RESUMO
Objetivo
Estimar a prevalência e os fatores associados à presença de multimorbidade na população idosa do município de Ibicuí - BA.
Métodos
Estudo realizado com 310 idosos com idade > 60 anos, de ambos os sexos, residentes no município de Ibicuí - BA. Foram coletadas informações sociodemográ-ficas e informações pessoais, condições de vida, hábitos de vida, massa corporal, estatura e presença de multimorbidade. Utilizou-se análise descritiva e foram estimadas razões de prevalência de multimorbidade, segundo variáveis de interesse. Como medida de significância estatística foi utilizado o teste de Qui-quadrado de Pearson, adotando-se p≤0,05. A análise multivariada hierarquizada por Regressão de Poisson foi empregada após análise bivariada para seleção das variáveis independentes (p<0,20).
Resultados
A prevalência geral de multimorbidade foi de 80,3%. Na análise multivariada hierarquizada, apresentaram associação significativa, as variáveis sexo e renda mensal (p<0,05). Os resultados mostraram uma elevada prevalência de multimorbidade na população investigada e essa condição foi mais acentuada entre as mulheres e aqueles com menor nível económico.
Conclusões
Faz-se necessário redirecionar o planejamento das ações de saúde no município, com mudanças na política de atenção à saúde do idoso e, principalmente, nas redes de suporte social que amparam esses indivíduos, uma vez que, nesta localidade, a presença de multimorbidade esteve relacionada a questões socioeconómicas.
Palavras-Chave:
Epidemiologia; planejamento em saúde; saúde do idoso (fonte: DeCS, BIREME)
ABSTRACT
Objective
To estimate the prevalence and the factors associated with the presence of multimorbidity in the elderly population of the municipality of Ibicuí - BA.
Methods
This study was carried out with 310 elderly individuals, aged > 60 years old, of both sexes, living in the municipality of Ibicuí - BA. Sociodemographic information and personal information, living conditions, life habits, body mass, stature and presence of multimorbidity were collected. The descriptive analysis was used and multimorbidity prevalence ratios were estimated according to variables of interest. As a measure of statistical significance, the qui-quadrado de Pearson test was used, adopting p≤0.05. The multivariate analysis hierarchized by Poisson regression was employed after bivariate analysis to select the independent variables (p<0.20).
Results
The general prevalence of multimorbidity was 80.3%. The hierarchical multi-varied analysis showed the variables of gender and monthly income (p<1.5) were significantly related to the problem. The results reveal also a high prevalence of multimorbidity in the studied population. Mainly women and the poorest suffer from it.
Conclusions
It is necessary to redirect the planning of health actions in the municipality, with changes in the health care policy of the elderly, and especially in the social support networks that support these individuals, considering that in this locality the presence of multimorbidity was related to socio-economic grounds.
Key Words:
Epidemiology; health planning; aging (source: MeSH, NLM)
RESUMEN
Objetivo
Estimar la prevalencia y los factores asociados a la presencia de multimorbilidad en la población anciana del municipio de Ibicuí - BA.
Métodos
Estudio realizado con 310 ancianos con edad > 60 años, de ambos sexos, residentes en el municipio de Ibicuí-BA. Se recigió información sociodemográfica y personales, condiciones de vida, hábitos de vida, masa corporal, estatura y presencia de multimorbilidad. Se utilizó análisis descriptivo y se estimaron razones de prevalencia de multimorbilidad, según variables de interés. Como medida de significancia estadística se utilizó la prueba de Qui-cuadrado de Pearson, adoptando p≤0,05. El análisis multivariado jerarquizado por Regresión de Poisson fue empleada después del análisis bivariado para la selección de las variables independientes (p<0,20).
Resultados
La prevalencia general de multimorbilidad fue del 80,3%. En el análisis multivariado jerarquizado, presentaron asociación significativa las variables de sexo y renta mensual (p <0,05). Los resultados mostraron una elevada prevalencia de multimorbilidad en la población investigada y esa condición fue más acentuada entre las mujeres y aquellos con menor nivel económico.
Conclusiones
En ese sentido, se hace necesario reorientar la planificación de las acciones de salud en el municipio, con cambios en la política de atención a la salud del anciano y, principalmente, en las redes de soporte social que amparan a esos individuos, ya que, en esta localidad, la presencia de multimorbilidades estuvo relacionada con cuestiones socioeconómicas.
Palabras Clave:
Epidemiología; planificación en salud; salud del anciano (fuente: DeCS, BIREME)
O aumento do contingente de idosos é um fenômeno presente em nossa sociedade, suscitando o desenvolvimento de estudos com propósito de ampliar o conhecimento acerca das necessidades de adaptação nos setores socioeconômicos e no planejamento das políticas públicas direcionadas ao idoso 11. Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet, 2011; 377(9781);1949-61. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60135-9.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60... ,22. Rocha SV, Almeida MMG, Araújo TM, Rodrigues WKM, Santos LB, Virtuoso Junior JS. Prevalência de transtornos mentais comuns entre idosos residentes em município do Nordeste do Brasil. Rev. Salud Pública (Bogotá). 2012; 14(4):620-29. Available from: https://bit.ly/2T4wPhe.
https://bit.ly/2T4wPhe... .
No contexto de mudança do contingente demográfico no Brasil e, consequentemente, no perfil de morbidades, ações de saúde devem ser planejadas, já que estes exibem maiores frequências de múltiplos agravos e uso dos serviços de saúde, a exemplo, de leitos hospitalares 33. Pimenta FB, Pinho L, Silveira MF, Botelho AC de C. Fatores associados a doenças crónicas em idosos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família, Ciênc. saúde coletiva. 2015; 20(8):2489-98. DOI: 10.1590/1413-81232015208.11742014.
https://doi.org/10.1590/1413-81232015208... e da polifarmácia 44. Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, Luiza VL et al. Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública, Rev. Saúde Pública. 2016; 50(Suppl2),9s. Available from: https://bit.ly/3mdPt2X.
https://bit.ly/3mdPt2X... ,55. Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Dellani MP. Multimorbidade associado à polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Rev. bras. geriatr. Gerontol. 2017 ;20(5): 634-42. DOI:10.1590/1981-22562017020.170059.
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020... .
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), atualmente, têm sido uma preocupação para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, que busca perspectivas e logísticas de atendimentos pautados nas condições crônicas de saúde 66. Mendes, EV. O cuidado das condições crónicas na atenção primária à saúde. Bras Promoç Saúde. 2018; 31(2):1-3. Available from: https://bit.ly/3o4rjth.
https://bit.ly/3o4rjth... . Nesta mesma lógica entra o entendimento das Multimorbidades, frequentes entre os idosos 44. Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, Luiza VL et al. Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública, Rev. Saúde Pública. 2016; 50(Suppl2),9s. Available from: https://bit.ly/3mdPt2X.
https://bit.ly/3mdPt2X... , já que é uma população que necessita de ações proativas constantes, buscando a integralidade do cuidado 66. Mendes, EV. O cuidado das condições crónicas na atenção primária à saúde. Bras Promoç Saúde. 2018; 31(2):1-3. Available from: https://bit.ly/3o4rjth.
https://bit.ly/3o4rjth... .
Os idosos, em decorrência de fatores inerentes ao processo de envelhecimento, tendem a apresentar e conviver com múltiplas doenças crônicas, também nomeadas de Multimorbidades 77. Kirchberger I, Meisinger C, Heier M, Anja-Kerstin Z, Thorand B, Autenrieth CS et al. Patterns of multimorbidity in the aged population: results from the KORA-age study. PLoSONE, 2012; 7(1). DOI:10.1371/journal.pone.0030556.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003... ,88. Sousa-Muñoz RL, Ronconi DE, Dantas GC, Lucena DMS, Silva IBA. Impacto de multimorbidade sobre a mortalidade em idosos: estudo de coorte pós-hospitalização. Bras Geriatr Gerontol. 2013; 6(3):579-89. DOI:10.1590/S1809-98232013000300015.
https://doi.org/10.1590/S1809-9823201300... . Esta pode ser conferida pela presença de duas ou mais condições mórbidas, acometendo a saúde de um mesmo indivíduo 44. Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, Luiza VL et al. Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública, Rev. Saúde Pública. 2016; 50(Suppl2),9s. Available from: https://bit.ly/3mdPt2X.
https://bit.ly/3mdPt2X... .
Sabe-se que a presença de patologias múltiplas potencializam declínios na capacidade funcional e na autonomia do idoso, provocam efeitos negativos à saúde,afetando di-retamente o estado geral de saúde dos mesmos 55. Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Dellani MP. Multimorbidade associado à polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Rev. bras. geriatr. Gerontol. 2017 ;20(5): 634-42. DOI:10.1590/1981-22562017020.170059.
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020... , além de onerar gastos aos serviços de saúde 99. Silveira RE, Santos AS, Sousa MC, Monteiro TS. Gastos relacionados a hospitalizações de idosos no Brasil. Einstein (São Paulo). 2013; 11(4):514-20. Available from: https://bit.ly/3o5622G.
https://bit.ly/3o5622G... .
Em decorrência do impacto negativo que essa condição clínica pode causar a saúde do idoso, somando o alto custo com assistência à saúde, o estudo da multimorbidade tem sido crescente na literatura 55. Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Dellani MP. Multimorbidade associado à polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Rev. bras. geriatr. Gerontol. 2017 ;20(5): 634-42. DOI:10.1590/1981-22562017020.170059.
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020... ,1010. Nunes BP, Batista SRR, Andrade FB de, Souza Junior PRB de, Lima-Costa MF, Facchini LA. Multimorbidade em indivíduos com 50 anos ou mais de idade: ELSI - Brasil. Rev. Saúde Pública . 2018; 52(Suppl 2):10s. DOI:10.11606/s1518-8787.2018052000637.
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2018... .
Partindo desse pressuposto, o estudo buscou estimar a prevalência e os fatores associados à presença de Mul-timorbidades na população idosa assistida pela Estratégia da Saúde da Família (ESF) do município de Ibicuí-BA.
METODOS
Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal. Os dados foram extraídos do inquérito domiciliar intitulado "Monitoramento das Condições de Saúde de Idosos de um Município de Pequeno Porte (MONIDI)", realizado no município de Ibicuí, no estado da Bahia, Brasil em fevereiro de 2014.
Ibicuí está localizada a 515 km de Salvador, capital da Bahia. Possui território de 1.176,843km2, com 15.785 habitantes, destes 2.125 são idosos, dentre os quais 525 estão cadastrados nas Unidades de Saúde da Família 1111. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: resultados preliminares da amostra [internet]. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2011 [cited 2019 May 19]. Available from: Available from: https://bit.ly/2HgMqb4 .
https://bit.ly/2HgMqb4... . Seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é baixo (0,584), sendo o 4540° numa lista de 5565 municípios brasileiros 1212. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil [Internet]. Brasil: Ranking Bahia; 2010. Available from: http://www.atlasbrasil.org.br/.
http://www.atlasbrasil.org.br/... .
Os critérios de inclusão utilizados no estudo foram: indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos cadastrados nas Unidades de Saúde da Família (USF) nas zonas urbana e rural do município de Ibicuí - Ba. Foram excluídos todos os indivíduos com diagnóstico de demência ou qualquer outro tipo de alteração cognitiva que comprometesse a veracidade das informações fornecidas.
Após os critérios de exclusão, foi realizado um sorteio proporcional ao tamanho e distribuição por sexo e por Unidade de Saúde da Família, sendo a amostra final do estudo composta por 335 idosos elegíveis, assumindo-se uma prevalência estimada de transtornos mentais comuns de 25%, erro amostral de 3%, e nível de confiança de 95%.
Os participantes foram convidados a comparecer nas Unidades de Saúde da Família e receberam informações acerca da pesquisa, comprometendo-se a participar voluntariamente.
Foram incluídas no presente estudo as variáveis relacionadas às características sociodemográficas, condições de vida e hábitos de vida.
Características sociodemográficas: sexo; idade; situação conjugal atual; nível de escolaridade; raça/cor, religião e renda mensal.
Condições de vida: tipo de moradia, luz elétrica, água encanada, número de filhos vivos e situação de corresidência.
Hábitos de vida:
Estado nutricional: Mensurado através do Índice de Massa Corporal (IMC) pelo método: massa corpo-ral-kg/(estatura-m)2, com padronização da medida 1313. Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric Standardisation Reference Manual. Champaign, IL: Human Kinetics Books, 1988., os equipamentos utilizados para obtenção das medidas foram: balança digital (OMRON) e estadiô-metro (Sanny). A classificação seguiu os critérios da Organização Mundial de Saúde 1414. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. WHO Obesity Technical Report Series, n. 284. Geneva: World Health Organization, 2000 [cited 2019 May 19]. Available from: Available from: https://bit.ly/35bAwY5 .
https://bit.ly/35bAwY5... .Consumo de álcool e tabaco - a investigação referente ao ato de fumar e ingerir bebida alcoólica se deu através das perguntas: a) consumo diário de bebidas alcoólicas; b) necessidade de redução da quantidade de bebida ingerida ou parar de beber; c) é criticado pelo modo que costuma beber; d) chateação consigo mesmo pelo modo que costuma beber; e) costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca; f) se já foi fumante ou fuma atualmente; g) quantidade de cigarros que fuma por dia; e h) há quanto tempo fuma.
Tempo gasto sentado (comportamento sedentário): mensurado através do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão adaptada para idosos brasileiros 1515. Mazo GZ, Benedetti TRB. Adaptação do questionário internacional de atividade física para idosos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010; 12(6):480 4. DOI: 10.5007/1980-0037.2010v12n6p480.
https://doi.org/10.5007/1980-0037.2010v1... , sendo computado o tempo, em minutos, a classificação foi realizada de acordo com o tempo gasto sentado em uma semana normal/habitual.Atividade física no lazer: Os idosos foram questionados acerca da prática de atividade física no lazer podendo ser a) leve - caminhar, pedalar ou dançar mais ou igual que três horas por semana; b) moderada - correr, fazer ginástica ou praticar esportes mais ou igual que três horas por semana; c) intensa - treinamento para competição e d) não tem - o lazer não inclui ativida-de física. A inatividade física no lazer foi classificada de acordo com os critérios de Pitanga & Lessa 1616. Pitanga FJG, Lessa I. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo no lazer em adultos. Cad. Saúde Pública. 2005; 21(3):870-877. DOI:10.1590/S0102-311X2005000300021.
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200500... , onde foram considerados como inativos no lazer aqueles que informaram não participar de atividades físicas nos momentos de lazer, considerando a semana típica habitual.
Multimorbidade - Neste estudo considerou-se como multimorbidade a presença de duas ou mais morbidades no mesmo indivíduo 1717. World Health Organization. Chronic disease [Internet]. Available from: https://bit.ly/3dD9hJV.
https://bit.ly/3dD9hJV... . Os idosos foram distribuídos em dois grupos: "idosos com multimorbidade" e "idosos sem multimorbidade".
De acordo com o instrumento de coleta, a partir da presença de doenças autorreferidas citadas logo abaixo, as respostas foram categorizadas como "sim" e "não" e foi quantificado o número de morbidades por idoso.
Doenças autorreferidas: diabetes, colesterol elevado, hipertensão, cardiopatia, embolia pulmonar, acidente vascular encefálico, câncer, artrite/artrose e Parkinson em conformidade com a Classificação Internacional de Doenças - CID-10 1818. Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde: décima revisão (CID-10). São Paulo: Centro Colaborador da OMS para Classificação de Doenças em Português; 1993..
Os dados foram tabulados com auxílio do software EpiData versão 3.11919. Lauritsen JH, Bruss M, Myatt MA. Epidata [software]. Programa para criar banco de dados. EpiDataAssociation, Odense Denmark; 2002. (v3.0). Versão para o português (Brasil) por João Paulo Amaral Haddad.. Para a análise estatística dos dados foi utilizados o pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences- SPSS for Windows versão 21.0 2020. IBM Corp. Released 2012. IBM SPSS Statistics for Windows, Version 21.0 [software]. Armonk, NY: IBM Corp..
Realizou-se análise descritiva considerando variáveis sociodemográficas, informações pessoais, condições de vida, hábitos de vida e multimorbidade, com a finalidade de apresentar o perfil da população estudada. A magnitude da associação foi estimada pela razão de prevalência (RP) e para avaliação da medida de significância estatística utilizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson, adotando α = 5% (p < 0,05).
Em seguida foram calculadas as razões de prevalência (RP) e seus respectivos intervalos de confiança a 95% (IC = 95%). Uma vez que muitos fatores em estudo poderiam estar confundindo as associações, utilizou-se a hierarquização das variáveis em níveis para selecionar as variáveis de confusão mais relevantes 2121. Fuchs SC, Victora CG, Fachel J. Modelo hierarquizado: uma proposta de modelagem aplicada à investigação de fatores de risco para dia-rréia grave. Rev Saúde Pública. 1996. 30:168-78. DOI:10.1590/S0034-89101996000200009.
https://doi.org/10.1590/S0034-8910199600... .
Foi realizada Regressão de Poisson para análises de associação entre as variáveis de exposição e a variável desfecho. As variáveis independentes, que na análise bivariada apresentaram valor p menor que 0,20 (p < 0,20) foram inseridas no modelo de análise multivariada hierarquizada por Regressão de Poisson.
No modelo proposto, as condições de vida foram consideradas no nível intermediário, com o intuito de concebê-las não como característica puramente biológica, mas, sim, como característica que pode, de certo modo, sofrer influência de fatores situados no nível distal do modelo, como as condições socioeconômicas.
Os hábitos de vida foram considerados no nível proximal, por ser conhecida a estreita relação que apresentam como fatores agravantes/desencadeantes da presença de multimorbidade.
No modelo proposto, observa-se os efeitos indiretos entre os vários níveis.
A pesquisa seguiu todas as recomendações éticas de acordo com os princípios contidos na Declaração de Helsinque 2222. Declaração de Helsinque. Princípios éticos para as pesquisas médicas em seres humanos. Edinburgh: Associação Médica Mundial: 52a Assembléia Geral; 2000. Available from: https://bit.ly/2HgTGUp.
https://bit.ly/2HgTGUp... e pautados na resolução n°466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 2323. Resolução n° 466 de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conselho Nacional de Saúde. Publicada no DOU N° 12; 2013. Available from: https://bit.ly/35h4E4e.
https://bit.ly/35h4E4e... . O estudo foi aprovado pelo Comité de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, conforme Protocolo (n° 613.364). Todos os participantes assinaram o termo de compromisso livre e esclarecido, antes da entrevista.
RESULTADOS
As características sociodemográficas e informações pessoais da população entrevistada revelaram predominância do sexo feminino (56,5%), com média de idade de 71,6 ±8,15 anos, e destaque para a faixa etária compreendida entre 60-79 anos (83,9%). A maioria dos indivíduos relatou ser alfabetizado (56,1%), viver sem companheiro (51%), se autodenominou da raça/cor pardo-preta (65,5%). A renda mensal média dos investigados foi de R$ 708,26±303, 69 reais, sendo classificada na categoria renda mensal de 1 salário mínimo ou menos (93,2%).
A prevalência global de multimorbidade foi de 80,3%, sendo mais evidente entre os idosos do sexo feminino (73,7%), longevos (64,0%), alfabetizados (63,8%), com renda de 1 salário mínimo ou menos (63,5%) e de cor negra (70,1%). Foram encontradas associações a níveis estatisticamente significantes para as variáveis sexo (p=< 0,001) e renda mensal (p=0,02).
No tocante às condições de vida, foi observada maior prevalência de Multimorbidades entre os idosos que referiram morar em casa/apartamento, aqueles com até dois filhos vivos, com acesso a energia elétrica e sem acesso a água encanada, e os que referiram morar acompanhados. Apesar das prevalências elevadas nenhuma das variáveis teve associação com Multimorbidades conforme indicado na Tabela 1.
Em relação aos hábitos de vida, elevadas prevalências de multimorbidade foram encontradas e a variável consumo de bebida alcoólica (p=0,02) teve associação estatisticamente significante Tabela 2.
Após a análise multivariada hierarquizada por regressão de Poisson, as variáveis sexo feminino (p<0,001) e renda mensal (p=0,017) mantiveram associação com a presença de Multimorbidades. Os indivíduos com menor renda, que consumiam bebidas alcoólicas e os que referiram ser inativos no lazer continuaram apresentando maiores razões de prevalência de Multimorbidades conforme indicado na Tabela 3.
DISCUSSÃO
Este estudo apresenta caráter original na população brasileira por descrever por meio da estimativa da prevalência, as Multimorbidades e os fatores que se associam em idosos, com ênfase nas variáveis relacionadas às condições e estilo de vida dos mesmos. Além de ser um dos poucos estudos de base populacional em um Município com baixo IDHM, no Brasil.
A estimativa mundial é que a cada dia cerca de 100 000 pessoas venham a óbito por causa dos agravos decorrentes do envelhecimento, dentre os quais se destacam as múltiplas doenças crónicas 2424. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Indicadores Sociais: uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. Brasil; 2013. Available from: https://bit.ly/2T7Qi0t.
https://bit.ly/2T7Qi0t... . No presente estudo foi identificada prevalência elevada de multimorbidade entre a população investigada. Achados da literatura mostram que a multimorbidade é uma condição clínica comumente encontrada em idosos 77. Kirchberger I, Meisinger C, Heier M, Anja-Kerstin Z, Thorand B, Autenrieth CS et al. Patterns of multimorbidity in the aged population: results from the KORA-age study. PLoSONE, 2012; 7(1). DOI:10.1371/journal.pone.0030556.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003... ,2525. Marengoni A, Angleman S, Melis R, Mangialasche R, Karp A, Garmen A, et al. Aging with multimorbidity: a systematic review of the literature. Ageing Res Rev. 2011; 10(4):430-39. DOI:10.1016/j.arr.2011.03.003.
https://doi.org/10.1016/j.arr.2011.03.00... ,2626. Cheung CL, Nguyen US, Au E, Et Al. Association of handgrip strength with chronic diseases and multimorbidity: A cross-sectional study. AGE. 2013; 35(3),929-41. DOI:10.1007/s11357-012-9385-y.
https://doi.org/10.1007/s11357-012-9385-... , sua prevalência é alta, acometendo geralmente mais que 50% dos idosos, corroborando com os achados evidenciados no presente estudo 2727. Veras R, Lima-Costa MF. Epidemiologia do Envelhecimento. In: Almeida Filho Nd, Barreto ML, editors. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 427-37.,2828. DuGoff EH, Canudas-Romo V, Buttorff C, Leff B, Anderson GF. Multiple Chronic Conditions and Life Expectancy: A Life Table Analysis. Med Care. 2014; 52(8):688-94. DOI:10.1097/MLR.0000000000000166.
https://doi.org/10.1097/MLR.000000000000... .
Os idosos do presente estudo apresentaram prevalência de multimorbidade elevada. E, apesar das diferentes regiões apresentarem valores discrepantes quanto à prevalência de multimorbidade entre idosos, é evidente que este valor aumenta em idosos mais longevos 2626. Cheung CL, Nguyen US, Au E, Et Al. Association of handgrip strength with chronic diseases and multimorbidity: A cross-sectional study. AGE. 2013; 35(3),929-41. DOI:10.1007/s11357-012-9385-y.
https://doi.org/10.1007/s11357-012-9385-... .
As doenças crônicas não transmissíveis têm sido uma das causas mais comuns de hospitalização e mortalidade no país, sendo mais comumente observadas entre aquelas relacionadas ao estilo de vida, como hipertensão arterial e obesidade 33. Pimenta FB, Pinho L, Silveira MF, Botelho AC de C. Fatores associados a doenças crónicas em idosos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família, Ciênc. saúde coletiva. 2015; 20(8):2489-98. DOI: 10.1590/1413-81232015208.11742014.
https://doi.org/10.1590/1413-81232015208... ,88. Sousa-Muñoz RL, Ronconi DE, Dantas GC, Lucena DMS, Silva IBA. Impacto de multimorbidade sobre a mortalidade em idosos: estudo de coorte pós-hospitalização. Bras Geriatr Gerontol. 2013; 6(3):579-89. DOI:10.1590/S1809-98232013000300015.
https://doi.org/10.1590/S1809-9823201300... . Além disso, o idoso com dores crônicas tende a desacreditar em melhorias na sua condição de saúde 2929. Alvarado-García Alejandra M, Salazar-Maya Ángela M. Experimentando el rechazo y las decepciones del sistema de salud durante la experiencia de dolor crónico en el envejecimiento. Rev. Salud Pública. (Bogotá). 2015; 17(3):450-62. DOI. 10.15446/rsap.v17n3.45053.
https://doi.org/10.15446/rsap.v17n3.4505... .
A multimorbidade gera impacto negativo na qualidade e expectativa de vida, dos idosos, sendo um desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo devido à necessidade de adaptação dos serviços para assistir de forma adequada a população 3030. American Geriatrics Society Expert Panel on the Care of Older Adults with Multimorbidity. Guiding principles for the care of older adults with multimorbidity: an approach for clinicians. J Am Geriatr Soc. 2012; 60(10):E1-E25. DOI: 10.1111/j.1532-5415.2012.04188.x.
https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2012... -3131. Salisbury C. Multimorbidity: redesigning health care for people who use it. The Lancet. 2012; 380(9836):7-9. DOI:10.1016/S0140-6736(12)60482-6.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60... . Entretanto, o papel dos serviços de saúde no manejo das doenças crônicas ainda é um desafio para a atenção à saúde, principalmente, na atenção primária, já que o tratamento de indivíduos com multimor-bidade exige maior complexidade e acompanhamento contínuo dos idosos nos serviços de saúde 11. Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet, 2011; 377(9781);1949-61. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60135-9.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60... ,22. Rocha SV, Almeida MMG, Araújo TM, Rodrigues WKM, Santos LB, Virtuoso Junior JS. Prevalência de transtornos mentais comuns entre idosos residentes em município do Nordeste do Brasil. Rev. Salud Pública (Bogotá). 2012; 14(4):620-29. Available from: https://bit.ly/2T4wPhe.
https://bit.ly/2T4wPhe... ,2727. Veras R, Lima-Costa MF. Epidemiologia do Envelhecimento. In: Almeida Filho Nd, Barreto ML, editors. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 427-37..
Além disso, encontrou-se no presente inquérito uma maior frequência e associação entre a presença de multi-morbidade e o sexo feminino. Estudo brasileiro realizado com 676 idosos encontrou também maior prevalência de multimorbidade entre as mulheres, sendo que 50,9% conviviam com duas ou mais doenças crônicas 55. Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Dellani MP. Multimorbidade associado à polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Rev. bras. geriatr. Gerontol. 2017 ;20(5): 634-42. DOI:10.1590/1981-22562017020.170059.
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020... . Estudo realizado no México também evidenciou que as mulheres foram mais acometidas por multimorbidades 3232. Islas-Granillo H, Medina-Solís CE, Márquez-Corona M de Lourdes, da Rosa-Santillana R, Fernández-Barrera MÁ, Villalobos-Rodelo JJ, et. al. Prevalence of multimorbidity in subjects aged > 60 years in a developing country. Clin Interv Aging. 2018; 13(13):1129-33. DOI: 10.2147/CIA.S154418.
https://doi.org/10.2147/CIA.S154418... . Estudo realizado na população Chinesa também encontrou a associação de sexo com multimorbidade, contudo, sendo mais evidente no sexo masculino 3333. Wong MCS, WangHHX, Cheung CSK, Tong ELH, SekACH, Cheung NT, et al. Factors associated with multimorbidity and its link with poor blood pressure control among 223, 286 hypertensive patients. Int J Cardiol. 2014; 177(1):202-8. DOI:10.1016/j.ijcard.2014.09.021.
https://doi.org/10.1016/j.ijcard.2014.09... .
Tal fato pode ser atribuído à maior expectativa de vida apresentada pelas mulheres, associada ao fato destas possuírem um estilo de vida mais saudável 3434. Malmusi D, Artazcoz L, Benach J, Borrell C. Perception or real illness? How chronic conditions contribute to gender inequalities in self-rated health. Eur J Public Health. 2012; 22(6): 781-6. DOI:10.1093/eurpub/ckr184.
https://doi.org/10.1093/eurpub/ckr184... . Acrescenta-se também a maior procura dos serviços de saúde pelas mulheres, o que facilita o diagnóstico e intervenção precoce 3535. Wang HHX, Wang JJ, Lawson KD, Wong SYS, Wong MCS, Li FJ et al. Relationships of Multimorbidity and Income With Hospital Admissions in 3 Health Care Systems. The Annals of Family Medicine. 2015; 13(2):164-7. DOI:10.1370/afm.1757.
https://doi.org/10.1370/afm.1757... .
O aumento da renda apresentou-se como fator de proteção frente à presença de multimorbidade. Resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos 77. Kirchberger I, Meisinger C, Heier M, Anja-Kerstin Z, Thorand B, Autenrieth CS et al. Patterns of multimorbidity in the aged population: results from the KORA-age study. PLoSONE, 2012; 7(1). DOI:10.1371/journal.pone.0030556.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003... ,3535. Wang HHX, Wang JJ, Lawson KD, Wong SYS, Wong MCS, Li FJ et al. Relationships of Multimorbidity and Income With Hospital Admissions in 3 Health Care Systems. The Annals of Family Medicine. 2015; 13(2):164-7. DOI:10.1370/afm.1757.
https://doi.org/10.1370/afm.1757... . A baixa condição socioeconômica e até mesmo a ausência total de renda pode constituir para o idoso um constrangimento no convívio social e familiar, já que acarreta a diminuição e até mesmo extinção da sua autonomia 3636. Brito TRP, Costa RS, Pavarini SCL. Idosos com alteração cognitiva em contexto de pobreza: estudando a rede de apoio social. Rev Esc Enferm USP. 2012; 46(4):906-13. DOI:10.1590/S0080-62342012000400018.
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200... .
Independente da faixa etária a baixa condição socioe-conômica tem influência negativa, principalmente, no que se refere ao maior risco para doenças e deficiências, pois, a falta de poder aquisitivo impossibilita, muitas vezes, uma alimentação adequada, condições dignas de moradia e acesso aos cuidados com a saúde 3737. World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde - tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2005. Available from: https://bit.ly/3kcS0tt.
https://bit.ly/3kcS0tt... ,3838. Jerliu N, Toçi E, BurazeriL, Ramadani N, Marca H . Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013; 12. DOI:10.1186/1471-2318-13-22.
https://doi.org/10.1186/1471-2318-13-22... .
Estudo de revisão aponta a renda como um obstáculo comumente vivenciado pelos idosos ao acessarem os serviços de saúde, sendo que, os mesmos buscam mais os serviços de saúde, no entanto, tal evidencia não é o desafio apenas enfrentado pelos idosos brasileiros 3939. Almeida APSC, Nunes BP, Duro SMS, Facchini LA. Determinantes socioeconómicos do acesso a serviços de saúde em idosos: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública (Bogotá). 2017; 51-50. DOI:10.1590/s1518-8787.2017051006661.
https://doi.org/10.1590/s1518-8787.20170... .
Na análise multivariada os indivíduos que consumiam bebidas alcoólicas e os que referiram ser inativos no lazer apresentaram maiores razões de prevalência de multi-morbidade no presente estudo. Estudo conduzido no Brasil estratificou as multimorbidades por grupamento de doenças crônicas (cardiometabólicos, ocupacionais/ mental, musculoesquelético e respiratório), descrevendo os fatores de risco relacionados ao estilo de vida. No estrato cardiometabólico, os autores identificaram menor prevalência de multimorbidade relacionada aos idosos ativos fisicamente e maiores prevalências nos que não faziam uso de álcool, divergindo do presente estudo 4040. Carvalho JN De, Cancela M C de, Souza LDB de. Lifestyle factors and high body mass index are associated with different multimorbidity clusters in the Brazilian population. PLoS ONE. 2018; 13. DOI:10.1371/journal.pone.0207649.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.020... . O estudo supracitado realizou a análise estratificada por aglomerados de doenças crônicas e os autores buscaram averiguar prevalências e associações com o estilo de vida dos pesquisados, o que permitiu fazer comparações com cautela, já que a metodologia para análise foi distinta, dificultando a comparabilidade dos dados 4040. Carvalho JN De, Cancela M C de, Souza LDB de. Lifestyle factors and high body mass index are associated with different multimorbidity clusters in the Brazilian population. PLoS ONE. 2018; 13. DOI:10.1371/journal.pone.0207649.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.020... .
Dentre as limitações do estudo, pode-se destacar o delineamento metodológico, visto que um estudo de corte transversal limita a avaliação da causa e efeito das variáveis. O fato de as morbidades terem sido autorreferidas também pode sofrer influência de viés de memória. No entanto, a maioria dos estudos utiliza essa medida para rastreamento das multimorbidades, favorecendo a comparação entre os estudos.
Em contrapartida, a presente pesquisa foi conduzida com uma população pouco estudada no Brasil, sendo possível gerar informações úteis e válidas para contribuir com as políticas de atenção à saúde e garantia de qualidade de vida, além de orientar medidas de intervenção em saúde direcionadas a essa população, que se encontra em contínuo crescimento no país.
Os achados do presente estudo indicam que, além de investimentos na estruturação da rede de serviços de saúde ofertados para a população de idosos, é necessário redirecionar o planejamento das ações de saúde para mudanças nas redes de suporte social e apoio a população idosa, com o intuito de reduzir os potenciais agravos relacionados à falta de acesso aos serviços ocasionados pela baixa condição socioeconômica ♥
Agradecimentos:
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), entidade financiadora da Bolsa de Mestrado que proporcionou a realização deste estudo bem como idealização do presente artigo científico.
REFERÊNCIAS
- 1Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet, 2011; 377(9781);1949-61. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60135-9.
» https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60135-9 - 2Rocha SV, Almeida MMG, Araújo TM, Rodrigues WKM, Santos LB, Virtuoso Junior JS. Prevalência de transtornos mentais comuns entre idosos residentes em município do Nordeste do Brasil. Rev. Salud Pública (Bogotá). 2012; 14(4):620-29. Available from: https://bit.ly/2T4wPhe
» https://bit.ly/2T4wPhe - 3Pimenta FB, Pinho L, Silveira MF, Botelho AC de C. Fatores associados a doenças crónicas em idosos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família, Ciênc. saúde coletiva. 2015; 20(8):2489-98. DOI: 10.1590/1413-81232015208.11742014.
» https://doi.org/10.1590/1413-81232015208.11742014 - 4Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, Luiza VL et al. Polifarmácia e polimorbidade em idosos no Brasil: um desafio em saúde pública, Rev. Saúde Pública. 2016; 50(Suppl2),9s. Available from: https://bit.ly/3mdPt2X
» https://bit.ly/3mdPt2X - 5Cavalcanti G, Doring M, Portella MR, Bortoluzzi EC, Mascarelo A, Dellani MP. Multimorbidade associado à polifarmácia e autopercepção negativa de saúde. Rev. bras. geriatr. Gerontol. 2017 ;20(5): 634-42. DOI:10.1590/1981-22562017020.170059.
» https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.170059 - 6Mendes, EV. O cuidado das condições crónicas na atenção primária à saúde. Bras Promoç Saúde. 2018; 31(2):1-3. Available from: https://bit.ly/3o4rjth
» https://bit.ly/3o4rjth - 7Kirchberger I, Meisinger C, Heier M, Anja-Kerstin Z, Thorand B, Autenrieth CS et al. Patterns of multimorbidity in the aged population: results from the KORA-age study. PLoSONE, 2012; 7(1). DOI:10.1371/journal.pone.0030556.
» https://doi.org/10.1371/journal.pone.0030556 - 8Sousa-Muñoz RL, Ronconi DE, Dantas GC, Lucena DMS, Silva IBA. Impacto de multimorbidade sobre a mortalidade em idosos: estudo de coorte pós-hospitalização. Bras Geriatr Gerontol. 2013; 6(3):579-89. DOI:10.1590/S1809-98232013000300015.
» https://doi.org/10.1590/S1809-98232013000300015 - 9Silveira RE, Santos AS, Sousa MC, Monteiro TS. Gastos relacionados a hospitalizações de idosos no Brasil. Einstein (São Paulo). 2013; 11(4):514-20. Available from: https://bit.ly/3o5622G
» https://bit.ly/3o5622G - 10Nunes BP, Batista SRR, Andrade FB de, Souza Junior PRB de, Lima-Costa MF, Facchini LA. Multimorbidade em indivíduos com 50 anos ou mais de idade: ELSI - Brasil. Rev. Saúde Pública . 2018; 52(Suppl 2):10s. DOI:10.11606/s1518-8787.2018052000637.
» https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2018052000637 - 11Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: resultados preliminares da amostra [internet]. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2011 [cited 2019 May 19]. Available from: Available from: https://bit.ly/2HgMqb4
» https://bit.ly/2HgMqb4 - 12Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil [Internet]. Brasil: Ranking Bahia; 2010. Available from: http://www.atlasbrasil.org.br/
» http://www.atlasbrasil.org.br/ - 13Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric Standardisation Reference Manual. Champaign, IL: Human Kinetics Books, 1988.
- 14World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization Consultation. WHO Obesity Technical Report Series, n. 284. Geneva: World Health Organization, 2000 [cited 2019 May 19]. Available from: Available from: https://bit.ly/35bAwY5
» https://bit.ly/35bAwY5 - 15Mazo GZ, Benedetti TRB. Adaptação do questionário internacional de atividade física para idosos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010; 12(6):480 4. DOI: 10.5007/1980-0037.2010v12n6p480.
» https://doi.org/10.5007/1980-0037.2010v12n6p480 - 16Pitanga FJG, Lessa I. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo no lazer em adultos. Cad. Saúde Pública. 2005; 21(3):870-877. DOI:10.1590/S0102-311X2005000300021.
» https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300021 - 17World Health Organization. Chronic disease [Internet]. Available from: https://bit.ly/3dD9hJV
» https://bit.ly/3dD9hJV - 18Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde: décima revisão (CID-10). São Paulo: Centro Colaborador da OMS para Classificação de Doenças em Português; 1993.
- 19Lauritsen JH, Bruss M, Myatt MA. Epidata [software]. Programa para criar banco de dados. EpiDataAssociation, Odense Denmark; 2002. (v3.0). Versão para o português (Brasil) por João Paulo Amaral Haddad.
- 20IBM Corp. Released 2012. IBM SPSS Statistics for Windows, Version 21.0 [software]. Armonk, NY: IBM Corp.
- 21Fuchs SC, Victora CG, Fachel J. Modelo hierarquizado: uma proposta de modelagem aplicada à investigação de fatores de risco para dia-rréia grave. Rev Saúde Pública. 1996. 30:168-78. DOI:10.1590/S0034-89101996000200009.
» https://doi.org/10.1590/S0034-89101996000200009 - 22Declaração de Helsinque. Princípios éticos para as pesquisas médicas em seres humanos. Edinburgh: Associação Médica Mundial: 52a Assembléia Geral; 2000. Available from: https://bit.ly/2HgTGUp
» https://bit.ly/2HgTGUp - 23Resolução n° 466 de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conselho Nacional de Saúde. Publicada no DOU N° 12; 2013. Available from: https://bit.ly/35h4E4e
» https://bit.ly/35h4E4e - 24Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Indicadores Sociais: uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. Brasil; 2013. Available from: https://bit.ly/2T7Qi0t
» https://bit.ly/2T7Qi0t - 25Marengoni A, Angleman S, Melis R, Mangialasche R, Karp A, Garmen A, et al. Aging with multimorbidity: a systematic review of the literature. Ageing Res Rev. 2011; 10(4):430-39. DOI:10.1016/j.arr.2011.03.003.
» https://doi.org/10.1016/j.arr.2011.03.003 - 26Cheung CL, Nguyen US, Au E, Et Al. Association of handgrip strength with chronic diseases and multimorbidity: A cross-sectional study. AGE. 2013; 35(3),929-41. DOI:10.1007/s11357-012-9385-y.
» https://doi.org/10.1007/s11357-012-9385-y - 27Veras R, Lima-Costa MF. Epidemiologia do Envelhecimento. In: Almeida Filho Nd, Barreto ML, editors. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 427-37.
- 28DuGoff EH, Canudas-Romo V, Buttorff C, Leff B, Anderson GF. Multiple Chronic Conditions and Life Expectancy: A Life Table Analysis. Med Care. 2014; 52(8):688-94. DOI:10.1097/MLR.0000000000000166.
» https://doi.org/10.1097/MLR.0000000000000166 - 29Alvarado-García Alejandra M, Salazar-Maya Ángela M. Experimentando el rechazo y las decepciones del sistema de salud durante la experiencia de dolor crónico en el envejecimiento. Rev. Salud Pública. (Bogotá). 2015; 17(3):450-62. DOI. 10.15446/rsap.v17n3.45053.
» https://doi.org/10.15446/rsap.v17n3.45053 - 30American Geriatrics Society Expert Panel on the Care of Older Adults with Multimorbidity. Guiding principles for the care of older adults with multimorbidity: an approach for clinicians. J Am Geriatr Soc. 2012; 60(10):E1-E25. DOI: 10.1111/j.1532-5415.2012.04188.x.
» https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2012.04188.x - 31Salisbury C. Multimorbidity: redesigning health care for people who use it. The Lancet. 2012; 380(9836):7-9. DOI:10.1016/S0140-6736(12)60482-6.
» https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60482-6 - 32Islas-Granillo H, Medina-Solís CE, Márquez-Corona M de Lourdes, da Rosa-Santillana R, Fernández-Barrera MÁ, Villalobos-Rodelo JJ, et. al. Prevalence of multimorbidity in subjects aged > 60 years in a developing country. Clin Interv Aging. 2018; 13(13):1129-33. DOI: 10.2147/CIA.S154418.
» https://doi.org/10.2147/CIA.S154418 - 33Wong MCS, WangHHX, Cheung CSK, Tong ELH, SekACH, Cheung NT, et al. Factors associated with multimorbidity and its link with poor blood pressure control among 223, 286 hypertensive patients. Int J Cardiol. 2014; 177(1):202-8. DOI:10.1016/j.ijcard.2014.09.021.
» https://doi.org/10.1016/j.ijcard.2014.09.021 - 34Malmusi D, Artazcoz L, Benach J, Borrell C. Perception or real illness? How chronic conditions contribute to gender inequalities in self-rated health. Eur J Public Health. 2012; 22(6): 781-6. DOI:10.1093/eurpub/ckr184.
» https://doi.org/10.1093/eurpub/ckr184 - 35Wang HHX, Wang JJ, Lawson KD, Wong SYS, Wong MCS, Li FJ et al. Relationships of Multimorbidity and Income With Hospital Admissions in 3 Health Care Systems. The Annals of Family Medicine. 2015; 13(2):164-7. DOI:10.1370/afm.1757.
» https://doi.org/10.1370/afm.1757 - 36Brito TRP, Costa RS, Pavarini SCL. Idosos com alteração cognitiva em contexto de pobreza: estudando a rede de apoio social. Rev Esc Enferm USP. 2012; 46(4):906-13. DOI:10.1590/S0080-62342012000400018.
» https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000400018 - 37World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde - tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2005. Available from: https://bit.ly/3kcS0tt
» https://bit.ly/3kcS0tt - 38Jerliu N, Toçi E, BurazeriL, Ramadani N, Marca H . Prevalence and socioeconomic correlates of chronic morbidity among elderly people in Kosovo: a population-based survey. BMC Geriatr. 2013; 12. DOI:10.1186/1471-2318-13-22.
» https://doi.org/10.1186/1471-2318-13-22 - 39Almeida APSC, Nunes BP, Duro SMS, Facchini LA. Determinantes socioeconómicos do acesso a serviços de saúde em idosos: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública (Bogotá). 2017; 51-50. DOI:10.1590/s1518-8787.2017051006661.
» https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006661 - 40Carvalho JN De, Cancela M C de, Souza LDB de. Lifestyle factors and high body mass index are associated with different multimorbidity clusters in the Brazilian population. PLoS ONE. 2018; 13. DOI:10.1371/journal.pone.0207649.
» https://doi.org/10.1371/journal.pone.0207649
Conflito de interesses:
Nenhum.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
03 Fev 2023 - Data do Fascículo
Sep-Oct 2019
Histórico
- Recebido
09 Fev 2019 - Revisado
22 Jun 2019 - Aceito
29 Jul 2019