Adoecimento psíquico, assimetrias de gênero na Medicina e necessidade de intervenção: uma revisão de literatura

Mental illness, asymmetries between genders in the medical profession, and the need for intervention: a literature review

Enfermarse psíquicamente, asimetrías de género en la medicina y necesidad de intervención: una revisión de la literatura

Luiz Henrique Moreira Pereira Simone da Nóbrega Tomaz Moreira Sobre os autores

Resumos

A Medicina possui um notório impacto adoecedor sobre seus profissionais. Isso é acertado se comparando as altas prevalências de depressão e suicídio na população médica com aquelas relativas à população geral. Entretanto, observadas as assimetrias de gênero existentes nas relações humanas, emerge a necessidade da busca para a elucidação de disparidades de gênero no interior dos âmbitos profissionais e acadêmicos da Medicina, além de propostas capazes de alterar aspectos nocivos da carreira. Para tanto, realizou-se uma revisão da literatura pela análise de trinta artigos publicados nas plataformas PubMed/Medline e Google Scholar em português, inglês e francês, nos últimos dez anos. Os achados permitiram acertar uma vulnerabilidade do gênero feminino, uma vez imerso no âmbito médico, traduzida em maior crescimento de índices de depressão e suicídio. Foram apontadas propostas de alteração dessa realidade por meio de estratégias de caracteres preventivo e interventivo.

Palavras-chave
Suicídio; Depressão; Médicos; Estudantes de Medicina; Educação médica


The medical profession has notorious health impacts on professionals, shown by the proportionately higher prevalence of depression and suicide among doctors than in the general population. However, given the asymmetries between genders in human relations, there is the need to elucidate gender disparities within the medical profession and Academia, and develop proposals capable of minimizing the harmful aspects of the career. To this end, we conducted a literature review that included the analysis of thirty articles published in Portuguese, English and French in PubMed/Medline and Google Scholar over the last ten years. The findings confirm the vulnerability of female doctors, manifested in increased rates of depression and suicide. We propose measures to improve this situation through prevention and intervention strategies.

Keywords
Suicide; Depression; Doctors; Medical students; Medical education


La Medicina tiene un notorio impacto como causador de enfermedades en sus profesionales. Eso es acertado si se comparan las altas prevalencias para depresión y suicidio en la población médica con las relativas a la población en general. No obstante, observadas las asimetrías de género existentes en las relaciones humanas, surge la necesidad de la búsqueda para elucidar disparidades de género en el interior de los ámbitos profesionales y académicos de la Medicina, además de propuestas capaces de alterar aspectos nocivos de la carrera. Para ello, se realizó una revisión de la literatura, mediante análisis de treinta artículos, publicados en las plataformas PubMed/Medline y Google Scholar en portugués, inglés y francés, en los últimos diez años. Los hallazgos permitieron acertar una vulnerabilidad del género femenino, una vez inmerso en el ámbito médico, traducida en un mayor crecimiento en índices de depresión y suicidio. Se señalaron propuestas de alteración de esta realidad por medio de estrategias con carácter de prevención e intervención.

Palabras clave
Suicidio; Depresión; Médicos; Estudiantes de medicina; Educación médica


Introdução

A notoriedade da carreira médica é, em parte, justificada pelo caráter de intensa dedicação e extenuação dos profissionais que a representam11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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. Essa intensidade é firmada desde os primeiros anos de ingresso na profissão, de modo que, uma vez iniciado o seu treinamento em Medicina, os estudantes da área já se veem inseridos em expectativas constantes e, por vezes, irreais e excessivas, realidade essa que se perpetua na prática médica33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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Assim, o frenesi de uma demanda cotidiana por alta performance – seja na assimilação teórica e prática por discentes, seja no sucesso e na exatidão de profissionais formados – atua no estabelecimento de um ambiente nocivo e adoecedor44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
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. Essa premissa se acerta uma vez analisada a alta prevalência de transtornos psíquicos e emocionais – como depressão e burnout – e de suicídio na população médica, a qual se configura como grupo ocupacional com maior taxa de suicídios aferida pela bibliografia científica22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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,55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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,66 Al-Lamki L. Stress in the medical profession and its roots in medical school. Sultan Qaboos Univ Med J. 2010; 10(2):156-9..

Nesse contexto, emerge a discussão quanto à possível distinção de gênero no acometimento e desenvolvimento desses distúrbios de natureza emocional e do suicídio propriamente dito. Observa-se, então, que, apesar de ser notado um aumento de ambos os gêneros na prevalência de adoecimento psíquico11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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, a população feminina, uma vez inserida no âmbito médico, apresenta crescimento significativamente superior àquele observado na população masculina11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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. Essa tendência se torna ainda mais preocupante quando analisada a maior inserção feminina na profissão médica88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
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, o que serve na reiteração do grande valor do debate quanto ao bem-estar emocional dessas discentes e médicas, que aponta a transição de uma disciplina majoritariamente masculina para uma maior equivalência quantitativa entre os representantes dos gêneros.

Tendo em vista a grande relevância da problemática, este artigo objetiva a elucidação das diferenças de gênero que permeiam a Medicina prática e acadêmica para o estabelecimento de um quadro adoecedor. Além disso, o estudo enfoca a caracterização de possíveis medidas transformadoras desse cenário, lançando mão, para os citados fins, de uma revisão crítica da literatura atual.

Métodos

Foi realizada uma busca pela literatura pertinente ao debate proposto. Por meio da delimitação original dos objetivos da revisão, foram escolhidas as plataformas PubMed/Medline e Google Scholar como paradigmáticas à pesquisa, uma vez considerada a tentativa de maior abrangência da busca pela bibliografia, bem como a referência à problemática nas principais bases de pesquisa da disciplina médica. A seleção de estudos foi, assim, iniciada pelos resultados encontrados para os descritores “Medical Students”, “Physician Suicide”, “Depression” e “Gender”. Foram escolhidas publicações escritas em português, inglês e francês publicadas entre 2010 e 2020. O intervalo de pesquisa obedeceu à prerrogativa de fundamentação especializada, além da tentativa de excluir um possível viés temporal perante a heterogeneidade potencial da população e do âmbito médico ao longo do tempo. Esse recorte tem sua importância reforçada quando considerada a transição demográfica na carreira e na disciplina médicas ocorrida nas últimas décadas88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
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. A alteração demográfica da população estudada, em uma perspectiva longitudinal, afirma, portanto, a necessidade do recorte em tempo para a busca da bibliografia.

Com base nos 343 resultados preliminares da busca em ambas as plataformas, foi feita uma triagem dos resultados obtidos, a qual se firmou em dois momentos apontados no Quadro 1. Inicialmente, os títulos e resumos das publicações encontradas foram analisados, excluindo-se aqueles que não acrescentavam à discussão proposta. Posteriormente, foi feita uma pesquisa por duplicidade, sendo excluídos artigos que figuraram duplamente em cada base de pesquisa ou em ambas. Por fim, os artigos selecionados foram lidos em sua integralidade.

Quadro 1
Etapas de seleção dos artigos para revisão integrativa de literatura

A priori, os resultados da pesquisa na plataforma PubMed/Medline apontaram 15 publicações relativas aos descritores escolhidos. Dentre essas, nove foram excluídas pela leitura de seus títulos e resumos por não contribuírem com o tema proposto (os artigos traziam, como assuntos centrais: paliativismo, abuso de substâncias, dilemas éticos, religiosidade de estudantes, entre outros). Já a plataforma Google Scholar aferiu a existência de 328 artigos relativos aos termos estabelecidos para a pesquisa. A leitura por uma bibliografia pertinente com base nos achados nessa plataforma permitiu a exclusão de 298 publicações por não somarem ao debate levantado (abordando, principalmente, os temas: etilismo e abuso de drogas, alterações na estratégia de saúde da família, saúde de pessoas transgênero, entre outros).

Os 36 artigos triados nessa primeira fase de seleção foram então submetidos à procura por duplicidade. Essa busca permitiu a exclusão de cinco artigos duplicados nas plataformas escolhidas.

A leitura dos 31 artigos selecionados após as duas etapas de seleção levou à exclusão de um artigo, o qual abordava as diferenças na condução clínica de pacientes pelo sexo, não fazendo menção ao viés de gênero interno ao funcionamento da classe médica.

Por fim, os trinta artigos que passaram pelas etapas de seleção foram utilizados para a composição desta revisão descritiva.

Resultados e discussão

Uma vez aplicado o algoritmo de triagem e seleção de artigos, foram encontrados trinta resultados pertinentes à discussão, cuja compreensão pode ser observada no Quadro 2.

Quadro 2
Informações gerais dos artigos selecionados para revisão integrativa de literatura

A priori, é essencial o debate teórico dos termos utilizados no estudo realizado. Nesse sentido, a pesquisa buscou incluir a diferenciação entre “gênero” e “sexo”, segundo o postulado pela Organização Mundial da Saúde, a qual compreende o “gênero” no que tange à noção socialmente construída e legitimada perante o universo material e simbólico de homens e mulheres. Por outro lado, a instituição traz o conceito de “sexo” como tangente às características sexuais primárias e secundárias de cada sujeito, tendo, portanto, diferenciação clara do conceito dado ao gênero99 Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde. Folha Informativa – Gênero [Internet]. Washington: OPAS; 2021 [citado 29 Jan 2021]. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5668:folha-informativa-genero&Itemid=820#:~:text=A%20igualdade%20de%20g%C3%AAnero%20na,se%20beneficiarem%20de%20seus%20resultados
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A revisão da literatura selecionada permite aferir, inicialmente, a maior prevalência tanto de distúrbios emocionais quanto da ação e da ideação suicida para a população médica, uma vez comparada à população geral11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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,44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
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5 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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-66 Al-Lamki L. Stress in the medical profession and its roots in medical school. Sultan Qaboos Univ Med J. 2010; 10(2):156-9.,99 Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde. Folha Informativa – Gênero [Internet]. Washington: OPAS; 2021 [citado 29 Jan 2021]. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5668:folha-informativa-genero&Itemid=820#:~:text=A%20igualdade%20de%20g%C3%AAnero%20na,se%20beneficiarem%20de%20seus%20resultados
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,1010 Pereira N, Padoim I, Fraguas R. Psychosocial and health-related stressors faced by undergraduate medical students. Rev Med. 2014; 93(3):125-35. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p125-134.
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11 Wimsatt L, Schwenk T, Sen A. Predictors of depression stigma in medical students. Am J Prev Med. 2015; 49(5):703-14. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2015.03.021.
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12 Wege N, Muth T, Li J, Angerer P. Mental health among currently enrolled medical students in Germany. Public Health. 2016; 132:92-100. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2015.12.014.
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13 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
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14 Saravanan C, Wilks R. Medical students’ experience of and reaction to stress: the role of depression and anxiety. Sci World J. 2014; 2014:1-8. Doi: http://dx.doi.org/10.1155/2014/737382.
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-1515 Fond G, Bourbon A, Auquier P, Micoulaud-Franchi J, Lançon C, Boyer L. Venus and Mars on the benches of the faculty: influence of gender on mental health and behavior of medical students. Results from the BOURBON national study. J Affect Disord. 2018; 239:146-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jad.2018.07.011.
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A percepção de maior sofrimento emocional na classe médica dentro e fora da Academia se dá desde os momentos mais iniciais da carreira médica. Assim, foi apontado um quadro de desenvolvimento de sintomas de ordem psíquica por parte de estudantes do curso médico desde os primeiros semestres11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
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,1010 Pereira N, Padoim I, Fraguas R. Psychosocial and health-related stressors faced by undergraduate medical students. Rev Med. 2014; 93(3):125-35. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p125-134.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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. O cenário descrito ficou evidente na análise de uma revisão sistemática acompanhada de meta-análise realizada por estudiosos brasileiros1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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, a qual permitiu a denúncia de altos valores de prevalência para as principais comorbidades psíquicas entre estudantes das faculdades médicas. Nesse sentido, foram observadas prevalências para depressão de 30,6%; para o burnout, de 13,1%; do uso problemático de álcool, com impacto de 32,9%; para o estresse, de 46,1%; e para a ansiedade, uma prevalência de 32,9%1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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. Esses índices são superiores à média da prevalência dos mesmos sintomas para a classe universitária comum, padrão também mantido após os ajustes de idade1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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A realidade de adoecimento psíquico lega ao estudante de Medicina sentimentos de impotência e desestímulo, assim como reduz as suas habilidades socioemocionais e de exercício de empatia11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
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– aptidões essenciais não só à sua formação acadêmica como à introjeção de valores importantes para sua prática clínica futura. Esse impacto é ainda catalisado pelo estigma construído em torno do adoecimento, de modo que estudantes que apresentam certo grau de sofrimento psíquico precisam ainda lidar com crenças de desvalor social, fraqueza e discriminação profissional1010 Pereira N, Padoim I, Fraguas R. Psychosocial and health-related stressors faced by undergraduate medical students. Rev Med. 2014; 93(3):125-35. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p125-134.
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. Nesse sentido, a análise dos dados corrobora uma piora significativa na qualidade de vida desses discentes33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
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Os achados apontam, ainda, que as principais razões para a maior incidência de morbidades psíquicas na classe de estudantes de Medicina são baseadas: na alta competitividade e na seleção de indivíduos competitivos para as faculdades médicas; na manutenção de um ambiente acadêmico e profissional estressante; na carga excessiva de conteúdo técnico e de trabalho; no sentimento de isolamento social consequente da alta demanda da carreira e da Academia; na privação de sono; no peso ético e social da profissão médica; na frustração de uma ideia de onipotência; na convivência com a morte; além de outros aspectos curriculares e pessoais11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,66 Al-Lamki L. Stress in the medical profession and its roots in medical school. Sultan Qaboos Univ Med J. 2010; 10(2):156-9.,88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
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,1111 Wimsatt L, Schwenk T, Sen A. Predictors of depression stigma in medical students. Am J Prev Med. 2015; 49(5):703-14. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2015.03.021.
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,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...

17 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
https://doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126...

18 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress and coping among final year medical students. AP J Psychol Med. 2014; 15(1):74-80.
-1919 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress, coping and gender differences in third year medical students. J Health Manag. 2014; 16(2):315-26. Doi: http://dx.doi.org/10.1177/0972063414526124.
https://doi.org/10.1177/0972063414526124...
.

Uma vez analisada a realidade dos profissionais em atuação, a bibliografia aponta, também, um quadro de deterioração da saúde mental dessa população. Ou seja, a classe médica, uma vez graduada, ainda assiste à manutenção de altos níveis de depressão, estresse, ansiedade e burnout11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2...
,2020 Chang E, Eddins-Folensbee F, Coverdale J. Survey of the prevalence of burnout, stress, depression, and the use of supports by medical students at one school. Acad Psychiatry. 2012; 36(3):177-82. Doi: https://doi.org/10.1176/appi.ap.11040079.
https://doi.org/10.1176/appi.ap.11040079...
.

Esses índices, por sua vez, possuem relacionamento íntimo com condições nocivas da realidade profissional desses médicos. Assim, a revisão realizada pôde destacar aspectos como a necessidade de alto rendimento contínuo; a evitação reiterada do fracasso; a performance em condições adversas de trabalho; a carga horária extenuante; a convivência com a morte, sem que haja uma real reflexão sobre o seu real impacto individual; os estigmas profissional e pessoal da busca por auxílio psicológico; entre outros, como decisivos no estabelecimento de um contexto de sofrimento emocional11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
https://doi.org/10.1111/medu.12962...
.

Além disso, a literatura realça o crescimento de 100 a 200% na prevalência da ideação suicida que discentes e graduados em Medicina sofrem, quando relacionados aos índices respectivos que concernem à população geral11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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. Esse aumento expressivo se justifica por uma multiplicidade de condições nocivas a que esses estudantes e profissionais são submetidos, condições essas que catalisam a manifestação de sintomas de sofrimento emocional positivamente ligados às ideações de retirada da própria vida11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
https://doi.org/10.1111/medu.12962...
.

Paralelamente, a revisão para a elucidação objetivada da existência de assimetrias entre os gêneros no que diz respeito ao adoecimento mental e ao suicídio permitiu a visualização de uma discrepância expressiva, apesar de verdadeira a constatação de piora das condições de saúde emocional de ambos os gêneros pela pesquisa22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2...
,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
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. Nesse escopo, a reiteração conceitual do termo “assimetria” se faz necessária, tendo sua melhor adequação na elucidação de discrepâncias entre os gêneros feminino e masculino, ainda que expostos a um preditor comum, qual seja o curso ou a carreira médica. As assimetrias, portanto, antes de conformarem apenas diferenças explícitas e primárias, cobrem toda disparidade de ordem simbólica, institucional ou material que afirmam a vivência da população estudada.

Essas assimetrias atestaram a existência de um contexto em que o gênero feminino, uma vez inserido no meio médico, assiste a uma piora mais significativa na prevalência e na incidência de comorbidades associadas ao sofrimento emocional do que a piora observada no gênero masculino22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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. Em outras palavras, a produção especializada evidencia uma vulnerabilidade da população médica feminina ao maior desenvolvimento de transtornos emocionais (como a depressão e a ansiedade)11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
https://doi.org/10.1002/da.22909...
,88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...
,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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e de ideação e efetivação suicidas22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...
,2222 Moutinho R, Figueira M. Depression and suicidal behavior in medical students: a systematic review. Currt Psychiatry Rev. 2015; 11(2):86-101..

Nesse âmbito, pôde ser destacada uma prevalência de ideação suicida do grupo de discentes e médicas 130% maior do que aquela estimada para a população feminina geral, ultrapassando os valores correspondentes à população masculina não médica11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
https://doi.org/10.1111/medu.12962...
. Ademais, a diferença de gênero transposta aos valores de incidência de ideação suicida se torna mais curiosa, uma vez aferido um aumento de 40% para a população médica masculina, valor que reitera a visão de maior vulnerabilidade feminina às condições adoecedoras da profissão médica e do treinamento em medicina33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
,2323 Mueller A, Jenkins T, Osborne M, Dayal A, O’Connor D, Arora V. Gender differences in attending physicians’ feedback to residents: a qualitative analysis. J Grad Med Educ. 2017; 9(5):577-85. Doi: https://doi.org/10.4300/JGME-D-17-00126.1.
https://doi.org/10.4300/JGME-D-17-00126....
. Esses dados, por sua vez, vão de encontro às evidências que identificam o gênero masculino como fator de risco comum para o suicídio22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
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,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
https://doi.org/10.1002/da.22909...
, dado, esse, que justificaria um crescimento mais expressivo do suicídio para o gênero masculino, cuja extrapolação teórica não é observada, na prática.

Além disso, a observação de indicadores de diferença entre os sexos no desenvolvimento de comorbidades psiquiátricas destacou maior prevalência da classe médica feminina no desenvolvimento de depressão – alinhado com a maior referência para a população feminina aos índices da patologia88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
https://doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.00...
,1414 Saravanan C, Wilks R. Medical students’ experience of and reaction to stress: the role of depression and anxiety. Sci World J. 2014; 2014:1-8. Doi: http://dx.doi.org/10.1155/2014/737382.
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– e de ansiedade, estando também orientado ao risco comum11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
https://doi.org/10.1590/0103-11042016110...
,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
https://doi.org/10.1111/medu.12962...
,66 Al-Lamki L. Stress in the medical profession and its roots in medical school. Sultan Qaboos Univ Med J. 2010; 10(2):156-9.,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
https://doi.org/10.1002/da.22909...
,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
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,1414 Saravanan C, Wilks R. Medical students’ experience of and reaction to stress: the role of depression and anxiety. Sci World J. 2014; 2014:1-8. Doi: http://dx.doi.org/10.1155/2014/737382.
https://doi.org/10.1155/2014/737382...
,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...
.

Em face da discrepância de gênero quanto às circunstâncias de adoecimento, a análise da literatura permitiu aferir aspectos de justificação de tal realidade. Nesse sentido, foi observado que indivíduos do gênero feminino referem maior sofrimento no que tange às pressões para o equilíbrio entre trabalho e família (o que, por sua vez, pode estar relacionado com as percepções domésticas socialmente concebidas ao gênero feminino); para a manutenção de uma postura de força e autossuficiência (indo de encontro aos estereótipos de fragilidade e incapacidade profissional socialmente construídos em torno do gênero feminino); para lidar com as disparidades profissionais e salariais de gênero (em que profissionais do gênero feminino tendem a receber menos pelas mesmas atividades e a ascender profissionalmente com menor frequência); para lidar com o estresse e os dilemas emocionais (especialmente dificultados pela maior capacidade de exercício empático demonstrada pelo gênero na leitura dos achados bibliográficos); além de outras condições que compõem especificamente a vivência acadêmica e profissional feminina77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
https://doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126...
,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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,2525 Chapman E, Kaatz A, Carnes M. Physicians and implicit bias: how doctors may unwittingly perpetuate health care disparities. J Gen Intern Med. 2013; 28(11):1504-10. Doi: https://doi.org/10.1007/s11606-013-2441-1.
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.

Nesse ínterim, vale o destaque do processo de exclusão da figura feminina em âmbitos da ciência médica dominados pelo gênero masculino, quase exclusivamente2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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,2525 Chapman E, Kaatz A, Carnes M. Physicians and implicit bias: how doctors may unwittingly perpetuate health care disparities. J Gen Intern Med. 2013; 28(11):1504-10. Doi: https://doi.org/10.1007/s11606-013-2441-1.
https://doi.org/10.1007/s11606-013-2441-...
. Essa separação entre gêneros no interior da prática e da rotina médicas é atestada ainda na formação em Medicina pela criação de espaços típica e historicamente masculinos, onde a presença e a manifestação femininas são desencorajadas. Um exemplo dessa realidade avessa à plena atuação feminina é a diferenciação das especialidades médicas naquelas concebidas como “eminentemente” masculinas e aquelas que recebem rotulação favorável à participação feminina2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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. Assim, especialidades cirúrgicas e de trauma recebem intenso desencorajamento à participação feminina de forma explícita – pela manifestação verbal de aversão e desconfiança na expertise desses indivíduos2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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– ou implícita – pela ausência de mentores, modelos ou, até mesmo, de representantes do gênero atuando em tais especialidades2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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,2525 Chapman E, Kaatz A, Carnes M. Physicians and implicit bias: how doctors may unwittingly perpetuate health care disparities. J Gen Intern Med. 2013; 28(11):1504-10. Doi: https://doi.org/10.1007/s11606-013-2441-1.
https://doi.org/10.1007/s11606-013-2441-...
. O resultado disso é o constrangimento à manifestação efetiva das habilidades de profissionais e estudantes do gênero feminino, além da reafirmação do sentimento de aversão e desconfiança de seus potenciais.

Logo, a análise paralela de estudos que confirmam as assimetrias diante do impacto do adoecimento sobre os gêneros feminino e masculino, na classe médica, permite aferir não só a prevalência da discrepância nas várias especialidades11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,22 Duarte D, El-Hagrassy M, Couto T, Gurgel W, Fregni F, Correa H. Male and female physician suicidality: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2020; 77(6):587-97. Doi: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.0011.
https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2...
, como também a sua maior ênfase nas especialidades tipicamente dominadas pelo masculino, quais sejam a cirurgia, o trauma e a emergência2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
.

Ademais, acadêmicas e médicas também precisam lidar com os eventos de assédio e violência sexual que passam a compor a realidade prática na Medicina. Essa realidade pôde ser ratificada na leitura de um estudo americano voltado para clínicos e pesquisadores, o qual destacou uma disparidade de trinta para 4% na percepção feminina e na masculina, respectivamente, para o assédio de natureza sexual, reiterando as diferenças para esse tipo de violência no âmbito médico2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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.

Assim, apesar do meio médico possuir muitos aspectos nocivos a ambos os gêneros, é notória as maiores adversidades impostas ao universo feminino, marcando um cotidiano avesso a sua plena atuação profissional e acadêmica e à plena manifestação de um bem-estar físico e psíquico2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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.

A análise do contexto problematizado torna mister a busca por intervenções baseadas em evidências capazes de alterar tais assimetrias. Logo, a pesquisa permitiu o apontamento de medidas capazes de mitigar os aspectos adoecedores do cotidiano de médicos e estudantes de Medicina, em uma abordagem atenta às necessidades de redução das iniquidades de gênero, sendo possível citar: os grupos de mentoria; o incentivo à inclusão do gênero feminino em áreas de pesquisa e ciência; a equidade salarial e profissional; o apoio psicológico próximo e continuado ao longo da graduação; as redes de apoio e denúncia para vítimas de assédio de natureza sexual; o suporte financeiro para mães e puérperas; a redução do estigma voltado à busca de suporte psicológico; o estímulo a atividades de reflexão de sua posição profissional e acadêmica; entre outros33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
https://doi.org/10.1016/j.encep.2019.09....
,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...
,2222 Moutinho R, Figueira M. Depression and suicidal behavior in medical students: a systematic review. Currt Psychiatry Rev. 2015; 11(2):86-101.,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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.

Os resultados obtidos permitem acertar o caráter eminentemente adoecedor da carreira médica desde os seus anos mais iniciais33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
,1010 Pereira N, Padoim I, Fraguas R. Psychosocial and health-related stressors faced by undergraduate medical students. Rev Med. 2014; 93(3):125-35. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p125-134.
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836....
,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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. Além disso, a análise de tais resultados também apontou uma piora dessas condições na medida em que os estudantes ingressam em novas fases do curso médico – como o internato e o ciclo clínico44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
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,1212 Wege N, Muth T, Li J, Angerer P. Mental health among currently enrolled medical students in Germany. Public Health. 2016; 132:92-100. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2015.12.014.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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– ou os profissionais se veem imersos em novas realidades de atuação como nos primeiros anos de exercício da carreira ou na atividade em circunstâncias institucionais precárias11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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.

Nesse sentido, o entendimento das condições nocivas a que essa população está inserida inclui a visão do cotidiano médico tenro já como emocional e psicologicamente destrutivo. Os fatores de sofrimento psíquico iniciais são apontados pela característica do curso na incitação de ambientes competitivos, no esgotamento intelectual e emocional e na demanda continuada por alto rendimento88 Serra R, Dinato S, Caseiro M. Prevalence of depressive and anxiety symptoms in medical students in the city of Santos. J Bras Psiquiatr. 2015; 64(3):213-20. Doi: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000081.
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
,1010 Pereira N, Padoim I, Fraguas R. Psychosocial and health-related stressors faced by undergraduate medical students. Rev Med. 2014; 93(3):125-35. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p125-134.
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836....
,1515 Fond G, Bourbon A, Auquier P, Micoulaud-Franchi J, Lançon C, Boyer L. Venus and Mars on the benches of the faculty: influence of gender on mental health and behavior of medical students. Results from the BOURBON national study. J Affect Disord. 2018; 239:146-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jad.2018.07.011.
https://doi.org/10.1016/j.jad.2018.07.01...
,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
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18 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress and coping among final year medical students. AP J Psychol Med. 2014; 15(1):74-80.
-1919 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress, coping and gender differences in third year medical students. J Health Manag. 2014; 16(2):315-26. Doi: http://dx.doi.org/10.1177/0972063414526124.
https://doi.org/10.1177/0972063414526124...
,2626 Burger P, Scholz M. Gender as an underestimated factor in mental health of medical students. Ann Anat. 2018; 218:1-6. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.aanat.2018.02.005.
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. À medida que há avanço na carreira médica, esses aspectos de adoecimento se exacerbam, evoluindo de modo a compreender frustrações típicas do mundo prático, como a desmistificação de um sentimento de onipotência e o convívio com o sofrimento e com a morte1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
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. Dessa forma, a manutenção desses aspectos nocivos se torna especialmente danosa uma vez que catalisa o desenvolvimento de comorbidades psíquicas e de ideação suicida na classe médica11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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. Tal realidade impede o estabelecimento de condições salutares à autoestima dessa população e à promoção das suas habilidades interpessoais e clínicas, incapacitando a atuação em cuidado de forma empática e humana.

Portanto, torna-se cabível interpretar que o cotidiano nocivo de estudantes e médicos necessita de revisitação crítica, de modo que resgate o bem-estar físico e mental dessa população.

Ademais, a análise da literatura ratificou a existência de assimetrias de gênero quanto ao impacto das condições negativas da profissão no adoecimento da população médica. Nesse ínterim, as evidências apontam a efetivação de uma realidade especialmente nociva ao gênero feminino, sendo as médicas e estudantes de Medicina detentoras de maior prevalência de comorbidades de ordem emocional – com destaque para a depressão e a ansiedade – e de crescimento mais expressivo quanto aos índices de suicídio e ideação suicida, uma vez comparado ao crescimento observado na prevalência masculina uma vez havendo o seu ingresso na carreira médica11 Gracino M, Zitta A, Mangili O, Massuda E. A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saude Debate. 2016; 40(110):244-63. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611019.
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,33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
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,1414 Saravanan C, Wilks R. Medical students’ experience of and reaction to stress: the role of depression and anxiety. Sci World J. 2014; 2014:1-8. Doi: http://dx.doi.org/10.1155/2014/737382.
https://doi.org/10.1155/2014/737382...
,1717 Santos L, Ribeiro Í, Boery E, Boery R. Qualidade de vida e transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Cogitare Enferm. 2017; 22(4):1-7. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i4.52126.
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.

Nesse contexto, o levantamento de teorias voltadas à explicação do fenômeno aborda as diferenças ideológicas e institucionais que permeiam as vivências do gênero feminino em sociedade. Os principais achados discutiram questões como a desigualdade salarial, a concepção de papel familiar e doméstico e a desvalorização da capacidade técnica e profissional atreladas ao gênero feminino como decisivas na criação de uma realidade hostil ao gênero dentro da Medicina2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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,2323 Mueller A, Jenkins T, Osborne M, Dayal A, O’Connor D, Arora V. Gender differences in attending physicians’ feedback to residents: a qualitative analysis. J Grad Med Educ. 2017; 9(5):577-85. Doi: https://doi.org/10.4300/JGME-D-17-00126.1.
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,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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,2727 Guille C, Frank E, Zhao Z, Kalmbach D, Nietert P, Mata D, et al. Work-family conflict and the sex difference in depression among training physicians. JAMA Intern Med. 2017; 177(12):1766-73. Doi: http://dx.doi.org/10.1001/jamainternmed.2017.5138.
https://doi.org/10.1001/jamainternmed.20...
. Dessa forma, a reflexão quanto ao espaço do gênero feminino na atuação e na academia médica deve permear a visão de que esses agentes se encontram imbuídos em uma realidade social e material avessa à sua plena manifestação. Logo, o fenômeno de adoecimento desigual deve ser interpretado pela construção de um discurso alheio à participação feminina, de maneira tal que foram criadas barreiras ao seu ingresso em áreas de atuação científica e, uma vez passando a integrar esses meios, o mesmo discurso passa a atuar na contramão de uma equidade tanto salarial quanto de notoriedade da sua força intelectual e técnica55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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Logo, a bibliografia embasa a assertiva de que a alteração do perfil debatido deve ser atenta à necessidade de construção de um meio salutar à atuação e ao preparo de ambos os gêneros, pelo estabelecimento da equidade como meta e da legitimidade do gênero feminino.

Por meio da observação atenta do contexto debatido, a necessidade de intervenções viáveis à transformação dessa realidade e alinhadas às evidências científicas emerge.

Inicialmente, a literatura destaca medidas preventivas diante do adoecimento. Esse cuidado precoce se voltaria para a capacitação de discentes e profissionais a fim de identificar os sinais de depressão e esgotamento psíquico, além de reiterar a disponibilidade da ajuda e a desconstrução do estigma voltado à sua busca de suporte33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
https://doi.org/10.1016/j.encep.2019.09....
,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,1111 Wimsatt L, Schwenk T, Sen A. Predictors of depression stigma in medical students. Am J Prev Med. 2015; 49(5):703-14. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2015.03.021.
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,1818 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress and coping among final year medical students. AP J Psychol Med. 2014; 15(1):74-80.

19 Madhyastha S, Latha K, Kamath A. Stress, coping and gender differences in third year medical students. J Health Manag. 2014; 16(2):315-26. Doi: http://dx.doi.org/10.1177/0972063414526124.
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20 Chang E, Eddins-Folensbee F, Coverdale J. Survey of the prevalence of burnout, stress, depression, and the use of supports by medical students at one school. Acad Psychiatry. 2012; 36(3):177-82. Doi: https://doi.org/10.1176/appi.ap.11040079.
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21 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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-2222 Moutinho R, Figueira M. Depression and suicidal behavior in medical students: a systematic review. Currt Psychiatry Rev. 2015; 11(2):86-101.,2828 Machado L. Transtornos mentais comuns e bem-estar subjetivo em estudantes de medicina: uma intervenção preventiva baseada na psicologia positiva [tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2017.,2929 Hamilton E, Klimes-Dougan B. Gender differences in suicide prevention responses: implications for adolescents based on an illustrative review of the literature. Int J Environ Res Public Health. 2015; 12(3):2359-72. Doi: http://dx.doi.org/10.3390/ijerph120302359.
https://doi.org/10.3390/ijerph120302359...
. Assim, deve-se pensar na promoção de uma psicoeducação, antes que haja o estabelecimento efetivo de um quadro clínico preocupante. Tal medida atua no sentido de criar um ambiente de evitação do adoecimento anterior ao estabelecimento de seus primeiros sinais.

Nesse sentido, a frente de prevenção possui potencial positivo quando pensada para a população feminina, haja vista a maior tendência do grupo à busca por auxílio44 Dyrbye L, West C, Satele D, Boone S, Tan L, Sloan J, et al. Burnout among U.S. medical students, residents, and early career physicians relative to the general U.S. population. Acad Med. 2014; 89(3):443-51. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000134.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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,3030 Brazeau C, Shanafelt T, Durning S, Massie F, Eacker A, Moutier C, et al. Distress among matriculating medical students relative to the general population. Acad Med. 2014; 89(11):1520-5. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000000482.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
,3131 Regitz-Zagrosek V. Sex and gender differences in health. Embo Rep. 2012; 13(7):596-603. Doi: http://dx.doi.org/10.1038/embor.2012.87.
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. Portanto, o empoderamento da classe médica feminina quanto à identificação de sintomas de sofrimento psíquico e quanto à autonomia do cuidado pode ser de grande valia na transformação do meio prático e acadêmico em que está inserida.

É também possível citar a formação de grupos de mentoria entre professores e alunos como uma estratégia eficaz de prevenção na mitigação de aspectos nocivos das escolas médicas77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
. Isso porque, em meio acadêmico, esses grupos atuam como redes de suporte no interior da Medicina, em que professores podem agir de maneira aproximada dos discentes e garantir apoio e aconselhamento no seio do âmbito acadêmico1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2...
. Logo, um canal aproximado de comunicação efetivaria uma identificação precoce de sinais de sofrimento psíquico e facilitaria a busca por cuidado.

Ademais, a bibliografia também investiga o viés interventivo do cuidado, o qual aponta a percepção ativa e aproximada de estudantes e profissionais já adoecidos a fim de garantir o direcionamento e o auxílio clínicos55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
https://doi.org/10.1016/j.encep.2019.09....
,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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,2222 Moutinho R, Figueira M. Depression and suicidal behavior in medical students: a systematic review. Currt Psychiatry Rev. 2015; 11(2):86-101.,2828 Machado L. Transtornos mentais comuns e bem-estar subjetivo em estudantes de medicina: uma intervenção preventiva baseada na psicologia positiva [tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2017.. Essa frente de atuação inclui a identificação de sintomas de adoecimento psíquico entre o grupo médico de uma determinada instituição, seja dentro de uma comunidade acadêmica, seja clínico-hospitalar. Uma vez identificados, a instituição precisa prover o apoio material e psicológico próximo, efetivado por meio de grupos de apoio, terapias individuais ou tratamento psicocorporal e aplicação de estratégias de mindfulness33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
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,55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
https://doi.org/10.1016/j.encep.2019.09....
,1313 Bugaj T, Cranz A, Junne F, Erschens R, Herzog W, Nikendei C. Psychosocial burden in medical students and specific prevention strategies. Ment Health Prev. 2016; 4(1):24-30. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.003.
https://doi.org/10.1016/j.mhp.2015.12.00...
. O objetivo dessa frente é prestar apoio a profissionais e estudantes que já se encontrem em situação de vulnerabilidade, sendo necessário – por meio do conhecimento agregado de que o gênero feminino se encontra em maior risco para o sofrimento emocional – abordar a população feminina com maior veemência.

Outro tipo de estratégia interventiva envolve o acompanhamento individual para o impedimento de reincidência. Nesse ínterim, a aproximação periódica de estudantes e profissionais por um intermediário capacitado pode apontar a necessidade de encaminhamento a um sistema de apoio psicológico ou psiquiátrico, de acordo com a necessidade observada,55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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,77 Pospos S, Tal I, Iglewicz A, Newton I, Tai‐Seale M, Downs N, et al. Gender differences among medical students, house staff, and faculty physicians at high risk for suicide: a hear report: a hear report. Depress Anxiety. 2019; 36(10):902-20. Doi: http://dx.doi.org/10.1002/da.22909.
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,2828 Machado L. Transtornos mentais comuns e bem-estar subjetivo em estudantes de medicina: uma intervenção preventiva baseada na psicologia positiva [tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2017.. Essa estratégia garante uma transversalidade às alterações propostas no meio médico, efetiva na conformação de um bem-estar comum e equânime.

Além disso, uma última via de intervenção se volta para a alteração institucional55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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,2121 Paro H, Perotta B, Enns S, Gannam S, Giaxa R, Arantes-Costa F, et al. Qualidade de vida do estudante de medicina. Rev Med. 2019; 98(2):140-7. Doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v98i2p140-147.
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. Essa vertente de transformação se preocupa com as conformações estruturais de violência hierárquica e de gênero em todas as instâncias sociais, inclusive aquelas relativas à prática da Medicina2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
.

Por essa premissa, o endereçamento para alteração da conformação estrutural deve compreender a desconstrução de hierarquias internas ao funcionamento da profissão médica, as quais atuam na conformação de desigualdades entre os gêneros, professores e alunos e entre alunos de ambos os gêneros33 Puthran R, Zhang M, Tam W, Cho R. Prevalence of depression amongst medical students: a meta-analysis. Med Educ. 2016; 50(4):456-68. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/medu.12962.
https://doi.org/10.1111/medu.12962...
,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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. Essas hierarquias ratificam um discurso nocivo à manifestação de um dos polos de cada relação citada, sendo o gênero feminino, reiteradamente, mais prejudicado em cada uma dessas assimetrias.

A transformação dessa realidade se dá por meio do resgate da legitimidade dos grupos minoritários no interior da classe médica. Uma vez reconhecido o espaço que a figura feminina atualmente ocupa na Medicina prática, medidas que venham a lhe prover de suporte se tornam essenciais. Logo, ações como o incentivo à participação feminina em áreas de pesquisa científica – como na criação de núcleos de pesquisa voltados para estudos de saúde da mulher, entre outras pautas internas às ciências da saúde – atuariam consoante a necessidade de ingresso desses agentes na construção do conhecimento2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
https://doi.org/10.1097/acm.000000000000...
. Outra forma de intervir nessa realidade se firmaria por meio da criação de núcleos de apoio e denúncia às violências sexuais e de gênero que tomam espaço dentro da Academia, como também no cotidiano prático das profissionais abordadas55 Frajerman A. Quelles interventions pour améliorer le bien-être des étudiants en médecine? Une revue de la littérature. L’Encéphale. 2020; 46(1):55-64. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.encep.2019.09.004.
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,1616 Pacheco J, Giacomin H, Tam W, Ribeiro T, Arab C, Bezerra I, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017; 39(4):369-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2223.
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,2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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. Além disso, revisar as disparidades salariais e as condições de incentivo e suporte à maternidade e ao planejamento familiar conformaria, também, uma via de transformação positiva da realidade material do gênero feminino na Medicina2424 Flaherty S, Misra M, Scott-Vernaglia S, Taveras E, Israel E. Psyche meets the gatekeepers: creating a more humane culture for women in medicine. Acad Med. 2019; 94(11):1665-9. Doi: http://dx.doi.org/10.1097/acm.0000000000002766.
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,2727 Guille C, Frank E, Zhao Z, Kalmbach D, Nietert P, Mata D, et al. Work-family conflict and the sex difference in depression among training physicians. JAMA Intern Med. 2017; 177(12):1766-73. Doi: http://dx.doi.org/10.1001/jamainternmed.2017.5138.
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.

Por fim, é possível descrever o fenômeno de alta prevalência de comorbidades psíquicas e suicídio na classe médica como certamente multidimensional e complexo, tornando-se ainda mais difícil, uma vez analisadas as assimetrias ao que se refere ao gênero dos indivíduos afetados. Logo, a transformação dessa realidade deve ser incisivamente estimulada, a fim de garantir condições que priorizem o completo e equânime bem-estar da população cuidadora.

Conclusões

A revisão descritiva da literatura permitiu acertar a continuidade do caráter de extenuação intensa da profissão médica como extremamente nociva ao bem-estar e à saúde dos sujeitos que a integram. Esse conhecimento emerge da análise da grande prevalência para as comorbidades psiquiátricas preocupantes – como a depressão e a ansiedade – e para o suicídio dentro da comunidade estudada. Assim, a bibliografia permitiu observar que características próprias do meio médico, se não revisitadas com um olhar crítico, se tornam incompatíveis com a própria viabilidade da vida dos profissionais. Além disso, o estudo dos artigos ratificou a vulnerabilidade da população médica feminina, munida de um aumento mais expressivo nos índices de desenvolvimento de transtornos de ordem psíquica e naqueles voltados ao suicídio e à ideação suicida.

Uma vez reconhecidas essas características da ciência médica, estratégias interventivas baseadas em evidências puderam ser traçadas. Essas visavam à transformação da realidade destrutiva do meio médico em quatro vertentes: pelo tratamento de indivíduos que já se encontrassem em processo de adoecimento, sendo esse tratamento ainda mais veemente uma vez relativo à comunidade médica feminina (tendo em mente os dados epidemiológicos levantados para o adoecimento psíquico); por estratégias múltiplas de intervenção precoce sobre o adoecimento; pela intervenção individual para a mitigação de reincidências; e pela intervenção estrutural, a qual repudia os processos institucionais e ideológicos que corroboram para a criação de assimetrias de natureza hierárquica e de gênero.

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  • Financiamento

    A Universidade Federal do Rio Grande do Norte atuou como contribuinte no investimento à publicação do presente estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    29 Jun 2021
  • Aceito
    04 Out 2021
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