Resumos
Este artigo apresenta os múltiplos processos de criação vividos durante uma pesquisa de mestrado. Propõe instigar a inovação da investigação e da documentação acadêmica, mostrando a relevância da articulação entre arte, escrita e cuidado no contexto da formação de profissionais de saúde e da produção de conhecimento. Pretende dar visibilidade à pesquisa cartográfica, que se afirma como um processo de criação em si, gerando objetos agenciadores da conexão entre o pesquisador e o campo pesquisado, permitindo ao pesquisador aprofundar o vínculo com o tema e com todos os encontros intrínsecos à pesquisa. O campo de produção de dados aconteceu durante oficinas com práticas de expressão corporal, oral e escrita, envolvendo a criação de uma obra de arte grupal, um e-book com textos dos participantes e um livro-objeto, que materializa o devir da pesquisa científica em pesquisa-arte.
Palavras-chave
Cartografia; Processo criativo; Formação em saúde; Produção de conheciment
This article presents multiple creation processes experienced during the research process for a master’s thesis. It proposes to instigate innovation in research and academic documentation, showing the relevance of articulation between art, writing and care in the context of health professional training and education and knowledge production. It intends to give visibility to cartographic research, which asserts itself as a process of creation in itself, generating objects that mediate the connection between the researcher and the field of research, enabling him or her to create a deeper bond with the theme and the encounters that are intrinsic to the study. The data were collected during workshops involving bodily, oral, and written expression practices and the creation of a group work of art, an e-book made up of texts written by the participants, and an object book, materializing the transformation of scientific research into art-based research.
Keywords
Cartography; Creative process; Health education; Knowledge production
Este artículo presenta los múltiples procesos de creación vividos durante un proceso de investigación de maestría. Propone instigar la innovación de la investigación y documentación académica, mostrando la relevancia de la articulación entre arte, escritura y cuidado en el contexto de la formación de profesionales de salud y de la producción de conocimiento. Pretende dar visibilidad a la investigación cartográfica, que se afirma como un proceso de creación en sí, generando objetos que agencian la conexión entre el investigador y el campo investigado, permitiendo que el investigador profundice el vínculo con el tema y con todos los encuentros intrínsecos a la investigación. El campo de producción de datos tuvo lugar durante talleres con prácticas de expresión corporal, oral y escrita, envolviendo la creación de una obra de arte grupal, un e-book con textos de los participantes y un libro-objeto, que materializa el devenir de la investigación-científica en investigación-arte.
Palabras clave
Cartografía; Proceso creativo; Formación en salud; Producción de conocimiento
Introdução
O conhecimento emerge apenas através da invenção e da reinvenção, através da inquietante, impaciente, contínua e esperançosa investigação que os seres humanos buscam no mundo, com o mundo e uns com os outros.
(Paulo Freire)
A pesquisa é em si um processo de criação de mundos, de produtos e do próprio pesquisador? Essa é a pergunta norteadora que instiga a pensar a produção de conhecimento como um processo criativo, que se desdobra em múltiplos vetores. Desdobramento capaz de gerar intervenções e produções que organizam o processo investigativo para além do texto acadêmico: novas relações, novos corpos e objetos agenciadores11 Latour VB. On actor-network theory: a few clarifications. Soz Welt. 1996; 47(4):369-381. da relação entre pesquisador, participantes e campo de pesquisa. Assim, na pesquisa qualitativa, intitulada Escuta e Escrita - Uma Experiência Corporal na Interface entre Saúde e Comunicação, realizada no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde, da Universidade Federal de São Paulo Campus Baixada Santista (Unifesp/BS), gostaríamos de destacar a participação de objetos, do corpo e de elementos artísticos na produção de conhecimento e cuidado. O campo de produção de dados aconteceu em dez encontros grupais – oficinas que reuniram pós-graduandos envolvidos com seus processos de escrita profissional e acadêmica.
Neste artigo, focaremos esses objetos e seus agenciamentos: um vestido-mapa suporte de obra coletiva, um livro-objeto, um livro digital com a produção de textos dos alunos e fotos das oficinas, materiais produzidos no contexto de uma pesquisa de Mestrado.
Latour11 Latour VB. On actor-network theory: a few clarifications. Soz Welt. 1996; 47(4):369-381., em sua teoria do ator-rede(d(d)A Teoria Ator-Rede (TAR) apresenta-se como uma perspectiva de pesquisa em Teoria Social, iniciada na década de 1980 no campo de estudos da Ciência, na Europa. Na perspectiva de Bruno Latour, a TAR refere-se às diferentes formas de conexão entre os elementos de uma rede (seres vivos e coisas) dotados de potencial de agência que se transformam mútua e continuamente.), dá ênfase à função da materialidade na mediação de nossas relações sociais/coletivas. Ele denomina como actantes todos os seres que agem/agenciam por estar imersos em conexões heterogêneas; ou seja, pessoas, elementos naturais e coisas que se relacionam para agir e produzir o social. Essas conexões incluem elementos humanos e não humanos. Para ele, é nas conexões desses elementos que o pesquisador consegue produzir conhecimento, assim como relações cotidianas.
Essas práticas de mediação entre as pessoas e a materialidade nada mais são do que a junção desses elementos heterogêneos postos em relação com uma determinada temporalidade, sendo capazes de provocar transformações22 Camillis PK, Bussular CZ, Antonello CS. A agência a partir da Teoria Ator-Rede: reflexões e contribuições para as pesquisas em administração. Organ Soc. 2016; 23(76):73-91..
(p. 74)
Essa problematização se embasa também no método cartográfico, modo de investigação construído no hall das pesquisas-intervenção, isto é, um modo de compressão que, ao tomar a pesquisa como ato político, ético e estético, confere a ela seu caráter intrínseco de intervenção, implicando o pesquisador na transformação de si, do objeto e de seu contexto33 Lourau R. Implicação e sobreimplicação. In: Altoé S, organizador. René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec; 2004. p. 186-198.,44 Ferigato SH, Carvalho SR. Pesquisa qualitativa, cartografia e saúde: conexões. Interface (Botucatu). 2011; 15(38):663-675. Doi: https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000037.
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201100... .
Na pesquisa cartográfica por nós adotada44 Ferigato SH, Carvalho SR. Pesquisa qualitativa, cartografia e saúde: conexões. Interface (Botucatu). 2011; 15(38):663-675. Doi: https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000037.
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201100... , a produção de dados dá-se no encontro da pesquisadora (uma das autoras deste artigo) e no acompanhamento do processo vivo realizado em grupo, em que não há dados previamente existentes para serem coletados e comprovados, mas, sim, a captação fina dos elementos que surgem ao longo das relações de pesquisa, das interações humanas, sujeitas às variantes de comportamento e dos processos formativos constitutivos do grupo, do objeto e do campo investigados.
No campo, a intervenção não se dá em um único sentido. É essa ampliação dos sentidos da intervenção que vai aumentando quando se considera agora uma dinâmica transductiva a partir da qual as existências se atualizam, as instituições se organizam e as formas de resistência se impõem contra os regimes de assujeitamento e as paralisias sintomáticas55 Passos E, Barros RB. A cartografia como método de pesquisa-intervenção. In: Passos E, Kastrup V, Escóssia L, organizadores. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina; 2009. p. 17-31..
(p. 21)
Sujeito e objeto se fazem juntos, emergem de um plano afetivo. O tema da pesquisa aparece com o pesquisar. Ele não fica escondido, disfarçado ou apenas evocado66 Passos E, Kastrup V, Escóssia L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina; 2009. (p. 73).
O método cartográfico, que em sua orientação permite a coexistência de linguagens, deu corpo ao trabalho de uma pesquisa-intervenção acadêmica, incluindo todas as camadas do processo.
Para os geógrafos, cartografia – diferentemente do mapa: representação de um todo estático – é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os movimentos de transformação da paisagem. Paisagens psicossociais também são cartografáveis. [...] Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos que pedem passagem, dele se espera basicamente que seja mergulhado nas intensidades de seu tempo e que, atento às linguagens que encontra, devore as que lhe parecem elementos possíveis para a composição das cartografias que se fazem necessárias. O cartógrafo é antes de tudo um antropófago77 Rolnik S. Cartografia sentimental. Porto Alegre: Sulina; 2011..
(p. 23)
Para estimular os registros do processo, foram distribuídos cadernos de capa dura, específicos para esta experiência.
Escrita em letra cursiva, desenhos e outras notas deram espaço para os fluxos de pensamento e suporte para o processo criativo.
As cartografias foram traçadas de inúmeras formas: cartografamos com registros em cadernos dos conteúdos escritos e das captações corporais (muitas dessas figuras e palavras foram replicadas em grande lousa); cartografamos por escrito a experiência da escrita para melhor evidenciar seus fluxos e bloqueios; cartografamos coletivamente a experiência acrescentando palavras ao mapa-vestido que guarda a síntese e a memória do grupo; cartografamos, ainda, em mais uma camada, registrando todas essas ações em fotografias e novos escritos.
Com o objetivo de desenvolver a sensibilidade de profissionais de saúde, esta pesquisa ampliou as habilidades de linguagem e as formas de expressar por escrito e oralmente as experiências de cuidado, contribuindo para a qualidade da interação com equipes, sujeitos acompanhados e seus familiares. Além disso, os encontros e a participação do processo vivo das oficinas (que também incluíam trabalho corporal)(e(e)O Processo Formativo sistematizado por Stanley Keleman – e difundido no Brasil por Regina Favre – foi a referência teórica da prática corporal realizada nas oficinas.) tornaram possível que os participantes se apropriassem de perceber e comunicar melhor suas necessidades nos respectivos ambientes profissionais. A cada encontro, foram propostas práticas de pulso(f(f)Para Keleman, o corpo funciona como uma bomba pulsátil, e o pulso é o princípio fundamental na manutenção da vida. Esse pulso é perceptível em matérias vivas na sua capacidade de se retrair e expandir, de se encurtar e alongar, de se recolher e inchar8.) que proporcionam expandir e contrair a superfície corporal, voluntariamente. “O esforço voluntário cortical-muscular estimula o crescimento de axônios e vai formar uma estrutura conectiva, as sinapses, conectando a parede do corpo ao córtex”88 Keleman S. Anatomia emocional. São Paulo: Summus; 1996. (p. 51). Esse tipo de estimulação aumenta a capacidade de perceber a si mesmo e de fazer uma conexão mais refinada com tudo, com o outro e com os ambientes em que estamos influindo positivamente sobre a expressão verbal e escrita.
A pesquisa aconteceu na interface dos campos da Saúde, da Comunicação e da Educação. Essas áreas se entrecruzam neste estudo, que é fruto de extenso trabalho nessas frentes – a pesquisadora atuou cerca de três décadas como jornalista especializada em temas do comportamento e, há dez anos, migrou para a área de Saúde, atuando como pesquisadora interdependente, terapeuta corporalista e acompanhante terapêutica em São Paulo. O processo em seu desenrolar nos levou a pulsar também na interface entre cuidado e expressão como campos da produção humana, com ênfase nos conteúdos que enriqueçam as práticas do autocuidado e do cuidar do outro. A experiência deu-se no contexto da formação profissional da Saúde, porém, por suas características abrangentes e que evocam a corporalidade do pensar, pode também inspirar práticas em todas as áreas de formação e de produção de conhecimento. Os métodos experimentados podem servir de disparador para novas ações formativas e análises.
Por meio de todas essas camadas, foi possível tecer estreitamente a articulação entre arte, escrita e cuidado no contexto da formação de profissionais e pesquisadores em saúde. Os encontros foram gravados, transcritos e fotografados, sistematizando o conteúdo que envolveu várias linguagens para a construção desta pesquisa-intervenção, experiência viva, presencial, atravessada pela produção de vínculos(g(g)Ser cuidado e ser objeto de interesse criam vínculos e relações que geram certos tipos de sentimentos comportamentais. São atividades de sentimentos muito importantes e formam estados corporais daquilo que se chama amor, isto é, fazer parte de estar conectado a[...]9. (p. 16).).
Para estabelecer esses vínculos, a primeira necessidade foi usar um mesmo vestido com mapas náuticos a cada encontro. Depois do ciclo completo de oficinas, surgiu a necessidade de gerar um território para sediar a experiência, e o suporte para isso foi a montagem de um livro-objeto, composto por um livro impresso que reúne os textos dos alunos e o mesmo vestido, com intervenções de escrita feitas pelos participantes.
Este artigo pretende mostrar o desenrolar dessas etapas.
No calor dos encontros
Nas oficinas, ministradas em programa de Pós-Graduação na área interdisciplinar, com temas que interconectam Saúde e Sociedade, o programa de atividades foi semelhante ao realizado no contexto de curso livre, apenas para quatro pessoas, em caráter particular e experimental. Estar na universidade e com esses participantes com necessidades específicas trouxe atualizações e questões muito férteis para o âmbito da pesquisa:
Como ministrar uma oficina para os pares mantendo a transversalidade de saberes-poderes e afetos no compartilhamento do conhecimento? Sendo a pesquisadora da capital e mais velha que a maioria dos participantes, como diluir possíveis limites, explicitar ruídos e facilitar o acontecimento coletivo?
Depois da prática corporal de autopercepção, os participantes eram convidados a captar o próprio corpo e desenhá-lo no plano vertical da lousa e depois no plano horizontal do caderno.
Como criar um campo-corpante(h(h)Quando o organismo vai do estar apegado ao querer compartilhar, surge um outro tipo de relação. [...] Forma-se um relacionamento entre os organismos movimentando-se um com o outro, coordenados um com o outro. Isso gera o sentimento de estar acompanhado9. (p. 17)), isto é, um ambiente confiável em que as pessoas realmente pudessem mergulhar nas várias experimentações e com base nessa experiência vivida se produzir pesquisa?
Como compor os ritmos, as expectativas, sendo a pesquisadora ao mesmo tempo ministrante e mestranda?
Grada Kilomba foi uma das referências para considerar as questões acima e, também, para confiar nesse tecer do conhecimento entre pares. A autora descreve seu processo de pesquisa com seus pares e conceitua a prática do study up:
Em um study up, pesquisadoras/es investigam membros de seu próprio grupo social, ou pessoas de status similares, como forma de retificar a reprodução constante do statu quo dentro da produção de conhecimento (Essed, 1991; Mama, 1995) [...] não concordo com o ponto de vista tradicional de que o distanciamento emocional, social e político é sempre uma condição favorável para a pesquisa, melhor que o envolvimento mais pessoal. Ser uma pessoa “de dentro” produz uma base rica, valiosa em pesquisas centradas em sujeitos1010 Kilomba G. Memórias da plantação. Rio de Janeiro: Cobogó; 2019..
(p. 83)
Conforme esse conceito, a prática proposta no primeiro encontro foi a apresentação dos alunos, que criou o elo de confiança necessário para a experiência vincular em que estávamos envolvidos.
“O vínculo é um processo cíclico de mover-se para o mundo e voltar para si. Vincular-se envolve uma onda pulsatória que passa por ciclos de expansão e contração”99 Keleman S. Amor e vínculos: uma visão somático-emocional. São Paulo: Summus; 1996. (p. 83). Em vez de cada um recitar sua própria apresentação incluindo dados da trajetória pessoal e profissional, um colega apresentava o outro, que era desafiado a ouvir sem interromper. Isso evidenciou os vínculos preexistentes entre eles, o que formou o terreno para a próxima atividade. Em duplas, um contava ao outro a história do próprio nome. A mesma pessoa que escutava seria a responsável por contar a história do nome, podendo mesclar dados da realidade e da ficção.
Uma das histórias mais tocantes criadas nas oficinas, justamente no semestre anterior à pandemia, se relacionava ao nome dado à criança nascida em uma situação de isolamento social, provocada então pela tuberculose, doença não menos perigosa e contagiosa que a provocada pelo atual Covid-19. Destaca-se este texto:
Já estou aqui nesse lugar há meses... Aqui parece uma prisão. Estou presa aqui. Longe de todo mundo. Desde que descobri que tenho tuberculose, só tenho contato com as enfermeiras que passam aqui no meu quarto, de vez em quando. Não consigo fazer amizade com elas por causa da máscara. Não conseguimos conversar. Nem sei como é o rosto delas. Nem posso imaginar. Ontem descobri que estava grávida. Hoje consegui vislumbrar o nome da enfermeira mais bondosa lendo seu crachá. Num relance. No pouco tempo em que ela esteve aqui, apressada. É um nome diferente, mas muito forte. Vai dar força a essa criança. Quero que ela seja alguém que nunca vai se sentir sozinha, não vai se sentir presa. O nome dela é Zilmara.
O episódio, que, àquela altura, parecia tão distante da nossa realidade, produziu uma discussão sobre os impactos do isolamento social para aquela mãe e para aquela criança, que cresceu sabendo ser seu nome o de uma enfermeira mascarada, uma das únicas pessoas a que a mãe tinha acesso enquanto se tratava da doença respiratória e contagiosa. De fato, ter vivido o período de isolamento social permitiu olhar de modo mais agudo para o material produzido durante os encontros presenciais – na época, ainda sem imaginar quanto a nossa vida seria intensamente marcada por interações virtuais nas plataformas de teleconferência e nas redes sociais, quanto as máscaras entrariam no nosso vestuário, quanto a preocupação com o contágio estaria na maioria das casas e lugares públicos do planeta.
Nas oficinas, cada participante aprendeu a narrar a si mesmo, priorizando a forma descritiva e não interpretativa de acompanhar processos clínicos, sem metáforas, rente ao óbvio. Esse conhecimento e o registro preciso dessas experiências se tornaram contribuições relevantes para melhorar a comunicação verbal e escrita nas várias ações de cuidado, facilitando, além disso, a atuação de equipes multidisciplinares.
Ademais, as oficinas aproximaram os participantes de um processo criativo, com constantes convites a “brincar” com as palavras, com a voz e com os elementos inusitados que quiseram incluir na narrativa. Além dos textos escritos e lidos em voz alta, com as palavras moldadas no oco da boca para se tornar emissão vocal consciente e conectiva, a pesquisadora propôs uma criação coletiva que se desenrolou durante o décimo encontro.
“Dar passagem, fazer passagem, ser passagem”1111 Bedin L. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. Rev Digit do LAV. 2014; 7(2):66-77. (p. 75) parece ser o caminho mais sintonizado com o propósito de manter a vida da pesquisa, a vida do pesquisador, a vida do campo pesquisado, a vida de todos os vivos envolvidos em aprimorar a presença em todos os ambientes, incluindo o profissional.
O vestido com mapas náuticos foi usado pela pesquisadora em todas as aulas, como um uniforme.
Ao final do processo, que durou um semestre, o mesmo vestido transformou-se em suporte para produção coletiva.
Palavras que sintetizaram o vivido foram anexadas ao vestido, território têxtil de uma produção grupal.
Com a roupa do corpo
Um vestido com estampa de antigos mapas náuticos, adquirido em uma feirinha de rua, usado como uniforme da pesquisadora em todos os encontros, foi peça-chave deste trabalho realizado em cidade portuária. No último dia das oficinas, a pesquisadora despiu-se dessa “pele” do trabalho. Essa peça de roupa, impregnada por toda a experiência, por tantos deslocamentos corporais e de linguagem, foi colocada no centro do círculo, tornando-se o suporte de uma criação coletiva que sintetizou todo o percurso vivido nas oficinas. O convite foi para os participantes escreverem, em fitas de algodão, frases ou palavras que descrevessem a experiência e as fixassem sobre o mapa-vestido com alfinetes.
Com a confiança construída ao longo da jornada, todos se puseram a produzir esteticamente esse momento lúdico. E sem resistência, como crianças, usaram o chão para escrever e de gatinhas iam deixando suas marcas naquela superfície.
O vestido tornou-se suporte para o tecer de um corpo coletivo, e surgiram palavras e frases. Surgiram as escrituras sobre as tiras de morim branco, que foram fixadas nos mais variados lugares do mapa-corpo com alfinetes metálicos. Como uma síntese do vivido em comum, nas bordas das experiências, ficaram os registros na roupa do corpo – conjuntos de palavras mais marcantes do processo e frases bem presas às bordas, na barra, no peito, nos ombros, em pontos estratégicos do mapa-vestido, mensagens jogadas ao mar para alcançar e reverberar em outros territórios.
As camadas do processo: vestido e intervenções escritas dos alunos, cadernos de notas e desenhos usados durante das oficinas. Algumas das palavras escolhidas pelos participantes para integrar o vestido – agora suporte de expressão coletiva – foram:
“Trégua – respiro – avoa – suspiro”
“Amor – carinho – troca – reflexão – crescer”
“Expansão – intensidade – leveza”
“Hoje só consigo pensar na dor. A dor não me deixa pensar em outra coisa que não seja ela”
“Liberdade de escrever sem precisar editar...”
“Sentir o corpo como bomba, contrair e expandir, sustentando presenças”
“O nascimento do corpo”
“Água de beber”
“Tatiana não quer morrer”
“Respirar aos 40...”
“A metamorfose da aprendizagem num caleidoscópio de emoções”.
Curioso como muitos escolheram o lugar de fixar não pela estampa do mapa, mas pelo lugar do corpo que o vestido havia moldado: o coração, os ombros, o estômago, a barra para evocar as pernas e as descobertas que haviam feito durante as práticas em seu mapeamento corporal. Ali, absortos, pudemos encerrar essa experiência com essa qualidade de atenção, de cooperação. Quando terminaram de fixar as palavras, formamos em volta do vestido um círculo com os cadernos de cada participante abertos – morada dos textos que tecemos juntos – com as caligrafias à mostra, e ainda um outro círculo foi feito com os textos impressos, escolhidos pelos participantes para integrar a publicação de um e-book. Então, formamos nós todos, com nossos corpos embebidos de um semestre muito encarnado, um outro círculo e dançamos juntos uma ciranda, como se o chão, repleto de palavras, fosse a areia da praia.
Dezenas de textos e desenhos foram criados ao longo dos encontros e, em uma conversa sobre publicações, todos os participantes manifestaram o desejo e a importância de que o material produzido fosse reunido em um livro. Assim, foi editado “Com a roupa do corpo”, uma publicação digital, em formato e-book – para reduzir os custos e o tempo de produção e facilitar o acesso. Cada participante foi convidado a escolher quatro textos feitos durante o processo para entrarem no livro, e a pesquisadora cuidou da criação do projeto editorial. O design gráfico (capa e miolo) e a revisão ficaram a cargo de outros profissionais parceiros.
Porém, surgiu o desejo de unir todos os materiais produzidos em um único lugar. Para fazer isso, veio a ideia de criar um livro-objeto, composto por esses vários elementos. Trata-se de uma caixa, revestida de tecido preto (25cm x 25cm x 9cm). Dentro dela, fixada com costura feita à mão, está uma única cópia impressa em papel especial do mesmo material preparado para o e-book. O vestido transformado em obra coletiva, dobrado e fixado com velcro, permitindo a leitura dos escritos em tiras de algodão fixadas no mapa sem perder a função de vestuário. O livro-objeto contém a cópia do e-book(i(i)Para solicitar acesso ao e-book escreva para loraggio@gmail.com.) e também o vestido-mapa, obra coletiva. A esse conjunto foi dado o mesmo título “Com a roupa do corpo”, escrito em letra cursiva em uma fita de algodão, fixado na capa e na lombada da caixa. Assim, a experiência toda ganhou uma nova camada, a da materialidade, amalgamando os elementos como registro, memória, objeto instigante de outros mapas, outras escritas, outras produções coletivas. O livro-objeto torna-se território onde o processo de criação é materializado e pode seguir contando a história do vivido, como um fragmento da História Social.
O livro-objeto, peça única, em formato de caixa, guarda o vestido obra coletiva, território da experiência vivida pelo grupo.
Dentro do livro em formato de caixa estão o vestido e uma cópia única em papel do livro com textos produzidos durante as Oficinas.
Ao desdobrar o vestido revelam-se as tiras de tecido com inscrições feitas pelos participantes, como modo colaborativo de sintetizar o processo vivido nas Oficinas.
Os participantes distribuíram frases ou palavras nas partes do corpo evocadas pelo vestido – ombros, peito, abdômen, laterais. O tecido tornou-se um mapa-corpo, lugar de reconexão e expressão de estados físicos e emocionais.
Assim, a pesquisadora e a pesquisa desdobraram-se em processos criativos, que podem reverberar para além da produção dissertativa.
A pesquisa ganhou a forma de obra plástica e literária dando materialidade ao processo, que pode seguir vivo e amplificando a potência do vivido na academia para outros contextos de educação, expressão e cuidado.
Assim, o processo vivido passa a constituir um lugar, uma versão completa passa a existir como testemunho, um vestígio material palpável que perdura no tempo para contar uma versão da história experienciada por essas pessoas, expressar uma percepção estética nesse tempo-espaço.
Lapoujade1212 Lapoujade D. As existências mínimas. São Paulo: N-1 edições; 2017., inspirado pelo filósofo da arte Étienne Souriau, considera que certas percepções e experiências despertam o desejo de “testemunhar” em defesa da afirmação da beleza do que se percebeu, ao ver, ao viver uma experiência, atestando seu valor e importância existencial para além de sua apreensão. A testemunha, que nunca é neutra,
tem a responsabilidade de fazer ver aquilo que teve o privilégio de ver, sentir ou pensar. (Com esse gesto) ela se torna um criador. De sujeito que vê (percebe), torna-se um sujeito criador (fazer ver)1212 Lapoujade D. As existências mínimas. São Paulo: N-1 edições; 2017..
(p. 22)
Dos cadernos ao e-book, do vestido ao livro-objeto, as experiências foram se desdobrando em vários processos criativos. Passaram a ser territórios para o assentamento de todas essas histórias e experiências.
O alfinete vermelho marca no mapa o local de realização da pesquisa. No lugar do coração são fixadas as palavras “o nascimento do corpo”.
O vestido passou a ser um objeto agenciador entre o pesquisador e o campo de produção de dados, e também o fio condutor da experiência presente em todos os momentos, agregando valores materiais e simbólicos ao longo do percurso: a simples roupa que veste o corpo do pesquisador para aquela rotina de trabalho; o uso repetido que o transforma em uniforme que dá contorno ao corpo-pesquisadora, ao mesmo tempo que ganha uma qualidade multiforme ao se tornar suporte para um trabalho coletivo; portanto, deixa de ser peça de uso pessoal para tornar-se objeto compartilhado e “possuído” por todos.
A obra pronta que passa a integrar o livro-objeto e se constitui, finalmente, como um vestígio, uma marca de um processo grupal e que se destaca do mero acontecimento ordinário e pode se expandir para além das paredes da sala-universidade, agenciada por um e-book e um livro-objeto.
Em síntese, a experimentação que cartografamos com as Oficinas Corpo, Escuta e Escrita - Experimentos Textuais Formativos, além do conteúdo selecionado pelos temas relativos à saúde-doença e cuidado, incluiu práticas de comunicação não verbal, práticas de percussão corporal e artísticas que permitiram produzir não só os textos da pesquisa, mas sons e batidas com o próprio corpo, práticas corporais formativas com leitura de conceitos, diálogos analisando as práticas vividas e/ou os conteúdos. Toda essa produção ganhou agenciamentos concretos nas obras aqui apresentadas, além de um espaço-tempo para contemplar o que foi produzido.
Todas essas etapas vividas no calor do encontro, na temperatura do grupo, permitiram, ao mesmo tempo, desenvolver o autoconhecimento e a expressão em várias linguagens.
Processo grupal como autocuidado
Ficou claro nas experiências vividas que falta cuidado ao profissional de saúde e a todas as sobrecargas depositadas em seu corpo disponível para o cuidado de outros. Ao profissional de saúde participante, mais do que o conhecimento técnico ou acadêmico, faltavam experiências de reconexão com o autocuidado. O profissional de saúde capaz de escutar a si mesmo tem mais condições de escutar o outro e também de perceber o ambiente em que se desenrolam as ações de cuidado.
Portanto, o método desta pesquisa-intervenção foi tecido no trançar dos fios de uma cartografia, do processo formativo e das oficinas, aquecido pelo calor do encontro. Esses elementos químicos (no sentido literal, não metafórico), alternados, intensificados ou desintensificados, fazem surgir singularidades e potências não previstas, não ensaiadas, sem respostas prontas.
Essa experiência nos proporcionou um processo investigativo de pesquisa-arte que buscou aliar a ação e a reflexão, propondo uma produção de conhecimento comprometida conceitual e esteticamente com a produção de vida. Para Carvalho et al.1313 Carvalho SR, Lima EA, Ferigato S, Eichelberguer M, Azevedo BM, Pena RS. Explorando posibilidades en la intercesión entre el arte y la investigación cualitativa en salud. In: Salgado CM, Mendoza CC, Velasco VR, organizadores. En el juego de los espejos: multi, inter, transdisciplina e investigación cualitativa en salud. Ciudad de México: Universidad Autónoma Metropolitana; 2013. p. 121-135., uma pesquisa-arte compreende o processo investigativo como um ato ético-político que pode catalisar processos de transformação de uma dada realidade. A intercessão que operamos entre experimentações artísticas e corporais com a prática da pesquisa não é uma mera troca de conteúdos, mas, sim, uma relação de perturbação, de interferência, de intervenção entre os elementos que se relacionam, desestabilizando-os, deslocando-os de seus domínios habituais, e, com isso, criando novas formas para a expressão artística e acadêmica1414 Deleuze G. Conversações. São Paulo: Editora 34; 1992..
Para Guba1515 Guba EG. The expanding concept of research. Theory Pract. 1967; 6(2):57-65., o “contágio artístico” em relação à pesquisa acontece no sentido de reconfigurar o ato de pesquisar, dando centralidade ao processo de criação que atravessa toda a ação de produção de conhecimento, afirmando seu caráter estético. Nesse sentido, no processo que vivenciamos, a produção de dados incluiu a criação de uma “escritoplastia” ou uma nova estilística da produção de conhecimento. Essa atitude valoriza os processos racional-reflexivos, mas também novos modos de pensar, sentir e agir1313 Carvalho SR, Lima EA, Ferigato S, Eichelberguer M, Azevedo BM, Pena RS. Explorando posibilidades en la intercesión entre el arte y la investigación cualitativa en salud. In: Salgado CM, Mendoza CC, Velasco VR, organizadores. En el juego de los espejos: multi, inter, transdisciplina e investigación cualitativa en salud. Ciudad de México: Universidad Autónoma Metropolitana; 2013. p. 121-135.
14 Deleuze G. Conversações. São Paulo: Editora 34; 1992.-1515 Guba EG. The expanding concept of research. Theory Pract. 1967; 6(2):57-65..
Considerações finais
Buscamos neste texto-criação apresentar a experiência de pesquisa-arte que vivenciamos não apenas nos encontros das “Oficinas Corpo, Escuta e Escrita - Experimentos Textuais Formativos”, mas em toda a realização da pesquisa de mestrado, com ênfase aqui no processo de criação de objetos agenciadores que tornaram a pesquisa um espaço-tempo de criação de escrita de si.
Depois de experimentar todos esses efeitos produzidos no processo de estudo e embrulhados pela pandemia e em tantas turbulências, pretendemos expressar – com todas as letras – que nós, profissionais de saúde, envolvidos com a pesquisa, precisamos conhecer nossa própria anatomia, nossos limites e potência para a escrita de si e da pesquisa, ampliar nossa capacidade de escutar a nós mesmos, ao outro, ao grupo, ao contexto social, e capturar o vivido em texto, para que as experiências continuem fluindo como seiva, como seiva de vida, em contínuo processo de criação. Porém, isso não basta! É preciso criar formas de documentar e aglutinar todos os elementos em produções para além da escrita, que podem gerar novas experiências que instiguem a resistência e a vitalidade das práticas em saúde.
Como intenso e profundo processo de digestão/transformação – do contexto político a que estamos submersos, da intensidade dos encontros e do fluxo da pesquisa –, tornou-se imprescindível desdobrar a pesquisa em sua materialidade: criar o livro-objeto e o e-book, entre outros agenciamentos humanos-não humanos, com a intenção de disseminar o calor daquela experiência de escrita, escuta e cuidado para leitores e muitos outros profissionais de saúde.
É passando pelas camadas profundas da anatomia, da criação e das subjetividades que a pesquisa enraizou a pesquisadora em uma proposta de escrita como micropolítica de resistência para trazer calor e recolher as secreções – conteúdos apresentados, textos literários, cadernos de notas, fotografias, áudios, registros de todos os tipos, o diário virtual do pesquisador – capazes de fertilizar novos vínculos e conexões sensíveis individualmente, no grupo, no coletivo, em outros territórios.
A pesquisa-intervenção incorporada, vestindo o pesquisador também criado no desenrolar do processo de criação.
A pesquisa-intervenção incorporada, vestindo o pesquisador também criado no desenrolar do processo de criação.
A pesquisa-intervenção incorporada, vestindo o pesquisador também criado no desenrolar do processo de criação.
A pesquisa-intervenção incorporada, vestindo o pesquisador também criado no desenrolar do processo de criação.
E não seria esse justamente um modo de se manter totalmente vivo e consciente de que somos parte da resistência à necropolítica, às forças destrutivas de toda ordem?
E não seria o desenvolvimento das habilidades de expressão, das capacidades de deixar por escrito o que vimos, ouvimos, articulamos que nos garante (ah! como é possível usar esse verbo nesses tempos?) tecer o amanhã? Pois a vida escrita na pedra, nos papiros, nas cavernas, nos cadernos, nos livros ou nas páginas iluminadas do computador vai durar muito mais do que nossos corpos.
Escrever é um caso de devir, um devir sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida. É um processo, ou seja, uma passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido. A escrita é inseparável do devir: ao escrever, estamos num devir-mulher, num devir-animal ou vegetal, num devir-molécula, até num devir-imperceptível1616 Deleuze G. Crítica e clínica. 2a ed. São Paulo: Editora 34; 2011..
(p. 11)
Imaginamos que dedicar tempo e energia para produzir pesquisas e seus muitos recortes em escrituras – dissertações, teses, prontuários, relatórios, literatura – nessa conturbada contemporaneidade, com todos os micro e macroatravessamentos, micro e macroimpactos sentidos em nossos corpos a cada dia, quando aliados a processos de criação, podem ajudar a organizar e digerir o presente e a renovar a potência criativa, ela mesma.
- (d)A Teoria Ator-Rede (TAR) apresenta-se como uma perspectiva de pesquisa em Teoria Social, iniciada na década de 1980 no campo de estudos da Ciência, na Europa. Na perspectiva de Bruno Latour, a TAR refere-se às diferentes formas de conexão entre os elementos de uma rede (seres vivos e coisas) dotados de potencial de agência que se transformam mútua e continuamente.
- (e)O Processo Formativo sistematizado por Stanley Keleman – e difundido no Brasil por Regina Favre – foi a referência teórica da prática corporal realizada nas oficinas.
- (f)Para Keleman, o corpo funciona como uma bomba pulsátil, e o pulso é o princípio fundamental na manutenção da vida. Esse pulso é perceptível em matérias vivas na sua capacidade de se retrair e expandir, de se encurtar e alongar, de se recolher e inchar88 Keleman S. Anatomia emocional. São Paulo: Summus; 1996..
- (g)Ser cuidado e ser objeto de interesse criam vínculos e relações que geram certos tipos de sentimentos comportamentais. São atividades de sentimentos muito importantes e formam estados corporais daquilo que se chama amor, isto é, fazer parte de estar conectado a[...]99 Keleman S. Amor e vínculos: uma visão somático-emocional. São Paulo: Summus; 1996.. (p. 16).
- (h)Quando o organismo vai do estar apegado ao querer compartilhar, surge um outro tipo de relação. [...] Forma-se um relacionamento entre os organismos movimentando-se um com o outro, coordenados um com o outro. Isso gera o sentimento de estar acompanhado99 Keleman S. Amor e vínculos: uma visão somático-emocional. São Paulo: Summus; 1996.. (p. 17)
- (i)Para solicitar acesso ao e-book escreva para loraggio@gmail.com.
Agradecimentos
A todos os participantes das Oficinas Corpo, Escuta e Escrita - Experimentos Textuais Formativos –, que entraram na pesquisa-intervenção trazendo o melhor de si. Ao fotógrafo João Caldas, que gentilmente fez as imagens do livro-objeto para este artigo.
- Cocchiaro LO, Liberman F, Ferigato S. Atos de criação como processo vivo em pesquisa acadêmica. Interface (Botucatu). 2022; 26: e210768 https://doi.org/10.1590/interface.210768
Referências
- 1Latour VB. On actor-network theory: a few clarifications. Soz Welt. 1996; 47(4):369-381.
- 2Camillis PK, Bussular CZ, Antonello CS. A agência a partir da Teoria Ator-Rede: reflexões e contribuições para as pesquisas em administração. Organ Soc. 2016; 23(76):73-91.
- 3Lourau R. Implicação e sobreimplicação. In: Altoé S, organizador. René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec; 2004. p. 186-198.
- 4Ferigato SH, Carvalho SR. Pesquisa qualitativa, cartografia e saúde: conexões. Interface (Botucatu). 2011; 15(38):663-675. Doi: https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000037.
» https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000037 - 5Passos E, Barros RB. A cartografia como método de pesquisa-intervenção. In: Passos E, Kastrup V, Escóssia L, organizadores. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina; 2009. p. 17-31.
- 6Passos E, Kastrup V, Escóssia L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina; 2009.
- 7Rolnik S. Cartografia sentimental. Porto Alegre: Sulina; 2011.
- 8Keleman S. Anatomia emocional. São Paulo: Summus; 1996.
- 9Keleman S. Amor e vínculos: uma visão somático-emocional. São Paulo: Summus; 1996.
- 10Kilomba G. Memórias da plantação. Rio de Janeiro: Cobogó; 2019.
- 11Bedin L. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. Rev Digit do LAV. 2014; 7(2):66-77.
- 12Lapoujade D. As existências mínimas. São Paulo: N-1 edições; 2017.
- 13Carvalho SR, Lima EA, Ferigato S, Eichelberguer M, Azevedo BM, Pena RS. Explorando posibilidades en la intercesión entre el arte y la investigación cualitativa en salud. In: Salgado CM, Mendoza CC, Velasco VR, organizadores. En el juego de los espejos: multi, inter, transdisciplina e investigación cualitativa en salud. Ciudad de México: Universidad Autónoma Metropolitana; 2013. p. 121-135.
- 14Deleuze G. Conversações. São Paulo: Editora 34; 1992.
- 15Guba EG. The expanding concept of research. Theory Pract. 1967; 6(2):57-65.
- 16Deleuze G. Crítica e clínica. 2a ed. São Paulo: Editora 34; 2011.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
07 Out 2022 - Data do Fascículo
2022
Histórico
- Recebido
30 Nov 2021 - Aceito
22 Jun 2022