Os brancos não temem, como nós, ser esmagados pela queda do céu. Mas um dia talvez tenham tanto medo disso como nós!
Davi Kopenawa, A queda do céu.
Se é esse meu destino/Quem é o algoz que o traçou/Quem me contaminou/Quem me doou a dor.
Milton Nascimento, Yanomami e Nós (Pacto de Vida).
Na edição do jornal Corriere della Sera do dia 1º de fevereiro de 1975, ano em que viria a ser brutalmente assassinado, Pier Paolo Pasolini publicou aquele que ficou conhecido como “O artigo dos vagalumes”. Meio que profeticamente, na minha livre interpretação, o alarme de incêndio disparado por Pasolini sinalizava a travessia por meio da qual passa a “humanidade” hoje: a experiência histórica que ele chamou de fascismo fascista (encarnado por Mussolini e Hitler) poderia ser menos catastrófica do que o que ele cunhou de novo fascismo.33“Novo fascismo” aqui é diferente da designação atual “neo-fascismo”, termo equívoco se lembrarmos de outro italiano, no caso Umberto Eco (2018), que fala de um fascismo eterno contendo 14 características arquetípicas.
Nesse que parece ser um texto escrito ao calor da atual pandemia, o cineasta e escritor italiano nos fala de sua angústia diante do advento do capitalismo de “degradação irreversível” imposto pelos ditames da “modernização” da técnica. Dentre outros tantos males, esse “novo fascismo” seria, para ele, responsável pela devastação da natureza - representada “poeticamente” pelo desaparecimento dos vagalumes, os belos e luminescentes pirilampos dançantes que talvez fossem encontrados aos borbotões na sua infância em Bolonha. Em tom ao mesmo tempo dramático e provocativo, eis as últimas palavras do artigo: “De todo modo, quanto a mim (se isso tem algum interesse para o leitor) que fique claro: eu, embora seja uma multinacional, daria a Montedison inteira por um vagalume” (em livre tradução). E você, cara leitora ou caro leitor, daria o Google, Facebook, Microsoft, essas mesmas empresas que “garantem” nossa “interação” no momento, por um vagalume? Se lhe interessa saber, eu daria! E espero sensibilizá-lo/la, até o final deste texto, de que eu tenho “razão” ou “coração” e que isso tem tudo a ver com a pandemia ou pandemônio que nos atravessam.
Se inspirado em Pasolini, na obra que é um verdadeiro alento para tempos difíceis e perigosos como o nosso, o filósofo francês Georges Didi-Huberman (2011) traz a sobrevivência dos vagalumes como exemplo de esperança referente àquilo que poderíamos ser enquanto “seres humanos” criativos e solidários frente a situações totalitárias; se, na tocante animação O túmulo dos vagalumes, do diretor japonês Isao Takahata (difícil de assistir, de tão comovente e triste), um dos raros momentos de alegria e encantamento dos irmãos Seita e Setsuko, em meio à vida devassada nos idos da 2ª Guerra Mundial, era o de brincar na floresta irmanados aos vagalumes; então, ainda está por surgir uma obra literária, filosófica e/ou artística que incorpore isso que estou nomeando aqui de re-volta dos vagalumes como símbolo real do nosso momento histórico (ou será que ela já existe? Talvez, até o fim destas linhas, eu me lembre de alguma...).
Quase como no filme Avatar, de James Cameron, em que a mais avançada das mais avançadas das “tecnologias” - a natureza liderada pela Árvore da Vida - acaba se revoltando contra a colonização dos “primitivos” conduzida pelos “humanos”, não estaria hoje acontecendo uma revolta da natureza e, consequentemente, uma re-volta dos vagalumes? Quem de nós, nas últimas semanas, não vem recebendo e repassando automaticamente vídeos e imagens de animais respirando um pouco mais aliviados após nós termos “interrompido”, graças à “vingança da natureza”, a produção predatória engendrada pelo ritmo alucinante do capitalismo de desertificação?44Aqui tomo emprestada, embora subvertendo-a, a expressão usada com intenção meramente “metafórica” pelo geógrafo britânico David Harvey (2020). E não estou aludindo, como o faz meio jocosamente o filósofo esloveno Slavoj Zizek (2020), ao golpe marcial que o coronavírus teria supostamente desferido contra o capitalismo. Infelizmente, como canta Caetano Veloso sobre o cantar, a “pureza” da natureza provém do fato de ela ser o lugar “onde não há pecado nem perdão”; sem querer ecoar Darwin, ela não costuma ser seletiva a favor de nós, os “progressistas”: se há uma vingança em curso da natureza contra o “progresso da civilização”, quem, desafortunadamente, vai mais sofrer as consequências imponderáveis serão os condenados da terra (no fundo, os ainda colonizados) referidos pelo filósofo e psiquiatra martinicano Frantz Fanon (1968FANON, F. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.): negras e negros. Lembrete: para Fanon, só deles a revolução poderá advir e há de vir...
Excetuando as epígrafes e a menção a Fanon, esse começo pautado por obras e referências de origem europeia e estadunidense, bem como a alusão à animação asiática, é proposital. Sabendo, como eu já disse, que as grandes vítimas já são e continuarão sendo os mais vulneráveis (vide a “epidemiologia da pandemia” já disponível aos montes),55Além da impressionante produção de conhecimento “técnico” em escala pós-industrial sobre a pandemia, é difícil acompanhar até mesmo a produção pretensamente mais artesanal das ciências humanas e sociais. não deixa de ser uma “triste” ironia que EUA e Itália sejam hoje, respectivamente, os recordistas de mortes por Covid-19, ao passo que os países asiáticos, representados aqui pelo Japão, tenham sido os mais ágeis na “guerra” contra o vírus. Insinuando guerra geopolítica por outros meios, há até Nobel de medicina em momento de racismo escancarado suspeitando da origem chinesa laboratorial e intencional do vírus - isso para não se ater às declarações de Trump, dadas exatamente enquanto escrevo esta linha.
Se Itália, juntamente com a Alemanha de Hitler, é o caso paradigmático do fascismo fascista, os EUA são até o momento liderança - e a China? - no novo fascismo do desenvolvimento via “progresso” tecnológico (des)orientado pela sociedade de hiperconsumo, responsável por um mal-estar da natureza que Freud não ousara sonhar. Há muita gente finalmente até admitindo cenário de apocalipse agora, mas, curiosamente, poucos são aqueles que vislumbram o fim do sistema colonial, patriarcal e racista que a Europa e os EUA impõem ao resto do mundo. E, de fato, é difícil imaginar ou acreditar que as coisas irão mudar radicalmente a favor dos desfavorecidos. Não obstante o obstáculo, mais do que nunca, conforme nos convoca a socióloga boliviana de origem aimará Silvia Cusicanqui (2010CUSICANQUI, S. Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.), é necessário buscar inspiração na ancestralidade ameríndia para que a América Latina possa concreta e finalmente se descolonizar, ou, como pontificou Lélia Gonzalez (1989), a Améfrica Ladina precisa se livrar das duas faces do racismo que lhe são constitutivas a fim de deixar de ser enfim colônia: a abertamente segregacionista e a “democracia racial” fingida.
Embora sempre tenham havido pandemias de grandes proporções, a ponto de termos títulos sugestivos tais como A história da humanidade contada pelo vírus, estamos diante de uma encruzilhada histórica que me parece sem precedentes, até mesmo por aparentemente não haver saída de emergência: sair da quarentena quando for “técnica e medicamente” possível significa - assim nos adverte o líder indígena Aílton Krenak nas “lives” das quais vem participando luminescentemente feito um vagalume em meio ao breu imperante - voltarmos à “vida normal” do capitalismo de devastação de antes; permanecer no “novo normal” da quarentena por um longo e tenebroso inverno é propiciar, sem resistência, a realização do desejo mais secreto dos donos das grandes corporações de Big Data, que já governam o mundo algoritmicamente, ao virarmos de vez, literalmente, controles remotos ou joguetes nas suas mãos “invisíveis” e sujas de álcool gel. Como resistir a isso sem indiretamente dar razão aos perversos insanos que querem os “vagabundos” de volta ao trampo?
A rigor, a primeira “alternativa” denuncia um pouco o “lugar de fala” de quem a formula: o meu lugar, no caso, consiste em estar vivendo sob o paradoxal “privilégio da servidão voluntária”.66Emprego a expressão “privilégio da servidão voluntária”, embora com propósito diferente, inspirado na feliz expressão “privilégio da servidão” usada como título de livro pelo sociólogo do trabalho Ricardo Antunes (2018), que trata justamente dos novos dilemas dos trabalhadores do setor de serviços na era digital. Por um lado, sob quarentena realmente quase 40 dias, é verdade que pessoas em condição social semelhante à minha têm trabalhado mais do que nunca (sem esquecer a prioridade das questões de raça e gênero que fazem toda a diferença aqui): além de ter de dar conta dos afazeres de casa/atenção aos filhos e idosos na ausência das empregadas domésticas “quase da família”, o trabalho via rede tem-se intensificado desesperadamente (por exemplo: quantas reuniões via Zoom ou plataformas similares - olha o Google nos olhando aí de novo -, nós não temos feito por dia?). Em contrapartida, é um privilégio nada desprezível poder trabalhar de casa enquanto parcela significativa da população mais vulnerável precisa se expor ao risco da rua em virtude de garantir o sustento das famílias; sem esquecer que muitos são sem-teto e tantos outros estão na linha de frente de batalha, caso dos profissionais de saúde.
O caso do meu xará, o orientando de doutorado negro André Luiz Silva, é emblemático nesse sentido: juntamente com sua companheira, ele precisa atuar como enfermeiro/gestor quase diariamente na Secretaria de Estado de Saúde-RJ, cuidar dos dois filhos ao chegar em casa e ainda dar conta das nossas orientações semanais, via plataforma digital, discutindo textos sobre a temática dos quilombos. Como o André mesmo diz: enquanto um conceito para falar sobre a política de Estado para a morte, quiçá, “necropolítica” seja até um “eufemismo” acadêmico (isso com todo o nosso respeito ao filósofo camaronês Achille Mbembe, que, aliás, produziu um texto brilhante sobre pandemia):77Ver Achille Mbembe (2020). com o acirramento da “crise” econômica devido à pandemia, será o mau e velho genocídio de negros em nome da “ordem” e da “segurança” que vai sem dúvida alguma aumentar. Somado a isso, vêm por aí mais desigualdade, mais dominação, mais opressão, mais repressão, mais precarização, i.e., ainda mais mais do mesmo.
Se, sob o pretexto do 11 de Setembro, instaurou-se uma “nova ordem mundial” em nome da Guerra ao “Terror”, qual mundo claustrofóbico mundo não surgirá após a “Guerra” ao coronavírus? (Com a ressalva de que o inimigo agora é outro: tão invisível quanto os invisibilizados da terra, ele tem um poder do qual sabemos relativamente pouco; daí poder levar também alguns poderosos consigo...). Em estado de choque, decorrente de “tragédias naturais” ou provocado direta e intencionalmente pelo sistema, o capitalismo do desastre deita e rola com nosso desejo por segurança a qualquer preço, ainda mais no estado “catatônico” em que a pandemia nos colocou (KLEIN, 2008KLEIN, N. A doutrina do choque: a ascensão do capitalismo de desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.).
Com relação à segunda “alternativa”, deixando de lado a linguagem foucaultiana cifrada que lhes serve de ferramenta, o filósofo transgênero espanhol Paul Preciado (2020PRECIADO, P. Aprendendo del vírus. El País, 28 mar. 2020. Disponível em: <https://elpais.com/elpais/2020/03/27/opinion/1585316952_026489.amp.html>. Acesso em: 19 abr. 2020.
https://elpais.com/elpais/2020/03/27/opi... ) e o filósofo coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han (2020HAN, B. O vírus de hoje e o mundo de amanhã. El País, 22 mar. 2020. Disponível em <https://brasil.elpais.com/ideas/2020-03-22/o-coronavirus-de-hoje-e-o-mundo-de-amanha-segundo-o-filosofo-byung-chul-han.html>. Acesso em: 19 abr. 2020.
https://brasil.elpais.com/ideas/2020-03-... ) acertam em cheio o alvo quando preveem a disseminação desregulada ainda maior das tecnologias de vigilância da sociedade de controle durante e depois das medidas de isolamento físico, livres para dominarem cada vez mais nossos corpos e mentes. Não precisa nem ser um tecnofóbico para ficar chocado com a governança algorítmica do mundo. Essas benditas empresas do Vale do Silício, com toda a sua ladainha inovacionista malgrado a proliferação de cemitérios tecnológicos ao redor do mundo, já não são capazes de enganar nem mesmo aos amigos incondicionais da técnica. Só para dar um exemplo, até o insuspeito matemático David Sumpter (2019SUMPTER, D. Dominados pelos números: do Facebook e Google às fake news os algoritmos que controlam nossa vida. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019.), estudioso e aficionado pela vida virtual, já diz tudo com o título seguido de subtítulo de seu interessantíssimo livro: Dominados pelos números: do Facebook e Google às fake news os algoritmos que controlam nossa vida.
O bielo-russo Evgeny Morozov (2018MOROZOV, E. Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu, 2018.) vai muito mais longe, ao desnudar, apesar da aparente contradição, a relação umbilical entre o inovacionismo (discurso ideológico, ou fingido, acerca da abundância) liderado pelo Vale do Silício e o austericídio (discurso ideológico, ou fingido, acerca da escassez) receitado por Wall Street: propondo, de modo “bem-intencionado”, tornar problemas sociais e políticos complexos em equações algorítmicas e meramente técnicas, Google e Facebook acabam sendo os grandes protagonistas da sociedade de consumo, uma vez que radiografam (psicografia cibernética?) as “necessidades” de todos aqueles que possuem um simples celular, e, no Brasil, são aproximadamente 230 milhões de aparelhos. Falei ontem aqui em casa sobre um prato que eu gostaria de fazer no próximo jantar e, ao acordar e já olhar viciosamente o celular, já tinha uma mensagem do Google me “ajudando” com indicação de restaurante. Fico mais assustado do que Ariano Suassuna ao falar pelo obsoleto telefone convencional sempre que ocorre. Não é preciso ser profeta cibernético para saber que vem por aí mais controle, mais vigilância, mais dados, i.e., mais ainda menos dessa tal liberdade.
Repito a encruzilhada: a quarentena é necessária, mas não é saída... A dominação dos privilegiados é dócil, sutil e prazerosa: difícil resistir à tentação do “comodismo” da vida automatizada ainda mais quando estamos todos precisando ficar realmente anestesiados. Qual androide messiânico poderá advir para nos salvar tornando-nos ao menos máquinas mortíferas? Desespero de branco típico de “classe média intelectualizada” prestes a perder privilégios para a dezena de bilionários brancos do Vale Silício, o vale da morte que conduz o mundo para o abismo profundo: já consigo imaginar a profusão de “novas novidades” tecnológicas que virão por aí para nos “edificar” e ao mesmo tempo “entreter”...
O mais trágico da nossa condição histórica atual é que, em meio à pandemia, vivemos, na realidade, um tempo do encontro infeliz de três frentes fascistas conectadas: a devastação da natureza, o controle algorítmico e o “retorno” do soturno (que combinação aparentemente invencível!). As aspas se devem ao fato de os Bolsonaros e os Trumps da vida nunca terem saído de cena, parece que só estavam esperando o “reformismo” pegar um gostinho. Não há mais espaço para o dom de (se) iludir: reformas são concessões permitidas calculadamente pelos poderosos tão-somente enquanto existe perigo revolucionário real; por vias “democráticas”, eles nadam de braçada nos mares e rios poluídos. Seja como for, revolução pode ser apenas privilégio de quem pode, paradoxalmente, pensar a longo prazo. Quem tem fome, tem pressa!
Ao chegar ao fim deste texto,88A primeira vez que li “O artigo dos vagalumes”, de Pasolini, mote deste ensaio, foi na disciplina Fascismo em tempos de neoliberalismo, oferecida por mim em parceria com meu colega e amigo Ronaldo Teodoro, no primeiro semestre de 2019, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do IMS-UERJ. Aproveito para agradecer aos participantes pelas interações frutíferas e duradouras, especialmente a Cassiana Rodrigues, Joyce das Flores e Luca Provenzano, que, aliás, foi quem nos enviou o link do artigo. acabo de me lembrar de uma obra para o nosso tempo à qual me referi sem referir lá no começo. E a nostalgia dos vagalumes talvez não nos ajude mais. Escrita também profética e visionariamente para o nosso tempo, a obra-prima A parábola do semeador, da escritora negra estadunidense Octavia Butler (2018BUTLER, O. A parábola do semeador: Semente da Terra, v. 1. São Paulo: Editora Morro Branco, 2018.), narra a saga da jovem Lauren Olamina, que parece se passar no que os EUA, ou o Brasil, ou o mundo, podem se tornar a partir do ano de 2024, ponto de partida do livro. Mas, por falta de espaço, pretendo falar em parceria sobre isso noutro ensaio. Só para dar um spoiler, como se diz hoje, trata-se, na minha interpretação aberta pela chave de leitura fornecida por minha orientanda de doutorado Gabriela Barreto, de uma espécie de elegia a aquilombar-se, tendo em vista a travessia ou diáspora sem terra prometida à vista... Amparado na tese da historiadora negra Beatriz Nascimento (.: 1985NASCIMENTO, B. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Afrodiáspora, n. 6-7, p. 41-49, 1985.) de que o quilombo se tornou também uma ideologia e utopia do imaginário coletivo nacional progressista, sinto-me no direito de sonhar me aquilombar inspirado em quem, como indígenas e negros, já vive o fim do mundo há séculos. Disposto a perder e combater privilégios, peço licença, então, para fechar a encruzilhada com a última estrofe do poema É tempo de nos aquilombar, de Conceição Evaristo:
É tempo de formar novos quilombosem qualquer lugar que estejamos e que venham os dias futuros, salve 2020,a mística quilombola persiste afirmando: “a liberdade é uma luta constante”.Referências
- ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
- BUTLER, O. A parábola do semeador: Semente da Terra, v. 1. São Paulo: Editora Morro Branco, 2018.
- CUSICANQUI, S. Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.
- DIDI-HUBERMAN, G. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
- ECO, U. O fascismo eterno. Rio de Janeiro: Record, 2018.
- FANON, F. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
- GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, n. 92/93, p. 69-82, 1988.
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» https://brasil.elpais.com/ideas/2020-03-22/o-coronavirus-de-hoje-e-o-mundo-de-amanha-segundo-o-filosofo-byung-chul-han.html - HARVEY, D. Política anticapitalista em tempos de coronavírus. Jacobin Brasil, 21 mar. 2020. Disponível em <https://jacobin.com.br/2020/03/politica-anticapitalista-em-tempos-de-coronavirus/>. Acesso em: 20 abr. 2020.
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» https://elpais.com/elpais/2020/03/27/opinion/1585316952_026489.amp.html - SUMPTER, D. Dominados pelos números: do Facebook e Google às fake news os algoritmos que controlam nossa vida. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019.
- ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do viral! Coronavírus e a reinvenção do comunismo. Disponível em <https://blogdaboitempo.com.br/2020/03/12/zizek-bem-vindo-ao-deserto-do-viral-coronavirus-e-a-reinvencao-do-comunismo/>. Acesso em: 20 abr. 2020.
» https://blogdaboitempo.com.br/2020/03/12/zizek-bem-vindo-ao-deserto-do-viral-coronavirus-e-a-reinvencao-do-comunismo
- *Para Cleonice Gonçalves (in memoriam), empregada doméstica dos 13 aos 63 anos, primeira vítima do novo coronavírus no Rio de Janeiro.
- 3“Novo fascismo” aqui é diferente da designação atual “neo-fascismo”, termo equívoco se lembrarmos de outro italiano, no caso Umberto Eco (2018), que fala de um fascismo eterno contendo 14 características arquetípicas.
- 4Aqui tomo emprestada, embora subvertendo-a, a expressão usada com intenção meramente “metafórica” pelo geógrafo britânico David Harvey (2020).
- 5Além da impressionante produção de conhecimento “técnico” em escala pós-industrial sobre a pandemia, é difícil acompanhar até mesmo a produção pretensamente mais artesanal das ciências humanas e sociais.
- 6Emprego a expressão “privilégio da servidão voluntária”, embora com propósito diferente, inspirado na feliz expressão “privilégio da servidão” usada como título de livro pelo sociólogo do trabalho Ricardo Antunes (2018), que trata justamente dos novos dilemas dos trabalhadores do setor de serviços na era digital.
- 7Ver Achille Mbembe (2020).
- 8A primeira vez que li “O artigo dos vagalumes”, de Pasolini, mote deste ensaio, foi na disciplina Fascismo em tempos de neoliberalismo, oferecida por mim em parceria com meu colega e amigo Ronaldo Teodoro, no primeiro semestre de 2019, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do IMS-UERJ. Aproveito para agradecer aos participantes pelas interações frutíferas e duradouras, especialmente a Cassiana Rodrigues, Joyce das Flores e Luca Provenzano, que, aliás, foi quem nos enviou o link do artigo.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
24 Jul 2020 - Data do Fascículo
2020
Histórico
- Recebido
23 Abr 2020 - Aceito
26 Abr 2020 - Revisado
28 Abr 2020