Prevalência e fatores associados de cefaleia entre adolescentes: resultados de um estudo de base populacional

Mirna Namie Okamura Moisés Goldbaum Wilma Madeira Chester Luiz Galvão Cesar Sobre os autores

RESUMO:

Introdução:

A cefaleia é uma das queixas somáticas relacionadas a problemas de saúde mais comuns entre crianças e adolescentes. Objetivo: Estimar a prevalência de cefaleia em adolescentes da cidade de São Paulo, Brasil, e fatores associados.

Métodos:

Trata-se de estudo transversal de base populacional, realizado em 2015, com 539 adolescentes de ambos os sexos, entre 15 e 19 anos de idade. Coletaram-se as informações por inquérito domiciliar, e selecionaram-se os participantes com base em amostragem probabilística. Utilizaram-se na análise frequências, teste χ2 e análise de regressão logística. Adotou-se nível de significância de 5%.

Resultados:

A prevalência estimada de cefaleia é de 38,2% (intervalo de confiança - IC95% 33,8 - 42,7), de dor de cabeça simples 32,8% (IC95% 28,8 - 37,2) e de enxaqueca 7,8% (IC95% 5,6 - 10,7). Os fatores associados encontrados com cefaleia foram: ser do sexo feminino (razão de chances/odds ratio - OR = 2,2; IC95% 1,4 - 3,4), transtorno mental comum (TMC) (OR = 2,8; IC95% 1,7 - 4,9), problema de visão (OR = 2,6; IC95% 1,6 - 4,2), dor nas costas (OR = 2,2; IC95% 1,3 - 3,5), sinusite (OR = 2,0; IC95% 1,2 - 3,4) e ter escolaridade com ensino fundamental II incompleto (OR = 3,0; IC95% 1,6 - 5,6).

Conclusão:

A prevalência de cefaleia em adolescentes da cidade de São Paulo em 2015 representou mais de 1/3 (um terço) dessa população. Os principais fatores associados foram sexo, baixa escolaridade e as comorbidades TMC e problema de visão.

Palavras-chave:
Cefaleia; Transtornos de enxaqueca; Adolescentes; Epidemiologia; Inquéritos epidemiológicos; Estudos transversais

INTRODUÇÃO

A cefaleia é uma das queixas mais comuns entre crianças e adolescentes. Estudo de revisão sistemática estima que a prevalência seja de 58,4% em menores de 20 anos11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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. Em outro estudo, este sobre dor em adolescentes com 15 anos de idade, cerca de 30% deles referiram cefaleia, 30% dor nas costas e 20% dor no estômago22. Gobina I, Villberg J, Villerusa A, Välimaa R, Tynjälä J, Ottova-Jordan V, et al. Self-reported recurrent pain and medicine use behaviours among 15-year olds: Results from the international study. Eur J Pain 2015; 19(1): 77-84. http://doi.org/10.1002/ejp.524
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No Brasil, um estudo fez levantamento das prevalências de cefaleia. Encontraram-se apenas seis trabalhos, todos em adultos e nenhum na cidade de São Paulo, e a prevalência média de cefaleia foi de 70,6% e de enxaqueca 15,8%33. Queiroz LP, Silva Junior AA. The Prevalence and Impact of Headache in Brazil. Headache J Head Face Pain 2015; 55(S1): 32-8. http://doi.org/10.1111/head.12511
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.

Estudos têm mostrado associação de cefaleia em adolescentes com sexo11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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, idade11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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, ansiedade dos pais44. Williams R, Leone L, Faedda N, Natalucci G, Bellini B, Salvi E, et al. The role of attachment insecurity in the emergence of anxiety symptoms in children and adolescents with migraine: an empirical study. J Headache Pain 2017; 18. http://doi.org/10.1186/s10194-017-0769-3
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, transtornos de humor55. Orr SL, Potter BK, Ma J, Colman I. Migraine and Mental Health in a Population-Based Sample of Adolescents. Can J Neurol Sci 2017; 44(1): 44-50. http://doi.org/10.1017/cjn.2016.402
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e região de moradia11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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Como a cefaleia é um fenômeno subjetivo de dor, é difícil de diagnosticar e de tratar, sendo considerado como importante problema de saúde que pode levar à piora de qualidade de vida, diminuindo a capacidade para o trabalho, para o estudo e para o lazer66. World Health Organization. Atlas of headache disorders and resources in the world 2011. World Health Organization; 2011. 72 p.. No adolescente, isso ainda se reveste de variáveis que tornam o processo de adoecimento mais complexo, pois se somam as alterações hormonais a variadas adaptações sociais e mudanças em patamares de autonomia e responsabilidades crescentes, conforme se aproxima a idade adulta77. Brêtas JR da S. Vulnerabilidade e adolescência. Rev Soc Bras Enferm Ped 2010; 10(2): 89-96..

O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência e os fatores associados à cefaleia em adolescentes da cidade de São Paulo.

MÉTODO

Realizou-se estudo transversal de base populacional com base em dados do Inquérito de Saúde do Município de São Paulo de 2015 (ISA Capital 2015), com coleta realizada entre setembro de 2014 a dezembro de 2015 de população com domicílio em área urbana, representando 9.349.890 habitantes88. Alves MCGP, Escuder MML, Goldbaum M, Barros MB de A, Fisberg RM, Cesar CLG. Plano de amostragem em inquéritos de saúde, município de São Paulo, 2015. Rev Saúde Pública 2018; 52: 81. http://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000471
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.

Esse é um inquérito constituído de amostra composta de pessoas com idade de 12 anos e mais, sendo utilizada amostragem probabilística estratificada, com sorteio em dois estágios:

  • setores censitários;

  • domicílios88. Alves MCGP, Escuder MML, Goldbaum M, Barros MB de A, Fisberg RM, Cesar CLG. Plano de amostragem em inquéritos de saúde, município de São Paulo, 2015. Rev Saúde Pública 2018; 52: 81. http://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000471
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Os domínios do estudo constituíram-se das regiões e dos entrevistados nas faixas etárias de 12 a 19 anos, de 20 a 59 anos e de 60 anos ou mais. Para fins de inferência estatística, associou-se cada indivíduo da amostra a um peso amostral, composto de três componentes:

  • peso de delineamento, que leva em conta as frações de amostragem das duas etapas de sorteio;

  • ajuste de não resposta;

  • pós-estratificação, que ajusta a distribuição da amostra por sexo, faixa etária e região de residência, de acordo com a distribuição da população no município e conforme estimativa populacional88. Alves MCGP, Escuder MML, Goldbaum M, Barros MB de A, Fisberg RM, Cesar CLG. Plano de amostragem em inquéritos de saúde, município de São Paulo, 2015. Rev Saúde Pública 2018; 52: 81. http://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000471
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    .

Neste estudo, selecionaram-se 539 (97,3%) dos adolescentes com idades entre 15 e 19 anos, com as respostas sobre cefaleia.

Considerou-se como variável dependente a cefaleia, cuja mensuração se obteve por meio da resposta à questão: “O(a) senhor(a) costuma ter enxaqueca ou dor de cabeça?”. Para os entrevistados que responderam “sim” à questão, solicitou-se que definissem se sofriam de enxaqueca e/ou dor de cabeça.

Consideraram-se como variáveis independentes:

  • Variáveis sociodemográficas: sexo, idade, raça/cor e escolaridade;

  • Variáveis relacionadas a condições de saúde e estilo de vida: autopercepção de saúde99. César CLG, Carandina L, Alves MCGP, Barros MB de A, Goldbaum M. Saúde e condição de vida em São Paulo. São Paulo: FSP/USP; 2005., estado nutricional1010. São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Estado nutricional da população da cidade de São Paulo [Internet]. São Paulo: Prefeitura de São Paulo; 2018 [acessado em 3 nov. 2018]. Disponível em: Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/publicacoes/ISA_2015_EN.pdf
    http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/s...
    , tabagismo, consumo de álcool e uso de anticoncepcionais, apenas para as mulheres;

  • Variáveis relacionadas a doenças crônicas: consideradas e testadas todas as autorreferidas;

  • Variáveis relacionadas ao quadro emocional: selecionados aqueles que responderam “sim” a oito ou mais questões do Bloco E do ISA Capital 2015. Este é composto de questões do Self-Reporting Questionnaire 20 (SRQ-20), instrumento com 20 questões em que oito respostas afirmativas selecionam pessoas com transtorno mental comum (TMC), revalidado por Gonçalves et al.1111. Gonçalves DM, Stein AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self-Reporting Questionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo com o Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cad Saúde Pública 2008; 24(2): 380-90. http://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000200017
    https://doi.org/http://doi.org/10.1590/S...
    .

Realizou-se análise descritiva com proporções, intervalo de confiança de 95% (IC95%) e frequências. Empregou-se o teste χ2 para testar a diferença entre as proporções. Em seguida, selecionaram-se as variáveis que apresentaram p < 0,20 na análise bivariada para a análise de regressão logística múltipla, com odds ratio (OR) e IC95%. Destas, permaneceram no modelo as que tinham p < 0,05. O ajuste do modelo de regressão logística foi avaliado pelo teste de Hosmer-Lemeshow.

Em todas as analises, considerou-se o efeito do desenho amostral e as ponderações para análise de inquéritos baseados em delineamentos complexos do programa Stata 14 (StataCorp LP, College Station, Estados Unidos).

Todos os participantes ou respectivos responsáveis assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual se explicaram os objetivos da pesquisa e as informações que seriam solicitadas, sendo garantida a confidencialidade das informações obtidas. O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - Parecer nº 1.420.473.

RESULTADOS

As prevalências estimadas de adolescentes (15 a 19 anos) residentes na cidade de São Paulo foram 38,2% (IC95% 33,8 - 42,7) para cefaleia, 32,8% (IC95% 28,8 - 37,2) para dor de cabeça e 7,8% (IC95% 5,6 - 10,7) para enxaqueca.

Característica dos entrevistados: 50,9% eram do sexo masculino e 49,1% do sexo feminino, portanto com proporção semelhante. Além disso, 45% referiram cor da pele branca e 54,1% têm ensino fundamental II completo (Tabela 1).

Tabela 1.
Frequência e proporção das variáveis independentes dos adolescentes residentes na cidade de São Paulo, em 2015.

A prevalência estimada de cefaleia entre os adolescentes, por sexo, é: no feminino, de 49,8% (IC95% 43,6 - 55) e, no masculino, de 26,9% (IC95% 21,7 - 32,9). Para escolaridade com ensino fundamental II incompleto, apresentam prevalência de cefaleia 52,8% (IC95% 40,8 - 64,4%), isto é, mais da metade daqueles com essa escolaridade (Tabela 2).

Tabela 2.
Adolescentes com cefaleia: caracterização demográfica de residentes na cidade de São Paulo, em 2015.

Para o estado nutricional, a prevalência de cefaleia entre os obesos é de 53,7% (IC95% 37,8 - 69,0), enquanto com peso normal ou baixo peso a prevalência é de 34,8% (IC95% 30 - 39,4) (Tabela 3).

Tabela 3.
Adolescentes com cefaleia: estado nutricional, caracterização de hábitos de vida, situação de saúde e problemas de saúde de residentes na cidade de São Paulo, em 2015.

As prevalências de cefaleia com doenças crônicas autorreferidas são, para cada doença: sinusite 56,1% (IC95% 45,1 - 66,5), rinite 42,4% (IC95% 33,7 - 51,6), dor nas costas 57,8% (IC95% 48,6 - 66,5), problemas de visão 54,7% (IC95% 44,8 - 64,2) e TMC 68,4 % (IC95% 58,7 - 76,8) (Tabela 3).

Da análise univariada, selecionaram-se sexo e escolaridade (Tabela 2), estado nutricional, consumo de álcool, caracterização de situação de saúde, sinusite, dor nas costas, problema de visão e TMC (Tabela 3).

Na regressão logística univariada, as variáveis associadas às cefaleias foram: ser do sexo feminino, ter ensino fundamental II incompleto, ser obeso, ter TMC, problema de visão, dor nas costas e sinusite.

No modelo final obtido por regressão logística, observou-se que os adolescentes têm chance de ter cefaleia 1,2 vez maior quando do sexo feminino (OR = 2,2; IC95% 1,4 - 3,4); 1,8 vezes maior com TMC (OR = 2,8; IC95% 1,7 - 4,9); 1,6 vez maior quando refere problema de visão (OR = 2,6; IC95% 1,6 - 4,2 ); 1,2 vez maior quando refere dor nas costas (OR = 2,2; IC95% 1,3 - 3,5); uma vez maior quando refere sinusite (OR = 2; IC95% 1,2 - 3,4) e duas vezes maior quando a escolaridade é ensino fundamental II incompleto (OR = 3; IC95% 1,6 - 5,6) (Tabela 4).

Tabela 4.
Razão de chances (odds ratio - OR) bruta e ajustada de cefaleia em adolescentes residentes na cidade de São Paulo, em 2015.

Para verificar a capacidade preditiva do modelo de regressão logística, aplicou-se o teste de Hosmer-Lemeshow, que indicou 99,6% de chance de um adolescente apresentar cefaleia na presença desses fatores.

DISCUSSÃO

A prevalência estimada de cefaleia de 38,2% (IC95% 33,8 - 42,7) em adolescentes (15 a 19 anos) da cidade de São Paulo está abaixo da estimativa mundial. Abu-Arafeh et al.11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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, em revisão sistemática, apresentou a prevalência de cefaleia de crianças e adolescentes (de 0 a 20 anos) como de 58,4% (IC95% 58,1 - 58,8). Wöber-Bingöl1212. Wöber-Bingöl Ç. Epidemiology of Migraine and Headache in Children and Adolescents. Curr Pain Headache Rep 2013: 17. http://doi.org/10.1007/s11916-013-0341-z
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, também em revisão sistemática de 1990 a 2013 com quatro trabalhos do Brasil, estima a prevalência de 54,4 % (IC95% 43,1 - 65,8). Uma das razões para a cefaleia ter sido um pouco abaixo do esperado é que a questão do ISA Capital 2015 se referia ao costume de ter cefaleia, entendida como sintoma frequente. Em alguns estudos, entretanto, a questão foi diferente, mencionando cefaleia sem mais especificações ou não mencionando a pergunta exata1212. Wöber-Bingöl Ç. Epidemiology of Migraine and Headache in Children and Adolescents. Curr Pain Headache Rep 2013: 17. http://doi.org/10.1007/s11916-013-0341-z
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Wöber-Bingöl1212. Wöber-Bingöl Ç. Epidemiology of Migraine and Headache in Children and Adolescents. Curr Pain Headache Rep 2013: 17. http://doi.org/10.1007/s11916-013-0341-z
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estima a prevalência de enxaqueca de 9,1% (IC95% 7,1 - 11,1) para crianças e adolescentes. Neste estudo, encontramos a prevalência estimada de enxaqueca de 7,8% (IC95% 5,6 - 10,70). O resultado é semelhante à estimativa mundial, o que pode ter ocorrido dado que esse diagnóstico geralmente é médico.

Na revisão sistemática de Abu-Arafeh11. Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52(12): 1088-97. http://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2010.03793.x
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, as mulheres foram mais propensas a ter dor de cabeça (OR = 1,5, IC95% 1,4 - 1,6) do que os homens; essa chance aumentada também pode ser confirmada em outros estudos, realizados por diferentes pesquisadores e com outras faixas etárias1313. Lu S-R, Fuh J-L, Wang S-J, Juang K-D, Chen S-P, Liao Y-C, et al. Incidence and Risk Factors of Chronic Daily Headache in Young Adolescents: A School Cohort Study. Pediatrics 2013; 132(1): e9-e16. https://doi.org/10.1542/peds.2012-1909
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,1414. Finocchi C, Strada L. Sex-related differences in migraine. Neurol Sci 2014; 35: 207-13. http://doi.org/10.1007/s10072-014-1772-y
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,1515. Pavlovic JM, Akcali D, Bolay H, Bernstein C, Maleki N. Sex-related influences in migraine. J Neurosci Res 2017; 95(1-2): 587-93. http://doi.org/10.1002/jnr.23903
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. No presente estudo com adolescentes da cidade de São Paulo, em 2015, a prevalência estimada de cefaleia também se apresentou como mais elevada em mulheres em relação a homens (OR = 2,1; IC95% 1,4 - 3,2). Entre as várias deduções relativas a essa associação, chama a atenção na literatura o relato da relação com os hormônios sexuais femininos, que parecem ser um dos principais elementos que explicam as diferenças na cefaleia entre os sexos1414. Finocchi C, Strada L. Sex-related differences in migraine. Neurol Sci 2014; 35: 207-13. http://doi.org/10.1007/s10072-014-1772-y
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,1515. Pavlovic JM, Akcali D, Bolay H, Bernstein C, Maleki N. Sex-related influences in migraine. J Neurosci Res 2017; 95(1-2): 587-93. http://doi.org/10.1002/jnr.23903
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.

Apesar de existirem diversos estudos que abordam a cefaleia em estudantes, não se identificaram trabalhos em que a escolaridade é fator associado. Em estudo de Barros et al.1616. Barros MB de A, Francisco PMSB, Zanchetta LM, César CLG. Tendências das desigualdades sociais e demográficas na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD: 2003- 2008. Ciên Saúde Coletiva 2011; 16(9): 3755-68. http://doi.org/10.1590/S1413-81232011001000012
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, encontrou-se, em adultos, maior prevalência de doenças crônicas naqueles com menos escolaridade. Nesta pesquisa, a prevalência estimada de cefaleia em adolescentes da cidade de São Paulo com ensino fundamental II incompleto foi de 52,8% (IC95% 40,8 - 64,4), o que pode indicar relação com os fatores de vulnerabilidade e exclusão social.

A relação entre cefaleia e dor nas costas foi identificada em estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de outros66. World Health Organization. Atlas of headache disorders and resources in the world 2011. World Health Organization; 2011. 72 p.,1717. Iguti AM, Bastos TF, Barros MB de A. Dor nas costas em população adulta: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo. Cad Saúde Pública 2015; 31(12): 2546-58. http://doi.org/10.1590/0102-311X00178114
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,1818. Ashina S, Lipton RB, Bendtsen L, Hajiyeva N, Buse DC, Lynberg AC, et al. Increased pain sensitivity in migraine and tension-type headache coexistent with low back pain: A cross-sectional population study. Eur J Pain (United Kingdom) 2018; 22(5): 904-14. http://doi.org/10.1002/ejp.1176
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. Essa associação ainda é pouco compreendida, estando principalmente relacionada ao estresse e a problemas musculoesqueléticos, principalmente na região cervical. Ashina et al.1818. Ashina S, Lipton RB, Bendtsen L, Hajiyeva N, Buse DC, Lynberg AC, et al. Increased pain sensitivity in migraine and tension-type headache coexistent with low back pain: A cross-sectional population study. Eur J Pain (United Kingdom) 2018; 22(5): 904-14. http://doi.org/10.1002/ejp.1176
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indicam que a relação entre dor nas costas e cefaleia foi OR = 2,1, resultado igual ao encontrado neste estudo.

Jain et al.1919. Jain SA, Das S, Subashini M, Mahadevan K. Determination of the proportion of refractive errors in patients with primary complaint of headache and the significance of refractive error correction in symptoms relief. Indian J Clin Exp Ophthalmol 2018; 4(2): 258-62. http://doi.org/10.18231/2395-1451.2018.0057
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não identificaram associação entre correção de refração nos óculos e diminuição de cefaleia. Outro estudo demostrou que esta está mais associada ao uso de aparelhos eletrônicos, como computadores e celulares, do que a vícios de refração2020. Saueressig IB, Xavier MKA, Oliveira VMA, Pitangui ACR, Araújo RC de. Primary headaches among adolescents and their association with excessive computer use. Rev Dor 2015; 16(4): 244-8. http://doi.org/10.5935/1806-0013.20150049
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. Neste estudo, identificou-se associação entre problemas de visão e cefaleia, com OR = 2,6 (IC95% 1,5 -3,9).

A identificação isolada de fatores de TMC, como depressão2121. Breslau N, Davis GC, Schultz LR, Paterson EL. Migraine and Major Depression: A Longitudinal Study. Headache [Internet] 1994 [acessado em 10 dez. 2017]; 34: 387-93. Disponível em: Disponível em: https://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/handle/2027.42/72886/j.1526-4610.1994.hed3407387.x.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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,2222. Zebenholzer K, Lechner A, Broessner G, Lampl C, Luthringshausen G, Wuschitz A, et al. Impact of depression and anxiety on burden and management of episodic and chronic headaches - a cross-sectional multicentre study in eight Austrian headache centres. J Headache Pain 2016; 17: 1-10. http://doi.org/10.1186/s10194-016-0603-3
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, insônia2323. Lebedeva ER, Kobzeva NR, Gilev DV, Kislyak NV, Olesen J. Psychosocial factors associated with migraine and tension-type headache in medical students. Cephalalgia 2016; 37(13): 1264-71. http://doi.org/10.1177/0333102416678389
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e ansiedade2424. Baptista T, Uzcátegui E, Arapé Y, Serrano A, Mazzarella X, Quiroz S, et al. Migraine life-time prevalence in mental disorders: concurrent comparisons with first-degree relatives and the general population. Invest Clin 2012; 53(1): 38-51. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22524107
https://doi.org/http://www.ncbi.nlm.nih....
, é frequente em estudos em que eles estão associados à cefaleia. No presente estudo, utilizamos o questionário SRQ-20, que qualifica o sofrimento psíquico. A associação entre suspeita de TMC e cefaleia em nosso estudo foi significativa, com OR = 4,3 (IC95% 2,7 - 7,0).

Entre as limitações deste estudo, podemos citar o viés da memória, pois, quando questionados, os entrevistados podem ter esquecido de mencionar algum evento. Pode haver potencial de viés de aferição, sendo possível a classificação errônea referente a um indivíduo, um valor ou um atributo em categoria diferente daquela à qual ele deveria ser atribuído. Nos sorteios de domicílios, não estão abrangidas a população residente em setores censitários localizados em área rural, a população em situação de rua e a população institucionalizada. A escolha de estimativas pontuais para as associações significativas nas análises simples e múltipla pode mostrar superestimação da razão de chances em comparação com as razões de prevalências, mas reconhece-se que ambas as medidas de associação podem ser utilizadas2525. Francisco PMSB, Donalisio MR, Barros MB de A, Cesar CLG, Carandina L, Goldbaum M. Medidas de associação em estudo transversal com delineamento complexo: razão de chances e razão de prevalência. Rev Bras Epidemiol [Internet] 2008 [acessado em 21 jun. 2019]; 11(3): 347-55. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n3/01.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n3/01...
.

Seis fatores (ser do sexo feminino, ter TMC, dor nas costas, problema de visão e sinusite e ter ensino fundamental II incompleto) associados a cefaleias permitem utilizá-los como preditivos desse agravo. A chance de 99,5% de um adolescente apresentar cefaleia na vigência desses fatores pode apoiar decisões clínicas e o controle dos casos, principalmente na atenção básica.

É importante destacar que doenças detectadas e mal manejadas no período de adolescência têm grande potencial de agravamento na vida adulta.

CONCLUSÃO

A prevalência de cefaleia em adolescentes da cidade de São Paulo em 2015 foi de 38,2%, representando mais de 1/3 (um terço) dessa população. Os fatores associados foram ser do sexo feminino, ter baixa escolaridade, ter TMC, problemas de visão, dor nas costas e sinusite. Entender a cefaleia como problema de saúde pública nos obriga a pensar em formas de compreender as origens, os fatores associados e as estratégias de enfrentamento, que podem influenciar novas maneiras de priorizar e organizar a atenção à saúde.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos coordenadores e entrevistadores da pesquisa, que se empenharam em fazer um trabalho de qualidade; aos entrevistados, que se propuseram a colaborar com a pesquisa; e a Maria Cecilia Goi Porto Alves, que foi responsável por toda a estatística do projeto.

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  • Fonte de financiamento: Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (Processo 0.235.936-0, de 2013).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    26 Fev 2019
  • Revisado
    24 Abr 2019
  • Aceito
    25 Jul 2019
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