A trajetória bem-sucedida da ABRASCO na representação da comunidade da Saúde Coletiva brasileira é expressa nas múltiplas atividades do conjunto articulado dos diversos campos disciplinares que a compõem. O trabalho desenvolvido pelos seus sucessivos dirigentes, apoiados, também, nas comissões de trabalho bem definidas e ao lado dos movimentos aliados da Reforma Sanitária, proporcionou elementos substantivos para a definição e implementação das políticas públicas de saúde no Brasil com repercussões além das nossas fronteiras.
No caso específico da epidemiologia, a Comissão constituída em 1984 representou e representa importante instância para a elaboração e proposição de políticas para o sustentado desenvolvimento da disciplina, tendo como diretriz central sua indissociável articulação com os demais campos disciplinares da moderna Saúde Coletiva. Nessa perspectiva, uma das grandes conquistas e realizações da Comissão expressa-se na criação e sustentação da Revista Brasileira de Epidemiologia (RBE). Não obstante os desafios para manter a regularidade e continuidade de periódicos nacionais, a RBE tem superado as dificuldades (que, atual e especialmente, se situam na sustentabilidade financeira e praticamente nos obrigam a restringir a edição a meio exclusivamente eletrônico, pois se abandonou a forma impressa de divulgação) e se consolidou como instrumento de difusão e divulgação técnico-científica, com indexação no MEDLINE/PubMed, SciELO, Scopus e LILACS.
Visando expandir e aprimorar as funções da RBE e inspirados nos debates promovidos pelo recém-criado Fórum de Revistas da Área de Saúde Coletiva, nós, editores científicos, optamos por implementar iniciativas que ora apresentamos à comunidade científica em geral e à da Saúde Coletiva em particular.
O primeiro passo dado consistiu na revisão de seu corpo editorial. Assim, promovemos uma ampla revisão dos editores associados. Com a responsabilidade de apoiar tecnicamente os editores científicos, reorganizou-se, com amplo apoio dos membros da comunidade, a editoria associada, tomando por base um conjunto expressivo das áreas temáticas que compõem a Epidemiologia e que se expressam de modo substancial nas publicações da RBE. Atualizado o corpo de editores associados, esperamos dar maior consistência e agilidade à análise dos trabalhos encaminhados, eliminando o longo tempo consumido para a resposta aos nossos pesquisadores. É notória a dificuldade que atravessamos para esse exame, por conta, entre outros, da sobrecarga que experimentam os nossos colaboradores. A distribuição mais ampliada entre os editores deve facilitar a superação desse gargalo. Ao cobrir as áreas temáticas, estabelecemos também como princípio ter um corpo de editores com ampla representatividade regional.
Ao lado, promovemos, igualmente, a atualização e recomposição de nosso corpo de assessores, constituído por epidemiologistas brasileiros e estrangeiros que, reconhecendo a importância da RBE, rapidamente aderiram à ideia de compor o grupo de assessores. Desse grupo, esperam-se contribuições para o contínuo aprimoramento da RBE, bem como ações e iniciativas que permitam garantir a sustentabilidade da revista.
A RBE mantém a perspectiva, na medida do alcance de sua sustentabilidade financeira, de aumentar os números de edições anuais, o que é necessário para dar vazão à crescente demanda de trabalhos qualificados e submetidos pela visível expansão de pesquisadores da área. Do mesmo modo, objetiva conservar o aceite de publicações nos três idiomas que nossos leitores usualmente utilizam, quais sejam, português, espanhol e inglês. Contando com as possibilidades que as bases de indexação permitem, os textos em português e espanhol continuarão a conter uma versão paralela em inglês, para expandir a esperada visibilidade da produção registrada.
A linha de publicações dará ênfase, como já o faz, a artigos originais, incluindo artigos de revisão. Continuarão contempladas as seções de debate, notas e informações, comunicações breves e carta aos editores. Introduzimos também algumas modificações que se encontram na seção de instruções aos autores, como a adoção de parâmetros para a publicação de artigos com o emprego do STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology (STROBE) para estudos observacionais, do CONSORT para ensaios clínicos e do QUORUM para as revisões sistemáticas. Com o objetivo ainda de melhor prever o custo de edição, adotamos o limite de 21.600 caracteres por artigo.
No alvorecer do 19o ano de existência da RBE, manifestamos nossa esperança de que o sistema de ciência e tecnologia do país possa manter os avanços conquistados nos últimos anos e na sua continuidade avançar e se consolidar ainda mais, abrindo novas perspectivas para a real sustentabilidade dos periódicos nacionais.
- IEditores científios da Revista Brasileira de Epidemiologia.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Out-Dec 2015