Doenças cardiometabólicas

Sandra Roberta Gouvea Ferreira Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho Maria Lúcia Lebrão Yeda Aparecida de Oliveira Duarte Ruy Laurenti Sobre os autores

RESUMO:

Introdução:

Doenças cardiometabólicas são prevalentes nas populações, estando entre as principais causas de morte. Objetivos: Este subestudo do Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe) descreve as prevalências autorreferidas de hipertensão, diabete mellitus (DM) e doença cardiovascular aterosclerótica (DCV) nas suas três ondas (2000, 2006 e 2010) e analisa a associação com fatores de risco selecionados.

Métodos:

Empregou-se regressão logística.

Resultados:

O predomínio de mulheres e a idade (68 anos) foram mantidos nas três ondas. No período, verificou-se tendência geral de aumento nas prevalências de hipertensão (53,1 a 66,7%), DM (16,7 a 25%) e DCV (23,0 a 27,2%) - estabilização da prevalência de DCV apenas de 2006 a 2010. Indivíduos do sexo feminino, com índice de massa corporal (IMC) > 27 kg/m2 e ex-fumantes tenderam consistentemente à maior probabilidade de hipertensão autorreferida ao longo das ondas. Apresentar IMC > 27 kg/m2 associou-se à maior probabilidade de referir DM nas três ondas, enquanto com ex-fumantes isso aconteceu apenas em 2010. Ter sido fumante também se associou à DCV nas ondas, mas não o excesso de peso. Averiguando-se pares de ondas para testar alterações nas prevalências, viu-se que em geral houve elevação significativa nos percentuais das doenças com o tempo.

Conclusão:

Em suma, DM, hipertensão e DCV autorreferidos ocorreram com elevadas prevalências nos participantes do Sabe em São Paulo. A associação de IMC elevado com doenças cardiometabólicas sugere que adiposidade corporal pode favorecê-las, embora esta análise não permita assegurar relação causa × efeito. É possível que o aumento dos percentuais de doentes da primeira para a terceira onda reflita melhora nas condições de diagnóstico e/ou no controle dessas doenças no período.

Palavras-chave:
Diabetes mellitus; Hipertensão arterial; Doenças cardiovasculares; Envelhecimento; Prevalência; Fatores de risco

INTRODUÇÃO

À concepção do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe)11. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo Sabe no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 127-41., no fim do séculoXX, os investigadores vislumbraram a crescente representação da faixa etária ≥ 60 anos nas pirâmides populacionais, bem como se preocuparam com o impacto desse fato na saúde de indivíduos e na economia de nações. Neste século, as três fases do Sabe vêm coletando informações relevantes sobre as condições de vida e saúde dos idosos da área urbana domunicípio de São Paulo. Dados de qualidade acumulados ao longo do tempo relativos a fatores de risco, morbidade e mortalidade são essenciais para o planejamento de ações de saúde. Nessesentido, as autoavaliações de saúde dos participantes da primeira fase do Sabe, em 2000, já mostravam a importância das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), coerente com as atuais preocupações de órgãos internacionais de saúde22. World Health Organization. Global status report on non-communicable diseases 2010. Geneve: World Health Organization; 2011.. Entre elas, destacavam-se: hipertensão arterial, diabete mellitus (DM), doença cardiovascular aterosclerótica (DCV), acometimentos osteoarticulares e câncer11. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo Sabe no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 127-41..

O envelhecimento das populações representa uma das mais relevantes razões para que DCNTs se transformassem em grande ameaça mundial à saúde. Estima-se que a população ≥ 60 anos residente na América Latina e no Caribe dobrará pelo menos uma vez no período de 1980 a 2025 e, em média, em mais da metade dos países, terá triplicado antes do ano 202533. Paloni A, Peláez M. Histórico e natureza do estudo. In: Lebrão ML, Duarte YAO, editors. O Projeto Sabe no Município de São Paulo: uma abordagem inicial. Brasília: Opas/MS; 2003. p. 15-32.. O Global Burden of Disease Study (GBD) 2010 comprova que hoje doenças infecciosas e desnutrição afetam menos a saúde que há 20 anos e que as DCNTs se tornaram as líderes de mortalidade em países desenvolvidos e em desenvolvimento44. Horton R. GBD 2010: understanding disease, injury, and risk. Lancet 2012; 380(9859): 2053-4.. A contribuição dos fatores de risco alterou-se consideravelmente, mudando o foco das doenças transmissíveis e da faixa infantil para as não transmissíveis nos adultos e idosos. Recentemente, os três maiores fatores de risco apontados foram a pressão arterial elevada, o tabagismo e a poluição do ar, seguidos de fatores dietéticos e da inatividade física55. Lim SS, Vos T, Flaxman AD, Danaei G, Shibuya K. A comparative risk assessment of burden of disease and injury attributable to 67 risk factors clusters in 21 regions, 1990-2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet 2012; 380(9859): 2224-60.. Para todos esses fatores, há evidências consistentes de participação na gênese de doenças metabólicas, DCVs e câncer.

Entre as doenças metabólicas, o DM tipo 2 (DM2) destaca-se como problema de saúde pública não apenas em decorrência do número de indivíduos afetados, mas também pelo grave comprometimento da qualidade de vida diante das suas complicações e pelo ônus governamental ao sistema de saúde, particularmente em países da América Latina66. IDF Diabetes Atlas. 6th ed. Brussels, Belgium: International Diabetes Federation; 2013.,77. Aschner P, Aguilar-Salinas C, Aguirre L, Franco L, Gagliardino JJ, de Lapertosa SG, etal. Diabetes in South and Central America: an update. Diabetes Res Clin Pract 2014; 103(2): 238-43.. Alémdo envelhecimento populacional, o excesso de peso corporal oriundo de hábitos de vida inadequados tem contribuído para maior ocorrência de DM2. Esse mesmo cenário concorre ainda para elevar o risco de hipertensão arterial e, consequentemente, de DCVs.

A hipertensão acomete cerca de um quarto da população mundial, prevendo-se aumento de 60% no número de casos para 202588. Kearney PM, Whelton M, Reynolds K, Muntner P, Whelton PK, He J. Global burden of hypertension: analysis of worldwide data. Lancet 2005; 365(9455): 217-23.. No Brasil, embora heterogêneos quanto à metodologia, os estudos revelam frequências que variam entre 20 e 30%, aumentando com a idade e com a adiposidade corporal99. Ferreira SRG, Moura EC, Malta DC, Morais-Neto OL, Sarno F, Monteiro CA. Frequência de hipertensão arterial e fatores associados: Brasil, 2006. Rev Saúde Pública 2009; 43 Suppl 2: S98-106.,1010. Passos VMA, Assis TD, Barreto SM. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiol Serv Saúde 2006; 15(1): 35-45.. A DCV é responsável por pelo menos 30% das mortes mundiais1111. World Health Organization. Prevention of cardiovascular disease: guidelines for assessment and management of total cardiovascular risk. Geneve: World Health Organization; 2007.. Em 2009, cifra semelhante foi observada no Brasil1212. Brasil. Indicadores e dados básicos: IDB Brasil, 2010. Brasil; 2010. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2010/matriz.htm#mort
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. Apesar de ter sido registrada queda nas taxas de mortalidade por eventos cardiovasculares, a falta de controle da obesidade e do DM tem limitado maiores reduções.

O câncer também se encontra na agenda da saúde pública de países desenvolvidos e em desenvolvimento1313. Ferlay J, Soerjomataram I, Ervik M, Dikshit R, Eser S, Mathers C, etal. Globocan 2012. Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase [Internet]. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer; 2013. V. 1. No. 11. Available from: http://globocan.iarc.fr.
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. A coleta sistematizada de dados nos registros de base populacional brasileiros tem viabilizado monitoramento ao longo do tempo, estimativas de incidência e investigações sobre determinantes de câncer1414. Instituto Nacional do Câncer, Brazil. Estimativa de câncer no Brasil [Internet]. 2013. Disponível em: http://www.inca.gov.br/vigilancia/
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, porém casos autorreferidos não se prestam para tais finalidades, em virtude do acentuado sub-relato. O de próstata e o de mama feminina apresentam amplo predomínio sobre os demais nos respectivos sexos. Hábitos de vida não saudáveis, particularmente o tabagismo, aparecem como importantes fatores de risco para o câncer em geral.

Há muito a ser feito para melhorar a predição, a prevenção e o controle de DCNTs no nosso meio. Sua prevalência em países emergentes como o Brasil tende a agravar problemas socioeconômicos, dificultando a aplicação de recursos em saúde. É urgente a investigação de tendências de fatores e comportamentos de risco para dirigir estratégias de prevenção e controle. O Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), pelo seu objetivo e delineamento, tem trazido importantes contribuições nesse sentido1515. Ministério da Saúde, Brazil. Vigitel Brazil 2011: protection from chronic diseases and the prevalence of risk factors in Brazilian state capitals - main results from Vigitel 2010 [Internet]. 2011. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes
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. No entanto o Sabe11. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo Sabe no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 127-41., ante o cenário epidemiológico da atualidade, reúne informações valiosas sobre a faixa etária que mais cresce no Brasil.

Este sub-estudo enfocou as doenças cardiometabólicas - hipertensão arterial, DM e DCV-, buscando descrever as prevalências autorreferidas nas três ondas do estudo matriz realizadas no município de São Paulo. Secundariamente, analisou-se a associação dessas doenças com informações acerca de fatores de risco selecionados.

MATERIAL E MÉTODOS

Para este sub-estudo foram utilizados transversalmente os resultados das três ondas (2000, 2006 e 2010) do Sabe, realizado no município de São Paulo. O trabalho inicial, ocorrido em 2000, integrou uma análise multicêntrica de dados coletados em sete países, coordenada pela Organização Pan-Americana da Saúde11. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo Sabe no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 127-41.. De 2006 em diante, o estudo tornou-se longitudinal e sua última onda foi conduzida em 2010. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Este artigo é parte do Estudo SABE, cuja metodologia completa se encontra no primeiro artigo deste suplemento(1(1)Duarte YAO, Santos JLF, Silva NN. 10 Anos do Estudo SABE: antecedentes, metodologia e organização do estudo. Rev Bras Epidemiol. 2018; 21 Suppl 2: e180002.sup2. http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180002.supl.2) .

Para o presente estudo, empregou-se como variáveis de desfecho a informação da presença de doenças crônicas, inferida pela seguinte questão: “Alguma vez um médico ou enfermeiro lhe disse que o(a) Sr.(a) tem [...]?”. Nesta análise, consideraram-se as três DCNTs mais frequentemente relatadas pelos entrevistados - hipertensão, DM e DCV -, denominadas em conjunto de cardiometabólicas. A DCV foi definida como o relato de evento circulatório em território coronariano (angina, infarto agudo do miocárdio ou insuficiência cardíaca) ou cerebral (acidente vascular cerebral) nos últimos 12 meses. De início, foram analisadas as prevalências de cada doença separadamente, para as três fases do Sabe. Comofatores explicativos, incluíram-se as variáveis sexo, idade, estado civil (categorizado em solteiro, casado/amasiado, separado/divorciado e viúvo), escolaridade (segundo número de anos completos de estudo), adiposidade corporal (conforme o índice de massa corpórea - IMC-, dicotomizado em IMC ≤ 27 e > 27 kg/m2)1616. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care 1994; 21(1): 55-67. e tabagismo (categorizado em nunca fumou, já fumou e fumante).

Na análise descritiva das variáveis para as três ondas foram considerados os pesos amostrais do estudo, a fim de garantir representatividade da distribuição populacional. Nos modelos de regressão, que têm como objetivo identificar associações individuais, utilizaram-se os resultados sem ponderação1717. Rothman KJ, Gallacher JE, Hatch EE. Why representativeness should be avoided. Int J Epidemiol 2013; 42: 1012-4.. Para a análise estatística, foram ajustados modelos de regressão logística separadamente para as três variáveis dependentes, incluindo como variáveis independentes as características socioeconômicas e os fatores de risco. Por fim, houve análises conjuntas de pares de ondas para identificar mudanças na presença das doenças ao longo do tempo. Por exemplo, para analisar a mudança estatisticamente significativa da presença de hipertensão em 2006 em relação a 2000, foram incluídas no modelo logístico todas as observações de 2000 e 2006, ­adicionando-se uma dummy de tempo às variáveis independentes do modelo. Todos os coeficientes dos modelos logísticos foram apresentados em termos de odds ratio (e intervalos com 95% de confiança) para facilitar a interpretação. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Stata® 13.

RESULTADOS

As amostras das três ondas do Sabe totalizaram 2.143 indivíduos no ano 2000 (coorteA), 1.413 em 2006 (coortes A e B) e 1.344 em 2010 (coortes A, B e C). A Tabela 1 descreve as variáveis de interesse em cada onda. No período de dez anos, verificou-se a tendência geral de aumento nas prevalências de hipertensão (de 53,1 a 66,7%), DM (de 16,7 a 25%) e DCV (de 23 a 27,2%), exceto pela estabilização da prevalência de DCV de 2006 a 2010. Em relação às características demográficas, não houve alteração na proporção entre sexos da amostra (predomínio de mulheres entre 59 e 60%), nem na média de idade (68 anos). Achou-se gradual aumento na proporção de indivíduos separados/divorciados e viúvos, no número de anos de estudo e na proporção de idosos com excesso de peso (IMC > 27 kg/m2), bem como queda do percentual de fumantes.

Tabela 1.
Distribuição das características gerais e prevalências de doenças cardiometabólicas dos participantes das três ondas do estudo Sabe, residentes no município de São Paulo.

A Tabela 2 apresenta os resultados do modelo logístico para fatores associados à hipertensão. As mulheres apresentaram maior probabilidade, estatisticamente significativa, de relatar hipertensão nas três ondas. Maior escolaridade aparentemente se associou a menor ocorrência de hipertensão, embora essa associação não tenha sido invariavelmente significativa para toda mudança de estrato. Indivíduos com IMC > 27 kg/m2 e ex-fumantes exibiram tendência consistente a ter maior probabilidade de hipertensão em todas as fases do estudo.

Tabela 2.
Determinantes da presença de hipertensão arterial autorreferida para participantes das três ondas do estudo Sabe, residentes no município de São Paulo.

Na Tabela 3, observam-se os resultados dos modelos que incluíram DM autorreferido como variável resposta. Verifica-se que, nesse caso, ter IMC > 27 kg/m2 foi o único fator de risco consistentemente vinculado a maior probabilidade de referir DM nas três ondas. Serex-fumante associou-se de maneira significativa à presença dessa doença apenas em 2010.

Tabela 3.
Determinantes da presença de diabete mellitus autorreferido para participantes das três ondas do estudo Sabe, residentes no município de São Paulo.

A Tabela 4 contém os resultados relativos às associações com DCV. Ser ex-fumante esteve interligado ao relato de DCV nas três ondas. Ao contrário das outras duas doenças, o excesso de peso não se associou à DCV em nenhuma das ondas.

Tabela 4.
Determinantes da presença de doença cardiovascular autorreferida para participantes das três ondas do estudo Sabe, residentes no município de São Paulo.

Como o aumento das prevalências ao longo das três ondas do Sabe (Tabela 1) poderia decorrer de alterações na distribuição de fatores de risco, foi realizada análise de pares de ondas para testar a significância do tempo per se no comportamento crescente das prevalências. A Tabela 5 exibe os resultados da análise das diferenças na prevalência das três doenças cardiometabólicas ao longo das ondas. Constata-se que, após controlar para as possíveis variáveis de confundimento disponíveis, em geral há aumento significante nos percentuais das doenças à medida que o tempo passa, sendo exceções o comportamento da hipertensão e a DCV de 2006 para 2010.

Tabela 5.
Análise de diferença significante* da presença de hipertensão arterial, diabete mellitus e doença cardiovascular entre pares de ondas do estudo Sabe, residentes no município de São Paulo.

DISCUSSÃO

Os achados das ondas do Sabe, relativos a idosos que residem na região mais desenvolvida do Brasil, são valiosos não apenas por retratar as principais DCNTs, mas pelo fato de permitir especular sobre o impacto dos avanços terapêuticos ocorridos no século XXI. Condições mórbidas envolvidas na aterogênese, que elevam o risco de morte de origem cardiovascular, foram incluídas nesta análise (hipertensão arterial, DM e DCV), ­destacando-se como as de maior prevalência nas amostras.

Da primeira à terceira onda do Sabe, houve manutenção da média da idade da amostra e predomínio do sexo feminino. Embora os participantes difiram parcialmente de uma fase para outra, as prevalências autorreferidas de doenças cardiometabólicas foram inicialmente confrontadas sem ajuste. Por se tratar de habitantes da zona urbana de uma grande metrópole, expostos a ambiente obesogênico, estressante e poluído, havia prévia expectativa de que as frequências pudessem ter aumentado. De fato, de 2000 a 2010, confirmou-se elevação das prevalências de hipertensão, DM e DCV, mesmo após ajustes para diversas variáveis. Tal observação pode ter sido decorrente de alguma melhoria no diagnóstico precoce e no tratamento das doenças no período. Corroboram para tanto os resultados referidos quanto à adesão a dietas, a medicamentos específicos e ao controle dos parâmetros clínicos periodicamente monitorados (dados não mostrados). De fato, o Ministério da Saúde, diante da epidemia de DCNT, tem tomado medidas de combate a esse cenário, tendo lançado o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas no Brasil 2011-20221818. Ministério da Saúde, Brazil. Strategic action plan to tackle noncommunicable diseases in Brazil, 2011-2022 [Internet]. Brasília; 2011. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf.
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, cujas metas são coerentes com as adotadas em termos globais1919. Malta DC, Silva-Jr JB. O plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas no Brasil e a definição de metas globais para o enfrentamento dessas doenças até 2025: uma revisão. Epidemiol Serv Saúde 2013; 22(1): 1-15..

Estudo multicêntrico sobre prevalência de DM (censo) realizado em nove capitais brasileiras e no Distrito Federal no fim dos anos 1980 revelou que 7,6% dos indivíduos entre 30 e 69 anos apresentavam a doença, e isso está aumentando consideravelmente com a idade2020. Malerbi DA, Franco LJ for the Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 years. Diabetes Care 1993; 15: 1509-15.. São Paulo foi a capital com as maiores taxas. Os dados foram coletados em duas etapas, com amostras probabilísticas, sendo a primeira baseada em questionários e a segunda em teste laboratorial. Apesar de disponíveis estudos de prevalência mais recentes, eles não têm abrangência nacional, servindo para mostrar a tendência crescente de DM em adultos de cidades paulistas, atingindo cifras entre 12,1 e 13,5%2121. Torquato MTCG, Montenegro Jr RM, Viana LAL, Souza RAHG, Lanna CMM, Lucas JCB, etal. Prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban population aged 30-69 years in Ribeirão Preto (São Paulo), Brazil. São Paulo Med J 2003; 121(6): 224-30.,2222. Bosi PL, Carvalho AM, Contrera D, Casale G, Pereira MA, Gronner MF, etal. Prevalence of diabetes and impaired glucose tolerance in the urban population of 30 to 79 years of the city of São Carlos, São Paulo. Arq Bras Endocrinol Metab 2009; 53: 726-32.. O percentual de indivíduos afetados na faixa etária 60-69 anos do censo (17,4%) difere pouco dos achados do Sabe em sua primeira onda (16,7%), cuja amostra indicava média de idade mais avançada. Alguma divergência era esperada considerando-se diferenças metodológicas entre as pesquisas. Informações sobre DM autorreferido foram disponibilizadas no censo, demonstrando que quase a metade dos indivíduos diabéticos desconhecia ser portadora da doença. Dessa forma, as prevalências do censo de DM, conduzido em 1988, e do Sabe, em 2000, passam a ser bem parecidas, até mesmo pelo fato de não diferirem entre os sexos.

O caráter em ondas do nosso estudo permitiu a comparação com publicações mais recentes. No Inquérito de Saúde de São Paulo capital de 2003, 17,9% de 872 idosos não institucionalizados disseram ser diabéticos2323. Mendes TAB, Goldbaum M, Segri NJ, Barros MBA, Cesar CLG, Carandina L, et al. Diabetes mellitus: fatores associados à prevalência em idosos, medidas e práticas de controle e uso dos serviços de saúde em São Paulo, Brasil. Cad Saúde Públ 2011; 27(6): 1233-43., cifra intermediária entre a primeira e a segunda onda do Sabe (21,1% em 2006).

DM2 e hipertensão encontram-se com frequência associadas, e ambas à obesidade2424. Zanella MT, Ferreira SRG, Ribeiro AB. Hipertensão arterial e diabete melito. Rev Bras Hipertens 1998; 1(2): 55-60.,2525. Ferreira SRG, Sarno F. Hipertensão arterial e obesidade: aspectos epidemiológicos. Rev Bras Hipertens 2009; 12(1): 17-21.. Especialmente o acúmulo de gordura intra-abdominal gera inflamação e resistência à insulina, que predispõem a distúrbio do metabolismo da glicose e elevação da pressão arterial2626. Carneiro G, Faria AN, Ribeiro-Filho FF, Guimarães A, Lerario D, Ferreira SRG, etal. Influência da distribuição da gordura corporal sobre a prevalência de hipertensão arterial e outros fatores de risco cardiovascular em pacientes obesos. Rev Assoc Med Bras 2003; 49(3): 306-11.,2727. Bulcão C, Ferreira SRG, Giuffrida FMA, Ribeiro-Filho FF. The new adipose tissue and adipocytokynes. Curr Diabetes Rev 2006; 2(1): 19-28.. Nossos achados sobre DM e hipertensão podem também ser confrontados com os do Vigitel, por este se tratar de um sistema de vigilância no qual informações sobre doenças e fatores de risco são relatadas por telefone, apesar da ampla faixa etária lá investigada1414. Instituto Nacional do Câncer, Brazil. Estimativa de câncer no Brasil [Internet]. 2013. Disponível em: http://www.inca.gov.br/vigilancia/
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,2828. Ministério da Saúde, Brazil. Vigitel Brazil 2010: protective and risk factors for chronic diseases by telephone survey [Internet]. Brasília; 2010. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_2010.pdf.
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.

Levando-se em consideração apenas os indivíduos ≥ 65 anos, 18,6% afirmaram ser diabéticos1515. Ministério da Saúde, Brazil. Vigitel Brazil 2011: protection from chronic diseases and the prevalence of risk factors in Brazilian state capitals - main results from Vigitel 2010 [Internet]. 2011. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes
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. No que se refere à hipertensão, a proporção de adultos hipertensos autorreferidos no Vigitel99. Ferreira SRG, Moura EC, Malta DC, Morais-Neto OL, Sarno F, Monteiro CA. Frequência de hipertensão arterial e fatores associados: Brasil, 2006. Rev Saúde Pública 2009; 43 Suppl 2: S98-106., de 23%, não está muito aquém das taxas (entre 25 e 30%) reportadas em outros estudos nacionais em que a pressão arterial foi aferida1010. Passos VMA, Assis TD, Barreto SM. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiol Serv Saúde 2006; 15(1): 35-45.. É possível que o grau de desconhecimento da população sobre essa doença seja bem menor do que acerca de DM, em decorrência da maior facilidade diagnóstica. As cifras de hipertensão nas ondas do Sabe (53,1%, 62,7% e 66,7%) foram bem superiores aos valores ora mencionados. Porém, atentando-se à estratificação por faixa etária no Vigitel, nota-se que entre 55 e 64 anos 48,1% dos entrevistados contaram ser hipertensos (mulheres 38,4% [IC95% 36,3 - 40,5] e homens 55,7% [IC95% 53,8 - 57,6]), subindo para 57,7% naqueles com ≥ 65 anos (mulheres 51,7 [IC95% 49,4 - 54,0] e homens 61,5% [IC95% 59,7 - 63,3]). Dessa forma, os resultados sobre hipertensão do Sabe são de grande valia para reforçar a gravidade desse problema de saúde pública na população idosa brasileira. Chamam a atenção, ainda, para o comportamento crescente do número de hipertensos, de alto risco para os eventos cardiovasculares. O sexo feminino mostrou-se associado à hipertensão nas análises transversais das ondas do Sabe, sendo necessária análise longitudinal de sobrevida para melhor investigar essa associação em indivíduos com idade avançada.

Nosso estudo reforçou a reconhecida associação de DM e de hipertensão com excesso de peso corporal em todas as suas fases. Embora haja controvérsias quanto ao valor de corte adequado para identificar risco de morbidade e mortalidade em idosos2929. Cervi A, Franceschini SCC, Priore SE. Critical analysis of the use of the body mass index for the elderly. Rev Nutr 2005; 18(6)., optou-se, para fins do presente trabalho,1717. Rothman KJ, Gallacher JE, Hatch EE. Why representativeness should be avoided. Int J Epidemiol 2013; 42: 1012-4. estratificar seu IMC em 27 kg/m2. O papel do ganho de adiposidade com risco de DM foi documentado na coorte das enfermeiras3030. Colditz GA, Willett WC, Rotnitzky A, Manson JE. Weight gain as a risk factor for clinical diabetes mellitus in women. Ann Intern Med 1995; 122: 481-6., da mesma maneira que o Physicians’ Health Study apontou o IMC como principal fator de risco para hipertensão em homens eutróficos e com sobrepeso3131. Gelber RP, Gaziano JM, Manson JE, Buring JE, Sesso HD. A prospective study of body mass index and the risk of developing hypertension in men. Am J Hypertens 2007; 20(4): 370-7..

Apesar da transversalidade desta análise, evidência consistente obtida em estudos longitudinais permite sugerir que intervenções para controle da gordura corporal (particularmente baseada em dieta e atividade física) têm potencial para melhorar esse crítico cenário identificado no Sabe ao atingir a senilidade. Algumas iniciativas locais para mudar o estilo de vida são relatadas no nosso meio3232. Barros CR, Cezaretto A, Salvador EP, Santos TC, Siqueira-Catania A, Ferreira SRG. Um programa estruturado, factível e promissor de hábitos de vida saudáveis para redução de risco cardiometabólico. Arq Bras Endocrinol Metab 2013; 57(1): 7-18.,3333. Sartorelli DS, Sciarra EC, Franco LJ, Cardoso MA. Primary prevention of type 2 diabetes through nutritional counseling. Diabetes Care 2004; 27: 3019., mas tais mudanças sustentadas em adultos continuam a ser importantes desafios da saúde pública3434. Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic noncommunicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet 2011; 377(9781): 1949-61.. Também desejável seria melhorar o acesso de brasileiros à educação, o que se reverte em saúde e qualidade de vida. Durante os dez anos do Sabe, a representação do estrato de escolaridade mais baixa (0 - 4 anos) é bastante elevada, no entanto a boa notícia é que ela parece ter caído ao longo do tempo. Em2000, ter estudado entre cinco e oito anos se associou à menor prevalência de hipertensão, porém, em anos subsequentes, escolaridade mais longa não se mostrou significativamente ligada às doenças aqui investigadas.

Com impacto menor que a obesidade, dieta não saudável e inatividade física como fatores de risco para o DM2, contudo de elevado impacto para DCV e câncer, destaca-se o fumo3535. Manson JE, Ajani UA, Liu S, Nathan DM, Hennekens CH. A prospective study of cigarette smoking and the incidence of diabetes mellitus among US male physicians. Am J Med 2000; 109: 538-42.,3636. U.S. Department of Health and Human Services. The health consequences of smoking - 50 years of progress: a report of the surgeon general. Atlanta: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Office on Smoking and Health; 2014.. Apesar de iniciativas por profissionais da saúde e pelo governo contra o uso de tabaco, continua a ser importante determinante evitável de DCNTs e morte prematura, especialmente nos países em desenvolvimento. No Sabe, esse hábito foi averiguado por meio de questionário, à semelhança de vários estudos destinados à avaliação de intervenções3737. Patrick DL, Cheadle A, Thompson DC, Diehr P, Koepsell T, Kinne S. The validity of self-reported smoking: a review and meta-analysis. Am J Public Health 1994; 84: 1086-93.. Interessante notar que em ex-fumantes foram detectadas associações significativas com hipertensão e DCV. Éprovável que esse resultado esteja relacionado ao fato de indivíduos cessarem o tabagismo ao receberem o diagnóstico de DCNT. De fato, em paralelo ao aumento nas prevalências das doenças cardiometabólicas no Sabe, observaram-se queda no percentual de fumantes e aumento no de ex-fumantes. Campanhas antitabaco em âmbito nacional, medidas fiscais para elevar o preço de cigarros e proibição de fumo em ambiente públicos podem ter contribuído para esse comportamento3838. Cavalcante T. The Brazilian experience with tobacco control policies. Salud Publica Mex 2004; 46: 549-58..

A prevalência de DCV aumentou gradual e significativamente nas ondas do Sabe, em paralelo à das demais doenças examinadas mesmo após uma série de ajustes (Tabela 5). Essecomportamento da prevalência de DCV era esperado, uma vez que elevação da glicemia e da pressão arterial é um fator de risco cardiovascular consagrado. Considerando-se que não houve mudança da média da idade, é razoável especular que nesses dez anos pode ter havido melhora do diagnóstico e controle da DCV e/ou de fatores de risco.

Este trabalho traz mais uma importante contribuição do Sabe para o conhecimento sobre condições de saúde do idoso no município de São Paulo. A seleção e o tamanho da amostra, a padronização na coleta e a periodicidade são algumas das suas qualidades. Porém a presente pesquisa, enfocando as doenças cardiometabólicas, deixou de incluir os distúrbios do perfil lipídico, dados não disponíveis no estudo matriz. Outra limitação se refere ao fato de ter sido uma análise transversal, desconsiderando a composição distinta da amostra em cada uma das três fases do Sabe e a mortalidade, objeto de investigação de outro subestudo do grupo.

CONCLUSÃO

Em conclusão, DM, hipertensão arterial e DCV autorreferidos ocorreram com elevadas prevalências nos participantes do Sabe residentes no município de São Paulo. A associação de IMC elevado com essas doenças cardiometabólicas nos idosos integrantes da pesquisa sugere que adiposidade corporal pode ter favorecido tais doenças, embora a natureza desta análise não permita assegurar relação causa × efeito. É possível que o aumento dos percentuais de portadores das doenças, ajustados para diversas variáveis, da primeira para a terceira fase do estudo, reflita melhora nas condições de diagnóstico e/ou de controle dessas doenças ao longo do tempo. Uma análise de acompanhamento longitudinal é necessária para comprovar essa hipótese.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Fev 2019

Histórico

  • Recebido
    19 Ago 2014
  • Revisado
    11 Set 2014
  • Aceito
    15 Out 2014
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