Desigualdades sociodemográficas na incidência de COVID-19 em coorte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Brasil, 2020

Italo Wesley Oliveira Aguiar Elzo Pereira Pinto Junior Carl Kendall Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr Sobre os autores

RESUMO

Objetivo:

Verificar a associação entre fatores sociodemográficos e o tempo até a ocorrência de novos casos de COVID-19 e de testes positivos para Sars-CoV-2 no Brasil, durante o período de maio a novembro de 2020, com base em uma coorte dos brasileiros participantes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID-19.

Métodos:

Foi constituída uma coorte concorrente e fechada utilizando dados mensais da Pnad COVID-19, realizada por inquérito telefônico. Um caso novo foi definido com base no relato da ocorrência de um quadro de síndrome gripal, associado à perda de olfato ou paladar; e a positividade foi definida com base no relato de um teste positivo, entre os que referiram ter sido testados. Foram aplicados modelos de regressão de Cox para verificar associações, considerando a ponderação amostral, calibrada para a distribuição etária, de sexos e de escolaridade.

Resultados:

A incidência acumulada de casos na coorte fixa geral foi de 2,4%, enquanto a de testes positivos na coorte fixa testada foi de 27,1%. Verificou-se maiores riscos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, entre mulheres, residentes em áreas urbanas, pessoas com escolaridade até o ensino médio, com a cor da pele declarada como preta e trabalhadores da área da saúde. Indivíduos com menor escolaridade e profissionais de saúde apresentaram maior frequência de novos testes positivos. Novos testes positivos ocorreram com maior frequência em indivíduos com menor escolaridade e trabalhadores da área da saúde.

Conclusão:

Foram observados riscos desiguais entre os estratos populacionais comparados. Destaca-se a importância da realização de inquéritos nacionais prospectivos na investigação de iniquidades em saúde.

Palavras-chave:
Fatores sociodemográficos; COVID-19; Inquéritos populacionais; Estudo de coorte; Análise de sobrevivência

INTRODUÇÃO

O acompanhamento dos indicadores sociodemográficos e sanitários de uma nação é essencial para monitorar as desigualdades sociais e analisar em que medida o Estado está cumprindo o seu papel de proteger direitos e interesses da população. Entre as pesquisas destinadas a fornecer informações sobre a população brasileira, destaca-se a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)11 Freitas MPS, Antonaci GA. Sistema integrado de pesquisas domiciliares: amostra mestra 2010 e amostra da PNAD contínua. Rio de Janeiro: IBGE; 2014..

No ano de 2020, durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19, a situação socioeconômica da população brasileira foi subitamente abalada, reforçando a necessidade de compreender o impacto sofrido na distribuição de renda e na estrutura social. Naquele ano, o IBGE utilizou a metodologia da Pnad Contínua para desenvolver a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID-19 (Pnad COVID-19), com o objetivo adicional de estimar o número de pessoas com sintomas referidos associados à síndrome gripal22 Brasil. Ministério da Economia. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD COVID19. Maio/2020: resultados mensal. Rio de Janeiro: IBGE; 2020., acrescentando um importante componente à vigilância em saúde33 Penna GO, Silva JAA, Cerbino Neto J, Temporão JG, Pinto LF. PNAD COVID-19: um novo e poderoso instrumento para Vigilância em Saúde no Brasil. Ciên Saúde Coletiva 2020; 25(9): 3567-71. https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.24002020
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Os resultados da Pnad COVID-19 foram divulgados em edições mensais no período de maio a novembro de 202044 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD COVID 19: coleta vai até dezembro de 2020, com resultados referentes a novembro de 2020 [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://www.ibge.gov.br/novo-portal-destaques/29196-pnad-covid-19-coleta-vai-ate-dezembro-de-2020-com-resultados-referentes-a-novembro-de-2020.html
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, caracterizando-a como uma série de inquéritos transversais. No entanto uma das características mais notáveis desta pesquisa é a sua amostra fixa, na qual os domicílios entrevistados no primeiro mês de coleta de dados permanecem na amostra nos meses subsequentes22 Brasil. Ministério da Economia. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD COVID19. Maio/2020: resultados mensal. Rio de Janeiro: IBGE; 2020.. A aplicação de técnicas de vinculação dos registros dos dados individualizados da Pnad COVID-19 permite aumentar a capacidade dos dados obtidos nos estudos transversais, ao serem transformados em um estudo de coorte prospectivo de abrangência nacional11 Freitas MPS, Antonaci GA. Sistema integrado de pesquisas domiciliares: amostra mestra 2010 e amostra da PNAD contínua. Rio de Janeiro: IBGE; 2014..

No contexto global, a aplicação de estudos de coorte detém grande importância para a geração de conhecimento sobre a pandemia. No Reino Unido, por exemplo, em um estudo de coorte de residentes de todo o país, constatou-se maior risco para infecções em pessoas do sexo masculino e com menor nível de escolaridade55 Chadeau-Hyam M, Bodinier B, Elliott J, Whitaker MD, Tzoulaki I, Vermeulen R, et al. Risk factors for positive and negative COVID-19 tests: a cautious and in-depth analysis of UK biobank data. Int J Epidemiol 2020; 49(5): 1454-67. https://doi.org/10.1093/ije/dyaa134
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. Na Dinamarca, uma coorte ocupacional nacional possibilitou a constatação de maior risco nas ocupações da área da saúde66 Bonde JPE, Begtrup LM, Jensen JH, Flachs EM, Schlünssen V, Kolstad HA, et al. Occupational risk of SARS-CoV-2 infection: a nationwide register-based study of the Danish workforce during the COVID-19 pandemic, 2020–2021. Occup Environ Med 2023; 80(4): 202-8. https://doi.org/10.1136/oemed-2022-108713
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.

No território brasileiro, informações dados sobre a situação epidemiológica da COVID-19 foram obtidos por meio de inquéritos sorológicos transversais77 Horta BL, Silveira MF, Barros AJD, Hartwig FP, Dias MS, Menezes AMB, et al. COVID-19 and outpatient care: a nationwide household survey. Cad Saude Publica 2022; 38(4): e00194121. https://doi.org/10.1590/0102-311X00194121
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, estudos ecológicos com base em dados oriundos de sistemas de informação em saúde88 Romano PH, Hillesheim D, Hallal ALC, Menegon FA, Menegon LS. COVID-19 in health workers: an ecological study from Sinan data, 2020-2021. Texto & Contexto Enferm 2023; 32: e20220325. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0325en
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e por inquéritos baseados pela internet99 Boni RB. Websurveys nos tempos de COVID-19. Cad Saúde Pública 2020; 36(7): e00155820. https://doi.org/10.1590/0102-311X00155820
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. Apesar da relevância desses desenhos, há carência de uma investigação nacional que considere a temporalidade entre exposição e desfecho do ponto de vista individual e prospectivo, que não tenha sido realizado exclusivamente com indivíduos que buscaram o serviço de saúde nem com dados oriundos de questionários virtuais.

Este trabalho tem como objetivo verificar a associação entre fatores sociodemográficos e o tempo até a ocorrência de novos casos de COVID-19 e de testes positivos para Sars-CoV-2 no Brasil, durante o período de maio a novembro de 2020, com base em uma coorte dos brasileiros participantes da Pnad COVID-19.

MÉTODOS

Desenho do estudo

Foi construída uma coorte concorrente, fechada, de participação passiva, utilizando informações sociodemográficas e clínico-epidemiológicas. Os dados referiram-se a todo o Brasil, entre maio e novembro de 2020, e foram oriundos da série de inquéritos telefônicos de base populacional que constituiu a Pnad COVID-19. As entrevistas foram realizadas em uma amostra fixa de domicílios, o que permitiu uma ligação dos registros mediante a identificação de variáveis-chave que distinguem os participantes de cada edição22 Brasil. Ministério da Economia. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD COVID19. Maio/2020: resultados mensal. Rio de Janeiro: IBGE; 2020..

Contexto

A abrangência territorial desta pesquisa referiu-se a todo o território nacional, com entrevistas mensais realizadas entre maio e dezembro de 2020, referindo-se ao período de sete meses subsequentes aos dois a três meses após o início da pandemia de COVID-19 no Brasil. Foram excluídos da área de abrangência os territórios compreendidos por aldeias indígenas, quartéis, bases militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, barcos, navios, penitenciárias, colônias penais, presídios, cadeias, asilos, orfanatos, conventos, hospitais e agrovilas de projetos de assentamentos rurais, além dos setores censitários localizados em terras indígenas1010 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD COVID19 – Plano amostral e ponderação [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101726.pdf
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.

Participantes

A população-alvo envolveu as pessoas que residem em domicílios particulares permanentes na área de abrangência da pesquisa. A coleta de dados da Pnad COVID-19 teve início em 4 de maio de 2020, com entrevistas realizadas por telefone em cerca de 48 mil domicílios por semana, totalizando aproximadamente 193 mil domicílios por mês em todo o território nacional22 Brasil. Ministério da Economia. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD COVID19. Maio/2020: resultados mensal. Rio de Janeiro: IBGE; 2020..

A amostra fixa da série de inquéritos foi baseada na amostra da Pnad Contínua do 1o trimestre de 2019, que contou com cerca de 211 mil domicílios. Empregou-se a técnica de amostragem por conglomerados em dois estágios de seleção, com estratificação das unidades primárias de amostragem (UPAs). No primeiro estágio, UPAs foram selecionadas com probabilidade proporcional ao número de domicílios em cada estrato definido. No segundo estágio, foram selecionados 14 domicílios particulares permanentes ocupados em cada UPA da amostra, por amostragem aleatória simples do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe)11 Freitas MPS, Antonaci GA. Sistema integrado de pesquisas domiciliares: amostra mestra 2010 e amostra da PNAD contínua. Rio de Janeiro: IBGE; 2014.. A adaptação da Pnad Contínua para um inquérito telefônico demandou do IBGE a realização de um pareamento entre bases de dados de operadoras de telefone e de registros administrativos para obter números de telefone, fixos ou móveis, dos indivíduos que foram pesquisados no 1o trimestre de 2019, o qual resultou em um pareamento de 92% da amostra desejada1111 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Relatório IBGE – Pareamento de dados PNAD COVID19 [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101725.pdf
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.

Com base nos registros individuais, foram estabelecidos critérios de inclusão para a constituição de três coortes deste estudo: uma coorte dinâmica geral e duas coortes fixas derivadas dela, sendo uma geral e outra testada (Figura 1). A coorte dinâmica geral foi composta por quaisquer participantes ligados entre os meses da pesquisa, independentemente da quantidade de registros. A coorte fixa geral foi formada por uma subcoorte da coorte dinâmica geral, abrangendo somente os indivíduos registrados em todas as entrevistas. A coorte fixa testada foi composta somente pelos indivíduos da coorte fixa geral que tinham sido testados em todas as ocasiões.

Figura 1
Seleção da amostra e constituição das coortes dinâmica geral, fixa geral e fixa testada, derivadas das edições da Pnad COVID-19. Brasil, maio-novembro/2020.

O preenchimento insuficiente das informações sobre dia, mês e ano de nascimento foram considerados critérios de exclusão para todas as coortes, uma vez que essas variáveis eram parte da chave utilizada para ligar os registros coletados em diferentes momentos. O percentual das entrevistas excluídas por esse critério foi equivalente a 5,3% de todos os registros realizados entre maio e novembro de 2020.

Variáveis

As entrevistas foram estruturadas segundo o questionário oficial da Pnad COVID-191212 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD COVID19 – questionário de novembro [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc5601.pdf
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, o qual foi dividido em duas partes: uma voltada para questões de saúde, especificamente sobre sintomas associados à síndrome gripal e testagem para o Sars-CoV-2 autorreferidos; e outra abordando questões de trabalho.

As variáveis utilizadas neste estudo foram categorizadas de acordo com sua finalidade, sendo consideradas como: variáveis constituintes da chave de ligação dos registros e variáveis descritivas da amostra. A chave de ligação dos registros é um conjunto de variáveis empregado para identificar um mesmo indivíduo ao longo das edições da Pnad COVID-19. Esta combinação foi consultada no trabalho de Teixeira Júnior et al.1313 Teixeira Júnior AE, Rosseti ES, Almeida PA, Silva DBN. Pesos longitudinais para a pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua (PNAD contínua) [Internet]. 2019 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho/191101_bmt_67_nt_pesos_longitudinais.pdf
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, que realizou a ligação entre os trimestres da Pnad Contínua entre 2017 e 2018, e no estudo de Monteiro1414 Monteiro GP. É possível gerar estimativas conjunturais a partir de dados longitudinais extraídos da Pnad Contínua? Revista Ciências do Trabalho 2019; 16: 1-15., que tratou dos trimestres de 2012 a 2017. As variáveis estão listadas a seguir:

  1. Unidade primária de amostragem (upa) – Identificação do conjunto de setores censitários que, quando agregado, representa unidades de área com um tamanho mínimo para a pesquisa. Cada UPA está circunscrita ao seu município de referência, não excedendo os limites territoriais municipais.

  2. Número de seleção do domicílio (v1008) – Identificação de um dos 14 domicílios que foram selecionados aleatoriamente em cada unidade primária de amostragem. Categorias: Números de 1 a 14.

  3. Condição do morador no domicílio (a001a) – Os moradores do domicílio foram listados, e o entrevistador assinalou o responsável pelo domicílio. Em seguida, foi questionada a relação dos moradores com o responsável pelo domicílio. Categorias: Pessoa responsável pelo domicílio (1); Cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (2); Cônjuge ou companheiro(a) do mesmo sexo (3); Filho(a) do responsável e do cônjuge (4); Filho(a) somente do responsável (5); Filho(a) somente do cônjuge (6); Genro ou nora (7); Pai, mãe, padrasto ou madrasta (8); Sogro(a) (9); Neto(a) (10); Bisneto(a) (11); Irmão ou irmã (12); Avô ou avó (13); Outro parente (14); Agregado(a) – Não parente que não compartilha despesas (15); Convivente – Não parente que compartilha despesas (16); Pensionista (17); Empregado(a) doméstico(a) (18); Parente do(a) empregado(a) doméstico(a) (19).

  4. Número de ordem do morador (a001) – Após a definição da relação de cada morador com o responsável pelo domicílio, o sistema de entrevistas do IBGE atribuiu um número de ordem sequencial para cada indivíduo. Categorias: Números de 1 a 30.

  5. Sexo (a003) – Categorias: Homem (1); Mulher (2).

  6. Dia, mês e ano de nascimento (a001b1, a001b2, a001b3) – Categorias: Números de 1 a 31 para o dia, de 1 a 12 para o mês e de 1890 a 2020 para o ano.

A justaposição dessas variáveis formou a chave individual única para cada participante. Exemplificando em uma situação hipotética: uma pessoa localizada no setor censitário compreendido pela UPA de identificação "230022987", no domicílio sorteado de número "6", com número de ordem "5", sendo filho do casal ("4"), do sexo masculino ("1") e que nasceu dia 11 ("11") de maio ("5") de 1995 ("1995") receberia o valor de chave exclusivo "23002298765411151995", o qual permaneceu igual para esse indivíduo em todas as edições da Pnad COVID-19.

Além das variáveis utilizadas na chave de identificação, algumas variáveis foram selecionadas para descrever a amostra com base no conjunto completo de variáveis da Pnad COVID-191212 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD COVID19 – questionário de novembro [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc5601.pdf
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. A seguir, essas variáveis estão listadas, com suas categorias:

  1. Região (Centro-Oeste; Nordeste; Norte; Sudeste; Sul).

  2. Faixa etária, em anos completos (0–9; 10–19; 20–29; 30–39; 40–49; 50–59; 60–69; 70–79; ≥80). Observação: essa variável foi renomeada e recategorizada exclusivamente para a construção dos gráficos, passando a ser denominada "Fase da vida" (Criança, 0-9 anos; Adolescente, 10-19 anos; Adulto jovem, 20-39 anos; Meia-idade, 40-59 anos; Idoso, 60 anos ou mais);

  3. Sexo (Feminino; Masculino).

  4. Raça ou cor da pele (Branca; Preta; Amarela; Parda; Indígena; Não declarado).

  5. Área de residência (Urbana; Rural).

  6. Escolaridade das pessoas com 25 anos ou mais (Ensino fundamental incompleto ou menos; Ensino fundamental completo; Ensino médio completo; Ensino superior completo ou mais; Não se aplica);

  7. Trabalho das pessoas com 14 anos ou mais (Saúde; Transporte; Alimentação; Outras profissões de nível superior; Comércio; Indústria; Agropecuária; Outros serviços; Não declarada; Não aplicável).

  8. Caso de COVID-19 autorreferido na semana anterior (Sim; Não). Foi o desfecho investigado na coorte fixa geral, inspirado no critério de definição de caso clínico confirmado do Ministério da Saúde do Brasil1515 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica: emergência de saúde pública de importância nacional pela doença pelo coronavírus 2019 – COVID-19. Brasília: Ministério da Saúde; 2021.. Considerou-se "sim" indivíduos com início agudo de perda de olfato ou paladar, em conjunto um quadro de síndrome gripal, definido como pelo menos dois dos seguintes sinais ou sintomas: dor de cabeça, coriza, tosse, dor de garganta, febre, perda de olfato ou paladar e sintomas gastrointestinais;

  9. Positividade para Sars-CoV-2 autorreferida (Sim; Não). Foi considerada o desfecho para a coorte fixa testada, derivada das respostas para o questionamento sobre a realização, o tipo e o resultado de algum teste para positividade para Sars-CoV-2 (swab oral ou nasal; punção digital; ou punção venosa).

Viés

As coortes foram formadas por indivíduos residentes em domicílios particulares permanentes que responderam a todas as entrevistas, realizadas por telefone. Assim, é importante considerar a possibilidade dos perfis etários1616 Wagner M, Kuppler M, Rietz C, Kaspar R. Non-response in surveys of very old people. Eur J Ageing 2018; 16(2): 249-58. https://doi.org/10.1007/s10433-018-0488-x
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e de gênero1717 Alba S, Wong F, Bråten Y. Gender matters in household surveys. Significance 2019; 16(6): 38-41. https://doi.org/10.1111/j.1740-9713.2019.01340.x
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divergirem em sua disponibilidade para a resposta de questionários em horário comercial, bem como deve-se cogitar que o perfil de escolaridade ocasione diferenças entre os mais propensos a participar de pesquisas1818 Spitzer S. Biases in health expectancies due to educational differences in survey participation of older Europeans: it's worth weighting for. Eur J Health Econ 2020; 21(4): 573-605. https://doi.org/10.1007/s10198-019-01152-0
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e os possuidores de números de telefone ativos1919 Elkasabi MA. Weighting procedures for dual frame telephone surveys: a case study in Egypt. Surv Methods Insights Field 2015. https://doi.org/10.13094/SMIF-2015-00005
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. Para reduzir estes vieses em potencial, a amostra foi submetida a técnicas de ponderação e de pós-estratificação, as quais são descritas a seguir.

Análise estatística

Os microdados das edições da Pnad COVID-19 de maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro foram acessados por meio do endereço eletrônico do IBGE2020 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domicílios – PNAD COVID19 [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/27946-divulgacao-semanal-pnadcovid1.html?=&t=o-que-e
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, em junho de 2023.

Após a seleção da coorte fixa geral, os pesos amostrais originais foram ajustados para essa subamostra, visando dar conta de discrepâncias entre a coorte e a população. Para tanto, distribuições populacionais segundo faixa etária, sexo e escolaridade foram estimadas para o mês de maio de 2020, com base em contagens ponderadas da Pnad. Essas distribuições foram utilizadas no processo de pós-estratificação dos pesos amostrais, de acordo com o método ajuste proporcional iterativo, ou raking2121 Valliant R, Dever JA. Survey weights a step-by-step guide to calculation. College Station: Stata Press; 2018.. Após o ajuste da ponderação, a coorte fixa geral passou a representar melhor a distribuição de faixa etária, sexo e escolaridade da população brasileira, e a coorte fixa testada passou a se referir à subpopulação brasileira que realizou testagem com frequência mensal entre julho e novembro de 2020.

Na análise descritiva, foram descritas a frequência absoluta, a frequência relativa ponderada e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). As prevalências de sintomas e as proporções de testes positivos foram apresentadas em gráficos de barras. A densidade de incidência resultou da divisão entre o número estimado de primeiros eventos e a quantidade de meses contribuídos pelos indivíduos de cada grupo (mês-pessoa), multiplicada por mil.

A significância estatística da associação com o tempo até a primeira ocorrência de novos casos de COVID-19 e de novos testes positivos para Sars-CoV-2 foi avaliada em modelo de regressão de Cox, utilizando o método de Breslow para lidar com empates. O pressuposto de taxas de risco (hazards) proporcionais foi verificado por análise gráfica, na qual a probabilidade acumulada da ocorrência dos eventos foi estimada com base na estatística não paramétrica de Kaplan-Meier ponderada.

O nível de significância alfa foi estabelecido em 5% (p<0,05). Todos os dados foram processados, armazenados e analisados por meio do software estatístico Stata/MP versão 17, incluindo o pareamento, a ponderação e a pós-estratificação da amostra. O módulo survey foi utilizado para levar em consideração o desenho amostral complexo do inquérito.

Aspectos éticos

Neste estudo, foram utilizados exclusivamente dados de acesso público, sem identificação individual dos participantes. As informações fornecidas foram tratadas com caráter sigiloso desde sua origem e foram empregadas exclusivamente para fins estatísticos.

RESULTADOS

A "coorte fixa geral" foi constituída pelos 199.999 indivíduos que possuíam registros em todas as entrevistas realizadas (n=199.999). A "coorte fixa testada" foi composta de uma subpopulação dos 7.832 indivíduos da coorte fixa geral (n=7.832) que realizaram testes mensais entre julho e novembro (Figura 1).

A frequência de ocupações da área da saúde divergiu entre as coortes, sendo maior na coorte fixa testada (11,8%) quando comparada à proporção da coorte fixa geral (1,8%) (Tabela 1). A proporção de ensino superior completo na coorte fixa testada (31,2%) foi maior que a proporção desse nível de escolaridade na coorte fixa geral (12,7%), e a maior diferença de idade ocorreu na faixa entre 30 e 39 anos na coorte fixa testada (27,7%), quando comparada à proporção nessa faixa etária na coorte fixa geral (16,2%).

Tabela 1
Caracterização sociodemográfica das linhas de base da coorte fixa geral (n=199.999) e da coorte fixa testada (n=7.832). Brasil, maio/2020.

A prevalência dos sinais e sintomas relacionadas à COVID-19 reduz ao longo dos meses de referência (Figura 2). O sintoma mais frequente é representado pela dor de cabeça, e sua prevalência decaiu entre maio (5,0%) e novembro (1,6%) de 2020. Na coorte fixa testada, as proporções de testes positivos coletados através de swab nasal aumentaram entre julho (28,3%) e novembro (30,9%). As proporções de testes positivos coletados por punção venosa cresceram entre julho (16,0%) e novembro (18,3%); e a proporção de testes positivos coletados por punção digital apresentou um incremento no período entre julho (47,8%) e novembro (47,2%).

Figura 2
Prevalências de sintomas e probabilidade acumulada de incidência de casos de COVID-19 na coorte fixa geral e proporção de positividade para Sars-CoV-2 e probabilidade acumulada de incidência de teste positivos na coorte fixa testada, de acordo com o mês de referência. Brasil, 2020.

Com base na função de probabilidade acumulada da ocorrência de falhas (Figura 2), verifica-se que, durante um período de seis meses de seguimento, os novos casos aparentes de COVID-19 ocorreram em 2,4% dos indivíduos que não apresentaram previamente a combinação de sintomas, na coorte fixa geral. Na coorte fixa testada, a probabilidade acumulada de incidência de testes positivos foi equivalente a 27,1% dos indivíduos sem resultados positivos anteriores.

Todas as variáveis estudadas foram levadas em consideração nos modelos ajustados, no intuito de isolar a magnitude da associação entre as exposições e os desfechos de variáveis potencialmente confundidoras (Tabela 2). Diante disso, constata-se que o grupo de brasileiros cujo maior grau de escolaridade foi representado pelo ensino fundamental completo teve um risco 22% maior de ser considerando um caso sintomático de COVID-19, quando comparado ao grupo composto pelos brasileiros com ensino superior completo, entre maio e novembro de 2020, independentemente do momento e da região de residência, da faixa etária, do sexo, da área de moradia e do trabalho (HR=1,22, IC95% 1,03–1,44). Entre os indivíduos com frequência de testagem mensal, verifica-se que os profissionais da saúde tiveram um risco 77% maior de apresentarem testes positivos quando comparados aos trabalhadores do comércio (HR=1,77, IC95% 1,19–2,64).

Tabela 2
Contagem estimada de eventos, densidade de incidência e taxa de risco da ocorrência de casos de COVID-19 na coorte fixa geral e de testes positivos de Sars-CoV-2 na coorte fixa testada, segundo aspectos sociodemográficos. Brasil, 2020.

DISCUSSÃO

As coortes fixa geral e fixa testada diferiram em relação ao nível educacional, a faixa etária e a categoria de ocupação, indicando que o acesso frequente à testagem foi desigual entre os estratos populacionais. A taxa de incidência de casos sintomáticos divergiu entre categorias de região geográfica, sexo, fase da vida, área de moradia, raça ou cor da pele e escolaridade, enquanto a detecção viral divergiu segundo o trabalho, a escolaridade e a faixa etária.

Como limitações deste estudo, cita-se o percentual de domicílios na amostra da Pnad que não dispunha de telefone, a proporção de entrevistas que não foram pareadas devido ao preenchimento insuficiente das informações sobre dia, mês e ano de nascimento e o fato das informações sobre os testes para COVID-19 terem sido incluídas apenas a partir de julho de 2020. Essas limitações foram, em parte, reduzidas pela utilização da ponderação amostral, dada a aplicação de pós-estratificação segundo sexo, idade e escolaridade, potencialmente aumentando a representatividade dos indivíduos que não tiveram suas datas de nascimento informadas ou que não possuíam aparelhos de telefone1616 Wagner M, Kuppler M, Rietz C, Kaspar R. Non-response in surveys of very old people. Eur J Ageing 2018; 16(2): 249-58. https://doi.org/10.1007/s10433-018-0488-x
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,1717 Alba S, Wong F, Bråten Y. Gender matters in household surveys. Significance 2019; 16(6): 38-41. https://doi.org/10.1111/j.1740-9713.2019.01340.x
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,1919 Elkasabi MA. Weighting procedures for dual frame telephone surveys: a case study in Egypt. Surv Methods Insights Field 2015. https://doi.org/10.13094/SMIF-2015-00005
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.

Com relação à testagem, segundo dados oficiais, constata-se que durante a semana epidemiológica 30 de 2020 (19–25 de julho) foram realizados apenas 1.624 testes em todo o Brasil, sendo que a média de testes entre as semanas epidemiológicas 30 e 50 (19 de julho–12 de dezembro) foi equivalente a 166.678 testes por semana2222 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Especial. Doença pelo Coronavírus COVID-19 [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/boletins-epidemiologicos/boletim-epidemiologico-covid-19-no-41.pdf
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. Dessa forma, a ausência de questões sobre testagem na Pnad antes de julho parece coerente com a situação da baixa realização de testes no Brasil. Apesar de esforços para aumentar a capacidade de testagem no país, verificou-se que houve escassez de testes e reagentes, resultante da falta de coordenação e de antecipação das compras de reagentes por parte do governo, bem como constatou-se fragmentação no financiamento e na distribuição dos testes2323 Kameda K, Barbeitas MM, Caetano R, Löwy I, Oliveira ACD, Corrêa MCDV, et al. Testing COVID-19 in Brazil: fragmented efforts and challenges to expand diagnostic capacity at the Brazilian Unified National Health System. Cad Saude Publica 2021; 37(3): e00277420. https://doi.org/10.1590/0102-311X00277420
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.

Segundo nossas estimativas, o maior risco relativo de casos de COVID-19 ocorreu na região Centro-Oeste, seguida pela Norte e Nordeste, quando comparadas à região Sudeste. Este ordenamento foi similar ao observado em notificações oficiais até a semana epidemiológica 50 de 2020 (6–12 de dezembro), nas quais foram informados maiores coeficientes de incidência para a região Centro-Oeste, seguida da região Norte, Nordeste, Sul e Sudeste2222 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Especial. Doença pelo Coronavírus COVID-19 [Internet]. 2020 [cited on Aug 15, 2023]. Available at: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/boletins-epidemiologicos/boletim-epidemiologico-covid-19-no-41.pdf
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O grupo do sexo feminino apresentou maior risco de casos segundo a combinação de sintomas autorreferidos, mas não segundo a positividade. Em comparação a indivíduos do sexo masculino, percebe-se as mulheres mais atentas ao seu autocuidado2424 Garcia LHC, Cardoso NO, Bernardi CMCN. Autocuidado e adoecimento dos homens: uma revisão integrativa nacional. Rev Psicol Saúde 2019;11(3): 19-33. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i3.933
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e com pior autoavaliação de seu estado de saúde2525 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional de saúde 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Rio de Janeiro: IBGE; 2020.. Assim, o grupo do sexo feminino pode ter contado com indivíduos mais atentos aos seus sintomas, reportando-os de forma mais fidedigna. Foram observadas menores incidências na fase idosa, coerentemente com a quantidade massiva de campanhas voltadas à prevenção do contágio nesta faixa etária2626 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde reforça cuidados com idosos durante a pandemia [Internet]. 2020 [cited on Nov 29, 2023]. Available at: https://aps.saude.gov.br/noticia/10018
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Entre os indivíduos que declararam possuir a cor da pele preta, houve maior risco da ocorrência de casos clínicos, mas não de testes positivos. A maior ocorrência da combinação de sintomas que representa um caso clínico pode ser explicada por desigualdades materiais, relacionadas a condições de moradia precarizadas e com alta densidade habitacional2727 Vahidy FS, Nicolas JC, Meeks JR, Khan O, Pan A, Jones SL, et al. Racial and ethnic disparities in SARS-CoV-2 pandemic: analysis of a COVID-19 observational registry for a diverse US metropolitan population. BMJ Open 2020; 10(8): e039849. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2020-039849
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. Além disso, condições de saúde subjacentes mais prevalentes nessa população podem ter influenciado na gravidade e, consequentemente, na percepção do quadro sintomático da COVID-192828 Kabarriti R, Brodin NP, Maron MI, Guha C, Kalnicki S, Garg MK, et al. Association of race and ethnicity with comorbidities and survival among patients with covid-19 at an urban medical center in New York. JAMA Netw Open 2020; 3(9): e2019795. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2020.19795
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. A ausência de associação na positividade para o Sars-CoV-2 relaciona-se à inexistência de distinções entre os mecanismos moleculares da ação do vírus entre os grupos raciais humanos2929 Edge R, Truscott TG. COVID-19 and the ethnicity link – is there a photochemical link? Photochem Photobiol Sci 2021; 20(1): 183-8. https://doi.org/10.1007/s43630-020-00004-8
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Entre maio e novembro de 2020, verificou-se maior risco de casos clínicos aparentes de COVID-19 entre os brasileiros das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, especialmente entre mulheres, residentes em áreas urbanas, pessoas com escolaridade até o ensino fundamental e ensino médio, com a cor da pele declarada como preta e trabalhadores da área da saúde. Já segundo a ocorrência de testes positivos para o Sars-CoV-2, entre julho e novembro de 2020, houve maior risco nos grupos compostos por adultos jovens, sem instrução e com ensino médio completo e com ocupações relacionadas à saúde e à alimentação. Mediante a ampliação do escopo da Pnad, demonstrou-se o potencial do reuso de inquéritos para a inteligência epidemiológica nacional, haja vista a riqueza do ecossistema de dados públicos do Brasil.

  • FONTE DE FINANCIAMENTO: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil – Código de Financiamento 001.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    05 Set 2023
  • Revisado
    01 Dez 2023
  • Aceito
    11 Dez 2023
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
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