Resumo
A aids, após quatro décadas do início da epidemia, ainda é um importante problema de saúde pública no Brasil, com elevadas taxas de incidência e de mortalidade. As estratégias de prevenção centram-se no preservativo e na profilaxia pré- e pós-exposição, não tendo sido implementada vacinas até o momento. Este estudo tem como objetivo analisar os discursos produzidos pela grande mídia brasileira sobre a vacina contra a aids entre 2010 e 2021. Com abordagem qualitativa, foram analisadas 35 reportagens referentes à vacina contra a aids nos três jornais de maior circulação no país: Folha de São Paulo, Estadão e O Globo. Os dados foram compreendidos à luz da Análise Crítica do Discurso. Foi evidenciada pouca comunicação midiática sobre a vacina contra a aids, configurando-se como um tema negligenciado e pouco explorado no debate público. Os discursos midiáticos apontaram comunicação de difícil compreensão, com terminologias biomédicas; focaram nas impossibilidades das pesquisas científicas na descoberta de vacinas; e retrataram os pesquisados como “cobaias”, metáfora que nomina grupos vulnerabilizáveis a experimentos medicamentosos, o que reforça a discriminação e o preconceito. Os discursos apontam a necessidade do debate público sobre a vacina contra a aids, e a mídia brasileira possui papel estratégico no estímulo à produção de imunobiológicos.
Palavras-chave:
HIV; Aids; Vacinas Contra a Aids; Meios de comunicação de massa; Opinião Pública
Abstract
AIDS, four decades after the start of the epidemic, is still a major public health problem in Brazil, with high incidence and mortality rates. Prevention strategies focus on condoms and pre- and post-exposure prophylaxis, with no vaccines having been implemented to date. This study aims to analyze the speeches the mainstream Brazilian media produced about the AIDS vaccine between 2010 and 2021. With a qualitative approach, 35 reports referring to the AIDS vaccine were analyzed in the three newspapers with the largest circulation in the country: Folha de São Paulo, Estadão and O Globo. The data was understood considering Critical Discourse Analysis. There was little media communication about the AIDS vaccine, making it a neglected and little-explored topic in the public debate. Media discourses highlighted communication that was difficult to understand, using biomedical terminologies; they focused on the impossibilities of scientific research in discovering vaccines; and portrayed those researched as “guinea pigs”, a metaphor that nominates groups vulnerable to drug experiments, which reinforces discrimination and prejudice. The speeches point to the need for public debate about the AIDS vaccine, and the Brazilian media has a strategic role in encouraging the production of immunobiologicals.
Keywords:
HIV; AIDS; AIDS Vaccines; Mass media; Public opinion
Introdução
A aids constitui importante problema de saúde pública e, mesmo após quatro décadas da descoberta dos primeiros casos, as ações governamentais e da sociedade civil não frearam o grande quantitativo de novas infecções e mortes em decorrência da doença. Estima-se que 75,7 milhões de pessoas tenham sido infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) em todo o mundo, e aproximadamente 32,7 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à aids desde o início da epidemia. Atualmente, há 39 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo (UNAIDS, 2023).
No Brasil, mais de um milhão de casos foram notificados, 382.521 óbitos e, em 2022, 1.124.063 mil pessoas viviam com HIV. A taxa de infecções é maior em grupos inseridos em contextos vulnerabilizados, especialmente entre usuários de drogas, gays, prostitutas, travestis, transexuais, populações privadas de liberdade e negros (Brasil, 2023). Além disso, o país apresenta altas taxas de novas infecções em jovens, já que entre os 43.403casos de HIV notificados em 2022 no Brasil, 17.802 (41%) foram de pessoas entre 15 e 29 anos de idade (UNAIDS, 2023).
Desde a década de 1960, foram implementadas ações para reduzir a incidência e a mortalidade por aids no Brasil, coordenadas nacionalmente pelo “Departamento de DST, Aids e Hepatites virais” e por Políticas Nacionais de Enfrentamento à doença a partir das reivindicações dos movimentos sociais. As ações envolveram práticas de promoção e educação em saúde sexual e reprodutiva, garantia de direitos humanos, redução do estigma e discriminação, emancipação política de populações-chave e grupos vulneráveis, redução de danos e iniquidades, testagem ampla, tratamento antirretroviral, distribuição de preservativos masculinos e femininos e profilaxia pré- e pós-exposição (UNAIDS, 2020).
As estratégias, ainda que tenham possibilitado o desenvolvimento de práticas biomédicas e ações sociais nos últimos anos, não garantiram imunidade ao vírus e eliminação da aids (Brekley; Koff, 2007), embora a Organização das Nações Unidas e a UNAIDS apontem para a possibilidade do fim da epidemia. Entretanto, para a erradicação, acreditamos que uma medida efetiva seja a vacinação contra aids, associada a outras estratégias de redução de vulnerabilidades e cuidados em saúde. Entretanto, as vacinas não-vivas testadas até o momento diminuíram a carga viral, mas não evitaram o processo de infecção ou geraram eliminação do vírus do organismo. Modelos matemáticos demonstram que a diminuição em até 1 log (1 cópia do vírus por mililitro de sangue) pode produzir benefícios substanciais e melhorar a qualidade de vida, controlar a enfermidade e reduzir a transmissão (Klausner, 2003).
Os desafios que dificultam a criação e utilização do imunizante em larga escala envolvem a variabilidade genética do vírus, já que, atualmente, o HIV tipo 1 (HIV-1), principal causador da aids, é subdividido em três grupos, denominados M (Major), O (Outlier) e N (non M/non O, New). O HIV-2 está associado a infecções no Centro-Oeste da África e na Europa (Yerly, 2004). Ainda, dificuldades relativas à ausência de incentivos financeiros, custo, riscos e dificuldades logísticas das pesquisas científicas também impactam a produção da vacina. Além do mais, a invisibilidade do debate público sobre a importância de estratégias efetivas, como a vacina contra a aids, contribui para o desinteresse social e político sobre o tema (Bekker ., 2020BEKKER, L-G. et al. The complex challenges of HIV vaccine development require renewed and expanded global commitment. The Lancet, [S.L.], v. 395, n. 10221, p. 384-388, fev. 2020.; Dybul ., 2021DYBUL, M. et al. The case for an HIV cure and how to get there. The Lancet Hiv., v. 8, n. 1, p. 51-58,2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S2352-3018(20)30232-0. Acesso em: 19 mar. 2021.
https://doi.org/10.1016/S2352-3018(20)30... ).
A biomedicalização da prevenção ao HIV, a exemplo da profilaxia pré-exposição (PrEP), embora seja estratégia importante, isoladamente não alcança contextos vulnerabilizados, e as taxas de novas infecções têm aumentado rapidamente entre gays, homens que fazem sexo com homens, pessoas transexuais e outros grupos socialmente excluídos em vários países do mundo, incluindo o Brasil (Aggleton; Parker, 2015AGGLETON, P.; PARKER, R. Moving beyond biomedicalization in the HIV response: implications for community involvement and community leadership among men who have sex with men and transgender people. Am J Public Health, v. 105, n. 8, p: 1552-8, 2015.). Assim, o engajamento político, social e econômico voltado para o desenvolvimento de vacinas é primordial, pois permite acesso, uso e distribuição após todas as etapas de validação do imunizante. Assim, para a efetiva implementação de vacinas contra a aids, é fundamental a adoção de estratégias conjuntas em nível nacional e internacional, órgãos regulamentadores, indústrias farmacêuticas e sociedade civil, regulada pelo controle social (Bekker ., 2020BEKKER, L-G. et al. The complex challenges of HIV vaccine development require renewed and expanded global commitment. The Lancet, [S.L.], v. 395, n. 10221, p. 384-388, fev. 2020.).
Pesquisas científicas sobre a vacina contra a aids encontram-se em andamento em diferentes países, mas a maioria é voltada à perspectiva clínica e biomédica, gerando lacunas na produção do conhecimento sobre a perspectiva ética, política e social. Assim, embora seja uma medida de interesse coletivo, o tema é pouco debatido publicamente, o que dificulta a participação social e o tensionamento para transformar essa pauta em interesse político. Esse fato pode ser decorrente da estigmatização das pessoas que vivem com HIV, fazendo com que suas demandas não interessem à sociedade, sendo silenciadas nos veículos de comunicação que compõem a mídia brasileira (Turan ., 2016TURAN, B. et al. How Does Stigma Affect People Living with HIV? The Mediating Roles of Internalized and Anticipated HIV Stigma in the Effects of Perceived Community Stigma on Health and Psychosocial Outcomes. AIDS Behav, v. 21, p. 283-291, jun. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10461-0161451-5. Acesso em: 23 mar. 2021.
https://doi.org/10.1007/s10461-0161451-5... ).
A mídia, em muitas sociedades, cumpre a função de mediação simbólica das relações sociais. Assim, parte das experiências das pessoas com os fatos sociais que acontecem no mundo ocorre por meio da veiculação na mídia. O jornalismo contribui para a percepção do mundo, faz parte do cotidiano na construção das ideias e opiniões sobre determinados temas e assuntos. A visibilidade midiática que o jornalismo imprime aos fatos confere existência social aos mesmos. Por isso, a produção jornalística pode ser percebida como um lugar de disputa em que se fazem presentes as vozes públicas, por existir reconhecimento social de que a mídia é a esfera da visibilidade pública no mundo contemporâneo e o lugar onde a realidade se estrutura como referência (Neto, 1999).
Este estudo analisou de maneira crítica as notícias vinculadas pela grande imprensa brasileira que circularam sobre o tema da vacina contra a aids nos últimos anos, entendendo que os veículos midiáticos possuem importante papel na promoção desse debate, tendo em vista a circulação nos diferentes grupos e classes sociais. Busca-se compreender os discursos que circulam sobre um tema omisso na sociedade, colocando luz sobre uma questão pouco explorada. A presente investigação objetiva analisar os discursos produzidos pela grande mídia brasileira sobre a vacina contra a aids entre 2010 e 2021.
Metodologia
Este é um estudo de abordagem qualitativa fundamentado no referencial teórico-metodológico do Construcionismo Social, pois compreende-se nessa investigação que a compreensão da realidade é socialmente construída (Spink, 2010SPINK, M. J. Linguagem e produção de sentidos no cotidiano. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. Disponível em: https://books.scielo.org/id/w9q43.
https://books.scielo.org/id/w9q43... ). O estudo seguiu as diretrizes estabelecidas pela Standards for Reporting Qualitative Research (O’Brien, 2014), com aporte dos campos da Comunicação e da Saúde Coletiva, na busca pela compreensão dos discursos sobre a vacina contra aids publicizados pela grande mídia no Brasil.
Os dados foram coletados nas três principais mídias jornalísticas disponibilizadas online e de ampla circulação no país: Folha de São Paulo (https://www.folha.uol.com.br/); Estadão (https://www.estadao.com.br/); e O Globo (https://oglobo.globo.com/), cuja circulação chega a um total de 880 mil assinantes diariamente. Além do mais, seus portais on-line estão entres os mais acessados no Brasil, podendo ser considerados importantes fontes de notícias, formação de opinião e indutores do debate público.
A coleta dos dados foi realizada de forma independente por dois pesquisadores previamente treinados, que acessaram as plataformas online dos referidos jornais e, no campo “pesquisar”, inseriram separadamente os descritores “vacina”, “HIV” e “aids”. Ainda, foi inserida conjuntamente a chave de busca “vacina contra o HIV” AND “vacina contra a aids” AND “vacina and aids” AND “vacina and HIV””, técnica metodológica comumente utilizada em revisões de literatura.
Os critérios de inclusão envolveram reportagens que fizeram menção à temática da vacina contra HIV/aids publicadas entre os anos de 2010 e 2021. Foram excluídas as notícias duplicadas; que não se referiam diretamente ao tema pesquisado; ou que a temática, ainda que tivesse aparecido na reportagem, não tenha sido abordada como foco central.
Foram encontradas 642 reportagens, sendo 290 no jornal Folha de São Paulo; 221 no jornal O Estadão; e 131 no jornal O Globo. Destas, 607 foram excluídas após a leitura na íntegra, sendo 295 por ser artigo duplicado e 312 por não terem como foco o tema da investigação. Depois de aplicar os critérios de inclusão e exclusão, o corpus textual foi composto por 35 notícias, sendo 16 reportagens do jornal Folha de São Paulo; 9 do jornal O Estadão; e 10 do jornal O Globo (Figura 1).
As notícias foram sistematizadas, analisadas criticamente e categorizadas a partir dos princípios orientadores da Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 2019), que se apoia no construcionismo social, na perspectiva reflexiva e na abordagem crítico-compreensiva. Implica, portanto, questionar os pressupostos e as maneiras como habitualmente damos sentido às coisas a partir de nosso lugar no mundo, exigindo um olhar dialético à realidade sensível e singular de cada discurso, bem como às particularidades percebidas em cada contexto no qual interagimos e buscamos construir sentidos (Bosi, 2014BOSI, M. L. M.; MACEDO, M. A. Anotações sobre a análise crítica de discurso em pesquisas qualitativas no campo da saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, v. 14, n. 4, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/JRZn5cZ9pJ8tthDwmyGb4XK/?lang=pt#.
https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/JRZn5cZ9... ).
A pesquisa não envolveu a participação de seres humanos e utilizou dados secundários de cunho documental e com acesso público. Portanto, não necessitou ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Resolução n° 466/2012.
Resultados e Discussão
Na mídia brasileira analisada neste estudo, identificou-se pouca produção sobre a vacina contra a aids (35 reportagens), configurando-se como um tema negligenciado e pouco explorado no debate público nacional, diferentemente do estudo de Zhang (2024ZHANG, J. M. et al. Public Discourse, User Reactions, and Conspiracy Theories on the X Platform About HIV Vaccines: Data Mining and Content Analysis. J Med Internet Res., v. 26, p. e53375, 2024.), que analisou o debate midiático sobre a vacina em outros países utilizando 36.424 matérias. A maioria das reportagens encontradas (n=203) faziam referência à vacina contra a Covid-19, esta amplamente notificada como estratégia de prevenção. Outras reportagens tratavam do vírus HIV e da aids, sem focar na vacina (n=109). Do total, 22 (62,9%) matérias faziam referência a pesquisas científicas realizadas nos Estados Unidos, sete (20%) no Brasil e seis reportagens se referiam a países europeus, como Inglaterra, França, Itália e Espanha, e do continente Africano, como Ruanda, África do Sul e Uganda.
As reportagens analisadas apontam que avanços científicos foram conquistados com relação à produção das vacinas, embora a baixa cobertura da mídia limite informações sobre o tema. O quantitativo de reportagens dos últimos três anos foi o menor registrado entre a década analisada, somando apenas quatro.
Após a análise crítica dos discursos proferidos pela mídia, emergiram núcleos de sentidos que tem o poder de se replicar em práticas sociais: “o discurso biomédico”; “a impossibilidade da vacina”; e “as cobaias das pesquisas científicas”. Das 35 notícias selecionadas, em 19 foi possível identificar o autor. Destas, 13 (68,4%) foram escritas por homens e apenas três (15,8%) por jornalistas negros. Os anos com maior quantitativo de textos sobre o tema foram 2011; 2013; e 2015, com cinco publicações anuais (Figura 2).
Quantitativo de reportagens analisadas nos jornais Folha de São Paulo, Estadão e O Globo, segundo ano do estudo.
A vacina contra a aids e a ênfase do discurso biomédico
O discurso biomédico sobre a produção de vacinas contra a aids prevaleceu, permeado por linguagem técnica e de difícil compreensão. Essa perspectiva busca cunhar relevância ao conteúdo da reportagem, uma vez que esse tipo de discurso é utilizado para validar um conjunto de ideias baseadas nos interesses de quem transmite a mensagem. O discurso biomédico impacta o leitor por fornecer informações técnicas que podem influenciar a leitura da notícia, cuja estratégia serve como prática social e constitui-se como dispositivo de poder (Bydlowski ., 2004BYDLOWSKI, C. R.; WESTPHAL, M. F.; PEREIRA, I. M. T. B. Promoção da saúde. Porque sim e porque ainda não! Saúde e Sociedade, v. 13, n. 1, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/qpMcjJt8mcR5N94b5KMpbfc/abstract/?lang=pt#.
https://www.scielo.br/j/sausoc/a/qpMcjJt... ).
Os pacientes injetados com o anticorpo, batizado de 3BNC117, tiveram a quantidade de HIV reduzida em até 3000 vezes na corrente sanguínea. O anticorpo foi criado especificamente para bloquear a proteína receptora do vírus, já que a defesa criada naturalmente no sistema imunológico não é suficiente para derrotá-lo. (O Globo, p. 24, 09/abril/2015, disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/terapia-de-anticorpos-sinteticos-contra-hiv-tem-resultados-promissores-15819306).
Os pesquisadores encontraram os anticorpos por meio de uma nova marcação molecular desenvolvida pelo próprio instituto que permitiu acharem as células especificas do sistema imunológico que os produzem. Posteriormente, eles determinaram a estrutura atômica da forma como o VRC01 se conecta com o HIV. (O Globo, p. 32, 09/julho/2010, disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/ciencia/anticorpos-podem-ser-chave-para-criacao-de-vacina-contra-virus-da-aids-2982028).
Terminologias como “anticorpo”, “proteína receptora do vírus”, “marcação molecular”, “estrutura atômica” e “VRC01” simbolizam discursos inacessíveis à maioria da população, principalmente os mais vulnerabilizados à epidemia de HIV/aids, como as pessoas em situação de pobreza e com baixa escolaridade. Destaca-se a necessidade de produzir informações que utilize linguagem acessível, compreensível e popular, no sentido de alcançar e mobilizar o maior número de pessoas e grupos sociais. Dessa forma, é possível construir conhecimento e alterar concepções, reconstruir representações enraizadas e convocar a sociedade a produzir mudanças, com o objetivo de desenvolver estratégias que possam abrir possibilidades de acesso à informação e, nesse caso, tensionar a produção da vacina (Bergamo, 2006BERGAMO, M. Produção de conhecimento. Educ. Soc., v. 27, n. 94, abr. 2006.).
As informações sobre a vacina contra a aids, da forma como são veiculadas, são voltadas para grupos específicos, que possuem conhecimento prévio sobre o tema. Embora os jornais analisados sejam meios de informação de ampla divulgação, estima-se que poucas pessoas conseguem compreender as notícias veiculadas. Ainda, pelo teor das reportagens, é possível que os indivíduos que se interessem pela temática possuam alta renda e elevada escolaridade. Isso reflete o processo de polarização do conhecimento, intercedido pela mídia, que muitas vezes é tendenciosa, inviabiliza o acesso de informações a populações vulneráveis e adota discursos médicos na tentativa de conferir legitimidade (Oliveira, 2010OLIVEIRA, E. T. A linguagem tendenciosa na mídia impressa: um estudo de caso sobre a indução do leitor. Revista Digital, v. 1, n. 2, p. 228-243, 2010.).
O discurso médico tem forte carga simbólica devido ao papel representado por esses profissionais na sociedade. Dificilmente a narrativa médica é colocada em xeque ou criticada, e o que é afirmado e reproduzido pela mídia torna-se verdade absoluta para a população, constituindo-se um regime de verdade (Ribeiro; Ferla, 2016RIBEIRO, A. C. L.; FERLA, A. A. Como médicos se tornam deuses: reflexões acerca do poder médico na atualidade. Psicologia em revista, v. 22, p. 294-314, 2016.).
Para Moirand (2003MOIRAND, S. C. Communicative and Cognitive Dimensions of Discourse on Science in the French Mass Media. Discourse Studies, v. 5, n. 1, p. 175 206, 2003.) e Beacco et al. (2002), o modo de popularizar a ciência se dá por meio do acesso à informação, através de comunicação horizontal entre jornalistas e leitores, onde o jornalismo realiza função política e científica. A mídia tem função substancial na difusão da informação na atualidade, produzindo novo sentido ao cotidiano da população e levando a redefinições de limites entre as esferas públicas e privadas, produzindo novas relações sociais (Spink ., 2008SPINK, M. J. P. et al. Usos do glossário do risco em revistas: contrastando "tempo" e "públicos". Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 21, n. 1, p. 1-10, 2008. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-79722008000100001> Acesso em: 22 fev. 2022.
https://doi.org/10.1590/S0102-7972200800... ).
Segundo Thompson (2014THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 2014.), mesmo que o receptor da informação não interaja de forma direta com quem publica a notícia, há possiblidades de significar e gerar questionamentos das verdades descritas. Assim, a produção de informações com linguagem acessível e com menor abordagem biomédica gera movimentos questionadores e de resistência por parte de quem consome a informação, principalmente acerca de temas tabus como a epidemia de HIV/aids.
O debate sobre tema da vacina contra a aids, para que tenha participação social, precisa ser pautado para além do modelo biomédico e da pesquisa científica. Assim, é fundamental a adoção discursiva de uma perspectiva ética, crítica e social que considere as necessidades específicas da população brasileira.
As impossibilidades da vacina contra a aids
A mídia, ao longo dos anos, devido seu alcance, tornou-se responsável por gerar debate e formar opiniões. Logo, possui estratégias de poder que podem moldar o comportamento social, baseando-se nos interesses de quem transmite a informação (Moreira, 2010MOREIRA, J. O. Mídia e Psicologia: considerações sobre a influência da internet na subjetividade. Psicol. Am. Lat., n. 20, p. 1-10, 2010.). Neste estudo, as reportagens enfatizaram informações de pesquisas científicas sobre a produção de vacinas que se encontravam em andamento em diferentes países, mas com discursos que desencorajam a criação e produção dessa estratégia de prevenção.
Cientistas anunciaram ontem mais um obstáculo na luta contra a Aids. A vacina que, em setembro do ano passado, ganhou destaque por conseguir diminuir em 31% o risco contaminação por HIV em voluntários na Tailândia, na verdade não funciona tão bem. (Folha de São Paulo, p. 13, 20/fevereiro/2010, disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2002201001.htm).
Mas os resultados também devem ser interpretados com cautela, acrescentou: Os desafios no desenvolvimento de uma vacina para o HIV são sem precedentes, e a capacidade de induzir respostas imunológicas não indica necessariamente que a vacina vai proteger humanos da infecção pelo HIV, esperamos com ansiedade os resultados do ensaio de eficácia de fase 2b, que vai determinar se esta vacina vai proteger humanos contra o HIV. (O Globo, p. 22, 06/julho/2018, disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/regime-vacinal-experimental-contra-hiv-tem-resultados-promissores-em-macacos-humanos-22857258).
O discurso midiático conforma uma série de componentes que implicam na construção do acontecimento, como posicionamento ideológico do veículo, linha editorial e preparo intelectual do jornalista. A conotação negativa das reportagens que envolve a vacina contra a aids não é neutra, e faz parte de um conjunto de práticas sociais que contribui para a produção de subjetividade às pessoas, principalmente a prática social de desistir de lutar por uma vacina diante da impossibilidade que é veiculada discursivamente. O paradigma das notícias como narração da realidade de forma isenta é pregado pela mídia e aceito pelo público leitor, que recebe a notícia como a transcrição honesta de um fato, sem que haja a necessidade de interpretar os aspectos de sua produção (Moreira, 2007MOREIRA, D. J. Mídia, fundamentalismo e terror: a lógica da barbárie. Estudos em Jornalismo e Mídia. v. 4, n. 1, p. 11-21, 2007.).
Ao enfatizar a impossibilidade da existência de vacinas para prevenir a aids, a mídia contribui para a manutenção do discurso do risco e do medo, compartilhado na sociedade brasileira desde o início da epidemia, gerando estigma de alguns grupos. Essa construção discursiva propaga a ideia de que o vírus segue latente, age no organismo permanentemente e, além disso, causa a desumanização física e psicológica de seu portador, fazendo com que a aids, durante muito tempo, fosse relacionada às mais drásticas e discriminadoras “moléstias” (Sontag, 2007SONTAG, S. Doença como metáfora. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.).
Estratégias e políticas públicas em resposta à epidemia de HIV/aids têm sido implementadas ao longo do século XXI, se ampliando as opções disponíveis de métodos preventivos para evitar a transmissão, além de novos métodos para pessoas que vivem com o vírus que incluem, além do preservativo masculino e feminino, as profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP). Assim como o tensionamento público à viabilização de uma vacina, a utilização eficaz de distintas abordagens preventivas depende do acesso à informação que os indivíduos e comunidades terão sobre os métodos disponíveis, além da conscientização sobre formas mais eficazes considerando situações específicas e do empoderamento para tomar decisões sobre as possibilidades preventivas diante das dinâmicas próprias da vida.
O conteúdo das reportagens aponta discursos de fracasso e pessimismo com relação à produção de vacinas contra a aids. Mesmo com avanços científicos e tecnológicos dos últimos anos, o discurso ponderado e cauteloso não se modificou, trazendo frequentemente informações de vacinas que geraram resultados, mas não foram satisfatórios. Foi possível, ainda, inferir que os discursos produzidos pelas notícias focam na capacidade do vírus HIV de enganar o sistema imune, sendo este o principal obstáculo para a criação de uma vacina contra a aids. Esse discurso, ainda que seja uma realidade, gera a sensação de impossibilidade definitiva da vacina, o que leva a crer que por mais que esforços sejam realizados, não serão suficientes para a produção dessa estratégia de prevenção.
As cobaias das pesquisas científicas
A mídia, desde o final da década de 1980, teve função paradoxal na epidemia de HIV/aids, porque contribuiu na disseminação de conhecimento sobre a doença, mas também construiu estigmas e preconceitos. Isso se deu pela maneira como eram informados os casos no início da epidemia, e por associar a doença a um grupo específico de pessoas, como gays, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo (Scherer, 2011SCHERER, A. HIV/AIDS: Um fenômeno “comunicatológico”. Revista Santa Catarina em História, v. 5, n. 2, 2011.).
Em agosto de 1981, por exemplo, no Jornal do Brasil, estava estampada a matéria “Câncer em homossexuais é pesquisado nos EUA”, informando que uma equipe médica composta por 20 especialistas em doenças viróticas, parasitárias e venéreas foi montada pelos Centros Nacionais para Controle de Doenças, nos Estados Unidos, para investigar o surgimento de tipos raros, mas mortais, de pneumonia e câncer que estavam acometendo “principalmente os homossexuais masculinos”. Segundo a notícia, a enfermidade já havia sido detectada em 10 estados americanos com 108 casos registrados, nos quais a morte havia sido apontada em 40% dos afetados. O câncer é sempre encarado como doença grave, mas constitui-se como uma enfermidade que não será vista como punição ou caracterizada como epidemia. Mesmo sob o ponto de vista da medicina, a doença que passava a ganhar visibilidade no país não era o câncer, pois era a aids que a matéria retratava, associando-a a grupos de risco.
A mídia brasileira, que noticiava a aids em pessoas caracterizadas como de risco antes mesmo da chegada dos primeiros casos no país, influenciada por notícias americanas, é mediadora entre as fontes de informação e o leitor, simbolizando um dispositivo de enunciação. Noticiar os casos de aids no país e no mundo, principalmente em populações específicas, fez com que a sexualidade abandonasse os espaços íntimos e privados, tornando-se pública, deixando de ser algo estritamente sexual e se tornando uma questão da biopolítica, de interesse de médicos, epidemiológicos, sanitaristas e psicólogos, que a pensam de forma discursiva e esses discursos são explicitados pelo dispositivo midiático que faz a doença existir para a sociedade, como dizia um antigo slogan de uma revista nacional: aconteceu virou manchete (Silva; Guedes, 2020SILVA, F. R.; GUEDES, R. da S. A mídia impressa e a construção narrativa sobre a AIDS no Brasil no fnal do século XX: Uma relação perigosa. Rev. Ciência & Trópico, v. 44, n. 1, p. 143-162, 2020.).
Nesta categoria analítica, foi explorada a forma como as reportagens tratam os participantes das pesquisas científicas envolvendo a descoberta da vacina para a aids, a qual englobou 19 notícias nos jornais pesquisados. As reportagens eram sobre investigações que buscam a produção de vacinas, cujos pesquisados eram pessoas que viviam com HIV e, mesmo sem medicação, tinham a capacidade de controlar o vírus. Buscava-se compreender como o vírus funcionava nessas pessoas e como ocorria a resposta imune, sendo estas os primeiros alvos dos estudos.
As reportagens analisadas apontam que, conforme as pesquisas avançavam, foi necessário recrutar mais voluntários para testar a eficácia das vacinas. Deste modo, essa busca se voltou para grupos vulnerabilizados ao HIV e historicamente estigmatizados, principalmente homens gays e pessoas transexuais sexualmente ativos.
Só serão aprovados candidatos considerados mais vulneráveis ao vírus para estudo: homens cisgênero (que se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram) que se relacionam sexualmente com homens cisgênero, e mulheres e homens trans com vida sexual ativa. (Folha de São Paulo, p. 14, 20 / julho / 2021, disponível em: https://todasasletras.blogfolha.uol.com.br/2021/01/16/vacina-contra-hiv-projeto-busca-voluntarios-brasileiros-para-testes/).
O estudo está dividido em duas frentes. A primeira dela, na África Subsaariana, testa 2.637 mulheres heterossexuais. Uma segunda, chamada de Mosaico, conduzida na Europa, na América do Norte e na América Latina, está testando 3.600 voluntários, entre homens homossexuais e pessoas trans. (O Estadão, p. 14, 12/07/2021, disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/agencia-estado/2021/07/12/cientistas-testam-vacina-contra-hiv-com-mais-de-6-mil-pessoas.htm).
Discursos que contribuem para o estigma de grupos sociais foram evidenciados nas reportagens, pois ao noticiarem de maneira acrítica os experimentos exclusivamente em homens gays, trans e negros, as mídias corroboraram a perspectiva antiética adotada nas pesquisas científicas. Desde o início, as pesquisas para a descoberta de vacinas contra a aids foram permeadas por controvérsias que envolviam problemas éticos e políticos nos experimentos com seres humanos. Pesquisas que usavam pessoas oriundas da África como “cobaias”, pagas para participar das investigações e depois abandonadas sem acesso a informação, alimentação, tratamento e prevenção do vírus HIV caracterizaram um sistema de uso de cobaias da ciência (Bazzo; Pereira, 2005BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V. AIDS-2000: A vacina contra a AIDS (Simulação educativa de um caso CTS sobre a saúde), adaptado e traduzido do original de Martín Gordillo (2001), Curso a distância: Enfoque CTS, Universidad de Oviedo e Nepet-UFSC, 2005.).
Embora pesquisas com seres humanos sejam o único meio confiável para obtenção de vacinas eficazes, as reportagens analisadas, ao narrarem de maneira isenta as investigações que testavam imunobiológicos em homens e mulheres trans, homossexuais e no continente africano, produziram discursos estigmatizantes e perpetraram práticas historicamente utilizadas contra as populações vulnerabilizadas ao HIV. Além do mais, reforçaram que determinadas pessoas possuem corpos passíveis de serem utilizados para experimentos, enquanto outros possuem o privilégio de usufruir do medicamento apenas quando seguro (Schefer, 2000).
Pesquisas envolvendo seres humanos é um tema presente na comunidade acadêmica, principalmente no que tange a perspectiva bioética. Avanços científicos e tecnológicos impõem a realização de estudos clínicos, como é o caso de novas vacinas, interferindo diretamente na relação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa. Investigadores detêm o controle técnico do procedimento científico - o lugar do poder - e muitas vezes se julgam capazes de arbitrar sobre o que seria eticamente aceitável ou até mesmo benéfico para os participantes das pesquisas. Essa relação assimétrica permite a manutenção e utilização de modelos tradicionalmente opressivos, sendo necessário questionar e problematizar essa situação, especialmente por parte da mídia, considerando a conjunção do par sujeito técnico/sujeito ético, uma vez que nem sempre aquele que detém o conhecimento técnico-científico seja a pessoa mais apta para decidir em situações de conflito moral (Guilhem; Oliveira; Carneiro, 2005GUILHEM, D.; OLIVEIRA, M. L. C. de; CARNEIRO, M. H. da S. Bioética, pesquisa envolvendo seres humanos. Rev. Bras. Ciênc. Mov., v. 13, n. 1, p. 117-123, 2005.).
Os discursos midiáticos encontrados neste estudo corroboram o fato de que a epidemia de aids, considerada inicialmente como "câncer gay", teve como efeito a intensificação da homofobia e do racismo existente na sociedade, intensificando a discriminação e o estigma das pessoas que viviam com a doença (Louro, 2001LOURO, G. L. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Rev Estudos feministas, v. 9, n. 2, p. 541-553, 2001.), cujo resultado foram prejuízos de direitos, como na saúde, trabalho, renda e relações sociais. Para Parker e Aggleton (2006), através do processo de estigmatização, grupos dominantes têm legitimado as diferenças baseadas em classe, gênero, raça e sexualidade.
Nesse sentido, a resposta ao HIV/aids tem sido marcada por uma história de resistência social, organizada contra discriminação (Paiva, 2009PAIVA, V. S. F. Prevenção posithiva? A abordagem psicossocial, emancipação e vulnerabilidade. São Paulo: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, 2009. Disponível em: http://www.abiaids.org.br/_img/media/Politicas%20publicas%208.pdf. Acesso em: 4 jan. 2024.
http://www.abiaids.org.br/_img/media/Pol... ), que resultou, por exemplo, no programa Brasil Sem Homofobia, implantado em 2004 pelo Governo Federal (Brasil, 2004). Em 2007, em consonância com as diretrizes desse programa, formulou-se o Plano de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre Gays, HSH e Travestis, que reconhece a homofobia como um dos elementos estruturantes da vulnerabilidade às IST/aids e sinaliza para a valorização dos diferentes contextos de vulnerabilidade individual, social e programática que tornam gays, homens que fazem sexo com homens e travestis mais suscetíveis ao HIV (Brasil, 2007). As diversas modalidades de preconceito e discriminação, a exclusão social, a violência e a homofobia sofrida por HSH e, em especial em pessoas transexuais e travestis, têm contribuído para que esse segmento se transforme em um dos mais vulneráveis ao HIV/aids, inclusive como cobaias de estudos científicos.
Este estudo apresenta limitações, principalmente decorrentes da dificuldade de obtenção de notícias relacionadas ao tema, já que se estima que muitas ficam ocultas mesmo utilizando palavras-chave, e outras apareçam embora não tenham relação com o tema. Entretanto, compreende-se que isso não reduza a qualidade dos achados encontrados na investigação.
Conclusão
Neste estudo, evidenciou-se que a vacina contra a aids não foi um tema de relevância na grande mídia brasileira na última década. As poucas reportagens encontradas tinham como foco descrever estudos realizados em universidades brasileiras ou em outros países, sem adotar uma perspectiva crítica da real necessidade desse imunobiológico ou dos conflitos éticos apresentadas pelas investigações retratadas.
As reportagens tinham linguagem de difícil compreensão, com termos técnicos e biomédicos; focavam nas dificuldades das pesquisas, especialmente as impossibilidades da criação e implementação da vacina; e os conteúdos retratavam os sujeitos das pesquisas como “cobaias”, metáfora usada para nominar grupos vulnerabilizados e passíveis a participar de pesquisas científicas que testam medicamentos, o que reforça a discriminação e o preconceito.
Por fim, sugere-se que o tema referente à vacina contra a aids, considerada uma importante estratégia de prevenção e eliminação da epidemia do HIV, seja amplamente debatido e publicizado na sociedade brasileira. Dessa forma, os movimentos sociais e a sociedade civil têm a possiblidade de construir subsídios para tencionar o Estado brasileiro na garantia de investimentos necessários para a descoberta e implementação dessa tecnologia preventiva em larga escala, além de estratégias de redução de vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas.
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