Resumo
OBJETIVO:
O objetivo desta pesquisa foi estudar a violência física e psicológica entre namorados adolescentes com relação aos perfis de direcionalidade - apenas o homem perpetra, apenas a mulher perpetra, e bidirecional, ou seja, ambos perpetram violência.
MÉTODO:
Realizou-se amostra por conglomerados em dois estágios de seleção nas redes pública e particular de ensino médio da cidade de Recife (PE), apresentando-se dados referentes a 355 adolescentes de ambos os sexos entre 15 e 19 anos de idade. A violência psicológica foi mensurada nas dimensões ameaça, verbal/emocional e relacional. As análises estatísticas incorporaram o peso amostral e o desenho da amostra complexa.
RESULTADOS:
A violência é bidirecional na maioria das formas estudadas (83,9%). As meninas relataram mais alto nível de perpetração de violência física, e os meninos apresentaram maior perpetração de violência relacional.
CONCLUSÃO:
Concluiu-se que a violência praticada nas relações afetivas/amorosas dos adolescentes apresenta um padrão onde os parceiros se agridem mutuamente, tanto física como psicologicamente. Futuras pesquisas devem aprofundar os estudos sobre esses padrões e contextos de violência, tendo como unidade de análise o casal de adolescentes.
Adolescentes; Violência; Relações interpessoais; Identidade de gênero; Agressão; Prevalência
INTRODUÇÃO
No Brasil, a violência nas relações interpessoais geralmente tem sido sistematicamente banalizada no cotidiano dos cidadãos, na forma como é veiculada em alguns meios de comunicação e na forma como é tratada pelas instituições sociais. Estudos nacionais que investigam a violência no grupo populacional jovem têm focalizado a sua forma mais grave: os homicídios que ocorrem predominantemente em adolescentes e adultos jovens brasileiros11. Reichenheim ME, Souza ER, Moraes CL, Melo Jorge MHP, Silva CMFP, Minayo MCS. Violence and injuries in Brazil: the effect, progress made, and challenges ahead. Lancet 2011; 377(9781): 1962-75..
Dentre os tipos de violências nas quais os adolescentes estão envolvidos, a violência interpessoal que ocorre nas relações íntimas (namoro e ficar), chamada de violência no namoro, tem recebido a atenção dos pesquisadores de diversos países22. Rivera-Rivera L, Allen-Leigh B, Rodríguez-Ortega G, Chávez-Ayala R, Lazcano-Ponce E. Prevalence and correlates of adolescent dating violence: baseline study of a cohort of 7960 male and female Mexican public school students. Prev Med 2007; 44(6): 477-84.
3. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75.
4. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33. - 55. Fernández-Fuertes AA, Fuertes A. Physical and psychological aggression in dating relationships os Spanish adolescents: motives and consequences. Child Abuse Negl 2010; 34(3): 183-91.. São escassos os estudos sobre a violência no namoro no Brasil. Um desses trabalhos avaliou a violência física entre namorados em uma amostra de jovens universitários66. Aldright T. [Prevalence and chronicity of physical dating violence among young students of the State of Sao Paulo - Brazil]. Psicol Teor Prat 2004; 6(1): 105-20. Portuguese. . Recentemente, uma pesquisa multicêntrica sobre o tema77. Minayo MCS, Assis SG, Njaine K (Eds). [Love and violence: a paradox of dating relationships among young Brazilians]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. 236p. Portuguese. , cujos dados subsidiam o presente artigo, trouxe à luz a magnitude do problema no Brasil. Pressupõe-se que, em virtude da escassez de dados epidemiológicos nacionais, também são raras as ações de prevenção e intervenção voltadas para a violência no namoro de adolescentes, aumentando, assim, a vulnerabilidade já existente desse grupo populacional a diversas situações, como transtornos psicológicos, lesões, morte por homicídio, suicídio, uso de drogas, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros88. Brasil KT, Alves PB, Amparo DM, Frajorge KC. [Risk factors in adolescence: data from the DF]. Paidéia 2006; 16(35): 377-84. Portuguese. .
A violência no namoro inclui ações e ameaças de abuso físico, verbal, sexual e psicológico, independentemente da severidade percebida99. Arriaga XB, Foshee VA. Adolescent dating violence: do adolescents follow in their friends', or their parents', footsteps? J Interpers Violence 2004; 19(2): 162-84. , 1010. Wolfe DA, Feiring C. Dating violence through the lens of adolescent romantic relationships. Child Maltreat 2000; 5(4): 360-3.. Wolfe et al.11 11. Wolfe DA, Wekerle C, Gough R, Reitzel-Jaffe D, Grasley C, Pittman AL, et al. Youth relationships manual: A group approach with adolescents for the prevention of woman abuse and the promotion of healthy relationships. Thousand Oaks: Sage; 1996. 208p.a definem como qualquer tentativa de controlar ou dominar a outra pessoa fisicamente, sexualmente ou psicologicamente causando algum nível de prejuízo. Outros autores admitem uma perspectiva mais estreita, limitada à violência física, sem referência a intenção, consequências ou contexto. De fato, a maior parte dos estudos tem se dedicado mais ao tipo de violência física entre namorados adolescentes, em detrimento das outras formas da violência, como a psicológica e a sexual1212. Jackson SM. Issues in the dating violence research: a review of the literature. Aggress Violent Behav 1999; 4(2): 233-47..
Outro aspecto fundamental no estudo da violência entre parceiros íntimos e que visa orientar o planejamento de programas de prevenção e tratamento é a definição de quem é o principal perpetrador: o homem, a mulher, ou ambos33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75..
Na literatura sobre namorados adolescentes existe evidência consistente de que as mulheres são tão ou mais violentas do que os homens33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75. , 44. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33. , 99. Arriaga XB, Foshee VA. Adolescent dating violence: do adolescents follow in their friends', or their parents', footsteps? J Interpers Violence 2004; 19(2): 162-84. , 1313. Bookwala J, Frieze IH, Smith C, Ryan K. Predictors of dating violence: a multivariate analysis. Violence Vict 1992; 7(4): 297-311.
14. Burke P, Stets J, Pirog-Good M. Gender identity, self-esteem, and physical and sexual abuse in dating relationships. Soc Psychol Q 1988; 51(3): 272-85.
15. Howard DE, Wang MQ. Psychosocial factors associated with adolescent boys' reports of dating violence. Adolescence 2003; 38(151): 519-33. - 1616. Riggs DS, O'Leary KD, Breslin FC. Multiple correlates of physical aggression in dating couples. J Interpers Violence 1990; 5(1): 61-73., o que levanta a discussão sobre a violência bidirecional, ou seja, ambos os parceiros são violentos, também chamada de reciprocidade, mutualidade ou simetria de gêneros.
No presente estudo será utilizado o termo tipos de direcionalidade, designando a perpetração da violência que pode ser protagonizada apenas pela mulher, apenas pelo homem ou por ambos (bidirecional). Para Harned1717. Harned MS. A Multivariate Analysis of Risk Markers for Dating Violence Victimization. J Interpers Violence 2002; 17(11): 1179-97., o uso do termo bidirecional não pressupõe que ambos os parceiros são igualmente ou mutuamente violentos. Mesmo em relacionamentos nos quais a violência é bidirecional, ela pode não ser simétrica quando os motivos e as consequências são levados em conta1818. Amar AF. Dating violence: comparing victims who are also perpetrators with victims who are not. J Forensic Nurs 2007; 3(1): 35-41..
Portanto, a constatação de que a violência bidirecional no namoro entre adolescentes se sobrepõe à violência perpetrada apenas por homens ou apenas por mulheres não encerra a discussão. Pelo contrário, há problemas fundamentais em afirmar que existe uma igualdade de gêneros com relação à violência no namoro1919. O'Keefe M. Teen dating violence: a review of risk factors and prevention efforts. Harrisburg (PA): VAWnet, a project of the National Resource Center on Domestic Violence/Pennsylvania Coalition Against Domestic Violence; 2005 Apr. Disponível em: http://www.vawnet.org/print-document.php?doc_id=409&find_type=web_desc_AR. (Acessado em 04 de outubro de 2009).
Disponível em: http... e muitas questões merecem ser esclarecidas, inclusive quanto ao tipo de violência investigada.
O objetivo do presente estudo foi investigar a prevalência da violência física e psicológica e seu padrão de direcionalidade (somente perpetração, somente vitimização, ambos são vítimas e perpetradores) segundo sexo, entre namorados adolescentes do Recife, capital de Pernambuco, Brasil. Neste trabalho, a violência sexual não foi investigada, por possuir uma dinâmica sabidamente distinta das violências física e psicológica44. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33. , 2020. Foshee VA, Benefield TS, Ennett ST, Bauman KE, Suchindran C. longitudinal predictors of serious physical and sexual dating violence victimization during adolescence. Prev Med 2004; 39(5): 1007-16. , 2121. Schiff M, Zeira A. Dating violence and sexual risk behaviors in a sample of at-risk Israeli youth. Child Abuse Negl 2005; 29(11): 1249-63.. Pretende-se que os resultados deste estudo contribuam para o conhecimento do problema na nossa população, assim como para percepção da necessidade de mais estudos nacionais e de iniciativas de prevenção mais integradoras em relação à violência entre namorados adolescentes.
MÉTODOS
A população de referência foi composta por 408 adolescentes estudantes do 2º ano do ensino médio das escolas públicas estaduais e particulares da cidade de Recife (PE). Foi utilizada amostragem conglomerada multiestágio com seleção em duas etapas: 1ª etapa - escolha das escolas, com probabilidade de seleção proporcional à quantidade de alunos (PPT sistemática) do 2° ano das redes pública e particular; 2ª etapa - uma turma selecionada aleatoriamente em cada escola, para a aplicação do questionário com todos os alunos presentes. Os dados apresentados neste artigo se referem a 355 adolescentes, tendo sido feitas 53 exclusões pela falta de informação sobre idade (todos os entrevistados tinham entre 15 - 19 anos) ou por nunca terem "ficado" ou namorado, aspecto essencial para o tema investigado. A amostra foi dimensionada para serem obtidas estimativas de proporção, com erro absoluto de 0,10, intervalo de confiança de 95% (IC95%) e Proporção (P) da ocorrência de vitimização entre namorados igual a 70%. Não houve recusa por parte dos alunos em participar do estudo.
As informações referentes à cidade de Recife integram o banco de dados de outra pesquisa realizada sob os mesmos pressupostos epidemiológicos nas redes pública e particular de ensino de outras nove capitais brasileiras: Manaus (AM), Porto Velho (RO), Recife (PE), Teresina (PI), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS), selecionadas por conveniência dentre aquelas com as mais altas taxas de violência entre jovens, no ano de 200777. Minayo MCS, Assis SG, Njaine K (Eds). [Love and violence: a paradox of dating relationships among young Brazilians]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. 236p. Portuguese. .
O instrumento consistiu de um questionário fechado de autopreenchimento, composto por várias perguntas, incluindo características sociodemográficas e indagações sobre a aceitação da violência no namoro. Para avaliar a violência nos relacionamentos afetivos entre adolescentes, utilizou-se o Conflict in Adolescent Dating Relationship Inventory (CADRI)2323. Wolfe DA, Scott K, Reitzel-Jaffe D, Wekerle C, Grasley C, Straatman AL. Development and validation of the conflict in adolescent dating relationship inventory. Psychological Assessment 2001; 13(2): 277-93., por ser uma escala criada especificamente para o universo de adolescentes e adaptada para língua portuguesa77. Minayo MCS, Assis SG, Njaine K (Eds). [Love and violence: a paradox of dating relationships among young Brazilians]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. 236p. Portuguese. . As respostas foram relativas a atos de violência praticados e sofridos em um relacionamento estabelecido nos últimos 12 meses.
Foram utilizados os itens da escala que aferem violência física ("jogar algo sobre o parceiro(a)", "bater, chutar ou dar um soco", "dar um tapa/puxar cabelo", "empurrar ou sacudir") e psicológica, discriminada em três subtipos: emocional/verbal, ameaças e relacional. A violência emocional/verbal é aferida pelos itens: "fazer algo para provocar ciúmes", "mencionar algo de ruim que o(a) namorado(a) fez", "dizer coisas somente para deixá-lo(a) com raiva", "falar em um tom de voz hostil", "insultar com depreciações", "ridicularizar ou caçoar o(a) namorado(a) na frente dos outros", "vigiar com quem e onde o(a) namorado(a) está", "culpar o(a) namorado(a) pelo problema", "acusar o(a) namorado(a) de paquerar outra(o) garota(o)", "ameaçar terminar o relacionamento". Já o comportamento ameaçador é representado pelas seguintes questões: "destruir ou ameaçar destruir algo de valor", "tentar amedrontar de propósito", "ameaçar machucar", "ameaçar bater ou jogar alguma coisa". A violência relacional diz respeito às ações de violência psicológica que envolvem o relacionamento com terceiros, como amigos e conhecidos, e ainda é pouco estudada. Na CADRI, é aferida pelos itens: "tentar virar os amigos contra o(a) namorado(a)", "dizer coisas sobre o(a) namorado(a) aos seus amigos para virá-los contar ele(a)" e "espalhar boatos sobre o(a) namorado(a)". Os autores da escala2323. Wolfe DA, Scott K, Reitzel-Jaffe D, Wekerle C, Grasley C, Straatman AL. Development and validation of the conflict in adolescent dating relationship inventory. Psychological Assessment 2001; 13(2): 277-93. sugerem que a utilização de violência relacional refletiria a relativa imaturidade em lidar com conflitos no relacionamento, mas também concluíram que um modelo restrito da escala, que exclui a violência relacional, é a forma mais confiável do instrumento.
Foi criada uma variável dicotômica para cada tipo de violência (geral, física, verbal/emocional, ameaça e relacional), sendo considerado caso o adolescente que relatasse ter sofrido (vitimização) ou ter perpetrado (perpetração) pelo menos um ato de violência da escala. Utilizou-se o conceito de violência bidirecional, quando o adolescente respondeu ter perpetrado e ter sofrido violência em um mesmo relacionamento, sugerindo que ambos os parceiros agiam com violência.
Para a análise descritiva, os dados foram analisados através do indicador de prevalência (número de casos de perpetração e/ou de vitimização dividido pela amostra total do estudo), segundo o sexo. Foi realizado o teste do χ2 para a comparação entre os grupos (muito grave/grave na análise de aceitação de violência; e sexo feminino/masculino na análise de perpetração e/ou vitimização por violência). Todas as análises estatísticas incorporaram: o peso amostral, a fim de que fossem corrigidas as estimativas pontuais (como, por exemplo, os percentuais), e o desenho amostral, visando corrigir as estimativas de variância. Essa opção se deveu à menor estimativa de variância, característica dos desenhos amostrais por conglomerados, quando comparada aos testes estatísticos normalmente utilizados em amostra aleatória simples.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. A autorização para a pesquisa também foi dada por escrito pela Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco. A direção das escolas envolvidas e os alunos que participaram da investigação assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme preconizado na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que normaliza as pesquisas com seres humanos.
RESULTADO
Do total de 302 adolescentes analisados, 56,3% eram do sexo feminino e a maioria se considerava de cor branca (41,7%) ou parda (37,3%). Pouco mais da metade da amostra (56,0%) foi composta por estudantes da rede de ensino privado e 54,1% eram representantes dos estratos sociais A e B. Observou-se um percentual mínimo de analfabetismo de pai e mãe (0,7 e 2,4%, respectivamente), com 45,6% dos pais e 39,7% das mães tendo cursado o ensino médio. Quanto à religião, 74,0% afirmaram praticar alguma.
Quanto à aceitação da violência no namoro, os adolescentes investigados consideraram mais grave "namorado humilhar namorada" (64,1% consideram muito grave; 31,8%, grave) do que a "namorada humilhar namorado" (56,7% consideram muito grave; 39,4%, grave) (p < 0,000). Da mesma forma, consideram mais grave "namorado agredir namorada" (88,8% consideram muito grave; 10,6%, grave) do que "namorada agredir namorado" (70,2% consideram muito grave; 25,5%, grave) (p < 0,000).
A maioria dos adolescentes (83,9%) afirmou ter perpetrado e sofrido violência física e/ou psicológica no namoro. Apenas 2,5% perpetraram, mas não sofreram, violência e 2,8% sofreram, mas não perpetraram. A prevalência de adolescentes que relataram não ter vivenciado violência no relacionamento foi de 10,8%. A comparação de tais dados entre os sexos não mostrou diferença estatisticamente significante, com p = 0,498 (Gráfico 1).
Direcionalidade da violência física/psicológica entre namorados adolescentes. Recife, Brasil, 2008.
Ao analisar exclusivamente a violência física, em 14,2% dos relacionamentos ambos os parceiros eram violentos (bidirecional). Na comparação entre os sexos, as meninas apresentaram maior percentual no perfil de apenas perpetração (10,0%) do que os meninos (1,5%). E os meninos apresentaram maior percentual no perfil de apenas vitimização (11,0%) do que as meninas (1,1%), com p = 0,001 (Tabela 1).
A Tabela 2 mostra a prevalência de violência psicológica nos seus aspectos verbal/emocional, ameaça e relacional. A violência verbal/emocional foi a mais prevalente (87,9%), seguida de ameaça (36,1%) e, por fim, a violência relacional (24,5%).
A violência verbal/emocional e o comportamento ameaçador não mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os sexos. Entretanto, os meninos confirmaram muito mais violência relacional, tanto perpetrada quanto sofrida (34,8%), em comparação com as meninas (16,6%), com p = 0,009. A violência relacional também se destaca por mais relatos de vitimização do que perpetração (Tabela 2).
Em todas as violências psicológicas, o padrão bidirecional (perpetrou e sofreu) foi mais prevalente quando comparado com as categorias "apenas a mulher perpetra" e "apenas o homem perpetra" (Tabela 2).
DISCUSSÃO
Os resultados do presente trabalho demonstram que a violência no namoro de adolescentes escolares é, na grande maioria dos casos (83,9%), bidirecional, ou seja: ambos os parceiros são perpetradores tanto da forma física quanto da psicológica. O padrão bidirecional da violência física no namoro de adolescentes é o mais encontrado e amplamente aceito na literatura internacional33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75. , 2424. Gray HM, Foshee V. Adolescent Dating Violence: Differences Between One-Sided and Mutually Violent Profiles. J Interpers Violence 1997; 12(1): 126-41.
25. Katz J, Kuffel SW, Coblentz A. Are There Gender Differences in Sustaining Dating Violence? An Examination of Frequency, Severity, and Relationship Satisfaction. J Fam Violence 2002; 17(3): 247-71. - 2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90.. Entretanto, pouquíssimos estudos incluem a violência psicológica. Os resultados encontrados por Sherer e Sherer44. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33., Fernández-Fuertes e Fuertes5 5. Fernández-Fuertes AA, Fuertes A. Physical and psychological aggression in dating relationships os Spanish adolescents: motives and consequences. Child Abuse Negl 2010; 34(3): 183-91.e O'Leary et al.2727. O'Leary KD, Smith Slep AM, Avery-Leaf S, Cascardi M. Gender Differences in Dating Aggression Among Multiethnic High School Students. J Adolesc Health 2008; 42(5): 473-9. em amostras de adolescentes escolares, embora não apresentem dados sistematizados para análise de direcionalidade, sugerem que a violência física e/ou psicológica também é, na maior parte dos casos, bidirecional.
A comparação entre os sexos não mostrou diferença significativa na análise conjunta das violências física e psicológica, o que reforça a ideia de que a violência nas relações amorosas entre adolescentes parece se inserir num contexto de trocas negativas, criando uma dinâmica violenta nas relações.
Quando analisada apenas a violência física, a categoria bidirecional foi a mais prevalente (14,2%), seguida da perpetração apenas pelas meninas (10,0%) e tendo a perpetração apenas pelos meninos um percentual bem mais baixo (1,5%). Os resultados corroboram os dados encontrados em estudos internacionais que avaliam direcionalidade tanto em universitários33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75. , 2525. Katz J, Kuffel SW, Coblentz A. Are There Gender Differences in Sustaining Dating Violence? An Examination of Frequency, Severity, and Relationship Satisfaction. J Fam Violence 2002; 17(3): 247-71. , 2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90. como em adolescentes escolares2424. Gray HM, Foshee V. Adolescent Dating Violence: Differences Between One-Sided and Mutually Violent Profiles. J Interpers Violence 1997; 12(1): 126-41..
O alto índice de perpetração encontrado para as meninas parece ser reiterado quando são avaliados apenas os dados de vitimização: 11,0% dos meninos sofrem violência física mesmo quando não perpetram, enquanto uma pequena parcela das meninas (1,1%) sofre violência física quando não perpetra. Os resultados de Straus e Ramirez2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90. também demonstram que as adolescentes escolares são mais prováveis de ser o único parceiro violento da relação. Foshee2828. Foshee VA. Gender differences in adolescent dating abuse prevalence, types, and injuries. Health Educ Res 1996; 11(3): 275-86. observou que elas perpetram mais violência leve, moderada e severa, mesmo controlando para a violência perpetrada em autodefesa.
Uma possível explicação, apontada nos dois trabalhos citados, refere-se a uma maior aceitação social da violência quando perpetrada pelas mulheres2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90. , 2828. Foshee VA. Gender differences in adolescent dating abuse prevalence, types, and injuries. Health Educ Res 1996; 11(3): 275-86.. Homem agredir mulher é um ato geralmente visto como menos aceitável do que mulher iniciar violência contra o homem1313. Bookwala J, Frieze IH, Smith C, Ryan K. Predictors of dating violence: a multivariate analysis. Violence Vict 1992; 7(4): 297-311. , 2929. Reese-Weber M. A new experimental method assessing attitudes toward adolescent dating and sibling violence using observations of violent interactions. J Adolesc 2008; 31(6): 857-76.. Os resultados aqui apresentados reforçam tal hipótese, uma vez que os adolescentes participantes afirmaram que a humilhação ou a agressão praticada pelo homem é mais grave do que a praticada pela mulher em relações de namoro.
Para Jackson1212. Jackson SM. Issues in the dating violence research: a review of the literature. Aggress Violent Behav 1999; 4(2): 233-47., instrumentos que utilizam o autorrelato estão sujeitos a respostas de acordo com o que é socialmente aceito, e não com a verdade. Contudo, mais estudos são necessários a fim de esclarecer o quanto a aceitação da violência feminina resulta em uma real maior prevalência de violência feminina, e o quanto influencia apenas nos relatos, o que levaria a valores irreais de prevalência da violência entre namorados adolescentes, devido a uma maior tendência de as meninas revelarem a violência praticada, enquanto os meninos omitiriam a violência praticada por não ser aceita socialmente.
Das três dimensões de violência psicológica analisadas, a violência verbal ou emocional predominou tanto para perpetração como para vitimização, dado evidenciado também por Foshee28 28. Foshee VA. Gender differences in adolescent dating abuse prevalence, types, and injuries. Health Educ Res 1996; 11(3): 275-86.em uma amostra de adolescentes escolares. Jourilles et al.3030. Jouriles EN, Garrido E, Rosenfield D, McDonald R. Experiences of psychological and physical aggression in adolescent romantic relationships: Links to psychological distress. Child Abuse Negl 2009; 33(7): 451-60. e Fernandez-Fuertes e Fuertez55. Fernández-Fuertes AA, Fuertes A. Physical and psychological aggression in dating relationships os Spanish adolescents: motives and consequences. Child Abuse Negl 2010; 34(3): 183-91. também utilizaram a CADRI e observaram que mais de 90% dos adolescentes escolares analisados tinham sido vítimas de violência verbal ou emocional; o segundo estudo encontrou valores semelhantes também para perpetração.
A alta prevalência de violência verbal/emocional encontrada é comparável aos níveis de violência psicológica relatados por outros estudos (que utilizam variadas escalas e questionários1717. Harned MS. A Multivariate Analysis of Risk Markers for Dating Violence Victimization. J Interpers Violence 2002; 17(11): 1179-97. , 2727. O'Leary KD, Smith Slep AM, Avery-Leaf S, Cascardi M. Gender Differences in Dating Aggression Among Multiethnic High School Students. J Adolesc Health 2008; 42(5): 473-9.) com adolescentes escolares, possivelmente por ser essa a dimensão que possui mais itens e estes se assemelhem aos itens de violência psicológica mais comumente encontrados em outros estudos e escalas1717. Harned MS. A Multivariate Analysis of Risk Markers for Dating Violence Victimization. J Interpers Violence 2002; 17(11): 1179-97. , 2727. O'Leary KD, Smith Slep AM, Avery-Leaf S, Cascardi M. Gender Differences in Dating Aggression Among Multiethnic High School Students. J Adolesc Health 2008; 42(5): 473-9. , 3131. Straus MA, Hamby SL, Boney-McCoy S, Sugarman DB. The revised Conflict Tactics Scales (CTS2): development and preliminary psychometric data. J Fam Issues 1996; 17(3): 283-316. , 3232. Kinsfogel KM, Grych JH. Interparental conflict and adolescent dating relationships: integrating cognitive, emotional, and peer influences. J Fam Psychol 2004 ; 18(3): 505-15..
A prevalência de vitimização por comportamento ameaçador (26,2%) foi semelhante à encontrada por Jourilles et al.3333. Jouriles EN, McDonald R, Garrido E, Rosenfield D, Brown AS. Assessing aggression in adolescent romantic relationships: can we do it better? Psychol Assess 2005; 17(4): 469-75. em avaliações transversais, utilizando o CADRI, em adolescentes escolares.
A única dimensão de violência psicológica que apresentou diferença significativa entre os sexos foi a violência relacional, com os meninos apresentando mais altos índices, tanto de perpetração como de vitimização. Tais resultados, também observados por Schiff e Zeira2121. Schiff M, Zeira A. Dating violence and sexual risk behaviors in a sample of at-risk Israeli youth. Child Abuse Negl 2005; 29(11): 1249-63. em adolescentes escolares em risco (com problemas comportamentais ou de baixo rendimento escolar), pressupõem uma maior sensibilidade dos meninos em perceber a violência relacional. Outros autores já constataram que existe diferença de percepção da violência entre os sexos2323. Wolfe DA, Scott K, Reitzel-Jaffe D, Wekerle C, Grasley C, Straatman AL. Development and validation of the conflict in adolescent dating relationship inventory. Psychological Assessment 2001; 13(2): 277-93. , 2929. Reese-Weber M. A new experimental method assessing attitudes toward adolescent dating and sibling violence using observations of violent interactions. J Adolesc 2008; 31(6): 857-76..
Em todas as dimensões de violência psicológica analisadas, o padrão bidirecional foi o mais prevalente quando comparado com as categorias "apenas a mulher perpetra" e "apenas o homem perpetra". Esses dados confirmam que a violência psicológica entre namorados é perpetrada por ambos os parceiros, o que também pode ser concluído a partir dos dados apresentados por Sherer e Sherer44. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33., Fernandez-Fuertes e Fuertez55. Fernández-Fuertes AA, Fuertes A. Physical and psychological aggression in dating relationships os Spanish adolescents: motives and consequences. Child Abuse Negl 2010; 34(3): 183-91., O'Leary et al.27 27. O'Leary KD, Smith Slep AM, Avery-Leaf S, Cascardi M. Gender Differences in Dating Aggression Among Multiethnic High School Students. J Adolesc Health 2008; 42(5): 473-9.e O'Leary e Smith Slep3434. O'Leary KD, Smith Slep AM. A dyadic longitudinal model of adolescent dating aggression. J Clin Child Adolesc Psychol 2003; 32(3): 314-27. em amostras com as mesmas características do presente estudo.
Alguns autores defendem que o padrão de bidirecionalidade seguido da maior perpetração das mulheres, observado na maioria dos estudos, é resultado das limitações metodológicas atuais1212. Jackson SM. Issues in the dating violence research: a review of the literature. Aggress Violent Behav 1999; 4(2): 233-47.. Dessa forma, seria necessário estender os parâmetros da pesquisa além da aferição de atos de violência para uma investigação de consequências, contexto, motivação e significado da violência para homens e para mulheres, como observam Straus e Ramirez2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90..
Certamente, a dinâmica bidirecional da violência no namoro de adolescentes merece mais explorações, principalmente porque vai de encontro aos dados de violência contra a mulher adulta nas relações íntimas11. Reichenheim ME, Souza ER, Moraes CL, Melo Jorge MHP, Silva CMFP, Minayo MCS. Violence and injuries in Brazil: the effect, progress made, and challenges ahead. Lancet 2011; 377(9781): 1962-75.. Entretanto, as evidências empíricas de que a violência no namoro de adolescentes é praticada por ambos os parceiros é consistente para a violência física33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75. , 2424. Gray HM, Foshee V. Adolescent Dating Violence: Differences Between One-Sided and Mutually Violent Profiles. J Interpers Violence 1997; 12(1): 126-41.
25. Katz J, Kuffel SW, Coblentz A. Are There Gender Differences in Sustaining Dating Violence? An Examination of Frequency, Severity, and Relationship Satisfaction. J Fam Violence 2002; 17(3): 247-71. - 2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90.; e os estudos que incluem violência psicológica apontam para o mesmo caminho44. Sherer P, Sherer M. Exploring reciprocity in dating violence among Jewish and Arab youths in Israel. Int J Intercult Relat 2008; 32(1): 17-33. , 55. Fernández-Fuertes AA, Fuertes A. Physical and psychological aggression in dating relationships os Spanish adolescents: motives and consequences. Child Abuse Negl 2010; 34(3): 183-91. , 2727. O'Leary KD, Smith Slep AM, Avery-Leaf S, Cascardi M. Gender Differences in Dating Aggression Among Multiethnic High School Students. J Adolesc Health 2008; 42(5): 473-9. , 3434. O'Leary KD, Smith Slep AM. A dyadic longitudinal model of adolescent dating aggression. J Clin Child Adolesc Psychol 2003; 32(3): 314-27.. Outra evidência reside na constatação de que a violência no namoro perpetrada por um dos parceiros é determinante para a perpetração do outro1717. Harned MS. A Multivariate Analysis of Risk Markers for Dating Violence Victimization. J Interpers Violence 2002; 17(11): 1179-97., inclusive em longo prazo3434. O'Leary KD, Smith Slep AM. A dyadic longitudinal model of adolescent dating aggression. J Clin Child Adolesc Psychol 2003; 32(3): 314-27..
O estudo apresenta limitações, como o uso de autorrelato, as informações sobre o casal obtidas de apenas um dos parceiros e a ausência de dados sobre os motivos, contexto e consequências das agressões físicas e psicológicas entre os namorados adolescentes.
Apesar das limitações apresentadas, o estudo de possui pontos fortes, como a utilização de uma definição ampla de violência que inclui a violência psicológica além da física. Também, a utilização de uma amostra representativa, ao contrário de muitos estudos sobre o tema que utilizam amostras de conveniência33. Straus MA. Dominance and symmetry in partner violence by male and female university students in 32 nations. Child Youth Serv Rev 2008; 30(3): 252-75. , 1818. Amar AF. Dating violence: comparing victims who are also perpetrators with victims who are not. J Forensic Nurs 2007; 3(1): 35-41. , 2626. Straus MA, Ramirez IL. Gender symmetry in prevalence, severity, and chronicity of physical aggression against dating partners by university students in Mexico and USA. Aggress Behav 2007; 33(4): 281-90. , 3232. Kinsfogel KM, Grych JH. Interparental conflict and adolescent dating relationships: integrating cognitive, emotional, and peer influences. J Fam Psychol 2004 ; 18(3): 505-15. , 3434. O'Leary KD, Smith Slep AM. A dyadic longitudinal model of adolescent dating aggression. J Clin Child Adolesc Psychol 2003; 32(3): 314-27., e a ausência de recusa dos participantes são pontos de destaque, enquanto os estudos internacionais sempre apresentam uma taxa de participação comprometida1717. Harned MS. A Multivariate Analysis of Risk Markers for Dating Violence Victimization. J Interpers Violence 2002; 17(11): 1179-97. , 2828. Foshee VA. Gender differences in adolescent dating abuse prevalence, types, and injuries. Health Educ Res 1996; 11(3): 275-86. , 3232. Kinsfogel KM, Grych JH. Interparental conflict and adolescent dating relationships: integrating cognitive, emotional, and peer influences. J Fam Psychol 2004 ; 18(3): 505-15. , 3333. Jouriles EN, McDonald R, Garrido E, Rosenfield D, Brown AS. Assessing aggression in adolescent romantic relationships: can we do it better? Psychol Assess 2005; 17(4): 469-75. de até 50%2424. Gray HM, Foshee V. Adolescent Dating Violence: Differences Between One-Sided and Mutually Violent Profiles. J Interpers Violence 1997; 12(1): 126-41., aspectos que minimizam a possibilidade de viés de seleção.
Os achados do presente estudo parecem ser similares aos encontrados em outras nove cidades brasileiras investigadas no estudo de Minayo et al.77. Minayo MCS, Assis SG, Njaine K (Eds). [Love and violence: a paradox of dating relationships among young Brazilians]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011. 236p. Portuguese. , havendo semelhanças entre os adolescentes de Recife em relação aos das demais cidades, quanto às características demográficas e culturais e também ao contexto de violência vivenciado por esse grupo populacional. A realização de estudos similares no futuro no país deve ser um objetivo de grupos de pesquisas voltados para o adolescente.
CONCLUSÃO
A violência praticada nas relações afetivas/amorosas dos adolescentes apresenta um padrão: os parceiros se agridem mutuamente, tanto física como psicologicamente, revelando que para romper com essa dinâmica relacional é necessário intervir no casal, e não somente no adolescente homem ou somente na adolescente mulher. A reciprocidade da violência no namoro encontrada nessa faixa etária pressupõe que os padrões culturais do machismo ainda não estão bem-estruturados nessa fase da vida, o que torna o grupo prioritário para as medidas de intervenção. Levar em consideração essa dinâmica em que muitas vezes há uma mistura de amor e violência, ainda nessa fase da vida, significa prevenir futuras violências entre os parceiros na fase adulta, quando são estabelecidos padrões de relacionamento aprendidos anteriormente e com possíveis graves consequências para o casal e os filhos.
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- Fonte de financiamento: Fundação Ford (Processo nº 1075-1257)
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Mar 2014
Histórico
- Recebido
18 Fev 2013 - Revisado
05 Set 2013 - Aceito
13 Nov 2013