Indicadores do uso de medicamentos na atenção primária de saúde: uma revisão sistemática

Drug use indicators in primary health care: a systematic review

Indicadores del uso de medicamentos en la atención primaria de salud: una revisión sistemática

André Santos da Silva Gabriella de Alcantara Maciel Luciane Soares de Lima Wanderley Almir Gonçalves Wanderley Sobre os autores

RESUMO

Objetivo

Analisar o uso racional de medicamentos na atenção primária em saúde (APS) a partir dos indicadores preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Métodos

Foi feita uma revisão sistemática da literatura com base na recomendação PRISMA para sintetizar evidências relacionadas à utilização dos indicadores de uso de medicamentos na APS no período de 2011 a 2016. As seguintes bases foram consultadas: PudMed, SciELO e Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de Periódicos CAPES, utilizando as palavras-chave “Organização Mundial da Saúde”, “indicadores”, “uso de medicamentos” e “uso racional de medicamentos” em português e inglês. Foram incluídos artigos originais sobre estudos na APS que utilizassem pelo menos um dos três conjuntos de indicadores (prescrição, serviço ou assistência).

Resultados

Foram incluídas 16 publicações, sendo 56,2% estudos prospectivos, 37,5% de nível local, 62,5% com amostragem por conveniência, 56,2% com duração de até 6 meses e 43,8% provenientes do Brasil. Os indicadores mais utilizados foram os da prescrição (87,5%), seguidos dos indicadores sobre o serviço (37,5%) e assistência (31,3%). Nenhum dos cenários relatados nos estudos atendeu plenamente as recomendações da OMS. As intervenções mais sugeridas para resolver os problemas de uso racional de medicamentos incluíram educação continuada para prescrição racional (56,3%), uso da lista de medicamentos essenciais atualizada, incluindo o nome genérico dos medicamentos e atendendo as necessidades da população (31,3%), e implementação de protocolos clínicos para padronizar condutas terapêuticas (31,3%).

Conclusões

Os indicadores da OMS revelaram práticas irracionais de uso de medicamentos na APS em diversos países.

Palavras-chave
Uso de medicamentos; atenção primária à saúde; indicadores; revisão sistemática

ABSTRACT

Objective

To analyze the rational use of medicines in the context of primary health care (PHC) according to the indicators recommended by the World Health Organization (WHO).

Method

A systematic review of the literature was performed following PRISMA guidelines to synthesize the evidence produced by the application of drug use indicators in PHC in the period from 2011 to 2016. The following databases were searched: PudMed, SciELO and Google Scholar, Virtual Health Library/BIREME, and Portal de Periódicos CAPES, using the keywords “World Health Organization,” “indicators,” “drug utilization,” and “rational use of drugs” in Portuguese and English. Original articles describing studies performed at the PHC level, using at least one of the three sets of indicators (prescription, service-related, or health care) were included.

Results

Of the 16 studies included, 56.2% were prospective, 37.5% were developed at a local level, 62.5% employed convenience sampling, 56.2% lasted up to 6 months, and 43.8% were performed in Brazil. Prescription indicators were used most (87.5%), followed by service-related indicators (37.5%) and health care indicators (31.3%). None of the scenarios described in the articles fully met the WHO recommendations. The most frequent interventions suggested to resolve the problems related to the rational use of medications included continuing education for rational prescription (56.3%), use of updated lists of essential medicines, including generic drug names and reflecting the needs of the population (31.3%), and implementation of clinical protocols to standardize therapeutic management (31.3%).

Conclusions

Application of the WHO indicators revealed irrational practices of drug use in PHC in several countries.

Keywords
Drug utilization; primary health care; indicators; review, systematic

RESUMEN

Objetivo

Analizar el uso racional de medicamentos en la atención primaria de salud teniendo en cuenta los indicadores recomendados por la Organización Mundial de la Salud.

Métodos

Se llevó a cabo una revisión sistemática de la bibliografía con base en la recomendación PRISMA para recopilar evidencia relativa a la utilización de indicadores de uso de medicamentos en la atención primaria entre el 2011 y el 2016. Se hicieron búsquedas en las bases PudMed, SciELO, Google Académico, la Biblioteca Virtual en Salud (BVS) y el Portal de Periódicos CAPES con los términos clave “Organización Mundial de la Salud”, “indicadores”, “uso de medicamentos” y “uso racional de medicamentos”, tanto en portugués como en inglés. Se incluyeron artículos originales sobre estudios en la atención primaria que usaban al menos uno de los tres conjuntos de indicadores (prescripción, servicio o asistencia).

Resultados

Se incluyeron 16 publicaciones: 56,2% eran estudios prospectivos, 37,5% eran del ámbito local, 62,5% usaron muestreo por conveniencia, 56,2% tuvieron una duración máxima de seis meses y 43,8% procedían de Brasil. Los indicadores más utilizados fueron los de la prescripción (87,5%), seguidos de los de servicio (37,5%) y asistencia (31,3%). Ninguno de los escenarios descriptos en los estudios cumplía plenamente las recomendaciones de la OMS. Para resolver los problemas de uso racional de medicamentos se plantearon sobre todo intervenciones sobre educación continua en materia de prescripción racional (56,3%), uso de la lista actualizada de medicamentos esenciales (31,3%) —que incluyera el nombre genérico y atendiera a las necesidades de la población— y aplicación de protocolos clínicos para estandarizar las conductas terapéuticas (31,3%).

Conclusiones

Los indicadores de la OMS revelaron prácticas irracionales de consumo de medicamentos en atención primaria de salud en varios países.

Palabras clave
Utilización de medicamentos; atención primaria de salud; indicadores; revisión sistemática

O medicamento, quando adequadamente utilizado, é um recurso terapêutico essencial para as políticas de saúde. Por outro lado, o seu uso inadequado é um grave problema de saúde pública. Em todo o mundo, as estimativas mostram que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que aproximadamente 50% dos usuários não utilizam os medicamentos corretamente (11. World Health Organization. How to investigate the use of medicines by consumers. Genebra: WHO; 2004. Disponível em: http://www.who.int/drugresistance/Manual1_HowtoInvestigate.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://www.who.int/drugresistance/Manual...
). O estudo de Kripalani et al. (22. Kripalani S, Roumie CL, Dalal AK, Cawthon C, Businger A, Eden SK, et al. Effect of a pharmacist intervention on clinically important medication errors after hospital discharge: a randomized trial. Ann Intern Med. 2012;157(1):1–10.) mostrou que, dentre os indivíduos que utilizam os medicamentos de forma inadequada, 22,9% podem sofrer implicações de saúde consideradas graves; no caso dos cardiopatas, o risco de morte na presença de uso inadequado de medicamentos é de 1,8% (22. Kripalani S, Roumie CL, Dalal AK, Cawthon C, Businger A, Eden SK, et al. Effect of a pharmacist intervention on clinically important medication errors after hospital discharge: a randomized trial. Ann Intern Med. 2012;157(1):1–10.).

Cada vez mais, os medicamentos vêm sendo tratados como bens de consumo, e não como bens de serviço básicos para auxiliar na promoção da saúde. O estímulo ao consumo de medicamentos vem aumentando e induzindo o seu uso irracional; são exemplos a polimedicação (33. Lucchetti G, Granero AL, Pires SL, Gorzoni ML. Fatores associados à polifarmácia em idosos institucionalizados. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2010;13(1):51–8.), a falta de prescrição de acordo com as diretrizes clínicas (44. Ko FW, Chan AM, Chan HS, Kong AY, Leung RC, Mok TY, et al. Are Hong Kong doctors following the Global Initiative for Asthma guidelines: a questionnaire “Survey on Asthma Management”? Hong Kong Med J. 2010;16(2):86–93.) e o uso inadequado de antimicrobianos (55. Werner NL, Hecker MT, Sethi AK, Donskey CJ. Unnecessary use of fluoroquinolone antibiotics in hospitalized patients. BMC Infect Dis. 2011;11:187.). Os motivos que levam ao uso irracional de medicamentos são inúmeros, destacando-se o número excessivo de produtos farmacêuticos no mercado, a facilidade no acesso aos medicamentos, a prática da automedicação, a falta de informações aos usuários, as prescrições ilegíveis ou incompletas, a disponibilidade ainda insuficiente de diretrizes clínicas, a divulgação de informações inapropriadas sobre os medicamentos e a propaganda de medicamentos (66. Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência Farmacêutica no SUS. Coleção Para Entender a Gestão do SUS. Diário Oficial da União: Brasília; 2011. Disponível em: http://www.conass.org.br/bibliotecav3/pdfs/colecao2011/livro_7.pdf Acesso em dezembro 2016.
http://www.conass.org.br/bibliotecav3/pd...
).

O uso racional de medicamentos foi definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o recebimento e a utilização de medicamentos apropriados para a situação clínica, em doses que satisfaçam as necessidades do indivíduo, por um período adequado e ao menor custo possível para o próprio paciente e sua comunidade (77. Organización Mundial de La Salud. Comitê de Expertos en uso de medicamentos esenciales, Ginebra, 1984. Informe. Genebra: OMS; 1985. (OMS Serie de Informes Técnicos 722). Disponível em Acessado em dezembro de 2016.). Conforme a OMS, a promoção do uso racional de medicamentos é um componente importante nas políticas nacionais de medicamentos (88. Organización Mundial de la Salud. Cómo desarrollar y aplicar una política farmacéutica nacional. Genebra: OMS; 2003. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s4871s/s4871s.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s48...
). Além disso, são pré-requisitos para o uso racional de medicamentos a implementação da Lista Local de Medicamentos Essenciais (LLME), o registro e o uso de medicamentos genéricos, a elaboração de um formulário terapêutico nacional, a formação de recursos humanos voltados para o gerenciamento do uso de medicamentos e a realização de campanhas educativas e de ações de farmacovigilância, entre outros (99. Silva RCS. Medicamentos excepcionais no âmbito da assistência farmacêutica no Brasil [dissertação]. Rio de Janeiro; Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2000.).

Em 1993, a OMS, em colaboração com a Rede Internacional para o Uso Racional de Drogas (INRUD), apresentou um conjunto de indicadores básicos, denominados “indicadores do uso de medicamentos”, com o objetivo de delinear métodos para a coleta de dados e quantificar o desempenho dos serviços de saúde em três grandes áreas relacionadas ao uso racional de medicamentos na atenção primária à saúde (APS): área da prescrição, área da assistência ao paciente e área do serviço de saúde (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
). São exemplos dos indicadores da prescrição: número médio de medicamentos prescritos por consulta; porcentagem de medicamentos prescritos por nome genérico; porcentagem de consultas nas quais se prescreve antibiótico; porcentagem de consultas nas quais se prescreve medicamento injetável; e porcentagem de medicamentos prescritos que estão presentes na lista local de medicamentos essenciais. Para os indicadores da assistência ao paciente, são exemplos o tempo médio de consulta; tempo médio de dispensação; porcentagem de medicamentos corretamente etiquetados; porcentagem de medicamentos prescritos que realmente são dispensados; e porcentagem de pacientes que conhecem a dose correta. Por fim, são exemplos dos indicadores sobre o serviço de saúde a disponibilidade de cópias da lista ou formulário de medicamentos essenciais; e a disponibilidade dos medicamentos essenciais ou medicamentos-chave no próprio serviço onde são prescritos (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
).

Em termos gerais, esses indicadores são medidas objetivas de síntese ou estatísticas. Tomadas em conjunto, essas medidas permitem descrever a racionalidade do uso de medicamentos em grandes e pequenos centros de saúde, regiões ou países. Tais indicadores podem ainda ser aplicados de forma padronizada sem a necessidade de treinamento especial da equipe ou grandes recursos (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
).

O termo APS, internacionalmente adotado, representa uma estratégia de organização da atenção à saúde de forma regionalizada, contínua e sistematizada – voltada para o atendimento das necessidades básicas de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades (1111. Matta GC, Morosin MVG. Atenção primária à saúde. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; 2009. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/ateprisau.html Acessado em fevereiro de 2015.
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/v...
). Considerando a importância dos medicamentos para a saúde das populações, estudos com foco nos indicadores de uso de medicamentos podem auxiliar nas tomadas de decisão, sobretudo quando fundamentados em informações de produto, serviço ou processo. Assim, o presente artigo apresenta uma revisão sistemática acerca das evidências disponíveis na literatura sobre a utilização dos indicadores do uso de medicamentos na APS no período de 2011 a 2016.

MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente, realizou-se uma busca na literatura para verificar a existência de revisões sistemáticas anteriores tratando do mesmo tema e com o mesmo objetivo. Como nenhum estudo nessas perspectivas foi identificado, prosseguiu-se com a presente revisão sistemática.

A revisão sistemática da literatura baseou-se nas recomendações propostas pelo guia Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) (1212. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. J Clin Epidemiol. 2009;62(10):1006–12.). Entretanto, optamos por limitar a busca às bases eletrônicas, sem busca manual em outras fontes. Foram consultadas as bases PubMed, SciELO, Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde - BVS/BIREME e o Portal de Periódicos CAPES/MEC durante o período de 19 a 24 de novembro de 2016, usando as seguintes palavras-chave em inglês e em português, combinadas com operadores booleanos: (“Organização Mundial da Saúde” OR “OMS” OR “World Health Organization” OR “WHO”) AND (“Indicadores” OR “Indicators”) AND (“Drug Utilization” OR “Rational Use of Drugs” OR “Uso de Medicamentos” OR “Uso Racional de Medicamentos”). Esses termos foram selecionados no vocabulário estruturado dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (http://decs.bvs.br/), criado pela BIREME e desenvolvido a partir dos Medical Subject Headings (MeSH), da U.S. National Library of Medicine.

Os títulos e resumos dos artigos identificados pela estratégia de busca inicial foram avaliados de forma independente por dois autores (A.S.S. e G.A.M.) seguindo critérios de inclusão e exclusão. Estudos duplicados foram removidos e as diferenças foram resolvidas por consenso. Quando o título ou o resumo não indicavam claramente se um artigo deveria ser selecionado, o texto completo foi obtido e lido para determinar se satisfazia todos os critérios. Os artigos considerados relevantes na primeira triagem foram recuperados e selecionados para elegibilidade. Não houve busca manual nas referências dos artigos selecionados.

Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos com base na pergunta norteadora deste estudo: verificar, a partir dos indicadores do uso de medicamentos preconizados pela OMS, se os serviços de APS vêm alcançando desfechos positivos para o uso racional de medicamentos.

Desse modo, os critérios de inclusão foram: ser artigo original completo (com disponibilidade de texto integral), escrito em inglês, espanhol ou português sobre estudo desenvolvido em serviço de APS; ter população-alvo sem particularidade de faixa etária, gênero ou condição de saúde; utilizar pelo menos um dos três conjuntos de indicadores do uso de medicamentos desenvolvidos pela OMS; e ter sido publicado de 2011 a 2016. Foram excluídos da revisão sistemática: artigos de revisão, resumos, teses e outras monografias; estudos desenvolvidos exclusivamente em serviço de atenção terciária à saúde (incluindo hospitais); estudos com população específica, pediátrica, geriátrica, ou gestantes, ou relacionados com doenças particulares, bem como validações de instrumento; estudos que utilizaram outros métodos para descrever ou mensurar o uso racional de medicamentos ao invés dos indicadores da OMS/INRUD; estudos que não forneceram detalhes suficientes em suas metodologias e resultados para responder a pergunta deste estudo.

No caso de estudos que obtiveram resultados em diferentes níveis de atenção saúde, apenas os resultados relativos à APS foram considerados. Para artigos que apresentaram resultados de indicadores em diferentes localidades ou regiões, foram verificadas e utilizadas as médias desses valores.

Extração de dados

Os dados dos artigos incluídos foram extraídos e resumidos em uma tabela padronizada que incorporou as seguintes informações: nome do primeiro autor e ano de publicação, país, nível de estudo (local, distrital, provincial ou nacional), localização, duração, objetivo, desenho, tipo de amostragem, número amostral, indicadores utilizados, resultados e conclusões. Essas extrações foram realizadas de forma independente por dois autores (A.S.S., G.A.M.) e as diferenças foram resolvidas por consenso.

Análise de dados

Foi realizada uma revisão sistemática descritiva, por isso sem metanálise. O estudo tratou os resultados dos indicadores obtidos nos artigos com a mesma importância, sem levar em consideração o tamanho amostral e a variância. Os indicadores de uso de medicamentos foram identificados e seus resultados tabulados no Microsoft Office Excel, versão 2010. Os resultados foram comparados com os valores de referência recomendados pela OMS e verificados quanto à adequação ao uso racional de medicamentos.

RESULTADOS

Foram identificadas 2 533 publicações considerando as cinco bases de dados utilizadas. Dessas publicações, 1 752 foram excluídas por estarem fora do período de 2011 a 2016, bem como repetidas dentro da mesma base de dados. Das 781 publicações restantes identificadas, 754 foram eliminadas após o rastreio dos critérios de elegibilidade. Vinte e sete publicações foram eleitas, porém 11 delas foram excluídas por terem duplicatas entre as bases de dados. Assim, foram selecionadas 16 publicações (1313. Dong L, Yan H, Wang D. Drug prescribing indicators in village health clinics across 10 provinces of Western China. Fam Pract. 2011;28:63–7.2828. Yousif BME, Supakankunti S. General Practitioners’ Prescribing patterns at primary healthcare centers in national health insurance, Gezira, Sudan. Drugs Real World Outcomes. 2016;3(3):327–32.) que atendiam os critérios de inclusão (figura 1).

FIGURA 1
Identificação e seleção dos artigos para revisão sistemática sobre uso racional de medicamentos na atenção primária à saúde, 2011 a 2016

Em relação à distribuição geográfica das publicações incluídas na pesquisa, oito (50,0%) foram provenientes de países da América do Sul, cinco (31,2%) da Ásia e três (18,8%) da África. O desenho foi prospectivo em nove (56,2%) publicações e retrospectivo em sete (43,8%). Os indicadores mais utilizados foram os de prescrição, em 14 (87,5%) publicações, seguidos dos indicadores sobre o serviço, com seis estudos (37,5%), e dos indicadores de assistência, com cinco estudos (31,3%). O detalhamento das publicações analisadas está apresentado na tabela 1.

TABELA 1
Características das publicações incluídas na revisão sistemática sobre uso racional de medicamentos na Atenção Primária à Saúde, 2011 a 2016

Os resultados relativos aos indicadores do uso de medicamentos da OMS empregados nas publicações estão resumidos na tabela 2. A tabela 3 apresenta intervenções sugeridas pelos autores das publicações com o intuito de resolver problemas que levam ao uso inadequado dos medicamentos. Das recomendações mais citadas, a promoção da prescrição racional por meio da educação continuada dos profissionais de saúde e prescritores obteve a maior frequência (56,3%). Em segundo lugar, com a mesma frequência (31,3%), estiveram a recomendação de uma LLME atualizada, com divulgação pelo nome genérico dos medicamentos e revisão para atender as necessidades da população, e a implementação de protocolos clínicos para padronizar condutas terapêuticas (31,3%). Além disso, foi sugerida a necessidade de mais estudos que investiguem as razões do uso inadequado (18,7%). Outras sugestões incluíram a necessidade de fortalecer as autoridades reguladoras, inserir o farmacêutico na equipe multiprofissional, melhorar a gestão da assistência farmacêutica e promover mais estudos com indicadores (12,5%).

TABELA 2
Síntese dos resultados da revisão sistemática sobre uso racional de medicamentos na Atenção Primária à Saúde, 2011 a 2016
TABELA 3
Propostas para a promoção do uso racional de medicamentos sugeridas por estudos incluídos na revisão sistemática sobre uso racional de medicamentos na Atenção Primária à Saúde, 2011 a 2016

DISCUSSÃO

Os 16 estudos analisados nesta revisão mostraram uma tendência de maior utilização dos indicadores da OMS/INRUD por parte de países em desenvolvimento ou emergentes. Este resultado era esperado, uma vez que, dos mais de 30 países que aceitam esses indicadores como método padrão, a maioria é de países em desenvolvimento (2929. Nguyen HT, Wirtz VJ, Haaijer-Ruskamp FM, Taxis K. Indicators of quality use of medicines in South-East Asian countries: a systematic review. Trop Med Int Health. 2012;17(12):1552–66.). Por outro lado, estudos voltados para a farmacoepidemiologia são ainda escassos em países emergentes. Dessa forma, a falta de informações sobre o consumo e a prescrição de medicamentos no país pode levar à inadequação de sua utilização.

Neste estudo, o grupo mais utilizado de indicadores da OMS/INRUD foi o da prescrição, possivelmente pela facilidade de aplicação – que pode ser feita de forma retrospectiva, utilizando arquivos da própria unidade de saúde, o que reduz o tempo e o custo de pesquisa. Outra hipótese está ligada ao próprio fato da prescrição irracional. Embora ocorra em todo o mundo (3030. Akl OA, El Mahalli AA, Elkahky AA, Salem AM. WHO/INRUD drug use indicators at primary healthcare centers in Alexandria, Egypt. J Taibah Univers Med Sci. 2014;9(1):54–64.), a prescrição irracional se agrava em países de baixa renda e, portanto, precisa ser avaliada, uma vez que vem sendo considerada a principal causa do uso irracional de medicamentos.

Observa-se que a causa do uso não racional de medicamentos é multifatorial. Desse modo, torna-se necessária a obtenção de informações relativas a produto, serviço e processo. A utilização dos indicadores básicos da OMS possibilita, de forma conjunta, descrever com qualidade a racionalidade do uso de medicamentos (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
).

Indicadores da prescrição

O número médio de medicamentos prescritos por consulta observado nas publicações avaliadas esteve acima do preconizado pela OMS em 13 dos 14 estudos que utilizaram indicadores de prescrição (1313. Dong L, Yan H, Wang D. Drug prescribing indicators in village health clinics across 10 provinces of Western China. Fam Pract. 2011;28:63–7.2222. Ferreira MBC, Heineck I, Flores LM, Camargo AL, Pizzol TSD, Torres ILS, et al. Rational use of medicines: prescribing indicators at different levels of health care. Braz J Pharm Sci. 2013;49(2):329–40., 2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80.2828. Yousif BME, Supakankunti S. General Practitioners’ Prescribing patterns at primary healthcare centers in national health insurance, Gezira, Sudan. Drugs Real World Outcomes. 2016;3(3):327–32.). Embora esse resultado não satisfaça a prática do uso racional de medicamentos, vale ressaltar que o indicador tem como objetivo detectar o grau de polimedicação ou polifarmácia; portanto, a definição utilizada é de ≥ 2 medicamentos. Entretanto, a meta de < 2 medicamentos por consulta pode estar subestimada em algumas situações (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
http://www.who.int/medicines/publication...
). Um estudo anterior (33. Lucchetti G, Granero AL, Pires SL, Gorzoni ML. Fatores associados à polifarmácia em idosos institucionalizados. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2010;13(1):51–8.) utilizou como definição de polimedicação o uso concomitante de cinco ou mais medicamentos. Assim, caso a OMS elegesse o valor de < 5 medicamentos por consulta, apenas um estudo estaria fora do recomendado para atender a prática do uso racional de medicamentos. Portanto, é necessário revisitar o parâmetro adotado pela OMS ou o próprio indicador, o qual poderia ter como proposta avaliar o número total de medicamentos prescritos ao paciente, e não tão somente por consulta, buscando assim adequá-lo à realidade atual.

A porcentagem de medicamentos prescritos pelo nome genérico em todas as 14 publicações avaliadas foi inconsistente, estando sempre abaixo do valor preconizado pela OMS, de 100% (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
http://www.who.int/medicines/publication...
). Este resultado não satisfaz a prática do uso racional de medicamentos, sugerindo a necessidade de novos estudos para melhor esclarecer a causa dessa falha. A prescrição de medicamentos pelo nome genérico é importante, uma vez que a prescrição médica pelo nome comercial ou fantasia pode resultar em erros de dispensação ou dificultar o acesso ao medicamento, caso a marca não esteja disponível nas farmácias da unidade (2525. Adisa R, Fakeye TO, Aindero VO. Evaluation of prescription pattern and patients’ opinion on healthcare practices in selected primary healthcare facilities in Ibadan, South-Western Nigeria. Afr Health Sci. 2015;15(4):1318–29., 3333. Cruzeta APS, Dourado ACL, Monteiro MTM, Martins RO, Calegario TA, Galato D. Fatores associados à compreensão da prescrição médica no Sistema Único de Saúde de um município do Sul do Brasil. Cienc Saude Coletiva. 2013;12(18):3731–7.).

A porcentagem de consultas nas quais ocorre prescrição de antibióticos ficou dentro dos parâmetros estabelecidos pela OMS em sete publicações (1313. Dong L, Yan H, Wang D. Drug prescribing indicators in village health clinics across 10 provinces of Western China. Fam Pract. 2011;28:63–7., 1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1818. El Mahalli AA. WHO/INRUD drug prescribing indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1091–6., 2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80., 2525. Adisa R, Fakeye TO, Aindero VO. Evaluation of prescription pattern and patients’ opinion on healthcare practices in selected primary healthcare facilities in Ibadan, South-Western Nigeria. Afr Health Sci. 2015;15(4):1318–29., 2727. Ahiabu MA, Tersbøl BP, Biritwum R, Bygbjerg IC, Magnussen P. A retrospective audit of antibiotic prescriptions in primary health-care facilities in Eastern Region, Ghana. Health Policy Plan. 2016;31(2):250–8., 2828. Yousif BME, Supakankunti S. General Practitioners’ Prescribing patterns at primary healthcare centers in national health insurance, Gezira, Sudan. Drugs Real World Outcomes. 2016;3(3):327–32.), ou seja, metade dos estudos que utilizaram indicadores de prescrição tiveram resultados que não atendem a prática do uso racional de medicamentos (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
http://www.who.int/medicines/publication...
). A preocupação da OMS com a prescrição de antibióticos vincula-se à necessidade de evitar o seu uso abusivo pelo custo elevado e pelo risco de disseminação e resistência bacteriana (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
, 3434. Bauchner H, Pelton SI, Klein JO. Parents, physicians, and antibiotic use. Pediatrics 1999;103(2):395–401.). Porém, como as taxas de doenças infecciosas podem ser diferentes entre países, bem como sofrer influências sazonais, a necessidade de prescrever antibióticos pode variar e, portanto, as conclusões não podem ser generalizadas. Assim, a análise desse aspecto demanda amostragem sistemática e período de coleta anual para contornar este viés.

No indicador de porcentagem de consultas em que se prescrevem medicamentos injetáveis, quatro artigos (1313. Dong L, Yan H, Wang D. Drug prescribing indicators in village health clinics across 10 provinces of Western China. Fam Pract. 2011;28:63–7., 1515. Oliveira NSC, Xavier RMF, Araújo PS. Análise do perfil de utilização de medicamentos em uma unidade de saúde da família, Salvador, Bahia. Rev Ciênc Farm Básica Apl. 2012;33(2):283–89., 2525. Adisa R, Fakeye TO, Aindero VO. Evaluation of prescription pattern and patients’ opinion on healthcare practices in selected primary healthcare facilities in Ibadan, South-Western Nigeria. Afr Health Sci. 2015;15(4):1318–29., 2727. Ahiabu MA, Tersbøl BP, Biritwum R, Bygbjerg IC, Magnussen P. A retrospective audit of antibiotic prescriptions in primary health-care facilities in Eastern Region, Ghana. Health Policy Plan. 2016;31(2):250–8.) descreveram cenários que não atenderam o uso racional de medicamentos por apresentarem valores > 20% (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
http://www.who.int/medicines/publication...
). Esse indicador também pode sofrer influências socioculturais, de sazonalidade e ainda de gestão farmacêutica, uma vez que a LLME pode conter formas farmacêuticas injetáveis, influenciando a prescrição. A preocupação da OMS com a prescrição de injetáveis também está vinculada ao uso abusivo e custo elevado, além do risco de reações difíceis de reverter ou potencialmente fatais.

Por fim, quanto à porcentagem de medicamentos prescritos presentes na LLME, todas as 14 publicações relataram valores abaixo do recomendado, que é de 100% (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
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) das prescrições em harmonia com a política nacional de medicamentos. Dados semelhantes foram descritos anteriormente em países da Europa, (55,1%), Américas (71,4%) e Sudeste Asiático (81%) (3535. World Health Organization, Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health. Medicines use in primary care in developing and transitional countries Fact Book summarizing results from studies reported between 1990 and 2006. Genebra: WHO; 2009. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/primary_care_8April09.pdf Acessado em janeiro de 2017.
http://www.who.int/medicines/publication...
). O uso de medicamentos das LLME é importante pelos critérios que orientam a inclusão de medicamentos nessa lista, baseada na realização de testes, uso clínico estabelecido e custo mais baixo do que o de outros medicamentos (3636. World Health Organization. The use of essential drugs. Seventh report of WHO Expert Committee (including the revised model list of essential drugs) (WHO Technical Report Series 867). Genebra: WHO; 1997.).

Indicadores da assistência ao paciente

Das quatro publicações (1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1919. El Mahalli AA, Akl AOM, Al-Dawood SF, Al-Nehab AA, Al-Kubaish HA, Al-Saeed SI, et al. WHO/INRUD patient care and facility-specific drug use indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1086–90., 2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80., 2626. Aravamuthan A, Arputhavanan M, Subramaniam K, Udaya Chander J SJ. Assessment of current prescribing practices using World Health Organization core drug use and complementary indicators in selected rural community pharmacies in Southern India. J Pharm Policy Pract. 2016;10:1.) que avaliaram o tempo médio dedicado pelo profissional médico aos pacientes no processo de consulta e prescrição, todas apresentaram valores abaixo dos 15 minutos mínimos preconizados pela OMS (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
, 3737. Bittner MR, Aguilar NG, Menéndez AM. Guia para el desarrollo de servicio farmaceutico hospitalario. Atención farmaceutica al paciente ambulatorio. (Serie Medicamentos Essenciales y Tecnologia No. 5.5). 1997. Disponível em: http://www.sefh.es/bibliotecavirtual/ops/afambulatorio.pdf Acesso em dezembro de 2016.
http://www.sefh.es/bibliotecavirtual/ops...
). Este resultado não satisfaz a prática do uso racional de medicamentos, uma vez que o tempo insuficiente de consulta pode levar a diagnóstico inadequado e interação médico-paciente insuficiente (3030. Akl OA, El Mahalli AA, Elkahky AA, Salem AM. WHO/INRUD drug use indicators at primary healthcare centers in Alexandria, Egypt. J Taibah Univers Med Sci. 2014;9(1):54–64.). Em relação ao tempo médio de dispensação – entrega do medicamento ou produto para saúde, realizada pelo profissional farmacêutico, promovendo condições para que o paciente utilize o medicamento ou produto da melhor maneira possível (3838. Organización Pan-Americana de la Salud (OPAS)/Organización Mundial de la Salud (OMS). El papel del farmacéutico en la atencíon a salud. Informe de la reunión de la OMS, Tokio, Japon, 31 agosto al 3 septiembre de 1993. Washington: PAHO; 1995.) – das cinco publicações que utilizaram este indicador, quatro (1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1919. El Mahalli AA, Akl AOM, Al-Dawood SF, Al-Nehab AA, Al-Kubaish HA, Al-Saeed SI, et al. WHO/INRUD patient care and facility-specific drug use indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1086–90., 2020. Rempel A, Diefenthaeler HS, Gonçalves IL. Avaliação dos indicadores de assistência ao paciente estabelecidos pela OMS no município de Erechim – RS. Perspectiva. 2013;37(137):73–80., 2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80.) ficaram abaixo do tempo mínimo de 180 segundos (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
, 3737. Bittner MR, Aguilar NG, Menéndez AM. Guia para el desarrollo de servicio farmaceutico hospitalario. Atención farmaceutica al paciente ambulatorio. (Serie Medicamentos Essenciales y Tecnologia No. 5.5). 1997. Disponível em: http://www.sefh.es/bibliotecavirtual/ops/afambulatorio.pdf Acesso em dezembro de 2016.
http://www.sefh.es/bibliotecavirtual/ops...
).

A porcentagem de medicamentos prescritos que são efetivamente dispensados determina a capacidade dos serviços de saúde de proporcionar os medicamentos (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
). Na presente revisão, nenhuma das cinco publicações avaliadas neste quesito atendeu a prática do uso racional de medicamentos, que recomenda a dispensação de 100% dos medicamentos prescritos.

Esse fato é inquietante, pois a prescrição de medicamentos fora da LLME e a falta de medicamentos essenciais nos serviços de saúde comprometem não só o acesso regular a medicamentos como também a segurança dos pacientes que dependem de seu uso continuado, especialmente aqueles de menor poder aquisitivo (3939. Paniz VMV, Fassa AG, Facchini LA, Bertoldi AD, Piccini RX, Omasi E. Acesso a medicamentos de uso contínuo em adultos e idosos nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Cad Saude Publica. 2008;2(2):267–80.). Dos medicamentos em estoque nas unidades de saúde, a porcentagem de medicamentos corretamente etiquetados também não satisfez o uso racional de medicamentos. De acordo com a OMS, cada rótulo deve conter o regime de administração, o nome do paciente e a dose utilizada (1010. World Health Organization. How to investigate drug use in health facilities: Selected drug use indicators (WHO/DAPI 93.1). Genebra: WHO; 1993. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s2289e/s2289e.pdf Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s22...
). Nesse caso, a prática de rotulagem foi muito carente, uma vez que todas as quatro publicações que utilizaram este indicador (1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1919. El Mahalli AA, Akl AOM, Al-Dawood SF, Al-Nehab AA, Al-Kubaish HA, Al-Saeed SI, et al. WHO/INRUD patient care and facility-specific drug use indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1086–90., 2020. Rempel A, Diefenthaeler HS, Gonçalves IL. Avaliação dos indicadores de assistência ao paciente estabelecidos pela OMS no município de Erechim – RS. Perspectiva. 2013;37(137):73–80., 2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80.) apresentaram resultados abaixo dos 100% recomendados (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
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, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
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). Isso pode ser atribuído à falta de um sistema de rotulagem, à carência de recursos financeiros, à ausência de farmacêutico na equipe de saúde e à deficiência de gestão e política de assistência farmacêutica. Por outro lado, pode-se questionar se de fato a ausência de um sistema de rotulagem nas unidades de APS afastaria a prática do uso racional dos medicamentos. Vale ressaltar que o fracionamento de medicamentos demanda um sistema de rotulagem, porém essa prática encontra-se mais presente na atenção terciária de saúde. Assim, poderíamos sugerir que a aplicação desse indicador na APS deveria ser condicionada à presença do serviço de fracionamento.

Por fim, quanto à porcentagem de usuários que conhecem a dose correta de seus medicamentos, observou-se que nenhuma das publicações atendia a prática do uso racional de medicamentos, com todos os quatro estudos apresentando resultados abaixo dos 100% recomendados (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
http://www.who.int/medicines/publication...
). Este fato reflete a ineficácia das informações fornecidas aos usuários sobre a posologia dos seus medicamentos nas unidades de APS. Dessa forma, o pouco conhecimento do usuário sobre como utilizar seus medicamentos pode resultar da baixa qualidade das consulta e da dispensação; essas limitações podem aliar-se ao baixo grau de escolaridade, idade avançada dos pacientes e ausência de profissional farmacêutico.

Indicadores de serviço

Uma cópia da LLME na APS não estava disponível em três dos quatro estudos que utilizaram indicadores de serviço nesta revisão (1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1919. El Mahalli AA, Akl AOM, Al-Dawood SF, Al-Nehab AA, Al-Kubaish HA, Al-Saeed SI, et al. WHO/INRUD patient care and facility-specific drug use indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1086–90., 2323. Díaz EIB, Sánchez S GL. Uso racional de medicamentos por agentes comunitarios en atención primaria de salud en los ambulatórios rurales del municipio Atures, estado Amazonas, Venezuela, año 2011. Rev Inst Nac Hig. 2014;45(2):79–95.). O acesso à LLME contribui para nortear os prescritores a respeito dos medicamentos padronizados e melhorar a relação custo-benefício da prescrição. Além disso, a LLME auxilia na gestão da assistência farmacêutica para fins de abastecimento e acessibilidade aos medicamentos. Portanto, qualquer valor diferente de 100% pode ser considerado insatisfatório para o uso racional de medicamentos. Em relação à disponibilidade dos medicamentos essenciais categorizados como de referência ou chave nos serviços de saúde, todos os seis estudos que avaliaram esse quesito (1717. Ahmed SM, Islam QS. Availability and rational use of drugs in primary healthcare facilities following the national drug policy of 1982: is Bangladesh on right track? J Health Popul Nutr. 2012;30(1):99–108., 1919. El Mahalli AA, Akl AOM, Al-Dawood SF, Al-Nehab AA, Al-Kubaish HA, Al-Saeed SI, et al. WHO/INRUD patient care and facility-specific drug use indicators at primary health care centres in Eastern province, Saudi Arabia. East Mediterr Health J. 2012;18(11):1086–90., 2222. Ferreira MBC, Heineck I, Flores LM, Camargo AL, Pizzol TSD, Torres ILS, et al. Rational use of medicines: prescribing indicators at different levels of health care. Braz J Pharm Sci. 2013;49(2):329–40.2424. Dourado MAS, Rizzotto MLF. Indicadores do uso de medicamentos e de assistência em um município do oeste do Paraná. Cienc Cuid Saude. 2015;14(4):1572–80., 2626. Aravamuthan A, Arputhavanan M, Subramaniam K, Udaya Chander J SJ. Assessment of current prescribing practices using World Health Organization core drug use and complementary indicators in selected rural community pharmacies in Southern India. J Pharm Policy Pract. 2016;10:1.) apresentaram valores abaixo do recomendado (3131. Dumoulin J, Kaddar M, Velasquez G. Guide d'analyse économique du circuit du medicament. Genebra: OMS; 2001. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js5518f/7.html Acessado em dezembro de 2016.
http://apps.who.int/medicinedocs/fr/d/Js...
, 3232. Harvard Medical School and Harvard Pilgrim Health, World Health Organization (WHO). Using indicators to measure country pharmaceutical situations Fact Book on WHO Level I and Level II monitoring indicators. Genebra: WHO; 2006. Disponível em: http://www.who.int/medicines/publications/WHOTCM2006.2A.pdf Acessado em novembro de 2016.
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).

A análise dos resultados desses indicadores possibilita reflexões sobre as possíveis causas dos problemas encontrados na assistência farmacêutica da APS. Oliveira et al. (4040. Oliveira LCF, Assis MMA, Barboni AR. Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde: da Política Nacional de Medicamentos à Atenção Básica à Saúde. Cien Saude Col. 2010;3(15):3561–7.) sugerem, dentre possíveis causas, falta de comprometimento ou de ingerência do gestor de saúde em relação à assistência farmacêutica, escassez de recursos financeiros, ausência de planejamento e programação para a aquisição de medicamentos, aquisições equivocadas e armazenamento em condições inapropriadas, o que contribui para a deterioração dos medicamentos, ocasionando perdas.

Pontos fortes e limitações

Um ponto forte deste estudo foi o uso de uma metodologia de revisão sistemática de qualidade e a utilização de cinco bases de dados diferentes. Além disso, estudos com os indicadores de uso de medicamentos da OMS/INRUD são atualmente escassos, e esta revisão, além de estimular novas publicações, torna públicas propostas para melhorar o uso racional de medicamentos que podem servir como base para possíveis estudos interventivos. A inclusão de publicações com foco apenas na APS confere outro ponto forte, uma vez que os indicadores foram idealizados para serem aplicados nesse nível de atenção.

As publicações foram selecionadas para o estudo a partir apenas dos achados nas bases de dados eletrônicas citadas, sem busca manual em outras fontes, como listas de referências dos artigos selecionados e contato com pesquisadores para identificar estudos não publicados. Além disso, o estudo ficou limitado a artigos publicados em inglês, espanhol ou português. Outra limitação foi a falta de estudos com esses indicadores em países desenvolvidos, o que restringiu a generalização dos dados. Para esse fato pode-se pressupor a não utilização de uma base de dados principalmente de origem europeia.

É importante ressaltar que a maioria das publicações (56,3%) teve amostragem não probabilística por conveniência; portanto, os resultados não puderam ser generalizados estatisticamente para a população da pesquisa, e as técnicas de inferência estatística utilizadas possuem validade qualitativa.

A presente revisão sistemática não incluiu uma metanálise. Embora isso não seja necessariamente uma condição limitante, idealmente deveria haver uma certa uniformidade entre os estudos incluídos em relação ao método de coletas de dados. Entretanto, esse aspecto não foi considerado para a análise. Além disso, as publicações relataram cenários de sistemas de saúde distintos, inseridos em contextos com diferentes valores culturais. Por fim, esses indicadores básicos não mostram as causas dos problemas, apenas os identificam, bem como não conseguem determinar se os medicamentos prescritos foram efetivamente utilizados pelos usuários.

CONCLUSÃO

A capacidade dos serviços de APS, nos diferentes países, foi insuficiente para apoiar o uso racional de medicamentos. Em geral, os estudos, através dos indicadores de prescrição, assistência e serviço, mostraram valores não satisfatórios em relação aos preconizados como ideais pela OMS. Assim, revelaram práticas de uso irracional de medicamentos. Por essa razão, são necessários novos estudos. Ao mesmo tempo, há espaço para propor atualizações nos valores de referência dos parâmetros de uso racional de medicamentos, assim como inclusão ou exclusão de indicadores com novas validações. Principalmente, é importante considerar a realização de estudos intervencionistas que apresentem melhorias para o uso racional de medicamentos.

Em termos básicos, para que ocorra o uso racional de medicamentos, é necessário que os países possuam uma política nacional de medicamentos implantada, que fortaleça as autoridades reguladoras de medicamentos e a gestão da assistência farmacêutica. Dessa implantação partem três bases importantes que precisam ser aperfeiçoadas: a lista de medicamentos essenciais do país; a gestão e a operacionalização dos medicamentos; e os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas. A partir dessas ferramentas partem as estratégias interventivas para melhorias de produto, serviço e processo.

Agradecimentos

À coordenação e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pelo incentivo a estudos relacionados à utilização de medicamentos e saúde pública.

  • Declaração. As opiniões expressas no manuscrito são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem necessariamente a opinião ou política da RPSP/PAJPH ou da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Abr 2018

Histórico

  • Recebido
    23 Jan 2017
  • Aceito
    30 Maio 2017
Organización Panamericana de la Salud Washington - Washington - United States
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