A Organização Pan-Americana da Saúde celebra 120 anos de promoção da saúde pública nas Américas**Tradução oficial em português do artigo original em inglês realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde. Em caso de discrepância entre as duas versões, prevalecerá o original em inglês: https://doi.org/10.26633/RPSP.2023.110.

Jarbas Barbosa da Silva Jr.Sobre o autor

Em 2022, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) completou 120 anos. Ao rememorar os anos e a história desta Organização, lembro-me do poder e da importância da solidariedade para construirmos um futuro com mais saúde, esperança e justiça.

Nos últimos três anos, a Região das Américas foi obrigada a enfrentar uma das crises mais difíceis em mais de um século. A Região foi especialmente atingida pela pandemia de COVID-19, que afetou profundamente todas as áreas das nossas vidas e causou anos de retrocesso nos avanços sociais e econômicos. No entanto, mesmo quando os obstáculos eram incontornáveis, trabalhamos juntos para vacinar mais de 700 milhões de pessoas. Hoje, os países e territórios das Américas estão abordando as lacunas existentes em nossos sistemas de saúde, fortalecendo a vigilância epidemiológica e expandindo a capacidade de produção de vacinas para garantir que estejamos mais bem preparados para futuros desafios.

Nas últimas décadas, vi os Estados Membros trabalharem em parceria para erradicar o sarampo, a rubéola e o tétano neonatal. Houve grandes avanços na Região para eliminar a transmissão vertical do HIV e da sífilis, a malária, a raiva humana transmitida por cães, a oncocercose, a hanseníase e o tracoma. Nossos países aprovaram leis e políticas para conter o tabagismo, reduzir as taxas de obesidade e enfrentar nossa crescente crise de saúde mental. Juntos, combatemos epidemias de zika e chikungunya, surtos de cólera e febre amarela e surtos periódicos de gripe e dengue.

Repetidamente, observei que a chave para superar os desafios de saúde na nossa Região é a adoção de ações coletivas para encontrar soluções. Isso requer que os governos e sistemas de saúde dos países trabalhem em estreita colaboração, compartilhando abertamente dados, orientações e conhecimentos.

Talvez nenhum outro instrumento represente melhor os valores de solidariedade regional do que a nossa Revista Pan-Americana de Saúde Pública, que comemorou seu centenário em 2022. Há 100 anos a revista tem sido um instrumento crucial para promover a saúde pública nas Américas. Ela tem sido a principal plataforma da nossa Região para difundir evidências, orientações e lições aprendidas, ampliando a capacidade dos cientistas e especialistas em saúde pública de melhorar a saúde das nossas sociedades.

Desde maio de 1922, a revista tem sido uma fonte inestimável de informações sobre a situação dos programas regionais de saúde, uma plataforma para divulgar avanços na área de saúde, pesquisa, prevenção e cura de doenças e uma ferramenta para apresentar as respostas dos Estados Membros aos mandatos e ações da OPAS e de seus Órgãos Diretores.

A história da OPAS está refletida nesta revista. Seus artigos e edições especiais expõem fielmente a situação e as prioridades de saúde em cada época. Nas primeiras edições, podemos observar a evolução da saúde pública em ação, pois os países estavam apenas começando a construir seus sistemas de saúde, aprovar leis sanitárias e testar programas de saúde nacionais.

A revista conta histórias de doenças – muitas ainda sem solução – que moldaram o curso da nossa Região ao longo do tempo: desde doenças transmissíveis, como difteria, hanseníase e tuberculose, até doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e questões como tabagismo, acidentes de trânsito, violência e mudança do clima, que ganharam destaque e continuam a atrair o interesse da Região.

Nos últimos 45 anos, o nosso objetivo coletivo de alcançar atenção universal à saúde tem sido um foco das Américas e da revista. Em suas páginas, está estampada a Declaração de Alma-Ata de 1978, um guia transformacional que definiu a atenção primária à saúde como a estratégia fundamental para atingir nossa meta de saúde para todos.

De fato, a essência de Alma-Ata permanece viva nas páginas da revista, seja na cobertura da mortalidade materno-infantil, da imunização ou da ciência básica. A saúde universal continua sendo um fio condutor vital do trabalho da OPAS, inclusive em sua mais recente Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030.

Basta olhar para a pandemia de COVID-19 para perceber a importância de fortalecer nossos sistemas de atenção primária à saúde. Sistemas robustos ajudam os países a detectar surtos mais rapidamente e a prevenir e responder às emergências de saúde de forma mais eficiente e equitativa. Sistemas robustos de atenção primária à saúde nos aproximam de nossas metas de atenção universal à saúde e ajudam a desenvolver populações, sociedades e economias mais resilientes.

Olhando para os próximos 100 anos, tenho certeza de que a revista manterá seu papel fundamental de atualização e renovação do conhecimento e de documentação e promoção de ações de saúde pública que beneficiem nossa Região. Aproveitando as lições e o conhecimento técnico disponíveis em suas páginas, podemos construir uma sociedade mais igualitária, na qual todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis e desfavorecidas, possam ter uma vida saudável, produtiva e cheia de sentido.

Parabenizo os colaboradores e editores da Revista Pan-Americana de Saúde Pública por promoverem a saúde e o bem-estar dos povos das Américas e transmitirem nossos valores regionais de saúde, equidade, solidariedade e justiça social.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2023
  • Aceito
    02 Jun 2023
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