Insegurança alimentar, estado nutricional e fatores socioeconômicos na população trans: um estudo transversal na Região Metropolitana da Baixada Santista em 2023

Ísis Gois Magnus Régios Dias da Silva Barbara Iansã de Lima Barroso Carla Gianna Luppi Denise Leite Vieira Katia Cristina Bassichetto Sobre os autores

RESUMO

Objetivo

Descrever a distribuição do estado nutricional e insegurança alimentar da população trans adulta da região da Baixada Santista, no estado de São Paulo, e identificar fatores associados.

Métodos

Dados provenientes do estudo transversal Mapeamento da População Trans na Baixada Santista de São Paulo, conduzido com aplicação de questionário estruturado entre agosto e dezembro de 2023. Os desfechos foram estado nutricional e insegurança alimentar e nutricional (IAN). Foi realizada análise de associação pelo teste exato de Fisher.

Resultados

Participaram do estudo 237 pessoas. Alta prevalência de IAN esteve associada à renda menor do que 2 salários mínimos (p < 0,001), dificuldade de encontrar emprego (p < 0,001) e falta de apoio familiar relacionada ao gênero (p = 0,001). Foram associados negativamente ou positivamente à adequação do estado nutricional dificuldade de ler/escrever (p = 0,025) e acesso próximo a feiras livres (p = 0,033), respectivamente.

Conclusão

A alta prevalência de IAN entre a população mais vulnerabilizada e o estado nutricional adequado associado à presença de feiras livres próximas indicam necessidade de políticas para a redução de iniquidades e ampliação do acesso à alimentação adequada.

Palavras-chave
Pessoas Transgênero; Insegurança Alimentar; Estado Nutricional; Fatores Socioeconômicos

Contribuições do estudo

Principais resultados

A alta prevalência de IAN esteve associada à baixa renda, dificuldade de encontrar emprego e falta de apoio familiar. O estado nutricional adequado da população trans analisada esteve associado ao acesso próximo a feiras livres.

Implicações para os serviços

As equipes de serviços devem inserir na rotina a avaliação do estado nutricional e segurança alimentar e nutricional para prover um atendimento adequado às demandas e à situação social das pessoas trans atendidas.

Perspectivas

Há necessidade de políticas públicas direcionadas à redução das disparidades socioeconômicas, aprofundadas pela discriminação da transgeneridade, e para facilitação do acesso a estabelecimentos que oferecem variedade e qualidade alimentar.

Palavras-chave
Pessoas Transgênero; Insegurança Alimentar; Estado Nutricional; Fatores Socioeconômicos

INTRODUÇÃO

A segurança alimentar e nutricional é definida como o “acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais”.11 Brasil. Lei nº. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional. Diário Oficial da União 2006; 18 set. A partir deste conceito, entende-se a insegurança alimentar e nutricional (IAN) como um problema de ordem social que afeta a saúde integral, em razão das consequências psicoemocionais e biológicas associadas a carências nutricionais, sobrepeso e obesidade.22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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,33 Santos LP, Lindemann IL, Motta JV, Mintem G, Bender E, Gigante DP. Proposal of a short-form version of the Brazilian food insecurity scale. Rev Saude Publica. 2014 Oct;48(5):783-9. doi: 10.1590/s0034-8910.2014048005195. PMID: 25372169; PMCID: PMC4211573.
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Vários fatores podem contribuir para essa situação. No que se refere à produção agrícola e ao combate à fome, o Brasil continua a manter velhas diretrizes da economia predatória, ampliando o financiamento subsidiado para o setor do agronegócio e direcionando a produção de alimentos para a exportação.44 Leite MLS, Leite JF. (In)segurança alimentar e agricultura familiar: políticas públicas como estratégia de superação da fome. Florianópolis: R. Katál.; 2022;25(3):528-538, set.-dez. ISSN 1982-0259. doi: doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e86341,55 Grilo MF, Menezes C, Duran AC. Mapeamento de pântanos alimentares em Campinas, Brasil. Ciênc. saúde Coletiva. 2022;27(7):2717-2728. Tais decisões beneficiam apenas grandes corporações e seus respectivos intermediários, sem levar em conta a necessidade de produzir alimentos de qualidade para a segurança alimentar da população. Portanto, a redução das desigualdades requer que a economia seja reorientada para atender às necessidades da população, passando, essencialmente, por políticas de combate à fome.44 Leite MLS, Leite JF. (In)segurança alimentar e agricultura familiar: políticas públicas como estratégia de superação da fome. Florianópolis: R. Katál.; 2022;25(3):528-538, set.-dez. ISSN 1982-0259. doi: doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e86341

Além disso, as características do ambiente alimentar podem interferir no acesso físico a alimentos saudáveis e acentuar as desigualdades em saúde, levando a um aumento do consumo de alimentos não saudáveis, em função da maior disponibilidade de estabelecimentos de comercialização de alimentos ultraprocessados em relação aos que oferecem opções mais saudáveis.55 Grilo MF, Menezes C, Duran AC. Mapeamento de pântanos alimentares em Campinas, Brasil. Ciênc. saúde Coletiva. 2022;27(7):2717-2728.

No que concerne à pandemia de covid-19, pode-se afirmar que, mesmo antes desse agravante, a população trans já era considerada um grupo vulnerável para IAN,55 Grilo MF, Menezes C, Duran AC. Mapeamento de pântanos alimentares em Campinas, Brasil. Ciênc. saúde Coletiva. 2022;27(7):2717-2728.,66 Fergusson P, Greenspan N, Maitland L, Huberdeau R. Towards Providing Culturally Aware Nutritional Care for Transgender People: Key Issues and Considerations. Can J Diet Pract Res. 2018;79(2):74-79. doi: 10.3148/cjdpr-2018-001. Epub 2018. PMID: 29543495.
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,77 Gomes SM, Jacob MC, Rocha C, Medeiros MF, Lyra CO, Noro LR. Expanding the limits of sex: a systematic review concerning food and nutrition in transgender populations. Public Health Nutr. 2021;24(18):6436-6449. doi:10.1017/S1368980021001671. porém essa pandemia afetou ainda mais essa realidade.77 Gomes SM, Jacob MC, Rocha C, Medeiros MF, Lyra CO, Noro LR. Expanding the limits of sex: a systematic review concerning food and nutrition in transgender populations. Public Health Nutr. 2021;24(18):6436-6449. doi:10.1017/S1368980021001671.,88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257.,99 Gois I, da Silva, MRD, Oliva RM, La Blanca S, Vieira, DL. Income, occupation and psychosocial health of transgender people during the COVID-19 pandemic. Interfaces Científicas-Saúde e Ambiente. 2023;9(2):261-277. doi: doi.org/10.17564/2316-3798.2023v9n2p261-277. Uma das primeiras pesquisas sobre IAN na população trans brasileira identificou uma prevalência de 68,8% na amostra. Além disso, pessoas trans apresentam outros aspectos nutricionais e sociais que são perpassados pela vivência de gênero e há lacunas na literatura científica sobre esse tema, principalmente em países do Sul Global.77 Gomes SM, Jacob MC, Rocha C, Medeiros MF, Lyra CO, Noro LR. Expanding the limits of sex: a systematic review concerning food and nutrition in transgender populations. Public Health Nutr. 2021;24(18):6436-6449. doi:10.1017/S1368980021001671.,66 Fergusson P, Greenspan N, Maitland L, Huberdeau R. Towards Providing Culturally Aware Nutritional Care for Transgender People: Key Issues and Considerations. Can J Diet Pract Res. 2018;79(2):74-79. doi: 10.3148/cjdpr-2018-001. Epub 2018. PMID: 29543495.
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Com isso, o objetivo deste estudo é descrever a distribuição do estado nutricional e a insegurança alimentar da população trans adulta (acima de 18 anos) da região da Baixada Santista, no estado de São Paulo, e identificar fatores associados.

MÉTODOS

Desenho e população do estudo

Para o presente estudo, foram utilizados dados obtidos na pesquisa Mapeamento da População Trans do Estado de São Paulo: Região Metropolitana da Baixada Santista (MPT), um estudo observacional de corte transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa que mapeou a população trans, maior de 18 anos, que residia, trabalhava ou estudava em um dos nove municípios que compõem essa região do estado de São Paulo. O MPT investigou as características socioeconômicas e demográficas dessa população, condições de vida, trabalho, saúde e aspectos relacionados.

Amostra

Foi aplicado o valor de 1,88% sobre o total da população adulta dos municípios pertencentes à Baixada Santista, única estimativa nacional disponível da magnitude de pessoas trans e não binárias, obtida a partir de uma estimativa brasileira.1010 Spizzirri G, Eufrásio R, Lima MCP, de Carvalho Nunes HR, Kreukels BPC, Steensma TD, Abdo CHN. Proportion of people identified as transgender and non-binary gender in Brazil. Sci Rep. 2021 Jan 26;11(1):2240. doi: 10.1038/s41598-021-81411-4. PMID: 33500432; PMCID: PMC7838397.
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Com base em 19.965 pessoas com frequência esperada de 50%, e efeito de desenho de 1, calculou-se uma amostra de 377 pessoas, proporcionalmente distribuída entre os municípios.

Recrutamento e coleta de dados

Como estratégia de recrutamento, foi utilizado um cadastramento on-line de interesse em participar da pesquisa. O link e o código QR de acesso ao cadastro foi amplamente divulgado na região da Baixada Santista e em mídias sociais (Instagram e grupos de WhatsApp da Meta®). Foram convidadas a participar da pesquisa as pessoas trans, travestis e não binárias que preenchessem esse cadastro e que respondessem positivamente à questão Podemos entrar em contato com você?, disponibilizando meios de contato para esse fim.

Para viabilizar o contato com as pessoas que haviam concordado em participar da pesquisa, foi gerada uma planilha em Excel a partir da base presente na plataforma REDCap (Research Electronic Data Capture), a qual era atualizada semanalmente e ficava disponível para a supervisora de campo e para um entrevistador treinado realizar os agendamentos. Esses contatos ocorreram via WhatsApp (Meta®), por e-mail ou telefone, e para aquelas pessoas que concordassem em participar era agendada uma entrevista, presencial ou remota, utilizando-se a plataforma Zoom®, a depender da escolha.

Além do cadastro, buscas ativas foram realizadas em unidades básicas de saúde de referência para acompanhamentos em saúde para a população trans, assim como em locais de referência para acolhimento dessa população na região do estudo.

Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário estruturado na plataforma REDCap. O questionário completo contava com 11 blocos temáticos (Quadro 1); para este estudo, utilizamos as variáveis dos blocos 1, 2 e 4.

Quadro 1
Blocos temáticos do questionário utilizado na pesquisa Mapeamento da População Trans do estado de São Paulo: Região Metropolitana da Baixada Santista, agosto a dezembro de 2023

O período de coleta de dados para o presente estudo, planejado para outubro e novembro de 2023, foi estendido por mais um mês, com o objetivo de aproximação da amostra inicialmente calculada. Mesmo assim, a amostra não foi alcançada em todos os municípios, e, em razão do esgotamento das estratégias de captação, foi decidida a finalização do campo.

Variáveis

Consideramos como desfechos primários deste estudo o estado nutricional (EN) e a IAN. Para análise das características socioeconômicas e demográficas, foram selecionadas as seguintes variáveis: idade (18 a 24, 25 a 30 e acima de 30 anos); identidades de gênero coletadas como mulher trans, travesti, homem trans, pessoa transmasculina, pessoa não binária, agênero e pangênero e categorizadas em “transfemininas” (mulheres trans e travestis), “transmasculinas” (homem trans e transmasculino) e “não binárias” (pessoa não binária, agênero e pangênero); raça/cor da pele autodeclarada; escolaridade (ensino fundamental incompleto e completo, ensino médio incompleto e completo, ensino superior incompleto e completo, e pós-graduação); renda no último mês (sem renda, até um salário mínimo e acima de um salário mínimo); dificuldade de encontrar um emprego (sim ou não); origem da renda (estágio/estudante bolsista, trabalho formal (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, pessoa jurídica – PJ, servidor público, contrato, trabalho informal e benefício – pensão, Bolsa Família, auxílio-doença e aposentadoria pela previdência social); e existência de apoio familiar, sendo a respondente uma pessoa trans (família não sabe sobre a transgeneridade, apoia completamente, apoia parcialmente, não apoia, indiferente, e não possui contato com a família/reprova completamente).

O estado nutricional foi analisado utilizando-se o índice de massa corporal (IMC) [peso/altura22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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(kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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)], segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a faixa etária de adultos, que categoriza a população em baixo peso grau III (IMC < 16), baixo peso grau II (IMC de 16 a 16,99), baixo peso grau I (IMC de 17 a 18,49), eutrófico (peso ideal para altura) (18,50 a 24,99), sobrepeso (25 a 29,99), obesidade grau I (30,00 a 34,99), obesidade grau II (35,00 a 39,99) e obesidade grau III (acima de 40). Tais categorias foram reagrupadas em baixo peso (IMC < 18,50 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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), eutrofia (18,50 a 24,99 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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) e sobrepeso (24,99 a 30,00 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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) e obesidade (IMC acima de 30,00 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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);1111 World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. (2000). World Health Organization technical report series, 894, i–253. a classificação de IMC para pessoas com 60 anos ou mais utilizada é categorizada em baixo peso (IMC < 22,0 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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), eutrofia (22,0 a 27,0 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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) e sobrepeso/obesidade (IMC acima de 27 kg/m2);1111 World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. (2000). World Health Organization technical report series, 894, i–253. grau de IAN, calculada de acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar ‒ 2014 (oito questões) e classificada como leve (1-3 pontos), moderada (4-5 pontos) e grave (6-8 pontos);44 Leite MLS, Leite JF. (In)segurança alimentar e agricultura familiar: políticas públicas como estratégia de superação da fome. Florianópolis: R. Katál.; 2022;25(3):528-538, set.-dez. ISSN 1982-0259. doi: doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e86341,55 Grilo MF, Menezes C, Duran AC. Mapeamento de pântanos alimentares em Campinas, Brasil. Ciênc. saúde Coletiva. 2022;27(7):2717-2728. e, para avaliar a qualidade de acesso, foi questionado quais tipos de estabelecimentos próximos à residência vendem frutas e verduras.1212 Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care. 1994 Mar;21(1):55-67. PMID: 8197257.

Análise estatística

Os resultados foram apresentados de forma descritiva, incluindo frequência, percentual, média e desvio-padrão. Para a análise dos fatores associados aos desfechos, foi aplicado o teste exato de Fisher, considerando-se o valor de p < 0,05 para a tomada de decisão estatística. Os dados foram analisados utilizando-se o software estatístico Jamovi 2.3.21.1414 The jamovi project (2022). jamovi. (Version 2.3) [Computer Software]. Disponível em: https://www.jamovi.org.
https://www.jamovi.org...

Aspectos éticos

O projeto de pesquisa MPT foi submetido e aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento em IST/Aids de São Paulo (CRT) e da Universidade Federal de São Paulo, sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética nº 64010722.8.0000.5375.

RESULTADOS

A amostra foi constituída por 237 pessoas, 62,9% da amostra calculada, dos nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, sendo os seguintes os municípios mais representados: Santos (27,8%), São Vicente (23,6%), Guarujá (23,2%), Praia Grande (8,9%) e Itanhaém (8,9%). Com relação à identidade de gênero, 42,6% das pessoas se identificaram como transfemininas; 36,3%, como transmasculinas; e 21,1%, como não binárias. A idade mediana encontrada foi de 27 anos (mínima de 18 e máxima de 68 anos), e 67,5% tinham menos de 30 anos.

A Tabela 1 apresenta as características socioeconômicas e demográficas selecionadas. Quanto ao grau de instrução, 80,5% concluíram, no mínimo, o ensino médio. Entretanto, 5,5% da amostra indicou dificuldade para ler e escrever. Em relação à renda e ao mercado de trabalho, 65,8% afirmaram ter dificuldade de encontrar emprego, 63,7% declararam não ter tido nenhuma renda ou renda de até um salário mínimo nos 30 dias que antecederam a entrevista, e, entre as que tinham fonte de renda, 46,3% declararam vínculo de trabalho formal.

O apoio familiar completo (34,9%) e parcial (32,3%) à identidade de gênero foi indicado por 67,2% das pessoas. Cerca de 5% indicaram que a família não sabe sobre sua identidade de gênero trans e 27,7% relataram algum tipo de não apoio familiar.

As pessoas participantes apresentaram um IMC médio de 25,7 ± 5,57 kg/m22 Segall-Corrêa AM, Marin-Leon L. A segurança alimentar no Brasil: Proposição e usos da escala brasileira de medida da insegurança alimentar (EBIA) de 2003 a 2009. Segur. Aliment. Nutr. 2015; 16(2): 1-19. doi: 10.20396/san.v16i2.8634782.
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e 50,8% estavam com sobrepeso e obesidade. A IAN estava presente em quase 65% das pessoas da amostra, sendo que, destas, 53,3% foram categorizadas com IAN moderada e grave (Tabela 1).

Com relação ao acesso aos locais que vendem frutas e verduras, próximos à residência da pessoa participante, os mais citados foram mercados de bairro, feira livre, hiper e supermercados de grandes redes e hortifrútis, respectivamente. Relataram não comprar hortifrúti, ou não comprar esses alimentos próximos à residência, 14,8% das pessoas participantes (Tabela 1).

Tabela 1
Características socioeconômicas, demográficas e nutricionais (n e %) de pessoas trans participantes do Mapeamento da População Trans do estado de São Paulo: Região Metropolitana da Baixada Santista, agosto a dezembro de 2023

Considerando-se a análise bivariada, os fatores associados à presença de IAN foram a dificuldade de encontrar emprego (p < 0,001) (Figura 1) e não possuir nenhuma renda no mês anterior à entrevista (p = 0,009) (Figura 2). Além disso, as pessoas participantes que relataram receber menos de 2 salários mínimos (81%) tinham mais chances de apresentar algum grau de IAN (p < 0,001). Vale ressaltar que não ter renda esteve associado à faixa etária de 18 a 24 anos (p = 0,001).

Figura 1
Insegurança alimentar entre população trans segundo a dificuldade de encontrar emprego, conforme dados obtidos pelo Mapeamento da População Trans do estado de São Paulo: Região da Baixada Santista, de agosto a dezembro de 2023, com valores expressos em frequência (n) e percentual (%)
Figura 2
Insegurança alimentar da população trans segundo faixas de renda nos últimos 30 dias, conforme dados obtidos pelo Mapeamento da População Trans do estado de São Paulo: Região da Baixada Santista, de agosto a dezembro de 2023, com valores expressos em frequência (n) e percentual (%)

Para além do aspecto de renda e empregabilidade, foi observada associação positiva entre o não apoio familiar e a presença de IAN. As pessoas participantes que relataram apoio parcial ou total por parte da família apresentaram menor probabilidade de terem IAN (p = 0,006); por outro lado, aquelas que relataram indiferença, não apoio ou reprovação da família, por serem pessoas trans, apresentaram mais chance de ter IAN moderada e grave (p = 0,001). Outro aspecto relacionado a esses graus de IAN foi o relato de não comprar frutas e verduras próximo à residência ou da não adquirir hortifrútis rotineiramente (p = 0,050).

O estado nutricional esteve associado a alguns fatores socioeconômicos. Ler e escrever com dificuldade esteve associado à classificação de sobrepeso e negativamente associado à eutrofia (p = 0,025). Por sua vez, as pessoas com acesso a estabelecimentos que vendem frutas e verduras, como presença de feira livre próxima à residência, apresentaram maior probabilidade de serem classificadas como tendo estado nutricional adequado do que aquelas com sobrepeso e obesidade (p = 0,033) (Figura 3).

Figura 3
Classificação do estado nutricional segundo a existência de feira livre próxima à residência, conforme dados obtidos pelo Mapeamento da População Trans do estado de São Paulo: Região da Baixada Santista, de agosto a dezembro de 2023, com valores expressos em frequência (n) e percentual (%)

Nessa amostra, variáveis de raça/cor da pele e identidade de gênero não estavam associadas a nenhuma variável socioeconômica e de insegurança alimentar.

DISCUSSÃO

O estudo identificou uma alta prevalência de IAN na população estudada, a qual se apresentou associada à renda, à dificuldade de encontrar emprego e à falta de apoio familiar relacionada ao gênero, assim como a aspectos de acesso à aquisição de hortaliças e frutas.

No Brasil, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 34% da população está em situação de IAN.1515 FAO, FIDA, OMS, PMA y UNICEF. 2023. Versión resumida de El estado de la seguridad alimentaria y la nutrición en el mundo 2023. Urbanización, transformación de los sistemas agroalimentarios y dietas saludables a lo largo del continuo rural-urbano. Roma, FAO. doi: doi.org/10.4060/cc6550es No entanto, os dados com relação à IAN na população trans no país chegam ao dobro.88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257. Esse estudo, realizado durante a pandemia de covid-19, encontrou prevalência de IAN em uma amostra de 109 pessoas trans brasileiras de todas as regiões do país semelhante ao presente estudo (68,8% versus 63,3%). Os autores ressaltam que o acesso à alimentação adequada para essa população já era difícil, mesmo antes da pandemia, e que as principais associações encontradas para essa prevalência se deviam à renda e à falta de emprego,88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257. assim como no presente estudo.

Para se discutir a alta vulnerabilidade social e a IAN na população trans, é necessário levar em consideração a discriminação baseada na identidade de gênero,88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257. assim como as disparidades socioeconômicas entre pessoas trans, que podem estar associadas à passabilidade relacionada ao tempo de transição, à aceitação social e ao suporte familiar.88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257. Provavelmente, a alta proporção de pessoas em IAN do presente estudo, associada à falta de apoio familiar, altas taxas de dificuldade para acessar empregos e, consequentemente, à baixa renda, se relacionam à discriminação baseada na identidade de gênero e transfobia estrutural.77 Gomes SM, Jacob MC, Rocha C, Medeiros MF, Lyra CO, Noro LR. Expanding the limits of sex: a systematic review concerning food and nutrition in transgender populations. Public Health Nutr. 2021;24(18):6436-6449. doi:10.1017/S1368980021001671.,88 Gomes SM, Jacob MCM, Chaves VM, et al. Food insecurity in a Brazilian transgender sample during the COVID-19 pandemic. PLoS One. 2023;18(5):e0284257. doi:10.1371/journal.pone.0284257.

Com relação ao estado nutricional, uma revisão sistemática indicou que há uma maior prevalência de sobrepeso e obesidade na população trans, principalmente após o uso de esteroides sexuais para as modificações fenotípicas e corporais.77 Gomes SM, Jacob MC, Rocha C, Medeiros MF, Lyra CO, Noro LR. Expanding the limits of sex: a systematic review concerning food and nutrition in transgender populations. Public Health Nutr. 2021;24(18):6436-6449. doi:10.1017/S1368980021001671. No presente estudo, não avaliamos o uso de hormônios, porém a prevalência e a distribuição do estado nutricional, segundo as categorias de classificação do IMC, foram semelhantes àquela da população adulta geral do município de São Paulo, apesar de a base de dados considerada ser de 2015, decorrente do Inquérito de Saúde Base Populacional ISA Capital.1616 São Paulo (SP). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Epidemiologia e Informação - CEInfo. Boletim ISA Capital 2015, nº 6, 2017: Estado nutricional da população da cidade de São Paulo. São Paulo: CEInfo, 2017, 83 p. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/publicacoes/ISA_2015_EN.pdf. Acesso em: 22 jan. 2024.
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/s...

Além disso, o estado nutricional eutrófico da amostra estava associado à presença de feiras livres próximas à residência. Um estudo brasileiro indicou que um ambiente com acesso favorável a uma maior variedade de alimentos saudáveis, como frutas e hortaliças, pode favorecer a prevalência de menor sobrepeso e obesidade.1717 Matozinhos FP, Gomes CS, Andrade AC, et al. Neighbourhood environments and obesity among adults: A multilevel analysis of an urban Brazilian context. Prev Med Rep. 2015 Apr. 29;2:337-341. doi:10.1016/j.pmedr.2015.04.019.

Com relação às limitações do estudo, os dados de peso e altura, utilizados para o cálculo do IMC, foram autorreferidos. Na amostra, a aplicação da mesma porcentagem em todos os municípios pode não corresponder à realidade de distribuição dessa população no território. Além disso, por ser de uma amostra de apenas uma região metropolitana do estado de São Paulo e só ter alcançado 62,9% da amostra calculada, as conclusões deste estudo podem não ser representativas de toda a população trans adulta.

Há poucas pesquisas sobre aspectos nutricionais gerais na população trans, principalmente em países subdesenvolvidos e situados no Sul Global.66 Fergusson P, Greenspan N, Maitland L, Huberdeau R. Towards Providing Culturally Aware Nutritional Care for Transgender People: Key Issues and Considerations. Can J Diet Pract Res. 2018;79(2):74-79. doi: 10.3148/cjdpr-2018-001. Epub 2018. PMID: 29543495.
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Ademais, as pesquisas nacionais produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não utilizam categorias de gênero trans. Portanto, este estudo contribui com a literatura, dado que há uma lacuna para dados sobre estado nutricional e IAN nessa população, além de existir a possibilidade de comparação com demais pesquisas, por utilizarmos medidas validadas. Portanto, os dados fornecidos por este estudo podem contribuir para discussões embasadas que orientem a necessidade de se delinearem políticas que reduzam a alta prevalência de IAN observada nessa população.

Com isso, recomenda-se que as equipes dos serviços de saúde estejam atentas para a avaliação do estado nutricional e sinais de IAN, em especial profissionais da área de nutrição e assistência social, a fim de se prover um atendimento adequado às demandas e à situação social das pessoas trans atendidas.66 Fergusson P, Greenspan N, Maitland L, Huberdeau R. Towards Providing Culturally Aware Nutritional Care for Transgender People: Key Issues and Considerations. Can J Diet Pract Res. 2018;79(2):74-79. doi: 10.3148/cjdpr-2018-001. Epub 2018. PMID: 29543495.
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,1818 São Paulo (SP). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação da Área Técnica de Saúde Integral da População LGBTIA+. “Protocolo para o cuidado integral à saúde de pessoas trans, travestis ou com vivências de variabilidade de gênero no município de São Paulo”, 2ª ed. Secretaria Municipal da Saúde|SMS|PMSP, 2023 – p. 374. Os dados desta pesquisa também corroboram a necessidade de políticas públicas e sociais específicas, intersecretariais e intersetoriais, com o objetivo de reduzir as disparidades socioeconômicas aprofundadas pela discriminação,99 Gois I, da Silva, MRD, Oliva RM, La Blanca S, Vieira, DL. Income, occupation and psychosocial health of transgender people during the COVID-19 pandemic. Interfaces Científicas-Saúde e Ambiente. 2023;9(2):261-277. doi: doi.org/10.17564/2316-3798.2023v9n2p261-277. as quais resultam em uma maior taxa de IAN na população trans. Além disso, faz-se necessária a criação de políticas que visem à facilitação do acesso às feiras livres e demais estabelecimentos que oferecem variedade e qualidade alimentar.

Essas recomendações estão de acordo com as propostas definidas na 16ª Conferência Nacional de Saúde com relação à capacitação de equipes de saúde para o atendimento de pessoas LGBTI+ e à implementação de políticas públicas de saúde dirigidas para essa população.1919 Araújo FR, Castro APB, Silva EB, Melecchi DR, Both V e Ferla AA (org.). 16ª Conferência Nacional de Saúde: Relatório Final. - 1. ed. - Porto Alegre, RS: Editora Rede Unida, 2022.

Os principais achados deste estudo foram a alta prevalência de IAN entre as pessoas trans, em associação com aquelas mais vulnerabilizadas socialmente e que relataram falta de apoio familiar em função de sua identidade de gênero. Por outro lado, o estado nutricional adequado foi associado à presença de certos estabelecimentos próximos à residência dessa população, como feiras livres. Esses dados indicam a necessidade de políticas públicas e ações voltadas à redução de iniquidades sociais e à ampliação do acesso à alimentação adequada para a população trans.

  • FINANCIAMENTO

    Este é um artigo derivado do projeto de pesquisa Mapeamento da População Trans do Estado de São Paulo: Região Metropolitana da Baixada Santista, o qual recebeu financiamento de emenda parlamentar do deputado federal Alexandre Padilha, sob o Processo nº 212239080009. Ísis Gois é bolsista de doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)/Ministério da Educação (MEC) Processo n° 88887.841876/2023-00. Magnus R. Dias da Silva é bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    04 Mar 2024
  • Aceito
    09 Jul 2024
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente - Ministério da Saúde do Brasil Brasília - Distrito Federal - Brazil
E-mail: ress.svs@gmail.com