Resumos
Objetivou-se analisar as contribuições do curso Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde, oferecido no município do Rio de Janeiro, especialmente quanto às suas fortalezas e fragilidades para as práticas profissionais e na gestão do trabalho, considerando a perspectiva dos egressos e de outros atores de interesse. Os dados foram obtidos no período de 11 de dezembro de 2020 a 29 de janeiro de 2021, com reunião de grupo focal e por questionário eletrônico contendo perguntas estruturadas e semiestruturadas, autorrespondido por 109 (33,2%) egressos. Foram identificadas fortalezas, como a “ampliação do conhecimento” e “melhoria da atuação e/ou conduta profissional”, bem como fragilidades, como a carga horária. Ainda que com baixa carga horária e sob o desafio da compatibilização da atividade de educação continuada com a carga laboral, pode-se concluir que o curso conseguiu promover o desenvolvimento de competências em seus aspectos de ser, saber e fazer.
Palavras-chaves
Pharmaceutical services; Primary Health Care; Staff development; Education, continuing; Brazilian National Health System
El objetivo fue analizar las contribuciones del curso Servicios Farmacéuticos en la Atención Primaria de la Salud, ofrecido en el municipio de Río de Janeiro, especialmente con relación a sus puntos fuertes y débiles para las prácticas profesionales y en la gestión del trabajo, considerando la perspectiva de los egresados y otros actores de interés. Los datos se obtuvieron en el período del 11/12/2020 al 29/01/2021, con reunión de grupo focal y por cuestionario electrónico, que contenía preguntas estructuradas y semiestructuradas, auto-respondido por 109 (33,2%) egresados. Se identificaron puntos fuertes como la ‘ampliación del conocimiento’ y la ‘mejora de la actuación y/o conducta profesional’ así como fragilidades, como la carga horaria. Aunque con baja carga horaria y enfrentando el desafío de la compatibilización de la actividad de la educación continuada con la carga laboral, fue posible concluir que el curso consiguió promover el desarrollo de competencias en sus aspectos de ser, saber y hacer.
Palabras clave
Asistencia farmacéutica; Atención Primaria de la Salud; Desarrollo de personal; Educación permanente; Sistema Brasileño de Salud
Introdução
Serviços de saúde centrados no cuidado têm desafiado educadores, gestores e trabalhadores em demandas relacionadas à necessidade de formação e qualificação profissional, visando facilitar o trabalho em equipe multiprofissional na Atenção Primária à Saúde (APS), envolvendo diversas categorias, tais como farmacêuticos.
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) tem, entre suas diretrizes, o desenvolvimento profissional, para garantir a oferta de atenção integral à população e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), abrangendo desde a formação técnica até a pós-graduação e ensejando que a integração ensino-serviço adeque os processos educacionais ao mundo do trabalho11 Torres KRBO, Luiza VL, Campos MR. A educação a distância no contexto da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa: estudo de egressos. Trab Educ Saude. 2018; 16(1):337-60. .
A assistência farmacêutica (AF), especialmente os serviços farmacêuticos (Sefar) – voltados à prestação de serviços no campo farmacêutico em garantia à atenção integral, integrada e contínua das necessidades e problemas de saúde da população –, tem relevante papel na resolubilidade das ações de saúde22 Araújo PS, Costa EA, Guerra AA Jr, Acurcio FA, Guibu IA, Álvares J, et al. Pharmaceutical care in Brazil’s primary health care. Rev Saude Publica. 2017; 51 Suppl 2:6s.,33 Araújo SQ, Costa KS, Luiza VL, Lavras C, Santana EA, Tavares NUL. Organização dos serviços farmacêuticos no Sistema Único de Saúde em regiões de saúde. Cienc Saude Colet. 2017; 22(4):1181-91..
No ano de 2009, houve expansão da APS no município do Rio de Janeiro (MRJ) por meio do aumento da cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF)44 Howe A, Anderson MIP, Ribeiro JM, Pinto LF. Reforma da Atenção Primária à Saúde no Rio de Janeiro: comemorando os 450 anos de fundação da cidade. Cienc Saude Colet. 2016; 21(5):1324-6.. Entre os desafios colocados, está a formação de grande número de profissionais em curto espaço de tempo, com o mínimo de prejuízo à oferta de serviços.
No caso dos Sefar, esse modelo de APS requeria a ampliação do quadro de recursos humanos (RH), além de profissionais preparados para as atividades propostas55 Silva RM, Pereira NC, Mendes LVP, Luiza VL. Assistência farmacêutica no município do Rio de Janeiro, Brasil: evolução em aspectos selecionados de 2008 a 2014. Cienc Saude Colet. 2016; 21(5):1421-32.. O curso de atualização em Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde (SFAPS) foi ofertado para qualificar farmacêuticos para atuação em serviço na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ).
Conhecer a perspectiva desses egressos sobre sua formação, buscando compreender como o conhecimento produzido foi utilizado na prática, pode permitir contribuições efetivas tanto para o serviço quanto para o processo de formação profissional e de educação continuada, pela identificação e preenchimento de lacunas de conhecimento com base na realidade do trabalho; e pela adoção de mecanismos de translação do conhecimento.
Acredita-se que estudos de avaliação da formação profissional na perspectiva dos egressos e de outros atores de interesse sejam uma estratégia para obtenção de informações acerca da qualidade e adequação da formação discente face às necessidades do trabalho em saúde, particularmente na APS.
Este artigo tem como objetivo analisar as contribuições do curso SFAPS, especialmente quanto às suas fortalezas e fragilidades para as práticas profissionais e na gestão do trabalho de seus egressos e outros atores-chave.
Método
Desenvolveu-se estudo descritivo, com abordagem qualitativa. Foi aplicado um questionário eletrônico autorrespondido pelos egressos do curso e foi realizada uma reunião de grupo focal (GF) com outros atores-chaves.
O projeto de expansão da APS no MRJ envolveu a contratação de organizações sociais, que, entre outros aspectos, geriam a admissão de profissionais pelo regime de Consolidação das Leis Trabalhistas, que permitiu rápida expansão dos RH, com desafios para a qualificação dos profissionais.
Entre 2011 e 2019, o curso SFAPS, de formato presencial, contou com 13 turmas e formou 328 alunos, com carga horária entre 72 e 88 horas; sendo o público-alvo os farmacêuticos da APS da SMS-RJ. Foi realizado em parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) e a SMS-RJ. A estrutura curricular66 Silva RM, Luiza VL, Souza CPFA. Manual do Facilitador - Curso de Atualização em Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2019. da última oferta do curso é apresentada no quadro 1. Anterior à oferta da primeira turma, ocorreu um curso de aperfeiçoamento (184 horas) que visou à formação de professores/facilitadores e a produção de material didático padronizado77 Dóczy AP. Curso Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde no Município do Rio de Janeiro: um estudo da formação profissional [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2020..
O questionário, aplicado aos egressos, foi composto por blocos: (1) aspectos gerais do curso, (2) contribuições, (3) fortalezas e (4) fragilidades/desafios. O perfil e a atuação profissional do egresso foram explorados no bloco inicial e no bloco final, para comentários e sugestões, não explorado neste artigo.
O questionário foi disponibilizado na plataforma Google entre 11 de dezembro de 2020 e 29 de janeiro de 2021. O convite foi remetido aos endereços eletrônicos dos egressos e pelo aplicativo WhatsApp em redes constituídas de potenciais respondentes.
A maioria das questões foi apresentada no formato de afirmativas para que o participante sinalizasse seu grau de concordância por meio de escala numérica organizada com valores de 0 a 5, além da opção “não sei opinar”, na qual o número 5 indicava maior grau de concordância. O bloco sobre as fortalezas e as fragilidades/desafios do curso envolveu questões abertas, de preenchimento obrigatório.
O GF foi realizado remotamente com três ex-professores (participação em mais de uma oferta) e três ex-coordenadores do curso, codificados como GF1, GF2, GF3, GF4, GF5 e GF6. A dinâmica do GF foi orientada por questões disparadoras: (a) estruturação/organização do curso e contribuição para a formação geral dos estudantes; (b) contribuição do curso para a prática profissional dos farmacêuticos da APS; e (c) pontos fortes e pontos fracos do curso em relação às necessidades dos alunos e da APS.
A reunião do GF foi gravada e posteriormente transcrita. Esse material, assim como as respostas das perguntas abertas do questionário, foi examinado segundo critérios da análise de conteúdo temática88 Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. ,99 Minayo MCS, Deslandes SF, Gomes R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22a ed. Petrópolis: Vozes; 2003., empregando-se as etapas (a) pré-análise; (b) exploração do conteúdo; e (c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
Dados do questionário foram armazenados e processados em planilha Excel®; e analisados por frequências simples e percentagens. Os resultados da aplicação da escala Likert foram agregados em grau de concordância nulo; de 1 a 3; e 4 e 5. A análise foi dividida em quatro partes iguais de 25%, na qual valorizou-se em especial a concordância situada no quarto quartil (75% e mais).
Fortalezas, fragilidades e a contribuição do curso para a prática profissional do curso foram categorizadas a partir do conteúdo das respostas às perguntas abertas do questionário e às falas dos atores-chave do GF. As perspectivas foram analisadas de forma comparada, permitindo sua integração.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP (parecer n. 4.277.912).
Resultados
Obteve-se participação de 109 egressos (33,2% do total). A maioria (74,3%) era do sexo feminino e 86,2% eram pós-graduados (especialização, mestrado e doutorado). Mais da metade ainda trabalhava na APS da SMS-RJ (56,0%), com vínculo celetista (56,9%) e com atividades exclusivas na APS (49,5%) (tabela 1).
No que concerne aos aspectos gerais do curso, os graus de concordância 4 e 5 no último quartil foram os mais proeminentes, com destaque para “clareza dos conteúdos teóricos”, “temas abordados permitiram reflexões para prática profissional”, “exercícios e estudos de casos contribuíram para o aprendizado”, “novos conhecimentos que melhoraram a compreensão sobre APS”, “relação acolhedora com os tutores” e “crescimento pessoal”. Em contraste, as contribuições “colocar em prática algum projeto de intervenção apresentado como trabalho final do curso” e “ampliar oportunidades de trabalho” apresentaram maior proporção de resultados no segundo quartil, com relação aos graus de concordância 1 a 3 (tabela 2).
No GF, houve menção quanto à expectativa e ao compromisso assumido pelo curso com capacidade de ofertar uma formação alinhada ao novo paradigma da AF: o de atuar na APS segundo sua estrutura lógica e conceitual.
[...] se previa uma ampliação da participação dos Sefar na rede com a expansão da ESF.
(GF1)
A ideia era desonerar o máximo possível as pessoas das unidades de saúde de atividades muito gerenciais e capacitá-las para atividades mais diretamente ligadas aos pacientes [...].
(GF1)
Outro ponto envolveu a metodologia do curso, cuja base foi a utilização de estratégias pedagógicas do ensino baseado em problemas, por meio de discussão de casos, realização de exercícios práticos em grupo e produção de debates com ênfase em temas oriundos da experiência dos alunos.
[...] o curso é todo pautado em dinâmicas [...] o aluno vai pensando que vai ficar ali sentadinho, receptáculo de conhecimento, mas chega na hora e não é isso, [...] os casos são montados, muito próximos da realidade [...] as pessoas se enxergam naquela realidade [...].
(GF4)
Com relação às contribuições para as atividades técnico-assistenciais (tabela 3), observou-se que os graus de concordância 4 e 5 situaram-se, em sua maioria, na faixa do terceiro quartil (entre 50-75% dos respondentes) e apenas duas afirmativas alcançaram o quarto quartil: “realização de dispensação qualificada de medicamentos [...] envolvendo acolhimento do usuário [...]” e “realização de orientação terapêutica [...]”. A menor proporção de grau de concordância 4 e 5 foi encontrada para a afirmativa sobre a “realização de visita domiciliar”, com 52,3%.
Perspectiva dos egressos sobre a contribuição do curso SFAPS para atividades técnico-assistenciais e técnico-gerenciais; e no trabalho na APS e no SUS (n = 109)
Vale destacar que alguns atores-chave referiram a baixa inserção dos farmacêuticos na realização de atividades clínico-assistenciais, pois muitas ações ainda focariam aspectos do componente logístico e gerencial dos Sefar, embora o curso contribuísse para uma atuação assistencial.
[...] eu consigo perceber assim a diferença de como começaram a surgir propostas do farmacêutico sair de dentro da farmácia e fazer grupo de tabagismo, [...] a gente começou a ter um número muito maior atuando, que antes do curso a gente não tinha [...] e que depois do curso passou a ter.
(GF4)
A ampliação do olhar humanístico para o exercício profissional na valorização do cuidado farmacêutico a partir de atenção contínua, integral, segura e responsável aos usuários dos serviços de saúde esteve presente.
[...] o “povo” quer aprender a fazer atenção farmacêutica [...] a gente tem que começar a olhar as pessoas como “pessoas” […] Essa é a proposta do curso.
(GF2)
[...] a gente estimula muito essa aproximação com o paciente, senão fica aquela relação distanciada […].
(GF4)
Quanto às atividades técnico-gerenciais (tabela 3), a maioria das afirmativas (9 em 10) não alcançou percentuais superiores a 75% nos graus de concordância 4 e 5, exceto a contribuição do curso para a gestão de estoque de medicamentos. As duas faixas de grau de concordância 0 e 1 a 3, quando somadas, chegam a quase 50%, apontando que o curso, na perspectiva dos egressos, não trouxe aportes abrangentes ao gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde.
Sobre a contribuição do curso ao trabalho na APS e ao SUS, observou-se que os percentuais dos graus de concordância 4 e 5 situaram-se no último quartil para quase todas afirmativas, exceto para o “reconhecimento dos determinantes sociais da saúde” e “desenvolvimento de estratégias de comunicação e informação nos serviços de APS” (tabela 3). Apesar disso, um egresso do curso explicitou a importância dessa temática, considerada estruturante para a saúde pública e a APS:
[...] a ampliação do conhecimento, enxergar os determinantes do meu território e entender melhor a população para melhorar o atendimento e o vínculo com o paciente.
(Respondente do questionário)
Foi destacado nas respostas, tanto dos egressos quanto dos atores-chave, o protagonismo do trabalho do farmacêutico, enquanto membro da equipe de saúde na APS, para a prestação qualificada dos Sefar:
[...] o curso teve sim bastante impacto na prática profissional [...] a gente passou a ver mais pessoas desenvolvendo atividades específicas com usuários, se envolvendo mais com as equipes, e aí contribuindo com o processo de trabalho na APS [...].
(GF2)
[...] os alunos do nosso curso foram capazes de discutir várias questões, como o território, diferentes ferramentas da APS, e eu lembro que as pessoas [...] se mostraram surpresas dos farmacêuticos serem capazes de fazer esta discussão e estarem inseridos nela [...].
(GF4)
Entre as oito categorias temáticas relacionadas às fortalezas do curso SFAPS identificadas no campo de resposta aberta, “ampliação do conhecimento”, “aspectos pedagógicos do curso (metodologia de ensino, currículo, avaliação)” e “melhoria da atuação e/ou conduta profissional”, reunidas, corresponderam a mais de 50% (quadro 2).
As categorias de fortalezas ligadas à “melhora da atuação e/ou conduta profissional”, “aspectos pedagógicos” e “corpo docente qualificado” foram reportadas, respectivamente, nas seguintes falas dos atores-chave:
[...] pensar fora da caixa, de como pensar […] a prática profissional de outra maneira. O curso [...] cumpre uma função bastante importante, que é a de botar a semente na cabeça da pessoa [...] como ele contribui para o usuário naquela equipe.
(GF3)
Vários profissionais foram envolvidos no curso de facilitadores, mas os tutores selecionados para seguir com as turmas nos anos seguintes foram pessoas que estavam muito envolvidas no processo [...].
(GF2)
Com relação às fragilidades do curso apontadas pelos egressos (quadro 2), manifestações sobre a carga horária do curso foram superiores a 50%. Ademais, o GF salientou a existência de fragilidades que guardaram relação com as mencionadas pelos egressos, algumas exemplificadas nas falas a seguir pelos, que contêm, respectivamente, os seguintes temas: “carga horária”, “baixa valorização, desmonte da APS e demissões” e “pouco espaço de atualização periódica ou de Educação Permanente”:
Em relação aos pontos fracos [...], pensei no tempo, de ser oitenta horas, mas o curso tem que ser oitenta horas, então não sei se seria um ponto fraco de fato a questão do tempo [...].
(GF2)
Pensando mais na questão dos módulos, aí eu fui tentando lembrar módulo a módulo, o de gestão ainda é uma angustiazinha pra mim porque até no trabalho final do curso a gente percebe que eles [os farmacêuticos] ainda pensam na caixinha da farmácia.
(GF5)
Discussão
O presente estudo revelou aspectos sobre a contribuição, fortalezas e fragilidades do curso SFAPS a partir da perspectiva de uma parcela de egressos e atores-chave. Ambos ressaltaram que a atualização para a prática profissional é indispensável para dar conta das inúmeras (e constantes) modificações na rotina e no processo de trabalho cotidiano, uma vez que a densidade e complexidade do campo da saúde envolvem compartimentação de conhecimentos muito específicos para atuação integrada em equipes multiprofissionais.
O curso SFAPS foi concebido e operacionalizado como estratégia para formação de farmacêuticos em consonância com os clássicos atributos da APS, incluindo o reconhecimento de determinantes sociais no processo saúde-doença, a subjetividade dos sujeitos e a resolução centrada em um trabalho em equipes multiprofissionais das unidades de APS77 Dóczy AP. Curso Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde no Município do Rio de Janeiro: um estudo da formação profissional [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2020.. Não obstante, também apresentou o campo da AF como área transversal que perpassa muitos momentos do processo de cuidado em saúde, envolvendo uma gama de ações em que o medicamento converge a partir de um conjunto de esforços e procedimentos na integração de profissionais de saúde.
A maioria dos respondentes ainda atuava na SMS-RJ, desvelando interesse pela continuidade em serviços públicos, além de resiliência desses profissionais, face aos problemas na APS entre 2017 e 2020, como atrasos no pagamento de salários1010 Melo EA, Mendonça MHM, Teixeira M, Melo EA. The economic crisis and primary health care in the SUS of Rio de Janeiro, Brazil. Cienc Saude Colet. 2019; 24(12):4593-8.. Ademais, nota-se a elevada escolaridade. Mesmo com a expressiva parcela de pós-graduados lato sensu, a formação stricto sensu do mestrado ganha destaque e demonstra as potencialidades para desenvolvimento de ações de ensino e pesquisa nos serviços.
Contributos mais gerais derivados do curso SFAPS permitiram identificar efeitos da formação na trajetória profissional dos ex-alunos. A aquisição de conhecimentos e o impacto destes na vida profissional, quando pautados na compreensão de um programa educacional fundamentado na realidade dos alunos, reverte em importantes contribuições para o desenvolvimento da articulação ensino-trabalho-comunidade1111 Engstrom EM, Hortale VA, Moreira COF. Trajetória profissional de egressos de Curso de Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde no Município de Rio de Janeiro, Brasil: estudo avaliativo. Cienc Saude Colet. 2020; 25(4):1269-80.,1212 Santos RS, Carmo LA, Jorge JTB, Faria L, Chavez Alvarez RE, Guimarães JMM. Equipes de aprendizagem ativa na educação em saúde: ensino-serviço-comunidade na prevenção da contaminação por Covid-19. Interface (Botucatu). 2021; 25 Supl 1:e210047. doi: 10.1590/interface.210047.
https://doi.org/10.1590/interface.210047... .
A boa avaliação dos egressos sobre a contribuição ao crescimento pessoal coaduna dados de pesquisa exploratória sobre concluintes de turmas de mestrado profissional na APS que obteve grau de impacto superior a 75%1111 Engstrom EM, Hortale VA, Moreira COF. Trajetória profissional de egressos de Curso de Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde no Município de Rio de Janeiro, Brasil: estudo avaliativo. Cienc Saude Colet. 2020; 25(4):1269-80.. Vale ressaltar que o curso SFAPS teve carga horária muito reduzida frente à formação stricto sensu relativo ao nível de mestrado.
Apesar de a combinação entre a adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e o emprego de estudo de casos buscar aproximar a teoria da prática, os egressos atribuíram graus de concordância menores sobre a contribuição do curso para se colocar em prática temas discutidos em sala de aula ou projetos de intervenção oriundos de exercícios e trabalhos finais. Esse resultado pode estar associado à baixa governabilidade dos egressos em relação à organização/gestão de seus processos de trabalho e em equipe multidisciplinar.
A relação teoria-prática pode ser potencializada pelo emprego de metodologias problematizadoras quando a matéria a ser ensinada se integra à vida cotidiana, permitindo que o aluno construa relações mútuas entre teoria e prática1212 Santos RS, Carmo LA, Jorge JTB, Faria L, Chavez Alvarez RE, Guimarães JMM. Equipes de aprendizagem ativa na educação em saúde: ensino-serviço-comunidade na prevenção da contaminação por Covid-19. Interface (Botucatu). 2021; 25 Supl 1:e210047. doi: 10.1590/interface.210047.
https://doi.org/10.1590/interface.210047... .
É um desafio nacional realizar ações técnico-assistenciais da AF para apoiar usuários e equipe de saúde quanto ao uso correto de medicamentos. Dois estudos22 Araújo PS, Costa EA, Guerra AA Jr, Acurcio FA, Guibu IA, Álvares J, et al. Pharmaceutical care in Brazil’s primary health care. Rev Saude Publica. 2017; 51 Suppl 2:6s.,33 Araújo SQ, Costa KS, Luiza VL, Lavras C, Santana EA, Tavares NUL. Organização dos serviços farmacêuticos no Sistema Único de Saúde em regiões de saúde. Cienc Saude Colet. 2017; 22(4):1181-91. apresentam também dificuldades, como a baixa realização de seguimento farmacoterapêutico dos pacientes e a reduzida participação de farmacêuticos em reuniões com a equipe de saúde, embora haja destaque para as atividades educativas de promoção da saúde.
Os egressos não apontaram grande vantagem do curso para apoiá-los assistencialmente na realização de visitas domiciliares (VD). A ESF propõe essa atividade como instrumento no processo de trabalho das equipes, que pode incluir a participação do farmacêutico. A VD – destinada principalmente ao usuário com dificuldade de deslocamento – pode ser importante para a equipe de saúde traçar planos terapêuticos e estratégias de ações, incluindo uso de medicamentos, por meio de consultas farmacêuticas com usuários em domicílio1313 Santos JB, Luquetti TM, Castilho SR, Calil-Elias S. Cuidado farmacêutico domiciliar na Estratégia Saúde da Família. Physis. 2020; 30(2):e300229..
O curso não trazia um enfoque central às questões técnico-gerenciais77 Dóczy AP. Curso Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde no Município do Rio de Janeiro: um estudo da formação profissional [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2020., nas quais as funcionalidades logísticas da AF são proeminentes. No entanto, essas questões, bem como a gestão, são inexoravelmente importantes porque proporcionam maior visibilidade e expectativa para gestores, equipe de saúde e, especialmente, usuários55 Silva RM, Pereira NC, Mendes LVP, Luiza VL. Assistência farmacêutica no município do Rio de Janeiro, Brasil: evolução em aspectos selecionados de 2008 a 2014. Cienc Saude Colet. 2016; 21(5):1421-32.. Além disso, debilidades nessas atividades podem incorrer em consequências danosas na oferta e disponibilidade de medicamentos.
O gerenciamento que ordena intervenções para minimizar os impactos ambientais dos diversos tipos de resíduos produzidos (inclusive medicamentos) mostrou-se uma temática não bem avaliada pelos egressos. Isso talvez possa ser explicado pela sua baixa implantação nos estabelecimentos de saúde, o que parece estar associado à falta de sensibilização e informação1414 Delevati DS, Castro MMRS, Ries EF, Bayer VML, Rocha VMP. Desafios na gestão de resíduos de estabelecimentos de saúde públicos perante a RDC 222/18. Saude Debate. 2019; 43 Spec No 3:190-9..
Quanto à contribuição do curso ao trabalho na APS e ao SUS, alguns pontos – tais como a comunicação e troca de informações com a equipe de saúde – podem ser destacados como especialmente desafiadores, principalmente na identificação de situações para intervenções qualificadas em saúde. A comunicação é estratégica para os Sefar, mas existem empecilhos para uma efetiva troca de informações, como conflitos gerados pela falta de clareza dos profissionais de outras categorias quanto à atuação e aos objetivos do Sefar, especialmente nas ações assistenciais e de cuidado1515 Caetano MC, Silva RM, Luiza VL. Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde à luz do modelo ambiguidade-conflito. Physis. 2020; 30(4):e300420..
Ademais, outro aspecto é o trabalho em equipe. O farmacêutico não faz parte da equipe mínima da ESF, no entanto, a SMS-RJ promoveu sua incorporação nas equipes das unidades, ensejando a oferta de Sefar. Não obstante, é importante lembrar que as ações de saúde buscam atender às múltiplas e variadas demandas dos usuários, com o envolvimento de equipes multiprofissionais, caracterizado pela atuação de membros autônomos que possuem suas expertises técnicas, mas que interagem para proporcionar a integralidade do cuidado e o funcionamento correto dos serviços. Desse modo, para que a integração do farmacêutico à equipe ocorra, é necessário haver incentivo e apoio de gestores e de outros atores, legitimados pela equipe de saúde que, ao identificar avanços na estruturação da farmácia e do seu RH, passam a ser aliados para que o Sefar promova o cuidado farmacêutico1616 Melo DO, Castro LLC. A contribuição do farmacêutico para a promoção do acesso e uso racional de medicamentos essenciais no SUS. Cienc Saude Colet. 2017; 22(1):235-44..
No contexto das fortalezas, a metodologia adotada pelo curso foi destacada, possibilitando construir um processo educativo e reflexivo a partir das experiências significativas dos participantes na realidade da saúde. A construção de potenciais espaços de renovação, discussão e reflexão do fazer em saúde propicia o uso da criatividade, da espontaneidade, da construção e da desconstrução de novas e velhas utopias no fazer dos trabalhadores.
Para Paulo Freire1717 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2014., “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria-prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática um ativismo” (p. 24). Assim, há necessidade de o processo formativo prever e viabilizar momentos de reflexão sobre e a partir da prática, na perspectiva da aprendizagem em serviço.
Outro ponto forte foi atinente ao corpo docente (facilitadores/tutores). Mendonça et al.1818 Mendonça FF, Nunes EFPA, Garanhani ML, González AD. Avaliação de tutores e facilitadores sobre o processo de formação de facilitadores de Educação Permanente em Saúde no município de Londrina, Paraná. Cienc Saude Colet. 2010; 15(5):2593-602. também apontaram a importância da estratégia de formação prévia voltada a tutores e facilitadores, o que potencializa a sistematização de conhecimentos envolvidos com a temática e a abertura de possibilidades de discussão e da prática de trabalho, como ocorrido no curso SFAPS.
É relevante observar que o conjunto das afirmativas nas seções de perguntas guardavam coerência com as competências previstas para serem alcançadas pelo curso, centradas na contextualização do exercício profissional para o SUS, com ênfase sobre os determinantes sociais da saúde e o uso seguro de medicamentos. Além disso, tais questões parecem demonstrar ter havido importantes aquisições nesse sentido66 Silva RM, Luiza VL, Souza CPFA. Manual do Facilitador - Curso de Atualização em Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2019.,77 Dóczy AP. Curso Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária em Saúde no Município do Rio de Janeiro: um estudo da formação profissional [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2020..
A contribuição do curso para a atuação e conduta profissional guarda relação com os processos de trabalho e reflete aspectos que reafirmam os efeitos da formação profissional sobre a construção de competências requeridas pela prática profissional, algo que pode resultar em translação de conhecimento, pela retroalimentação da organização e operacionalização de processos de formação em função de sua aplicabilidade.
A carga horária foi apontada como principal fragilidade, uma vez que a clientela era formada de trabalhadores em serviço, sendo compreensíveis as limitações impostas para execução de cursos mais duradouros, em razão das dificuldades da saída prolongada dos trabalhadores na ponta.
A escassez de mecanismos de Educação Permanente é questão que não deve ser encarada como fragilidade do curso em si, mas sim fruto dos reduzidos espaços formativos dos trabalhadores do SUS em geral e dos farmacêuticos, especificamente, cuja formação é marcada pelo modelo tecnicista, sem preocupações com atividades de cuidado do paciente1919 Possamai FP, Dacoreggio MS. A habilidade de comunicação com o paciente no processo de atenção farmacêutica. Trab Educ Saude. 2007; 5(3):473-90..
A “baixa valorização profissional, desmonte da APS e demissões” – outra fragilidade – reflete, especialmente, a gestão municipal de 2017 a 2020, marcada por diversos problemas na APS, tais como: demissão de profissionais de saúde (inclusive farmacêuticos); e reduções do número de ESF e do horário de funcionamento das unidades. Essa combinação de eventos promoveu forte redução na cobertura populacional da ESF, que passou de 62%, em 2017, para 55%, em 2019, com reflexos na prestação de serviços e no atendimento aos pacientes; e piora nas condições de saúde da população, especialmente os mais pobres, que majoritariamente dependem do SUS2020 Fernandes L, Ortega F. A Atenção Primária no Rio de Janeiro em tempos de Covid-19. Physis. 2020; 30(3):e300309..
Uma limitação deste estudo relaciona-se ao montante de egressos respondentes (30%), que pode não ter esgotado e captado outras questões relevantes.
Considerações finais
As contribuições do curso SFAPS se mostraram presentes especialmente no incremento da perspectiva do farmacêutico egresso quanto ao seu papel sanitário na APS, como ator do cuidado na equipe, indicando a construção bem-sucedida de valores profissionais, sociais, políticos e humanísticos.
A humanização do processo de trabalho que envolve o desempenho das atividades de cunho técnico-assistenciais concorre para a ampliação de espaços para atividades de educação em saúde no território e/ou equipe multiprofissional, outro referencial de estrutura lógica e conceitual da APS.
A oferta regular de novas formações em temáticas específicas na lógica da Educação Permanente; apoio a projetos de intervenção para a fortalecimento dos serviços farmacêuticos e criação de grupos de discussão entre farmacêuticos atuantes em áreas geográficas próximas podem ser consideradas estratégias para superar fragilidades identificadas no trabalho.
Agradecimentos
Aos egressos, professores e coordenadores do curso SFAPS, pelo apoio e contribuição, sem os quais não seria possível esta produção.
- Dóczy AP, Santos GB, Luiza VL, Silva RM. A perspectiva de egressos e de outros atores envolvidos sobre uma formação em serviços farmacêuticos na Atenção Primária à Saúde. Interface (Botucatu). 2023; 27: e220594 https://doi.org/10.1590/interface.220594
Referências
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
23 Out 2023 - Data do Fascículo
2023
Histórico
- Recebido
29 Nov 2022 - Aceito
21 Jul 2023