Atravessamos um dos momentos mais difíceis na história do Sistema Único de Saúde (SUS). Sem entrar no cerne de disputas político-partidárias, parece-nos claro que a orientação proposta pelo governo ora interino (com possibilidades de aprofundamento caso venha a ser confirmado) aponta para o primado da ideia de "austeridade" - criticada por economistas agraciados com o prêmio Nobel da disciplina, como Stiglitz e Krugman, e mais recentemente até pelo Fundo Monetário Internacional, bastião histórico da ortodoxia monetária - conferindo primazia ao mercado e aos rentistas sobre políticas sociais, nelas incluídas a saúde.
Urge impedir que o SUS seja reduzido a um serviço pobre para populações pobres, o que desde sua concepção inicial, universalista, explicitamente repudiava, propondo ao invés disso uma política baseada no reconhecimento na saúde como direito de cidadania, ou seja, de todos.
Embora inscrito na Constituição, infelizmente não é certo que esse direito seja garantido pelas instituições formais do Estado; mais uma vez, como na sua origem, é necessário mobilizar a sociedade para que se defenda essa conquista. Lembremos mais uma vez que a história do SUS começou a ser construída sob condições políticas extremamente adversas, ainda na ditadura militar. Mais do que nunca, o fortalecimento do Movimento da Reforma Sanitária se mostra necessário.
Nesse mesmo sentido, a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o da Comunicação, além de desafiar a lógica e o senso comum, é preocupante. A implicação aparente nessa fusão é a de que a área de CT&I tem reduzida importância na visão dos responsáveis por essa decisão lamentável. O mesmo se poderia dizer de diversas outras áreas-chave que também estão sendo afetadas nesse novo cenário, como o Desenvolvimento e Reforma Agrária, ou de Gênero, raça/cor, mostrando um quadro extremamente adverso para políticas que visem à redução da brutal desigualdade social e econômica que ainda caracteriza nosso país.
O comentário desta edição, de Gulnar Azevedo e Silva e Rossano Cabral Lima, respectivamente, diretora e vice-diretor recém-empossados do IMS, reforça a prioridade da intensificação da luta política pela defesa de direitos já conquistados, sobretudo no campo da saúde, mostrando sua constância histórica na trajetória da própria instituição.
A luta continua...
Novidades na Physis
A partir de junho do corrente ano, passamos a contar com a colaboração de Elaine Teixeira Rabello, professora adjunta do Departamento de Política e Planejamento em Saúde do IMS/UERJ, como editora adjunta de Physis. Apesar das dificuldades, temos tido um aumento no número de submissões à revista, o que se por um lado se constitui em maior carga de trabalho, por outro é um indicador da qualidade de nossa publicação, reconhecida por aqueles que nela buscam o veículo de divulgação de seu trabalho. Elaine colaborará na editoração geral da revista e na busca da ampliação de nossas parcerias internacionais.
Adicionalmente, Physis passa a fazer parte do portal de publicações eletrônicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), instituição à qual nos orgulhamos de pertencer e que, apesar de atravessar um dos momentos mais difíceis de sua história, resiste. Com essa entrada, passamos a oferecer um canal adicional de acesso à nossa revista.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Apr-Jun 2016