Resumos
Objetivo:
Investigar o efeito de fatores demográficos, socioeconômicos, educacionais e familiares sobre o conhecimento acerca do HIV/AIDS em adolescentes com 11 anos de idade.
Métodos:
Foram estudados 3.949 adolescentes de Pelotas/RS. O conhecimento acerca do HIV/AIDS foi avaliado por meio de um questionário autoaplicado e mensurado através de cinco perguntas sobre relação heterossexual, relação homossexual, compartilhamento de seringas, beijo na boca e abraçar alguém com AIDS. As análises foram ajustadas com base em um modelo hierárquico, usando regressão de Poisson com ajuste robusto da variância.
Resultados:
Os percentuais de respostas erradas para as questões examinadas foram: 17,2% para transmissão em relações heterossexuais; 44,1% para relações homossexuais; 34,9% para compartilhar seringas; 25,6% para beijo na boca e 16,2% para abraçar pessoa com AIDS. Na análise ajustada, menor grau de conhecimento foi demonstrado pelos meninos, por adolescentes de menor nível econômico, cujas mães possuíam menor escolaridade, para os adolescentes que não haviam conversado sobre sexo com a mãe e entre os que não tiveram aula sobre educação sexual na escola. O grau de conhecimento não esteve associado com o tipo de escola, cor da pele, tampouco com a conversação com o pai sobre sexo.
Conclusão:
Fornecer informações aos adolescentes é fundamental para melhorar o conhecimento sobre o risco de transmissão de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis, principalmente entre jovens do sexo masculino e de menor nível socioeconômico. As políticas públicas devem considerar o rol que a mãe e a escola desempenham no conhecimento sobre este tema por parte dos adolescentes.
HIV; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Adolescente; Conhecimento; Infecções por HIV – transmissão
Introdução
A Organização Mundial da Saúde **Disponível em: http://www.who.int/hiv/data/2009_global_summary.png divulgou que, em 2009, havia aproximadamente 33,3 milhões de pessoas vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no mundo, sendo que 2,6 milhões são de novas infecções e, destas, aproximadamente 370 mil ocorreram em menores de 15 anos de idade. Estima-se que no Brasil existam 630 mil pessoas infectadas ****Disponível em: http://sistemas.aids.gov.br/forumprevencao_final/index.php?q=numeros-da-aids-no-brasil . Nos últimos anos a população brasileira que tem recebido mais diagnósticos da doença é formada por jovens, mulheres (especialmente entre 13-19 anos), pessoas que vivem na pobreza e com baixo nível de educação formal ******Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil .
A proteção durante a relação sexual segue sendo a maneira mais eficaz contra esta infecção. Duas pesquisas homônimas (“Pesquisa sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionadas às DST e AIDS” - PCAP), realizadas em 2004 e 2008, entrevistaram indivíduos de 15-64 anos de todas as regiões do país, e mostraram que 96,6% sabem que o preservativo previne infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) ********Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/pesquisa-de-conhecimentos-atitudes-e-praticas-relacionadas-dst-e-aids . O conhecimento foi medido considerando questões sobre aparência saudável, fidelidade da(o) parceira(o), uso de preservativo, compartilhar seringa, uso de preservativo e cura da AIDS. De acordo com os dados de 2008, os jovens – que relataram, em geral, ter mais parcerias casuais – demonstraram alto conhecimento sobre como se prevenir e mencionaram usar mais o preservativo comparado às outras faixas etárias. Este último resultado foi semelhante ao de Paiva et al. (2008) 11. Paiva V, Calazans G, Venturi G, Dias R. Idade e uso de preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros. Rev Saude Publica 2008; 42(S1): 45-53. também avaliando dados nacionais da pesquisa intitulada “Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira Sobre HIV/Aids”, realizada em 1998 e 2005. No entanto, ao comparar os resultados de 1998 desta última pesquisa **Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/168comporamento.pdf com as informações do PCAP de 2008 sobre o uso da camisinha masculina na primeira relação sexual entre jovens de 15-24 anos, foi evidenciado que a prevalência passou de 52,8% para 60,9%, o que mostra que ainda é baixo o uso de preservativos por parte dos jovens ****Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area= 124&CO_NOTICIA=11932 . Da mesma forma, embora os estudos PCAP de 2004 e 2008 mostrassem mudanças comportamentais, o uso de preservativo foi baixo em ambos os anos, tanto para a “última relação sexual dos últimos 12 meses” (< 40%) quanto para “todas as relações sexuais, nos últimos 12 meses, com qualquer parceiro” (< 30%). Assim, os resultados destas pesquisas indicam que um maior conhecimento sobre a AIDS e ISTs na população brasileira não se traduz necessariamente em práticas sexuais seguras.
Outro aspecto importante é que pouco se sabe sobre como os mais jovens entendem a doença, especialmente os menores de 15 anos que são aqueles que se encontram em processo de iniciação sexual 11. Paiva V, Calazans G, Venturi G, Dias R. Idade e uso de preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros. Rev Saude Publica 2008; 42(S1): 45-53. . A maioria dos trabalhos sobre este tema foi conduzida com adolescentes acima dos 15 anos de idade, entre os quais o conhecimento sobre ISTs e AIDS varia de regular a muito bom 22. Martins LB, da Costa-Paiva LH, Osis MJ, de Sousa MH, Pinto-Neto AM, Tadini V. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22(2): 315-23.
3. Romero KT, Medeiros EH, Vitalle MS, Wehba J. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(1): 14-9. - 44. Sikand A, Fisher M, Friedman SB. AIDS knowledge, concerns, and behavioral changes among inner-city high school students. J Adolesc Health 1996; 18(5): 325-8. .
O conhecimento inapropriado sobre a AIDS pode levar a práticas que podem comprometer a saúde dos jovens 55. Ferreira MP. Conhecimento e percepção de risco sobre o HIV/AIDS: um perfil da população brasileira no ano de 1998. Cad Saúde Pública 2003; 19(S2): 213-22. , motivo pelo qual a oferta e a qualidade das informações antes da iniciação sexual devem ser investigadas 11. Paiva V, Calazans G, Venturi G, Dias R. Idade e uso de preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros. Rev Saude Publica 2008; 42(S1): 45-53. . Considerando a idade precoce de início das relações sexuais – antes dos 15 anos na maioria dos casos, independentemente do sexo – resulta fundamental identificar os fatores associados ao conhecimento sobre a transmissão do HIV/AIDS desde o início da adolescência, pois estes podem contribuir com políticas públicas que vissem reduzir o avanço das infecções pelo HIV 66. Borges AL, Schor N. Início da vida sexual na adolescência e relações de gênero: um estudo transversal em São Paulo, Brasil, 2002. Cad Saúde Pública 2005; 21(2): 499-507. .
Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar o efeito de fatores demográficos, socioeconômicos e de educação sexual recebida na escola e em casa sobre o grau de conhecimento acerca do tema de transmissão do HIV/AIDS, em uma amostra de adolescentes com 11 anos de idade do Sul do Brasil.
Metodologia
Os participantes desta pesquisa fazem parte de um estudo de coorte prospectiva, em que todos os nascimentos hospitalares ocorridos na cidade de Pelotas, em 1993, foram monitorados (n = 5.249). Na época do nascimento foi aplicado um questionário para as mães para informações socioeconômicas, demográficas, da gestação e do parto, e os recém-nascidos foram pesados e medidos 77. Victora CG, Araujo CL, Menezes AM, Hallal PC, Vieira Mde F, Neutzling MB et al. Methodological aspects of the 1993 Pelotas (Brazil) Birth Cohort Study. Rev Saúde Pública 2006; 40(1): 39-46. . Em 2004-5, quando os adolescentes tinham 11 anos de idade (média =11,3±0,3), todos os membros desta coorte foram procurados para um novo acompanhamento para investigar condições sociodemográficas e de saúde em geral, relacionamento familiar e social, hábitos dos adolescentes e conhecimento sobre a transmissão do HIV/AIDS, atingindo uma taxa de resposta de 87,5%. O conhecimento sobre HIV/AIDS foi mensurado no questionário confidencial, preenchido exclusivamente pelo adolescente, onde havia cinco perguntas sobre o tema, cujas respostas deveriam ser “sim” ou “não”. As questões no instrumento eram: “Você acha que se pode pegar AIDS...”: 1) “usando seringa com outra pessoa?”; 2) “homem transando com mulher?”; 3) “homem transando com homem?”; 4) “beijando na boca?”; 5) “abraçando uma pessoa com AIDS?”. As três primeiras perguntas foram incluídas considerando as principais formas de transmissão do HIV/AIDS, enquanto as duas últimas se referem a situações que podem levar a atitudes discriminatórias para com indivíduos portadoras do vírus, as quais foram selecionadas a partir de questionários usados em outras pesquisas brasileiras que também investigaram adolescentes 22. Martins LB, da Costa-Paiva LH, Osis MJ, de Sousa MH, Pinto-Neto AM, Tadini V. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22(2): 315-23.
3. Romero KT, Medeiros EH, Vitalle MS, Wehba J. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(1): 14-9. - 44. Sikand A, Fisher M, Friedman SB. AIDS knowledge, concerns, and behavioral changes among inner-city high school students. J Adolesc Health 1996; 18(5): 325-8. , **Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/pesquisa-de-conhecimentos-atitudes-e-praticas-relacionadas-dst-e-aids .
Com o intuito de investigar os fatores associados ao conhecimento sobre HIV/AIDS, foram analisadas características demográficas, socioeconômicas e de educação sexual do adolescente. As variáveis independentes incluídas no estudo foram: sexo (masculino/feminino); cor da pele auto-referida (branca, parda/mulata, preta/negra); escolaridade da mãe em anos completos de estudo (0-4, 5-8, 9-11, ≥ 12); classe econômica, analisada mediante um índice de bens 88. Vyas S, Kumaranayake L. Constructing socio-economic status indices: how to use principal components analysis. Health Policy Plan 2006; 21(6):459-68. (tercis); tipo de escola onde estuda (municipal/estadual/particular); se o adolescente teve alguma aula sobre educação sexual no colégio (não/sim); e se alguma vez o pai e/ou a mãe conversaram sobre sexo (não/sim). As perguntas sobre educação sexual estavam também contempladas no questionário confidencial aplicado ao jovem. As demais informações foram coletadas por entrevistadoras devidamente treinadas para esta pesquisa, mediante um questionário geral aplicado à mãe e que incluía perguntas sobre variáveis sociodemográficas e de saúde em geral. A variável “índice de bens” foi construída a partir de uma análise de componentes principais, que considerou a posse de uma série de bens domésticos e características do domicílio. Para a criação desta variável foi usado somente o primeiro fator da análise de componentes principais, visto que explicou 30% da variância do modelo, sendo dividido posteriormente em tercis (classificados em ordem crescente cujo 1º tercil agrupa os menos favorecidos economicamente) para fins de análise 99. Araujo CL, Menezes AM, Vieira M de F, Neutzling MB, Goncalves H, Anselmi L et al. The 11-year follow-up of the 1993 Pelotas (Brazil) birth cohort study: methods. Cad Saúde Pública 2010; 26(10): 1875-86. .
No que se refere à análise dos dados, cada uma das cinco perguntas acerca da transmissão de HIV/AIDS foi considerada como um desfecho diferente. Para as análises foram consideradas as respostas erradas das cinco perguntas sobre a forma de transmissão de HIV/AIDS: respostas negativas para três situações em que é possível contrair HIV-AIDS (relação sexual heterossexual, relação sexual homossexual e compartilhar seringas) e respostas afirmativas para situações em que não há risco (abraçar e beijar na boca uma pessoa com AIDS). As respostas em branco foram tratadas como valores ignorados. Para a comparação das prevalências de respostas “erradas” para cada uma das questões de conhecimento, de acordo com as categorias das variáveis independentes, foi utilizado o teste qui-quadrado na análise bruta. Na análise ajustada foi usada a regressão de Poisson com ajuste robusto da variância 1010. Barros AJ, Hirakata VN. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Methodol 2003; 3: 21. , e mediante o comando margins do programa Stata foram estimadas as prevalências ajustadas para cada categoria das variáveis independentes. Para a análise multivariável, elaborou-se um modelo conceitual, que estabelece o ajuste para possíveis fatores de confusão. Neste modelo, as variáveis são controladas para aquelas do mesmo nível ou de níveis acima 1111. Victora CG, Huttly SR, Fuchs SC, Olinto MT. The role of conceptual frameworks in epidemiological analysis: a hierarchical approach. Int J Epidemiol 1997; 26(1): 224-7. . No primeiro nível encontram-se as variáveis sociodemográficas (sexo, cor da pele, escolaridade materna e índice de bens); no segundo nível, o tipo de escola e as variáveis referentes à educação sexual (proveniente dos pais e da escola). Para a manutenção das varáveis no modelo multivariável empregou-se como ponto de corte o valor p < 0,20 1212. Maldonado G, Greenland S. Simulation study of confounder-selection strategies. Am J Epidemiol 1993; 138(11): 923-36. . O nível de significância estatística adotado foi de 5% para testes bicaudais, e as análises foram efetuadas no programa Stata 1313. StataCorp. Stata Statistical Software: Release 9. Texas: Stata Corporation LP; 2005. , versão 11.0.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas. Os pais ou responsáveis autorizaram a participação dos jovens no estudo.
Resultados
Dos 4.452 adolescentes entrevistados, obteve-se informação sobre os cinco desfechos considerados para 3.949 indivíduos, totalizando-se 11,3% de perdas para uma ou mais das questões sobre transmissão de HIV/AIDS. A taxa de resposta foi maior para adolescentes cujas mães tinham 12 anos ou mais de estudo, de maior nível econômico, que estudavam em escola particular e para aqueles que já haviam recebido informação sobre sexo pelo pai, mãe ou escola ( Tabela 1 ). Não houve diferença conforme sexo ou cor da pele. Metade dos respondentes pertencia ao sexo feminino, dois terços se declararam brancos, um quarto tinha mães com menos de cinco anos de estudo e 11% estudavam em escolas particulares. Para cerca de 20% e 30%, o pai e a mãe, respectivamente, já havia conversado com o jovem sobre sexo, e 45% disseram que já tiveram alguma aula sobre educação sexual no colégio. Da educação sexual em casa, as mães tiveram maior contato com as meninas, enquanto que os pais tiveram mais este tipo de conversa com os meninos ( Figura 1 ).
A informação recebida na escola foi similar para ambos os sexos. Os percentuais de erro de conhecimento para as três situações em que o HIV/AIDS pode ser adquirido foram de 17,2% (IC 95%: 16,0-18,3) para transmissão em relações heterossexuais, 44,1% (IC 95%: 42,6-45,7) no caso das relações homossexuais e 34,9% (IC95%: 33,5-36,4) para compartilhar seringas. No conjunto apenas 41% dos entrevistados responderam corretamente às três perguntas, 17% responderam de forma errônea duas delas e 10% não acertaram nenhuma delas ( Figura 2 A). Para beijo na boca 25,6% dos adolescentes (IC95%: 24,3-27,0) erraram na resposta, enquanto 16,2% (IC95%: 15,1-17,4) responderam que o HIV pode ser adquirido por abraçar uma pessoa com AIDS. Apenas 64% dos participantes acertaram estas duas perguntas, enquanto 6% responderam ambas de forma incorreta ( Figura 2 B).
Diagrama de Venn das prevalências de conhecimento errado sobre a transmissão de HIV-AIDS em três situações em que é possível contrair o vírus (A) e em duas situações em que não é possível contrair HIV/AIDS (B).
Na Tabela 2 constam os percentuais de respostas erradas para as três situações em que é possível o contágio pelo HIV/AIDS. Observa-se que na análise bruta os fatores associados (assim como a direção das associações) com os desfechos “relação heterossexual” e “compartilhar seringas” foram os mesmos: maior percentual de erros nos meninos, entre indivíduos com cor da pele parda e preta, com menor escolaridade materna, entre os mais pobres, os que estudam em escolas públicas (municipais e estaduais) e entre aqueles que não receberam educação sexual na escola ou por parte dos pais. Na análise ajustada, perderam associação com os dois desfechos a cor da pele, o tipo de escola e a educação sexual recebida pelos pais; o índice de bens se manteve inversamente associado, apenas com o conhecimento errado sobre as relações heterossexuais. Para a aquisição de HIV/AIDS por relações homossexuais o percentual de erro na análise bruta foi maior entre as meninas, entre aqueles que não haviam recebido aulas sobre educação sexual, e nos casos em que nem a mãe e nem o pai haviam conversado com eles sobre sexo. Na análise ajustada apenas o sexo, a educação sexual recebida na escola e a conversa com a mãe permaneceram associadas com este desfecho.
A Tabela 3 apresenta as prevalências brutas e ajustadas de respostas erradas para duas situações em que não é possível a transmissão de HIV/AIDS. Na análise bruta o erro sobre a transmissão de HIV/AIDS por “beijo na boca” esteve associado unicamente com a escolaridade materna e com o índice de bens, com tendência inversa em ambos os casos. Após ajuste para fatores de confusão, a associação com escolaridade materna se manteve quase inalterada, enquanto o índice de bens perdeu força de associação e significância estatística. Quando considerado o desfecho “abraçar alguém com AIDS”, o percentual de respostas erradas foi maior nos meninos, entre aqueles com menor escolaridade materna, de menor nível econômico, de escolas públicas e que já haviam conversado sobre sexo em sala de aula ou com algum dos pais. Na análise ajustada permaneceram associados unicamente a escolaridade materna, o índice de bens (ambos com relação inversa) e a educação sexual recebida por parte da mãe.
Discussão
As controvérsias relativas ao peso do conhecimento sobre prevenção no comportamento sexual são muitas 1414. DiClemente RJ, Durbin M, Siegel D, Krasnovsky F, Lazarus N, Comacho T. Determinants of condom use among junior high school students in a minority, inner-city school district. Pediatrics 1992; 89(2): 197-202. , 1515. Ku L, Sonenstein FL, Lindberg LD, Bradner CH, Boggess S, Pleck JH. Understanding changes in sexual activity among young metropolitan men: 1979-1995. Fam Plann Perspect 1998; 30(6): 256-62. . Vários estudos apontam que o conhecimento não garante prevenção contínua em todos os intercursos sexuais 1616. Doreto DT, Vieira EM. O conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis entre adolescentes de baixa renda em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2007; 23(10): 2511-6. , 1717. Trajman A, Belo MT, Teixeira EG, Dantas VC, Salomao FM, Cunha AJ. Knowledge about STD/AIDS and sexual behavior among high school students in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Pública 2003; 19(1):127-33. . No Brasil, no anseio de abranger o maior número de jovens possíveis, foram construídas políticas de saúde e educação, nas quais as escolas, os familiares e os profissionais de saúde são incentivados a abordar a prevenção para ISTs e gravidez na adolescência com esta população. Todavia, o conhecimento avaliado sobre o tema não tem sido consistentemente suficiente para prevenção em todas as relações sexuais, como já foi demonstrado em vários estudos 22. Martins LB, da Costa-Paiva LH, Osis MJ, de Sousa MH, Pinto-Neto AM, Tadini V. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22(2): 315-23.
3. Romero KT, Medeiros EH, Vitalle MS, Wehba J. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(1): 14-9. - 44. Sikand A, Fisher M, Friedman SB. AIDS knowledge, concerns, and behavioral changes among inner-city high school students. J Adolesc Health 1996; 18(5): 325-8. . Entretanto, a educação efetiva sobre HIV/AIDS com os jovens ainda não-ativos sexualmente ou muito jovens (< 14-15 anos) não tem sido avaliada 1818. Piot P, Bartos M, Larson H, Zewdie D, Mane P. Coming to terms with complexity: a call to action for HIV prevention. Lancet 2008; 372(9641): 845-59. . Este estudo traz resultados importantes sobre o tema de adolescentes de 11 anos, em um estudo de base-populacional, ao verificar a influência de uma série de fatores – de ordem demográfica, socioeconômica, e educacional – sobre o conhecimento acerca da transmissão do HIV/AIDS entre adolescentes de uma cidade de médio porte no Sul do Brasil.
Quem são os jovens com escore maior de desconhecimento sobre a transmissão do HIV/AIDS é um dos resultados que merecem ser destacados. Eles pertencem a famílias menos escolarizadas e de menor nível econômico. Provavelmente, o acesso mais limitado a fontes de informação apropriadas (como livros, revistas e jornais) pode ser parte da explicação para os achados. Resultados semelhantes a estes foram relatados por outros autores que trabalharam com grupos mais amplos de idade, em geral, de 13 a 24 anos22. Martins LB, da Costa-Paiva LH, Osis MJ, de Sousa MH, Pinto-Neto AM, Tadini V. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22(2): 315-23. , 33. Romero KT, Medeiros EH, Vitalle MS, Wehba J. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(1): 14-9. , 1717. Trajman A, Belo MT, Teixeira EG, Dantas VC, Salomao FM, Cunha AJ. Knowledge about STD/AIDS and sexual behavior among high school students in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Pública 2003; 19(1):127-33. , os quais usaram perguntas similares às do nosso estudo quanto ao conhecimento sobre a transmissão do HIV/AIDS. Contudo, é importante colocar que a compreensão de certas perguntas, tal como a transmissão por compartilhamento de seringas, pode ter sido influenciada pela menor idade dos participantes no nosso estudo. No entanto, as associações encontradas para esta forma de transmissão foram consistentes com os achados sobre o contágio por relações heterossexuais e homossexuais, o que sugere que esta limitação não afetou os resultados. Outra possível limitação deste estudo e que pode ter interferido em parte com os nossos achados está relacionada com a taxa de não-respondentes. No entanto, o percentual de não respondentes foi significativamente maior entre adolescentes de menor escolaridade materna e de menor nível socioeconômico, o que poderia estar relacionado a um maior desconhecimento sobre este tema. Assim, provavelmente as associações aqui encontradas teriam sofrido subestimativa e, por conseguinte, as medidas de efeito devem ser ainda maiores.
Outro dado importante faz referência à fonte de educação sexual recebida pelos adolescentes. Ter conversado sobre sexo com a mãe esteve consistentemente associado ao conhecimento correto sobre os modos de transmissão de HIV/AIDS, enquanto a influência da educação sexual paterna não esteve relacionada com nenhum dos desfechos na análise ajustada. Vale notar que apenas a informação relativa ao “beijo na boca” não esteve associada com a “conversa com a mãe”. A mãe parece ser quem possibilita maior abertura para conversas mais íntimas, criando um espaço familiar importante para assuntos que envolvam temas como adolescência, sexualidade e prevenção para ISTs, conforme revela uma recente revisão sistemática 1919. Commendador KA. Parental influences on adolescent decision making and contraceptive use. Pediatr Nurs 2010; 36(3):147-56, 70. . Muitos estudos já demonstraram como o cuidado materno desde antes do nascimento pode influenciar na saúde do filho. Além disso, as mães são culturalmente encarregadas por cuidados que envolvem alimentação, higiene e socialização 2020. Victora CG, Adair L, Fall C, Hallal PC, Martorell R, Richter L, et al. Maternal and child undernutrition: consequences for adult health and human capital. Lancet 2008; 371(9609): 340-57. . O papel educativo das mães vem sendo mantido e reconstruído há anos e, apesar, de haver cada vez mais mulheres inseridas no mercado de trabalho (com menos tempo nas suas casas) 2121. IPEA. Retrato das desigualdades de gênero e raça . Brazília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; 2008. , o seu papel neste processo continua sendo fundamental. Por este motivo, incluir as mães como portadoras de mensagens educativas de prevenção deve ser um aspecto a ser mais enfatizado e considerado nas políticas públicas de educação em saúde que visem à redução do HIV/AIDS. Todavia, os pais não devem ser desconsiderados nestas políticas; ao contrário, a mensagem de ambos fortaleceria os conhecimentos sobre o tema e, talvez, sobre as práticas 1919. Commendador KA. Parental influences on adolescent decision making and contraceptive use. Pediatr Nurs 2010; 36(3):147-56, 70. .
Nossos resultados estão de acordo também com alguns trabalhos realizados no país, em grandes cidades. Um estudo realizado com adolescentes paulistanos, com 15-19 anos, da zona de abrangência de uma unidade de saúde da família, explanou que quando os pais são eleitos como a principal fonte para estes temas, é a mãe a pessoa esclarecedora na família, especialmente no caso das meninas 2222. Borges ALV, Nichiata LYI, Schor N. Conversando sobre sexo: a rede sociofamiliar como base de promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes. Rev Latino-Am Enfermagem 2006; 14(3): 422-7. . Segundo as autoras, a pouca participação que os pais têm nessas conversas e em família não os aloca como informantes para questões consideradas mais delicadas e íntimas para os jovens. Todavia, os pais foram a fonte mais citada no estudo de Romero e colaboradores 33. Romero KT, Medeiros EH, Vitalle MS, Wehba J. O conhecimento das adolescentes sobre questões relacionadas ao sexo. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(1): 14-9. , porém estes ressaltam: se as conversas com eles forem superficiais, os esclarecimentos sobre a necessidade de cuidados antes da iniciação sexual e do conhecimento de prevenção de ISTs não serão adequados.
Outros dois resultados referem-se ao menor conhecimento por sexo e aquele apresentado pelos adolescentes autorreferidos como pretos e pardos. As meninas relataram maior conhecimento para quase todas as questões consideradas, com exceção da transmissão do HIV durante relação homossexual (homem transando com homem) em que os meninos acertaram mais. Todavia, o fato de elas conhecerem mais sobre os itens investigados não pode ser tomado como garantia de cuidados necessários em todas as suas relações sexuais. A literatura tem referido consistentemente a queda no uso de preservativo da primeira para a última relação sexual, e destacado que a decisão do uso do preservativo, fundamental para a prevenção AIDS, tem influências da ordem sociocultural, situacional e individual 2323. Béria J. Ficar, transar: a sexualidade do adolescente em tempos de AIDS . Porto Alegre: Tomo; 1998. .
Em relação às associações encontradas para conhecimento e cor da pele do jovem, elas deixaram de ser significativas após ajuste para o nível econômico, sugerindo que a escolaridade da mãe e as condições econômicas familiares determinam o grau de conhecimento dos filhos. No entanto, mesmo após ajuste o percentual de conhecimento inadequado sobre relação heterossexual, beijo na boca e abraçar uma pessoa com AIDS foi maior entre os negros, com associações estatísticas limítrofes. Isto resulta consistente com o estudo de Ferreira et al. (2008), ao analisarem o conhecimento sobre HIV/AIDS no país em 1998 e 2005, em adolescentes e adultos de 16-65 anos 2424. Ferreira MP, Grupo de Estudos em População, Sexualidade e Aids. Nível de conhecimento e percepção de risco da população brasileira sobre o HIV/Aids, 1998 e 2005. Rev Saude Publica 2008; 42 (S1): 65-71. . O mesmo achado – menor conhecimento sobre o tema entre os que se classificaram como negros – foi também descrito por Martins e colaboradores 22. Martins LB, da Costa-Paiva LH, Osis MJ, de Sousa MH, Pinto-Neto AM, Tadini V. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22(2): 315-23. , em São Paulo, e Trajman et al. 1717. Trajman A, Belo MT, Teixeira EG, Dantas VC, Salomao FM, Cunha AJ. Knowledge about STD/AIDS and sexual behavior among high school students in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saúde Pública 2003; 19(1):127-33. , no Rio de Janeiro.
Por fim, em relação ao tipo de escola onde estudavam, os adolescentes de escolas particulares demonstraram maior conhecimento na análise bruta, mas de forma consistente as associações desapareceram após ajuste, o que sugere que o grau de conhecimento não depende do tipo de escola, mas sim de receber aulas sobre educação sexual nas mesmas. Em particular, as aulas na escola se mostraram como um fator de proteção para as questões em que o contágio pelo HIV/AIDS é possível, mas não estiveram associadas ao conhecimento sobre a transmissão pelo beijo na boca ou pelo abraço em alguém com HIV. Esse dado sinaliza que o ensino e as mensagens que estão recebendo na escola merecem ser mais bem investigados e trabalhados nas instituições escolares e considerados pelas políticas públicas em saúde. As informações sobre ISTs são ofertadas para alunos do ensino fundamental público e privado, com início na quarta ou quinta série, coincidindo com o começo das práticas e interesses afetivos-sexuais e, nestes cenários, há uma série de fatores que perpassam as mensagens de prevenção, tornando muito mais complexo o quadrinômio informação-conhecimento-comportamento-saúde. Por exemplo, a natureza das questões, o desempenho do professor/profissional de saúde, a relação entre a turma e da turma com o professor/profissional de saúde 2525. Ayres JRM. Práticas educativas e prevenção de HIV/AIDS: lições aprendidas e desafios atuais. Interface _ Comunic, Saude, Educ 2002; 6(11): 11-24. . É fundamental, ainda, fornecer informações aos adultos e pais sobre como orientar seus filhos para que o conhecimento possa ser traduzido em práticas menos vulneráveis às ISTs. Além destas considerações, vale reforçar a necessidade de que, além de avaliar o saber, é necessário entender como ele pode se transformar em ação preventiva. Por este motivo, novas pesquisas seriam necessárias para aprofundar o conhecimento sobre quais são as formas de educação (no sentido mais amplo) e como elas poderiam minimizar as vulnerabilidades dos jovens às ISTs, especialmente entre os menores de 15 anos.
Colaboradores: H Gonçalves, DA González e SC Dumith participaram de todas as etapas do artigo. AMB Menezes, PC Hallal e CLP Araújo coordenaram o estudo e aprovaram a versão final do manuscrito.
Agradecimentos: Estas análises foram apoiadas pelo Wellcome Trust (Processo 072 403/Z/03/Z). Fases anteriores foram financiadas pela União Européia, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS), pelo Programa Nacional de Núcleos de Excelência (PRONEX/CNPq) e Ministério da Saúde.
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Jun 2013
Histórico
- Recebido
2 Jan 2012 - Aceito
10 Jul 2012