar e construir com a elevação da arte como recurso para reflexão e conscientização.
Para demonstrar a potencialidade das “narrativas poéticas”, escolhemos duas delas como exemplos. A primeira tinha como intuito elevar a atenção para si mesma e descrever a sensação dominante, qualificando-a em características cinestésicas como dores, cansaços e prazeres. Posteriormente, a estudante deveria se atentar para o lugar que estava e elaborar uma descrição das sensações relativas a ele.
No quarto, o colchão donde, no chão, tento aquecer sozinha esse coração. Um cansaço não cansado, mas cansadas estão as emoções, que só se descansam quando andam por aí sem a mente que cria prisões. Mas tem o sol que é amarelo e brilha sem ser em dia nublado e a parede também amarela e azul que nem o céu e o sorriso meu quando encontra a alegria da gratidão mesmo só. Pequenas dores tornam-se um lapso transmutável diante da paz possível ao abandonar a ansiedade esfuziante. Muitas vezes sem conseguir me equilibrar ou me centrar na minha própria espinha medular, é isso de estar serena o que tento a cada novo ar que preenche meu respirar. Por onde mais vou aprender sobre esse ritmo da vida que está pra mim em meu pulsar, se não dentro de mim mesma?
(Narrativa, aluna 1)
A outra experiência tinha como intuito olhar através da janela, dispondo de diferentes olhares: imaginar e descrever como seria a vista pela janela percebida por outra pessoa ou por um animal, um objeto e/ou uma sensação. Como seria olhar pela janela com os olhos da alegria ou da esperança? De um cachorro ou de uma avó? Para esta dinâmica, incentivamos o uso da imaginação para aflorar sentimentos e sensações.
Fia, como é alto daqui. você não tem medo de morar num lugar assim, tão longe do chão? credo. não vou chegar muito perto, não. oh, nossa! que coisa bonita esse tanto de água. isso que é o mar? olha, ele fica indo e voltando. e vai tão longe, parece que num acaba mais. que coisa bonita de ver, fia. a gente até esquece que tá longe do chão. e é de sal mesmo? não acredito que não dá pra beber. tão lindo, tão azul, né? é um azul que não tem fim. é o chão e o céu junto. é isso o infinito, né fia?
(Narrativa, aluna 2)
Um olhar da janela visto pelos olhos da minha vó. O dia hoje está acinzentado, né? Acho que até o céu está em luto pela nossa nação! Acabo de perceber dois garotos passando de bicicleta pela rua, graças a Deus eles estão de máscara! A rua tá menos movimentada né filha? O vizinho não está mais na rua tocando aquelas músicas antigas que eu gostava de ouvir. Vejo a casa da minha vizinha de frente e bate aquela saudade e, em tempos normais, ela estaria aqui em casa, tomando café e assistindo a novela da tarde comigo que tanto gostamos. Sabe... é difícil olhar pela janela nesses dias, me sinto uma prisioneira, a parte que eu mais gostava do meu dia era sair, conversar com os meus queridos vizinhos, com a moça da padaria, a dona do depósito do lado de casa, exercer a minha liberdade! Não sei quando tudo isso vai passar, posso lhe dizer que hoje a janela é minha maior inimiga, mas sabe de uma coisa filha? Eu tenho esperança e fé, logo logo eu vou voltar a ver o mundo lá fora como um sorriso no rosto, agora preciso ir... É hora da minha inalação diária.
(Narrativa, aluna 3)
Os textos transpassavam sentimentos diferentes e, por isso, traziam ao momento de leitura muitos rostos emocionados e expressivos. A possibilidade do anonimato fez com que fosse mais fácil externar sentimentos confusos que, por vezes, ficavam escondidos, contribuindo na partilha e reflexão sobre eles. Ademais, a interação com objetos na casa produziu uma nova linha de raciocínio, na qual a imaginação possibilitou atribuir novos sentidos e olhares aos objetivos e vivências banais do cotidiano. Foi preciso transver os objetos e as janelas, fossem elas materiais, imaginárias ou virtuais.
Os encontros, possíveis por meio de telejanelas individuais, formavam um grande mosaico. Cada um que chegava à cena, assim como na vida, mudava toda a configuração. Era bonito apreciar formações imersas em sorrisos e chegadas. Eram múltiplas telejanelas que traziam e produziam vida. A multiplicidade transforma suas dimensões ao mudar sua natureza e se metamorfosear, como nos dizem Deleuze e Guattari1313 Deleuze G, Guattari F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34; 1995.: “uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza” (p. 15).
De maneira processual, despedimo-nos dessa delicada experiência por meio de cartas. No último encontro, a atividade escolhida foi escrever uma carta, mantendo a escrita real e/ou imaginativa e pontuando os deslocamentos sensíveis produzidos ao longo do processo de acolhimento e formação.
Algum lugar do mundo, 04 de junho de 2020.
Escolho a ti para contar um pouco “daqui”. De um dia pro outro, deixei de viver a vida como tanto gosto e fui colocada dentro da casa de meus pais para assistir ao mundo desabar. aqui, poucos caminhos haviam sido criados e, então, restou a mim criá-los. mas por onde começar? eis que da janela do meu quarto, avisto uma grande ciranda, em que, de algum jeito, a gente pode dar as mãos. meus olhos são de curiosidade. ali giramos, giramos, giramos. fazemos a terra subir e a água escorrer. o vento surge a partir do movimento dos corpos, gerando um fluxo contínuo. de repente, assisto a flores que crescem na cabeça de alguém que chora e pássaros ao redor de alguém que canta. essa gente pula dança e rola! o movimento me atravessa por inteiro. aqui, pintei e bordei. preparei receitas secretas em um caldeirão que nem sabia que existia. conheci novas músicas e criei outras. descobri que os passarinhos do outro lado da janela adoram me ver dançar. percebo que de tantos céus que já vi, é aqui que está o mais bonito, e isso me faz respirar melhor. deito no chão e também no telhado, por que não? olho dali como se fosse parte de uma telha, ou como o pássaro que me olha desconfiado. pela casa, percebo rachaduras antes nunca vistas. durmo debaixo da mesa do meu quarto… por que não? foi ela mesma quem me chamou esses dias pra estar mais perto... talvez também ande sentindo a falta de alguém…
(Narrativa, aluna 4)
As narrativas poéticas constituíram-se como o recurso artístico que despertou acolhimento, conexão e grupalidade no ambiente virtual. Com elas foram mobilizadas proposições estéticas, artísticas e inventivas, novas formas de vivenciar o contexto de distanciamento físico e elaborar as efervescências do contexto pandêmico. As estudantes puderam vivenciar o processo de serem terapeutas ocupacionais de si, uma vez que o campo intervém com as rupturas e o sofrimento, mas também com o cuidado, os afetos e a constituição de um grupo.
Para não finalizar
A pandemia ainda não cessou seu curso no país. Após muitos meses, passamos por diferentes fases, exigindo a todo momento novos posicionamentos, flexibilidade e atenção às vivências no cotidiano de nossas vidas, casas, relações e nos processos formativos nas universidades.
O relato pode expressar as diferentes fases e desafios vivenciados na pandemia. Os desafios provocaram docentes e estudantes a rever objetivos, metodologias de ensino-aprendizagem e modos de avaliar baseados na construção da presença no ambiente virtual, no cultivo das relações e na potência das experiências corporais e artísticas para o cuidado e acolhimento de todas.
No entanto, não se trata de uma experiência a ser simplesmente replicada para outros e quaisquer contextos, pois é composta por características singulares e, como qualquer experiência, é única. O relato permite vislumbrar caminhos possíveis em tempos complexos e apresentar propostas que possam inspirar outras docentes e estudantes, buscando provocar reflexões e ativar processos de criação e cuidado.
Trata-se de um momento de intenso aprendizado, reflexão e busca de novos modos de atuar no ensino; e de acompanhar e dar ensejo a processos formativos. Um repensar permanente sobre formação, sobre estratégias de ensino-aprendizado no modo remoto e avaliação sobre o que, de fato, é importante de ser trabalhado em um período delicado, principalmente para aqueles que vivem situações de vulnerabilidade. Sabemos que muitas de nossas estudantes se encontram nessa situação.
O processo foi e segue em movimento exigindo posicionamentos diversos a cada novo problema que se apresenta; adaptações e aprendizados se efetuam permanentemente com a percepção que esses encontros oportunizam a elaboração do vivido; e possibilitam a continuidade da tarefa formativa e a produção de conhecimentos ancorados no presente, buscando dar visibilidade e respostas aos desafios impostos na contemporaneidade.
- (e)Optamos por privilegiar o uso de pronomes e adjetivos no gênero feminino, uma vez que as docentes e estudantes envolvidas na experiência eram, em sua maioria, mulheres.
- (f)O projeto pedagógico do campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo prevê um desenho curricular estruturado em quatro eixos de formação, sendo três deles comuns a todos os cursos, nos quais as turmas são mescladas, e um relacionado às práticas específicas de cada profissão. São eles: “O ser humano em sua dimensão biológica”, “O ser humano e sua inserção social”, “Trabalho em Saúde” e “Aproximação a uma prática específica em Saúde”33 Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista. Projeto Político Pedagógico, 2006 [Internet]. Santos: Unifesp; 2006 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: http://prograd.unifesp.br/santos/download/2006/projetopedagogico.pdf
http://prograd.unifesp.br/santos/downloa... . - (g)A pesquisa é um subprojeto de uma pesquisa temática coordenada pela Profª Drª Flavia Liberman intitulada “Delicadas coreografias: práticas corporais e artística e produção de subjetividade”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp sob o CAAE n. 65961417.4.0000.5505 e Parecer n. 2.067.538.
- (h)Sobre a noção de catástrofe, Pelbart aponta diferentes sentidos e perguntas: será a pandemia? O sistema econômico que conduziu a ela? Ou a civilização tecno-capitalista? Ou o próprio Ocidente? Para ele, no entanto, talvez a catástrofe não se trate de um evento específico e a catástrofe maior não esteja na pandemia, mas na “constatação de que as coisas continuem como eram” (s/p)1010 Pelbart PP. Espectros da catástrofe [Internet]. São Paulo: N-1; 2020 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/129
https://www.n-1edicoes.org/textos/129... . - (i)Roteiro Poético ou Experimento para um gesto poético de presença coletiva virtual. Disponível em: https://outraspalavras.net/descolonizacoes/como-reinventar-o-estar-presente-em-quarentena/
- (j)Mapa de visitação da sua casa. Criação artística/poética dos autores André Gravatá & Serena Labate, disponível em: https://www.sorverversos.com/
- Liberman F, Andrade LF, Bianchi PC, Godoy GT. Delicadas experiências formativas: tessitura de espaços de cuidado e ensino com grupo de estudantes universitários durante pandemia. Interface (Botucatu). 2022; 26: e200842 https://doi.org/10.1590/interface.200842
Referências
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- 3Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista. Projeto Político Pedagógico, 2006 [Internet]. Santos: Unifesp; 2006 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: http://prograd.unifesp.br/santos/download/2006/projetopedagogico.pdf
» http://prograd.unifesp.br/santos/download/2006/projetopedagogico.pdf - 4Borba PLO, Bassi BGC, Pereira BP, Vasters GP, Correia RL, Barreiro RG. Desafios “práticos e reflexivos” para os cursos de graduação em terapia ocupacional em tempos de pandemia. Cad Bras Ter Ocup. 2020; 28(3):1103-15.
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- 10Pelbart PP. Espectros da catástrofe [Internet]. São Paulo: N-1; 2020 [citado 5 Nov 2020]. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/textos/129
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
14 Mar 2022 - Data do Fascículo
2022
Histórico
- Recebido
06 Dez 2020 - Aceito
02 Dez 2021