Prevalência de colesterol total e frações alterados na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde

Deborah Carvalho Malta Celia Landman Szwarcwald Ísis Eloah Machado Cimar Azeredo Pereira André Willian Figueiredo Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de Sá Gustavo Velasquez-Melendez Filipe Malta dos Santos Paulo Borges de Souza Junior Sheila Rizzato Stopa Luiz Gastão Rosenfeld Sobre os autores

RESUMO:

Objetivo:

Analisar as prevalências dos níveis de colesterol total e frações alterados na população brasileira, segundo dados bioquímicos da Pesquisa Nacional de Saúde.

Métodos:

Estudo descritivo, utilizando dados laboratoriais da Pesquisa Nacional de Saúde coletados entre os anos de 2014 e 2015. Foram analisados exames de colesterol total e frações e calculadas prevalências populacionais de valores alterados segundo variáveis sociodemográficas. Consideraram-se os seguintes pontos de corte: colesterol total ≥ 200mg/dL; lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ≥ 130mg/dL e lipoproteínas de alta densidade (HDL) < 40mg/dL.

Resultados:

Aprevalência de colesterol total ≥ 200mg/dL na população foi de 32,7%, mais elevada em mulheres (35,1%). A prevalência de HDL alterado foi de 31,8%, sendo de 42,8% no sexo masculino e 22,0% no feminino. LDL≥ 130mg/dL foi observado em 18,6%, com prevalência mais elevada em mulheres (19,9%). População com idade de 45 anos ou mais e com baixa escolaridade apresentou maiores prevalências de colesterol com alterações.

Conclusão:

Valores de colesterol total e frações alterados foram frequentes na população brasileira, especialmente entre mulheres, idosos e pessoas de baixa escolaridade. Esses resultados poderão orientar as ações de controle e prevenção, como alimentação saudável, atividade física e tratamento, visando à prevenção de doenças coronarianas.

Palavras-chave:
Colesterol; HDL-colesterol; LDL-colesterol; Doenças cardiovasculares; Inquéritos epidemiológicos; Testes laboratoriais

INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de morbimortalidade no mundo. Entre essas doenças, as cardiovasculares (DCV) destacam-se pela sua magnitude, associação com incapacidade e mortes prematuras11. World Health Organization. Global status report on noncommunicable diseases. [Internet]. 2014 [acessado em 5 dez. 2018]. Disponível em: Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/148114/1/9789241564854_eng.pdf?ua=1
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. No Brasil, cerca de um terço das mortes ocorre pelas DCV, sendo também as causas de gasto mais expressivas com assistência médica22. Malta DC, Bernal RTI, Lima MG, Araújo SSC, Silva MMA, Freitas MIF, et al. Doenças crônicas não transmissíveis e a utilização de serviços de saúde: análise da Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil. Rev Saúde Pública 2017; 51(Supl. 1): 1-10. http://dx.doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051000090
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O colesterol é um dos lípides biologicamente mais relevantes, precursor dos hormônios esteroidais, ácidos biliares e vitamina D. Como um constituinte das membranas celulares, o colesterol atua na sua fluidez e na regulação metabólica33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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. As lipoproteínas permitem o transporte dos lípides no meio aquoso plasmático e podem ser classificadas de acordo com sua densidade, como as lipoproteínas de baixa densidade (LDL, do inglês low density ­lipoprotein) e de alta densidade (HDL, do inglês highdensity lipoprotein)33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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Na década de 1960, estudos na coorte de Framingham Heart apresentaram evidências de que valores elevados de colesterol sérico aumentariam o risco de infarto do miocárdio nos anos subsequentes do estudo44. Kannel WB, Castelli WP, Gordon T. Cholesterol in the prediction of atherosclerotic disease. New perspectives based on the Framingham study. Ann Intern Med 1979; 90(1): 85-91. http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-90-1-85
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. Posteriormente, outras pesquisas confirmaram associações entre níveis altos de colesterol e o aumento do risco para doenças cardíacas e acidente vascular cerebral 55. World Health Organization. Global Health Risks: Mortality and burden of disease attributable to selected major risks [Internet]. 2009 [acessado em 5 dez. 2018]. Disponível em: Disponível em: https://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/GlobalHealthRisks_report_full.pdf
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,66. Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol 2013; 101(4 Supl. 1): 1-20. http://dx.doi.org/10.5935/abc.2013S010
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Estimativas da Organização Mundial da Saúde destacam que níveis elevados de colesterol sérico causam cerca de 2,6milhões de mortes e 29,7milhões de anos de vida perdidos por morte prematura e incapacidades55. World Health Organization. Global Health Risks: Mortality and burden of disease attributable to selected major risks [Internet]. 2009 [acessado em 5 dez. 2018]. Disponível em: Disponível em: https://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/GlobalHealthRisks_report_full.pdf
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.

Ensaios clínicos, metanálises e consensos clínicos demonstram que o controle das dislipidemias está associado a importantes benefícios na redução de eventos e mortalidade cardiovascular. O mais conhecido, Adult Treatment Panel III(ATP III), de 2001, tem orientado os países na definição dos pontos de corte e alvos terapêuticos para os níveis de colesterol a depender do risco de um incidente cardiovascular77. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary of the third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) expert panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001; 285(19): 2486-97. http://dx.doi.org/10.1001/jama.285.19.2486
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Estudos subsequentes de diferentes países desenvolveram diretrizesque associam níveis de colesterol elevados a risco não só de infarto agudo do miocárdio, mas também de doenças arteriais periféricas e acidentes vasculares encefálicos88. Nayor M, Vasan RS. Recent Update to the Cholesterol Treatment Guidelines: A Comparison With International Guidelines. Circulation 2016; 133(18): 1795-806. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.021407
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, além de apontarem que o melhor preditor de risco cardíaco é o LDL88. Nayor M, Vasan RS. Recent Update to the Cholesterol Treatment Guidelines: A Comparison With International Guidelines. Circulation 2016; 133(18): 1795-806. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.021407
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Investigações indicam redução da taxa de DCV quando se diminui o colesterol plasmático, particularmente dos níveis de LDL-colesterol33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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. Ensaios clínicos com estatinas revelaram que, quanto maior a redução absoluta do LDL, maior a redução das DCV, entretanto ainda não há consenso na literatura sobre o nível desejável de LDL sérico para se obter o benefício 88. Nayor M, Vasan RS. Recent Update to the Cholesterol Treatment Guidelines: A Comparison With International Guidelines. Circulation 2016; 133(18): 1795-806. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.021407
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,99. Stone NJ, Robinson JG, Lichtenstein AH, Bairey Merz CN, Blum CB, Eckel RH, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2013 ACC/AHA guideline on the treatment of blood cholesterol to reduce atherosclerotic cardiovascular risk in adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014; 63(25): 2889-934. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2013.11.002
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.

Apesar de estabelecidas as evidências na literatura científica acerca da associação entre o colesterol e as doenças coronarianas, os inquéritos populacionais que monitoram as prevalências populacionais de colesterol no Brasil ainda são escassos e, na maioria, utilizam dados autorreferidos1010. Pereira LPP, Sichieri PR, Segri NJ, Silva RMVG, Ferreira MG. Dislipidemia autorreferida na região Centro-Oeste do Brasil: prevalência e fatores associados. Ciênc Saúde Coletiva 2015; 20(6): 1815-24. https://doi.org/10.1590/1413-81232015206.16312014
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,1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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. Os resultados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA Brasil), feito entre servidores de universidades federais do país, mostraram maiores prevalências de LDL alterado em homens, negros, idosos e com baixo nivel de escolaridade1212. Lotufo PA, Santos RD, Figueiredo RM, Pereira AC, Mill JG, Alvim SM, et al. Prevalence, awareness, treatment and control of high low-density lipoprotein cholesterol in Brazil: Baseline of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). J Clin Lipid 2016; 10(3): 568-76. https://doi.org/10.1016/j.jacl.2015.12.029
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A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizou nos anos de 2014 e 2015 coletas de material biológico que incluíram medidas de colesterol e frações1313. Souza-Júnior PRB, Freitas MPS, Antonaci GA, Szwarcwald CL. Desenho da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saúde 2015; 24(2): 207-16. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200003
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,1414. Szwarcwald CL, Malta DC, Azevedo C, Souza Júnior PRB, Rozemberg LG. Exames laboratoriais da pesquisa nacional de saúde: Metodologia de amostragem, coleta, e análise dos dados. Rev Bras Epidemiol 2019. (no prelo)., possibilitando, pela primeira vez, análises nacionais sobre a distribuição do colesterol alterado na população brasileira. Portanto, o objetivo deste estudo consistiu em analisar as prevalências dos níveis de colesterol total e frações alterados na população brasileira, segundo dados bioquímicos da PNS.

MÉTODOS

Trata-se de estudo descritivo utilizando dados dos exames laboratoriais da PNS entre os anos de 2014 e 2015. A PNS é uma pesquisa de âmbito nacional e base domiciliar realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mediante parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa utilizou amostra probabilística em três estágios, e foram obtidos registros de entrevistas em 64.348 domicílios. Mais det alhes metodológicos podem ser lidos em outras publicações1313. Souza-Júnior PRB, Freitas MPS, Antonaci GA, Szwarcwald CL. Desenho da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saúde 2015; 24(2): 207-16. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200003
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,1414. Szwarcwald CL, Malta DC, Azevedo C, Souza Júnior PRB, Rozemberg LG. Exames laboratoriais da pesquisa nacional de saúde: Metodologia de amostragem, coleta, e análise dos dados. Rev Bras Epidemiol 2019. (no prelo)..

A subamostra de laboratório foi constituída de 8.952 pessoas, e foram excluídas 418amostras por motivos de material suficiente, hemólise, perda da amostra e outros. Assim, totalizaram-se 8.534 exames para a análise atual. O estudo adotou pesos de pós-estratificação segundo sexo, idade, escolaridade e região, visando estabelecer estimativas para a população adulta brasileira1414. Szwarcwald CL, Malta DC, Azevedo C, Souza Júnior PRB, Rozemberg LG. Exames laboratoriais da pesquisa nacional de saúde: Metodologia de amostragem, coleta, e análise dos dados. Rev Bras Epidemiol 2019. (no prelo)..

Os participantes da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), e posteriormente foram realizadas coletas de sangue periférico a qualquer hora do dia. Destaca-se ainda que o estudo seguiu o protocolo que dispensa o jejum para a medição do colesterol33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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.

O colesterol total (CT), o LDL e o HDL foram coletados em tubos com gel. ­Aguardaram-se30minutos para a retração do coágulo e posteriormente foi realizada centrifugação e encaminhamento das amostras sob refrigeração de 2 a 8ºC, com controle da temperatura nas diversas etapas. Esses parâmetros foram dosados por método enzimático/colorimétrico automatizado.

As prevalências para cada categoria de níveis de CT e frações foram descritas por intermédio dos seguintes intervalos:

  • CT: < 160mg/dL; ≥ 160 a < 200mg/dL; ≥ 200 a < 220mg/dL; ≥ 220 a < 280mg/dL;e ≥ 280mg/dL.

  • LDL colesterol: < 100mg/dL; ≥ 100 a < 130mg/dL; ≥ 130 a <160mg/dL; ≥ 160 a < 190mg/dL; e ≥ 190mg/dL.

  • HDL colesterol: < 25mg/dL; ≥ 25 a < 30mg/dL; ≥ 30 a < 40mg/dL; ≥ 40 a < 50mg/dL;> 50mg/dL.

  • Relação CT/HDL: < 4,0.

Foram calculadas as médias dos níveis de colesterol e a relação CT/HDL para a população geral e segundo faixas etárias (18 a 29 anos; 30 a 44 anos; 45 a 59 anos; 60 anos ou mais).

Realizou-se análise dicotômica (ter ou não colesterol alterado), e foram calculadas as prevalências populacionais de CT e frações alterados, considerando os seguintes pontos de corte: CT ≥ 200mg/dL; LDL ≥ 130mg/dL e níveis de HDL < 40mg/dL, seguindo os parâmetros de tratamento clínico preconizado pela ATPIII77. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary of the third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) expert panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001; 285(19): 2486-97. http://dx.doi.org/10.1001/jama.285.19.2486
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. Estratificaram-se as prevalências por sexo, faixa etária (18 a 29 anos; 30 a 44 anos; 45 a 59 anos; 60 anos ou mais), escolaridade (0 a 8 anos; 9 a 11 anos; 12 ou mais anos de estudo), raça/cor (branca, preta, parda e outras) e regiões do país (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste).

Para estimar as diferenças entre os estratos, foi utilizado o teste χ2 de Pearson. As análises dos dados foram realizadas usando o software Data Analysis and Statistical Software (Stata), versão 14, com base no conjunto de comandos para análise de dados de inquéritos com amostra complexa (survey).

A PNS foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde. A participação do adulto na pesquisa foi voluntária e a confidencialidade das informações garantida. Os indivíduos selecionados para a pesquisa forneceram o consentimento informado para todos os procedimentos da pesquisa, incluindo a entrevista e a coleta de sangue e urina.

RESULTADOS

A média de CT na população foi de 185mg/dL, sendo de 181,7mg/dL no sexo masculino e 198,7mg/dL no feminino. A média apresentou-se mais elevada com o aumento da idade - na faixa etária de 18 a 29 anos, por exemplo, foi de 169,4mg/dL, atingindo médias mais altas entre 45 e 59 anos.

Em relação ao HDL, a média populacional foi de 46,5mg/dL, sendo de 43mg/dL para o sexo masculino e de 49,6mg/dL para o feminino. Em geral, em todas as faixas de idade os valores de HDL foram semelhantes, em torno de 46,5mg/dL.

Quanto ao LDL, a média populacional foi de 104,7mg/dL, de 102,9mg/dL no sexo masculino e 106,2mg/dL no feminino. Na faixa etária de 18 a 29 anos, a média de LDL foi de 93,1mg/dL, e observaram-se valores mais altos entre 40 e 59 anos (112,2mg/dL).

A relação CT/HDL foi alta na população total (4,3), tanto em homens (4,6) quanto em mulheres (4,0), sendo menor que 4 apenas para população total com idade entre 18 e 29anos e mulheres entre 18 e 44 anos (Tabela 1).

Tabela 1.
Média populacional do colesterol total (CT), do colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL), do colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL) e da razão CT/HDL segundo sexo e faixa etária. Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

Os valores de CT para a população total foram: < 160mg/dL (26,3%), ≥ 160 a < 200mg/dL(41%), ≥ 200 a < 220mg/dL (15,4%), ≥ 220 a < 280mg/dL (15,8%) e ≥ 280mg/dL (1,5%). Parao HDL, os valores foram: < 25mg/dL (2%), ≥ 25 a < 30mg/dL (4,8%), ≥ 30 a < 40mg/dL(25%), ≥ 40 a < 50mg/dL (33,2%) e ≥ 50mg/dL (35,1%). Os valores do LDL foram: <100mg/dL (45,7%), ≥ 100 a < 130mg/dL (35,7%), ≥ 130 a < 160mg/dL (14,1%), ≥ 160 a < 190mg/dL (3,8%) e ≥ 190mg/dL (0,7%). A relação CT/HDL > 4 foi encontrada em 50% da população total (Tabela 2).

Tabela 2.
Distribuição dos níveis de colesterol total (CT), colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL) e colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL) segundo diferentes pontos de corte. Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

A prevalência na população adulta de CT ≥ 200mg/dL foi de 32,7%, sendo mais elevada em mulheres (35,1%). A prevalência de colesterol elevado foi maior entre aqueles com mais de 45 anos e menor na faixa de escolaridade mais elevada (p < 0,001) (Tabela 3).

Tabela 3.
Prevalência populacional de colesterol total ≥ 200mg/dL segundo sexo, faixa etária, escolaridade, raça/cor e região. Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

A prevalência de HDL menor que 40mg/dL na população adulta foi de 31,8%, aproximadamente duas vezes maior no sexo masculino (42,8%) quando comparado com o feminino (22%). Os valores de HDL alterados foram menores na população com escolaridade mais elevada. Entre as regiões, o HDL alterado foi menos frequente na Região Sul para população geral e em ambos os sexos (Tabela 4).

Tabela 4.
Prevalência populacional de colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL) < 40mg/dLsegundo sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele e região. Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

As prevalências de LDL ≥ 130mg/dL foram de 18,6%, mais elevadas em mulheres (19,9%) e entre os indivíduos com 45 anos de idade e mais (p < 0,001). Em relação à escolaridade, foi mais frequente na faixa de zero a oito anos de estudo para população total (21,5%) e entre mulheres (24,9%) (p < 0,001) (Tabela 5).

Tabela 5.
Prevalência populacional de colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL) ≥ 130mg/dLsegundo sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele e região. Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2014-2015.

DISCUSSÃO

A coleta de material biológico realizada na PNS e a inclusão do colesterol e frações representam um grande avanço para o Brasil. Este estudo traça, pela primeira vez, o perfil bioquímico de condições clínicas ou pré-clínicas de níveis de CT, LDL, HDL e CT/HDL na população brasileira. Dessa forma, os dados laboratoriais da PNS podem apoiar a identificação do risco cardiovascular da população99. Stone NJ, Robinson JG, Lichtenstein AH, Bairey Merz CN, Blum CB, Eckel RH, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2013 ACC/AHA guideline on the treatment of blood cholesterol to reduce atherosclerotic cardiovascular risk in adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014; 63(25): 2889-934. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2013.11.002
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.

De acordo com os resultados, mais de um terço da população adulta apresentou CT alto (acima de 200mg/dL), sendo mais elevado em mulheres que em homens, maior entre a população com idade mais avançada e menor na população com mais anos de estudo. O HDL menor que 40mg/dLatingiu um terço dos adultos. A relação CT/HDL ≥ 4 também esteve presente em metade da população brasileira. O LDL acima de 130mg/dL atingiu um quinto da população adulta.

Assim como no Brasil, estudos de bases populacionais realizados em alguns países mostraram elevada prevalência de dislipidemias. Na China, pesquisa feita com definição de pontos de corte com base em diretrizes chinesas considerando níveis LDL ≥ 130mg/dL e níves de HDL semelhantes para homens e mulheres encontraram 33,5% de CT, 0,6% de LDL e 8,8% para HDL alterados1515. Zhang FL, Xing YQ, Wu YH, Liu HY, Luo Y, Sun MS, et al. The prevalence, awareness, treatment and control of dyslipidemia in northeast China: a population-based cross-sectional survey. Lipids Health Dis 2017; 16(1): 61. http://dx.doi.org/10.1186/s12944-017-0453-2
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. Na Turquia, utilizando os pontos de corte do ATP III77. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary of the third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) expert panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001; 285(19): 2486-97. http://dx.doi.org/10.1001/jama.285.19.2486
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, 43% das pessoas apresentaram CT > 200mg/dL. A prevalência de níveis elevados de CT, LDL-colesterol e triglicerídeos (TG) aumentaram com a idade1616. Bayram F, Kocer D, Gundogan K, Kaya A, Demir O, Coskun R, et al. Prevalence of dyslipidemia and associated risk factores in Turkish adults. J Clin Lipidol. 2014; 8(2): 206-16. http://dx.doi.org/10.1016/j.jacl.2013.12.011
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No Brasil, estudos realizados no estado de São Paulo seguiram as recomendações da ATP III77. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary of the third report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) expert panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001; 285(19): 2486-97. http://dx.doi.org/10.1001/jama.285.19.2486
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para definição do ponto de corte para os valores de referência para dislipidemias. Foi registrado que a dislipidemia atingiu 61,9% da população, principalmente após os 40anos, na cidade de Ribeirão Preto1717. De Moraes AS, Checchio MV, De Freitas ICM. Dislipidemia e fatores associados em adultos residentes em Ribeirão Preto, SP. Resultados do Projeto EPIDCV. Arq Bras Endocrinol Metab 2013; 57(9): 691-701. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302013000900004
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. Em São Paulo, níveis desejáveis de CT foram semelhantes entre mulheres (64,7%) e homens (64,9%). Para o LDL, aproximadamente 20% dos homens e das mulheres apresentaram níveis entre130 e 159mg/dL, e foram considerados altos os níveis (≥ 160 mg/dL) em 11,8% dos homens e 13,6% das mulheres. Níveis desejáveis (40mg/dL) de HDL-colesterol foram encontrados em 68% das mulheres e 54,3% dos homens1818. De Fornés NS, Martins IS, Velásquez-Meléndez G, Latorre MRDO. Escores de Consumo alimentar e níveis lipêmicos em população de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública 2002; 36(1): 12-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000100003
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002...
.

Os dados bioquímicos da PNS diferem dos dados autorreferidos encontrados na Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que identificou 22,6% da população adulta nas capitais brasileiras com colesterol elevado1919. Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [acessado em 5 dez. 2018]. 160 p. Disponível em: Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2016_fatores_risco.pdf
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. Na PNS, utilizando o questionário autorreferido, a prevalência de colesterol elevado foi ainda mais baixa (12,5%)1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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. Além disso, a PNS também mediu a população que disse nunca ter medido o colesterol nem os TG (14,3%)1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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. Portanto, os dados bioquímicos aqui descritos identificaram prevalências mais elevadas, cerca de um terço da população, podendo refletir em parte o não acesso aos exames1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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.

Em relação ao sexo, as estimativas de diagnóstico autorreferido da PNS coincidem com os dados dos exames laboratoriais apresentados neste estudo, sendo mais frequentes em mulheres (15,1%) do que em homens (9,7%)1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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. Resultados semelhantes também foram encontrados na Vigitel, com prevalências mais elevadas entre mulheres (25,9%) que entre homens (18,8%)1919. Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [acessado em 5 dez. 2018]. 160 p. Disponível em: Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2016_fatores_risco.pdf
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.

O estudo encontrou prevalências mais elevadas entre mulheres, o que é bem documentado na literatura33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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,2020. Phan BAP, Toth PP. Dyslipidemia in women: etiology and management. Int J Womens Health 2014; 6: 185-94. http://dx.doi.org/10.2147/IJWH.S38133
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,2121. Edmunds E, Lip GYH. Cardiovascular risk in women: the cardiologist’s perspective. Q J Med 2000; 93(3): 135-45. https://doi.org/10.1093/qjmed/93.3.135
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. A alta prevalência das dislipidemias nas mulheres é descrita durante a menopausa2020. Phan BAP, Toth PP. Dyslipidemia in women: etiology and management. Int J Womens Health 2014; 6: 185-94. http://dx.doi.org/10.2147/IJWH.S38133
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, gravidez e uso da pílula anticoncepcional, corticosteroides e anabolizantes, provavelmente em razão da redução do estrogênio2121. Edmunds E, Lip GYH. Cardiovascular risk in women: the cardiologist’s perspective. Q J Med 2000; 93(3): 135-45. https://doi.org/10.1093/qjmed/93.3.135
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. A hipertrigliceridemia gestacional ocorre para suprir demandas aumentadas de energia da mãe, como precursor de hormônios para a placenta, e para fornecer colesterol e ácidos graxos essenciais ao feto33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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.

O presente estudo mostra que o CT e o LDL são mais altos com o avanço da idade, com ligeira queda na população de idosos acima de 60 anos. A redução do colesterol em idosos pode ser explicada pela redução do excesso de peso, pela melhoria dos hábitos alimentares ou por comorbidades que podem piorar a absorção de alimentos2222. Francisco PMSB, Segri NJ, Borim FSA, Malta DC. Prevalência simultânea de hipertensão e diabetes em idosos brasileiros: desigualdades individuais e contextuais. Ciênc Saúde Colet 2018; 23(11): 3829-40. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182311.29662016
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.

A Região Sul apresentou menor proporção de HDL alterados, sem diferença em relação às regiões para CT e LDL. Estudos da PNS com dados autorreferidos apontaram prevalências elevadas entre os moradores das macrorregiões Sul e Sudeste do país, o que poderia ser explicado em parte pelo maior acesso aos serviços de saúde e a oportunidades de diagnóstico nessas áreas1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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.

O estudo afirma que o colesterol alterado é menos frequente na população mais escolarizada, o que também foi encontrado em pesquisas com medidas autorreferidas1111. Lotufo PA, Santos RD, Sposito AC, Bertolami M, Rocha-Faria Neto J, Izar MC, et al. Prevalência de Diagnóstico Médico de Colesterol Alto Autorreferido na População Brasileira: Análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Arq Bras Cardiol 2017; 108(5): 411-6. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170055
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. Dadosdo Vigitel apontaram que o diagnóstico de colesterol alto foi mais frequente na população com baixa escolaridade, variando de 29 (zero a oito anos de estudo) para 19,4% (12 anos ou mais)1919. Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [acessado em 5 dez. 2018]. 160 p. Disponível em: Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2016_fatores_risco.pdf
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, podendo ser explicado pelo maior acesso a práticas de prevenção, promoção e assistência na população de maior escolaridade e renda2323. Stopa SR, Malta DC, Monteiro CN, Szwarcwald CL, Goldbaum M, Cesar CLG. Acesso e uso de serviços de saúde pela população brasileira, Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rev Saúde Pública 2017; 51(Supl. 1): 3s. http://dx.doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051000074
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.

Destaca-se ainda que metade da populaçao adulta tem CT/HDL maior que 4. Estudosepidemiológicos, entre eles o de Framingham, mostram que a razão CT/HDL é inversamente associada à incidência de doença aterosclerótica coronariana2424. Leança CC, Passarelli M, Nakandakare ER, Quintão ECR. HDL: o yin-yang da doença cardiovascular. Arq Bras Endocrinol Metab 2010; 54(9): 777-84. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302010000900002
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, contudo valores altos de prevalência da relação CT/HDL maior que 4 alertam para predição de eventos cardiovasculares2424. Leança CC, Passarelli M, Nakandakare ER, Quintão ECR. HDL: o yin-yang da doença cardiovascular. Arq Bras Endocrinol Metab 2010; 54(9): 777-84. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302010000900002
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. Essa relação, neste estudo, mostrou prevalência elevada e por isso a importância de monitorar os níveis de CT e frações como um meio de prevenir doenças cardiovasculares33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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. A redução em 10% no colesterol sérico em homens com 40 anos de idade foi pertinente à diminuição em 50% de doenças cardiovasculares em um período de cinco anos e em 20% em homens com 70 anos 2525. Kuwabara M, Motoki Y, Ichiura K, Fujii M, Inomata C, Sato H, et al. Association between toothbrushing and risk factors for cardiovascular disease: a large-scale, cross-sectional Japanese study. BMJ Open 2016; 6(1): e009870. http://doi.org/10.1136/bmjopen-2015-009870
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,2626. Law MR, Wald NJ, Thompson SG. By how much and how quickly does reduction in serum cholesterol concentration lower risk of ischaemic heart disease? BMJ 1994; 308(6925): 367-72. https://dx.doi.org/10.1136%2Fbmj.308.6925.367
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. Estudos posteriores mostraram diminuição significativa de mortalidade pelo uso de estatinas88. Nayor M, Vasan RS. Recent Update to the Cholesterol Treatment Guidelines: A Comparison With International Guidelines. Circulation 2016; 133(18): 1795-806. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.021407
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.

Investigações revelam que, além dos tratamentos instituídos com as estatinas, dieta e atividade física regular também podem contribuir com a redução do colesterol em idosos, bem como para todas as faixas etárias 33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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,99. Stone NJ, Robinson JG, Lichtenstein AH, Bairey Merz CN, Blum CB, Eckel RH, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2013 ACC/AHA guideline on the treatment of blood cholesterol to reduce atherosclerotic cardiovascular risk in adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014; 63(25): 2889-934. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2013.11.002
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. O exercício físico tem importante papel na prevenção e no controle de doença cardiovascular 33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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,2727. Silva RC, Diniz MFHS, Alvim S, Vidigal PG, Fedeli LMG, Barreto SM. Atividade Física e Perfil Lipídico no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Arq Bras Cardiol 2016; 107(1): 10-9. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160091
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.

Os dados coletados na PNS também ajudam na definição de valores de referência específicos para a população brasileira e podem influenciar novas definições de risco cardiovascular 33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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,88. Nayor M, Vasan RS. Recent Update to the Cholesterol Treatment Guidelines: A Comparison With International Guidelines. Circulation 2016; 133(18): 1795-806. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.021407
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, que deve ser estimado com base na análise conjunta de características que aumentam a chance de um indivíduo desenvolver o agravo, como idade, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, eventos cardiovasculares anteriores, entre outros99. Stone NJ, Robinson JG, Lichtenstein AH, Bairey Merz CN, Blum CB, Eckel RH, et al. American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. 2013 ACC/AHA guideline on the treatment of blood cholesterol to reduce atherosclerotic cardiovascular risk in adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol 2014; 63(25): 2889-934. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2013.11.002
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. Dessa forma, futuros estudos da PNS poderão apoiar a definição e priorização de populações com risco cardiovascular para prevenção, monitoramento e tratamento.

Entre as limitações do estudo, destacam-se as perdas na coleta laboratorial, entretanto o uso de pesos amostrais permite estimativas populacionais adequadas, e a generalização dos dados é relativamente segura para as projeções nacionais e das macrorregiões 1515. Zhang FL, Xing YQ, Wu YH, Liu HY, Luo Y, Sun MS, et al. The prevalence, awareness, treatment and control of dyslipidemia in northeast China: a population-based cross-sectional survey. Lipids Health Dis 2017; 16(1): 61. http://dx.doi.org/10.1186/s12944-017-0453-2
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,1616. Bayram F, Kocer D, Gundogan K, Kaya A, Demir O, Coskun R, et al. Prevalence of dyslipidemia and associated risk factores in Turkish adults. J Clin Lipidol. 2014; 8(2): 206-16. http://dx.doi.org/10.1016/j.jacl.2013.12.011
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. Ospontos de corte adotados foram definidos segundo protocolo33. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2 Supl. 1): 1-76. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170121
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e poderão variar conforme a revisão de consensos.

CONCLUSÃO

O estudo mostra pela primeira vez no Brasil, a prevalência de níveis séricos de CT, LDL e HDL alterados e aponta que cerca de um terço dos adultos apresentam alterações do colesterol. Esses resultados poderão orientar as ações de controle e prevenção, como alimentação saudável, atividade física e tratamento das doenças coronarianas, que representam a primeira causa de óbito no Brasil e no mundo, além do monitoramento de rotina e das medidas farmacológicas quando indicado.

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  • Fonte de financiamento: Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde (TED 147/2018).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Out 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    18 Dez 2018
  • Revisado
    28 Jan 2019
  • Aceito
    19 Fev 2019
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
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