Câncer de tireoide no Brasil: o que dizem e o que não dizem os Registros Hospitalares de Câncer

Cáncer de tiroides en Brasil: lo que dicen y lo que no dicen los registros hospitalarios de cáncer

Eliane de Freitas Drumond Maria Cristina Ferreira Drummond Sobre os autores

Prezados Editores,

Os resultados do artigo de Borges et al.,11. Borges AKM, Ferreira JD, Koifman S, Koifman RJ. Câncer de tireoide no Brasil: estudo descritivo dos casos informados pelos registros hospitalares de câncer, 2000-2016. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(4):e2019503. https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000400012.
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intitulado ‘Câncer de tireoide no Brasil: estudo descritivo dos casos informados pelos registros hospitalares de câncer, 2000-2016’, publicado no fascículo 4 do volume 29 da RESS, mostram as potencialidades dos registros hospitalares de câncer (RHC) no delineamento de perfis de diagnóstico e tratamento do paciente com neoplasia de tireoide no Brasil; e também deixam transparecer as fragilidades desse sistema, implantado na rede de atenção ao paciente oncológico habilitada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em consonância com a literatura nacional e internacional,22. Haugen BR, Alexander EK, Bible KC. 2015 American thyroid association management guidelines for adult patients with thyroid nodules and differentiated thyroid cancer: the american thyroid association guidelines task force on thyroid nodules and differentiated thyroid cancer. Thyroid. 2016;26(1):1-133. doi: http://doi.org/10.1089/thy.2015.0020.
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,33. Filetti S, Durante C, Hartl D, Leboulleux S, Locati LD, Newbold K, et al. Thyroid cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2019;30(12):1856-83. doi: http://doi.org/10.1093/annonc/mdz400.
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,44. Pacini F, Basolo F, Bellantone R, Boni G, Cannizzaro M, De Palma C, et al. Italian consensus on diagnosis and treatment of differentiated thyroid cancer: joint statements of six Italian societies. J Endocrinol Invest. 2018;41(7):849-76. doi: http://doi.org/10.1007/s40618-018-0884-2.
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o referido estudo evidenciou aumento nos casos de câncer de tireoide no país, ainda que 3.482 casos (6,2%) tenham sido excluídos dos 56.394 potencialmente elegíveis por ausência da informação sobre tipo histológico. Os baixos percentuais de incompletude (<5%) das variáveis ‘sexo’, ‘idade’, ‘diagnóstico e tratamento anteriores’ e ‘Unidade da Federação’ de residência e de tratamento permitiram observar: (i) a maior razão de sexos; (ii) a distribuição etária e o tipo de tumor (45 a 55, 50 e 60 anos, para carcinoma diferenciado, medular e anaplásico, respectivamente); e (iii) a migração dos indivíduos em busca de atendimento como causa do atraso de seu tratamento.

No estudo, a elevada incompletude do estadiamento do tumor foi reduzida a 39,6%, utilizando-se a correlação entre o estadiamento e a TNM (em inglês, Classification of Malignant Tumors, ou Classificação de Tumores Malignos). O estadiamento do tumor é, reconhecidamente, a variável definidora do tratamento mais adequado e do prognóstico; entretanto, o método para redução utilizado no trabalho não é descrito com suficiente clareza, de maneira a permitir sua replicação.

Destaca-se, outrossim, que não há descrição, nos métodos do estudo, de como foi obtida a informação do tratamento de radioiodoterapia, uma vez que essa opção terapêutica não está disponível no RHC. Apenas a radioterapia é contemplada. Ao se considerarem as duas modalidades equivalentes, há o risco de interpretações inadequadas, por se tratar de terapias diversas, tanto no que se refere à indicação quanto às finalidades terapêuticas, ambas dependentes de variáveis e especificidades que diferem nos três grupos de tumores analisados.

Os autores do manuscrito ressaltam a necessidade do preenchimento adequado dos prontuários assistenciais, fontes de dados para planejamento, controle e avaliação da rede de atenção ao paciente oncológico, a que acrescentaríamos o fato de algumas das limitações observadas decorrerem de problemas nos RHCs. Poder-se-ia apontar, por exemplo, a necessidade de revisão da Ficha de Registro de Tumor, especialmente no que se refere a modalidades terapêuticas - no caso, das neoplasias de tireoide - e atualizações da classificação TNM, à medida de sua publicação.

Referências

  • 1
    Borges AKM, Ferreira JD, Koifman S, Koifman RJ. Câncer de tireoide no Brasil: estudo descritivo dos casos informados pelos registros hospitalares de câncer, 2000-2016. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(4):e2019503. https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000400012
    » https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000400012
  • 2
    Haugen BR, Alexander EK, Bible KC. 2015 American thyroid association management guidelines for adult patients with thyroid nodules and differentiated thyroid cancer: the american thyroid association guidelines task force on thyroid nodules and differentiated thyroid cancer. Thyroid. 2016;26(1):1-133. doi: http://doi.org/10.1089/thy.2015.0020.
    » http://doi.org/10.1089/thy.2015.0020.
  • 3
    Filetti S, Durante C, Hartl D, Leboulleux S, Locati LD, Newbold K, et al. Thyroid cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2019;30(12):1856-83. doi: http://doi.org/10.1093/annonc/mdz400.
    » http://doi.org/10.1093/annonc/mdz400.
  • 4
    Pacini F, Basolo F, Bellantone R, Boni G, Cannizzaro M, De Palma C, et al. Italian consensus on diagnosis and treatment of differentiated thyroid cancer: joint statements of six Italian societies. J Endocrinol Invest. 2018;41(7):849-76. doi: http://doi.org/10.1007/s40618-018-0884-2.
    » http://doi.org/10.1007/s40618-018-0884-2.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    08 Out 2020
  • Aceito
    24 Nov 2020
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